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CESA

Revista CEsA

Revista CEsA nº 1 | CEsA 40 anos: CEsA disponibiliza em formato digital a coleção completa de Working Papers produzidos no decorrer dos 40 anos de existência do centro de investigação


 

Desde o n.º 1, de 1984, até à última edição, de 2023, todos os Working Papers do CEsA e mais 21 Brief Papers encontram-se disponíveis em formato digital para download gratuito no Repositório ULisboa 

 

Para comemorar os 40 anos da sua fundação, o Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) disponibilizou a sua coleção completa de Working Papers e Brief Papers em formato digital para download gratuito no Repositório da Universidade de Lisboa (Repositório ULisboa). Também podem ser consultados em ordem cronológica no site do CEsA e no Catálogo Coletivo da Universidade de Lisboa, de acesso exclusivo aos estudantes. 

São mais de 200 documentos de trabalho que refletem a trajectória da produção científica de um dos centros de investigação mais antigos em Portugal na área dos estudos de desenvolvimento e África. Desde o n.º 1/1984 (“Uma experiência de integração económica em África”, de Eugénio Inocência e Manuel Ennes Ferreira), até à edição mais recente, n.º 190/2023 (“Study of the Value Chain of the Tourism Sector in Angola as an Alternative Economic, Social, and Environmental Development Strategy Under the Prodesi Programme”, de Eduardo Sarmento), há uma grande variedade temática à disposição dos leitores em língua portuguesa, com algumas edições em inglês e francês. 

“Todos os centros de investigação têm uma coleção desta natureza para divulgar o tipo de investigação que se está a fazer. Temos uma coleção muito flexível e diversificada, que evidencia a evolução do percurso de investigação que se vai fazendo”, explica João Estêvão, um dos investigadores-fundadores do CEsA, responsável pela linha de investigação 1 – Economia, Desenvolvimento e Cooperação Internacional, e professor reformado do ISEG. 

O investigador orgulha-se da manutenção, por parte do centro, de abordagens que agregam perspetivas integradoras e multidisciplinares do Desenvolvimento: “Sempre tivemos a preocupação de que os Working Papers tivessem uma grande amplitude e que pudessem congregar contribuição de várias áreas disciplinares sobre as questões do Desenvolvimento”. 

Professor reformado do ISEG e um dos investigadores-fundadores do CEsA, João Estêvão, durante o Seminário Internacional In Progress 4, em 29 de novembro de 2022. Crédito: CEsA/Reprodução.

Digitalização dos documentos 

A digitalização dos documentos de trabalho foi uma iniciativa da Biblioteca Francisco Pereira de Moura, do ISEG. O trabalho começou na pandemia, pelo funcionário Paulo Fonseca, motivado a expandir o arquivo digital da Biblioteca. “A minha preocupação era que toda a informação possível ficasse em acesso aberto e as pessoas pudessem aceder em qualquer local à documentação. A missão do acesso aberto visa promover o reconhecimento do trabalho dos investigadores, aumentando o impacto da investigação e a visibilidade, neste caso, do ISEG”, diz Fonseca.  

Funcionário da Biblioteca Francisco Pereira de Moura, do ISEG, Paulo Fonseca. Crédito: ISEG/Reprodução

Fonseca explica que o trabalho obedeceu a uma metodologia que consistiu numa primeira fase em digitalizar os documentos de trabalho que se encontravam em suporte papel e, posteriormente em incluir os ficheiros no Repositório da Universidade de Lisboa, com a catalogação de todas as principais informações bibliográficas (título, autor, data de publicação, citação, resumo, palavras-chave, etc.). “O nosso grande objetivo é tornar a nossa biblioteca digital, como uma fonte dinamizadora da investigação que se faz na escola”, complementa. 

Para o entrevistado, as principais vantagens de tornar os documentos digitais é a redução da dependência e do gasto de papel; a libertação dos espaços físicos da biblioteca, contribuindo para a minimização da quantidade de material impresso; mantendo a qualidade e conservação dos documentos, que em suporte papel se vão deteriorando ao longo do tempo. Além da comodidade e acessibilidade do leitor. “Também acho muito interessante que o repositório permita que o utilizador tenha acesso aos dados estatísticos, tais como os números de downloads efetuados ao longo do ano e de visitantes que tiveram acesso ao repositório”, conclui. 

 

Testemunho do Prof. Doutor João Estêvão sobre o historial da fundação do CEsA 

Transcrição: 

“Como estava a dizer há bocadinho, eu tive o privilégio de viver um momento importante nesta escola em Portugal, que foi a transição para a democracia, a revolução, a construção da democracia e, digamos, de uma nova Universidade em Portugal. 

Nova Universidade porquê? Porque as Ciências Sociais e Humanas estavam fortemente constrangidas. Existia Economia, mas a economia é um percurso diferente que vem de trás. Mas, por exemplo, não existia uma licenciatura em Sociologia. Era impensável nessa altura fazer uma coisa dessas. Houve uma experiência curiosa de criação e tiveram que dar-lhe outro nome, Instituto Superior de Ciências do Trabalho. Criou-se uma licenciatura em ciências do trabalho, que depois mudou logo a designação para Sociologia. Nessa altura, com a nova perspetiva para a Universidade no começo dos anos 80, colocou-se a questão ‘bem, nós temos de construir verdadeiramente uma Universidade’. Então, a opção foi apostar na formação avançada dos docentes, porque os docentes, os meus professores, por exemplo, a maior parte não estava na Universidade, vinha para a universidade, dava umas aulas, etc. E foi nessa altura que se resolveu pensar, então, neste campo de economia em particular mas não só, da construção de uma verdadeira universidade. 

A década de 80 foi uma década muito importante, porque foi o período em que, nesta escola, assistimos uma produção incrível de teses de doutoramento. As pessoas saíam para fora, França, Inglaterra, etc. E foi um período que marcou o modo como a escola se foi construir depois – só para dar uma ideia ao parêntese, em 1980, a escola tinha seis, sete doutorados, em 1990, tinha quase 10 vezes mais e a partir de certa altura, em Portugal, os docentes não doutorados desapareceram, sendo que isto já não se tem sentido. Bem, mas nessa altura foi assim. Depois, houve um conjunto de pessoas, nessa altura, que se orientaram para as questões do desenvolvimento. E nessa altura o apoio, sobretudo porque estávamos quase todos a pensar nas teses de doutoramento, não havia formação acima da licenciatura, é preciso ver isso, tínhamos licenciaturas de cinco anos e depois não havia mais nada. 

Nessa altura, considerou-se importante a construção de uns centros de investigação que permitissem trazer pessoas de fora, criar um ambiente de debate e um espaço apropriado para desenvolver a investigação científica. O primeiro centro criado, o CISEP, Centro de Investigação sobre a Economia Portuguesa, articulou-se três áreas diferentes. Uma dessas áreas era a área do desenvolvimento. Tivemos a possibilidade, na altura, de contar com a Professora Manuela Silva, que era uma referência já importante nessa área e a área de desenvolvimento começou a desenvolver trabalhos. Naturalmente que a perspetiva, digamos, de aplicação, era a realidade portuguesa. Entretanto, como havia muitas pessoas a discutir, a estudar e investigar sobre o problema do desenvolvimento numa perspetiva mais Internacional, começou-se a pensar que seria talvez oportuno criar um outro centro, porque no CISEP não era possível, onde se pudesse concentrar as pessoas da área do desenvolvimento, então isso aconteceu. Como vieram umas pessoas do CISEP, eu e o Professor Almeida Serra, em particular os dois, depois outros docentes já com experiência na área africanista como o Professor Lino Torres e o Professor Jochen Oppenheimer, e depois havia outras pessoas que tinham começado a estudar temas africanos e havia na altura uma série de estudantes oriundos dos países africanos de língua portuguesa que queriam, achavam interessante participar nisso. E isso acabou por orientar o centro numa perspetiva de estudos africanos, não quer dizer que todas as pessoas estivessem orientadas para os estudos africanos, mas numa perspetiva de estudos africanos. Eu próprio não trabalho propriamente em investigação Africana, eu trabalho na área do desenvolvimento, mais no campo do pensamento. E então resolveu-se criar – até porque já havia outras experiências no ISCTE e que nós andávamos, circulávamos o mercado, havia outras experiências – e então, foi nessa altura que decidimos criar um centro que considerou-se oportuno, devia ter o nome de África na designação, portanto, um centro especializado orientado para as questões do desenvolvimento. Esta, digamos, é uma primeira etapa até se construir o Centro. Com a constituição do Centro, alguns anos depois, resolvemos lançar um mestrado. Antes de ser mestrado foi um curso de pós-graduação, Desenvolvimento e Cooperação Internacional. Funcionou dois anos e isso foi quase 10 anos depois, levou algum tempo. Então formou-se o mestrado. 

Na fase inicial, nós tínhamos algumas preocupações. Havia uma que era dominante, porque quase todos nós, exceto os mais velhos – caso do Professor Oppenheimer e o Professor Lino Torres, que já tinham os doutoramentos – quase todos nós estávamos na altura estávamos orientados para esse objetivo que era a feitura das nossas teses de doutoramento. O centro funcionava como um espaço de discussão. Trazíamos pessoas daqui de Portugal, mas trazíamos várias pessoas de fora. A escola teve sempre algumas relações, sobretudo com França. Na altura, havia uma relação muito intensa com França, depois com outros espaços, de maneira que aqui circularam muitas pessoas. Isto era uma dimensão que nós tínhamos que era o debate de ideias, o conhecimento dos programas de investigação que outras pessoas faziam no país e fora. Nessa altura começamos a pensar “bem, mas nós podemos aproveitar esse debate de ideias para organizar alguns tipos de publicação”. Uma ideia que surgiu, foi a de uma coleção de working papers, os documentos de trabalho, que permitia que nós puséssemos à disposição trabalhos que iam sendo desenvolvidos, mas que não eram trabalhos acabados. Depois houve outras ideias, fizemos alguns outros lançamentos, mas que morreram relativamente cedo. A dos documentos de trabalho conseguiu-se manter sempre, desde sempre nós fizemos isso. Fizemos isso com a ideia da abertura a outras pessoas que viessem cá, que fizessem, por exemplo, um seminário, e que isso pudesse dar lugar a uma publicação a materializar em papel, para ficar a divulgação dessas ideias. É natural que, na altura, a única preocupação que nós tínhamos, podemos dizer assim, era que a publicação desse a conhecer trabalhos no nosso campo, que era o campo dos estudos de desenvolvimento. E em termos relativamente latos, digamos assim. 

Eu paro um bocadinho para fazer aqui também um comentário que é importante para se entender isso. É assim, nós estávamos numa escola de economia. As pessoas que constituíram o Centro, com exceção do Professor Armando Castro, já falecido, que era de relações internacionais, todas as pessoas eram de economia. Mas a nossa preocupação era não fazer uma abordagem do desenvolvimento centrada exclusivamente na perspetiva económica. E isso coincidiu com um momento relativamente interessante que é o surgimento (a primeira escola na área de estudos de Desenvolvimento surge ainda nos anos 60 e é a de Sussex) da escola de Sussex. Mas o que é curioso é que, nessa altura, algumas escolas estavam a lançar formação e centros nesta área. Na London School of Economics apareceu o DESTIN, Development Studies Institute, que hoje é o Departamento de Desenvolvimento Internacional; na Holanda, aparecia na universidade de Haia (onde hoje está localizado), que era o Instituto de Ciências Sociais. E, digamos que foi um período de emergência, de desenvolvimento de uma abordagem do desenvolvimento numa perspetiva mais multidisciplinar que nós tínhamos sempre a preocupação de não ser entendidos como economistas que queriam discutir a questão do desenvolvimento de uma perspetiva económica. Bem, isso voltando à questão para, no fundo, explicar porque é que nós tivemos a preocupação que esses working papers tivessem uma grande amplitude e que pudessem congregar, digamos, a contribuição de várias áreas disciplinares. É exatamente a mesma preocupação que existe quando nós propusemos à escola criar uma formação avançada pós-graduada em Desenvolvimento e Cooperação Internacional, um grande debate à volta do que é que poderia ser. Pareceu-nos que era importante estar a palavra desenvolvimento que tinha a ver com uma determinada área de estudos, mas a dimensão Internacional também deveria estar, e a dada altura pensei que a melhor forma era introduzir através do termo cooperação internacional, porque até era uma área muito procurada em Portugal por toda a gente porque Portugal, com a independência das colónias africanas – portanto, século XX, colónias africanas – houve uma grande orientação para as questões da cooperação. De maneira que nós decidimos, então, ‘vamos chamar a isso Desenvolvimento e Cooperação Internacional’, e a designação ainda se mantém. 

E desde o início a preocupação era fazer um produto que não fosse um produto apenas da Economistas, mas isso gerou sempre grandes polémicas. Hoje as questões são um bocado diferentes, porque os economistas quase desapareceram do próprio mestrado. Aliás, enfim, foi uma área que entrou em relativo declínio, até porque as novas gerações que estudam as questões de desenvolvimento estudam numa perspetiva mais da ortodoxia económica, têm outros objetivos. Nós queríamos entender o desenvolvimento numa perspetiva mais aberta, mais integradora de outras dimensões. O Mestrado veio completar isso e com a ideia de que – naturalmente, o mestrado, primeiro uma pós-graduação de dois anos, depois o mestrado – de que os produtos que iriam aparecer, sobretudo os trabalhos finais, pudessem também dar a possibilidade de inserir cada vez mais publicações de investigadores ligados ao centro sobre as questões do desenvolvimento.
 

Esta é um pouco a história de como as coisas apareceram e se desenvolveram, enfim. Depois teve um percurso, mas podemos, se quiser fazer mais algumas questões à volta disso, mas julgo que para fazer o historial de como aparece o centro, os documentos de trabalho, por quê, qual o objetivo, qual a preocupação, a articulação disso com o mestrado, houve sempre essa articulação, portanto, são essas as questões de fundo.” 

 

 

Leia/Veja mais: 

Revista CEsA nº 1

Coleção de Working Papers do CEsA no Repositório da Universidade de Lisboa 

Arquivo de Working Papers do CEsA no site do CEsA 

Conheça a coleção completa de Working Papers do CEsA em formato digital 

Dica de leitura: Conheça as publicações do CEsA mais lidas em 2022 

 

Texto publicado na edição nº 1 da Revista CEsA. Autoria: Marianna Rios/Comunicação CEsA. Edição: Sónia Frias/Direção do CEsA e Filipe Batista/CEsA Comunicação. Tradução: Inês Hugon. Design: Felipe Vaz.

Revista CEsA

Revista CEsA nº 1 | Investigação: Ciclo “Cinema e Descolonização: Moçambique em foco” conjuga cinema, memórias e narrativas sobre a descolonização e as suas marcas em cineclubes mensais no ISEG


 

A amostra de cinema “Cinema e Descolonização: Moçambique em foco” é o primeiro projeto de cineclube do CEsA, com coordenação da investigadora Jessica Falconi e curadoria dos realizadores Isabel Noronha e Camilo de Sousa

 

Ciclo Cinema e Descolonização
Exibição do filme “O Vento Sopra do Norte” no Ciclo de Cinema e Descolonização: Moçambique em foco. Crédito: Reprodução/CEsA.

Recolher narrativas, impressões, testemunhos e opiniões individuais, coletivas, familiares ou geracionais de pessoas que viveram direta ou indiretamente o processo da descolonização em Moçambique é o motor do Ciclo “Cinema e Descolonização: Moçambique em foco”. Trata-se do primeiro projeto de cineclube do Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa), com projeções que têm lugar uma vez por mês no Auditório 2 do ISEG – Lisbon School of Economics and Management.

O cineclube tem coordenação da investigadora Jessica Falconi (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) e consultoria científica das investigadoras Joana Pereira Leite (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) e Ana Mafalda Leite (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa). A curadoria é da responsabilidade da investigadora, realizadora e psicoterapeuta Isabel Noronha, que concebeu a ideia original do projeto, e do cineasta Camilo de Sousa. Os filmes escolhidos para 2023 tratam sobre o legado e as memórias da descolonização em Moçambique e, após a projeção, seguem-se debates com artistas envolvidos na realização das obras e investigadores.

Ciclo Cinema e Descolonização
Da esquerda para a direita: o poeta e jornalista Luís Carlos Patraquim, o cineasta e curador do cineclube Camilo de Sousa, a realizadora e idealizadora do cineclube Isabel Noronha e a investigadora e coordenadora do projeto Jessica Falconi, na sessão inaugural do Ciclo de Cinema e Descolonização: Moçambique em foco, em 5 de novembro de 2022. Crédito: Reprodução/CEsA.

A sessão inaugural decorreu em 5 de novembro de 2022, com a exibição do primeiro filme moçambicano realizado no pós-independência, “O tempo dos leopardos” (Zdravko Velimirovic, 1985, Ficção, 91 min). O debate a seguir teve a participação dos curadores Isabel Noronha e Camilo de Sousa e do roteirista Luís Carlos Patraquim. A moderação foi a cargo da investigadora Iolanda Vasile (CES/UCoimbra) (participação online).

A programação para 2023 foi inaugurada no dia 28 de janeiro, com a projeção do filme “O vento sopra do Norte” (José Cardoso, 1987, Ficção, 101 min) e debate com o curador e cineasta moçambicano Camilo de Sousa e os investigadores do CEsA Joana Pereira Leite e Carlos Nuno Castel-Branco.

A sessão seguinte decorreu a 28 de fevereiro, com a transmissão do filme “Terra Sonâmbula” (Teresa Prata, 2007, Ficção, 96 min) e debate com o escritor Mia Couto (participação online), o cineasta Camilo de Sousa e o poeta e jornalista Luís Carlos Patraquim.

A sessão mais recente decorreu a 25 de março, com a transmissão do filme “A colheita do Diabo” (Licínio Azevedo e Brigitte Bagnol, 1988, Docu-ficção, 52 min, português) e debate com a correalizadora e investigadora Brigitte Bagnol (participação online).

A próxima sessão decorrerá no dia 22 de abril, pelas 10h, no Auditório 2 do ISEG (Entrada pela Rua do Quelhas, nº 6, Piso do Claustro, 1200-781, Lisboa, Portugal), com a projeção dos documentários “A última prostituta” (Licínio Azevedo, 1999, Documental, 48 min, português) e “Sonhos guardados” (Isabel Noronha, 2005, Documental, 29 min, português) e debate com a investigadora Catarina Laranjeiro (IHC/NOVA FCSH) e outros, ainda por confirmar.

Momento crucial
“Este é um tema que aqui em Portugal continua a levantar muitos debates e controvérsias. Estamos num momento crucial na história da sociedade portuguesa que, no seguimento de outros países vê reacenderem-se ideias racistas e de extrema-direita. Este ciclo pode desempenhar um papel importante na mediação de um debate de memórias difíceis, tanto do lado português quanto do lado moçambicano”, reflete Jessica Falconi.

Debate com Joana Pereira Leite (E), Camilo de Sousa, Isabel Noronha e Jessica Falconi após a exibição do filme “O vento sopra do Norte”, no dia 28 de janeiro de 2023. Crédito: Reprodução/CEsA.

A investigadora explica que as sessões são abertas ao público, mas espera uma participação ativa da população que viveu e teve contato com o processo de descolonização, como ex-combatentes portugueses e africanos e toda uma população de algum modo ligada às antigas colónias.

“Houve um conjunto de projetos em Portugal e na Europa que precisamente se focou nas gerações pós-guerra. Temos todo o interesse em ter gente mais jovem a discutir essas questões, mas também não queremos que fiquem silenciadas as gerações que viveram essas situações. Achamos que temos ainda de elaborar os eventos, as memórias traumáticas e não-traumáticas, e que ainda têm os seus lastros na contemporaneidade”, diz Falconi.

Laboratório de narrativas
A expectativa dos organizadores é que o cineclube seja um laboratório de narrativas, a partir da recolha e construção de um arquivo de testemunhos, em que seja possível analisar também as impressões reveladas numa perspetiva psicológica. “Estamos muito focados no processo. O sonho é que se torne uma oficina interativa, não só uma amostra de cinema, onde a gente possa experimentar o que significa narrar a sua própria experiência em relação a essas questões”, explica Falconi.

NEVIS
Outro objetivo do cineclube é elaborar uma filmografia, com fichas técnicas completas, e publicá-la online. Este levantamento iniciou-se no âmbito do projeto NEVIS – Narrativas Escritas e Visuais da Nação Pós-Colonial (CEsA/FCT, PTDC/CPC-ELT/4939/2012), cujo website disponibiliza uma base de dados preliminar sobre filmes nesta temática. O projeto NEVIS, financiado pela FCT e coordenado pela investigadora do CEsA Ana Mafalda Leite, estudou obras cinematográficas em diálogo com a literatura.

Em 2015, para marcar as comemorações dos 40 anos das independências das ex-colônias portuguesas e o encerramento do NEVIS, o projeto promoveu o Colóquio Escritas e Cinema nos Países de Língua Portuguesa. O evento foi um marco ao reunir realizadores e produtores renomados do cinema em língua portuguesa: Ângelo Torres (São Tomé), Flora Gomes (Guiné-Bissau), Fernando Vendrell (Portugal), Zezé Gamboa (Angola), Isabel Noronha e Camilo de Sousa (Moçambique) e Leão Lopes (Cabo Verde).

“Foi muito especial por juntar essas pessoas, pois nunca havia eventos de convívio e troca de experiências. Depois desse encontro em 2015, mantivemos essa ideia de se criar um projeto de cinema no CEsA e afinal chegamos à conclusão de se começar pelo cineclube na tentativa de conjugar a dimensão cinematográfica com a dimensão narrativa”, relembra Falconi.

Regresso a Nacala
O Ciclo “Cinema e Descolonização: Moçambique em foco”, apesar de ser o primeiro cineclube do CEsA, não é a primeira incursão do centro de investigação no audiovisual. Em 2000, a investigadora Joana Pereira Leite e a realizadora Brigitte Martinez produziram o documentário “Regresso a Nacala” (Brigitte Martinez e Joana Pereira Leite, 2001, 75 min), financiado pela Comissão Nacional das Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e pelo Arquivo Fotográfico de Lisboa (Câmara Municipal de Lisboa), e apoiado pelo ICA/IP – Instituto do Cinema e do Audiovisual e pela RTP.

A investigadora do CEsA Joana Pereira Leite. Crédito: Reprodução/CEsA.

O filme conta a história do regresso a Nacala, cidade costeira no Norte de Moçambique, de fotografias registadas durante 20 anos, entre as décadas de 1950 e 1970, sobre a vida quotidiana das comunidades de pescadores islamizadas na região dos povos macua. Todas de autoria do ex-colono português José Henriques e Silva. “Ele era um homem muito querido, dos poucos colonos portugueses que teve acesso ao outro mundo e construiu uma ligação forte com as populações locais”, comenta Pereira Leite.

O documentário atende ao pedido do próprio Henriques e Silva de que “se alguém voltar a Nacala, vá à procura dos meus amigos” para restituir as fotografias à população macua, propondo, como diz a sinopse, “uma viagem iluminada por encontros, um balanço da era colonial e pós-colonial recente”. Segundo Pereira Leite, a devolução representou um marco importante para a história “do que foi a colonização portuguesa para além da exploração, com outras dimensões, como o afeto”.

As imagens imprimem os traços da aventura colonial portuguesa e dos 16 anos de guerra civil até à independência de Moçambique. Os registos foram expostos em 1983 em Lisboa, no Ar.co – Centro de Arte e Comunicação Visual, em 1986 em Paris, na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), e finalmente em 2000 em Bruxelas, no Museu Charleroi. Também compõem o livro “Pescadores Macua”, a venda nas Lojas BLX – Loja das Bibliotecas de Lisboa.

Credito: José Henriques e Silva.

“No fundo, ele foi um antropólogo e um fotógrafo de talento invulgar. Esses registos fotográficos daquela região são os únicos que eu conheço, com essa qualidade e com essa dimensão fotográfica de uma construção de 20 anos de contato”, conclui Pereira Leite. O documentário está disponível online no canal do CEsA no YouTube em português e francês (clique aqui para assistir).

 

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CEsA inaugura cineclube “Cinema e Descolonização: Moçambique em foco”

Confira a programação de filmes do Ciclo “Cinema e Descolonização: Moçambique em foco” para 2023

Ciclo de Cinema e Descolonização: Moçambique em foco | 22 de abril | A última prostituta e Sonhos guardados | Debate com Catarina Laranjeiro

Website do NEVIS – Narrativas Escritas e Visuais da Nação Pós-Colonial (CESA/FCT, PTDC/CPC-ELT/4939/2012)

Colóquio “Escritas & Cinema nos Países de Língua Portuguesa” (28 e 29 de maio de 2015)

Playlist no YouTube: “Regresso a Nacala”

Playlist no YouTube: “Retour à Nacala”

Pescadores Macua, Baía de Nacala, Moçambique, 1957-1973 (p. 154, Mundo Crítico – Revista de Desenvolvimento e Cooperação, nº 8)

Texto publicado na edição nº 1 da Revista CEsA. Autoria: Marianna Rios/Comunicação CEsA. Edição: Sónia Frias/Direção do CEsA e Filipe Batista/CEsA Comunicação. Tradução: Inês Hugon. Design: Felipe Vaz.

Revista CEsA

Revista CEsA nº1 | Investigação: Após uma pausa devido à pandemia, o seminário internacional In Progress regressa ao CEsA com apresentações e discussões sobre pesquisas em curso sobre África


 

O Seminário Internacional sobre Ciências Sociais e Desenvolvimento em África (In Progress) consagrou a sua 4ª edição nos dias 28 e 29 de novembro de 2022, no ISEG 

 

Abertura do Seminário Internacional sobre Ciências Sociais e Desenvolvimento em África – In Progress 4, no dia 28 de novembro de 2022. Crédito: CEsA/Reprodução

 

Foram dois dias cheios, com 15 apresentações de pesquisas em curso distribuídas em cinco painéis, e uma conferência especial sobre a génese colonial do desenvolvimento, proferida pela investigadora Cláudia Castelo (ICS/ULisboa). Foi, pois, também muito animado o clima do último Seminário Internacional sobre Ciências Sociais e Desenvolvimento em África (In Progress 4), que regressou ao Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA) com a quarta edição nos dias 28 e 29 de novembro de 2022 após uma pausa devido às restrições impostas pela COVID-19. 

O evento, que decorre a cada dois anos, teve organização das investigadoras do CEsA Iolanda Évora, Sónia Frias e Sílvia Amaral, sendo a sua comissão científica formada pelos investigadores do CEsA Iolanda Évora, Sónia Frias, João Estêvão e Alexandre Abreu 

Estes seminários são dirigidos a estudantes de mestrado e doutoramento e propõem-se ser um espaço de reflexão sobre os estudos sociais sobre a África contemporânea e o seu desenvolvimento. O foco assenta na apresentação entre pares de trabalhos de investigação em progresso, com o objetivo de se criar um espaço de partilha e de troca de ideias. As sessões têm a moderação de professores e investigadores sénior que conduzem os debates e, desse modo, também tomam contato com as experiências e pesquisas dos estudantes. 

As organizadoras do In Progress Iolanda Évora (esquerda), Silvia Amaral (centro) e Sónia Frias (direita) durante o primeiro dia do In Progress 4, em 28 de novembro de 2022. Crédito: CEsA/Reprodução

 

Encontro presencial 

Pela primeira vez, a quarta edição do evento foi em formato híbrido, com três apresentações remotas e 12 presenciais. A organizadora Sónia Frias reforça que, apesar da adaptação ao ambiente online, a tónica do In Progress continua a ser o encontro presencial entre os investigadores. “O trabalho de pesquisa é muitas vezes solitário e reconheço que os estudantes precisam do encontro físico para se conhecerem, conversarem e trocarem ideias. O ‘Zoom’ é ótimo para imensas coisas, mas não para combater a solidão que os trabalhos académicos acabam sempre por definir”, diz a investigadora. 

Frias explica que o encontro presencial fomenta e fortalece alguns aspetos importantes para o convívio académico, como a solidariedade, o companheirismo e a partilha de ideias. “No evento presencial, para além das sessões de trabalho, encontramo-nos todos na pausa-café que é um momento informal, em regra muito produtivo, pois que aí se gera conversa, também sobre o trabalho, o ambiente torna-se mais familiar, o que permite a empatia, a partilha de experiências, mas também de e-mails, telefones… Vamos facilitar a apresentação a distância para quem não tenha nenhuma possibilidade de vir a Lisboa, mas será uma modalidade excecional”, comenta.

A tónica do In Progress continua a ser o encontro presencial pelo fomento e fortalecimento de alguns aspetos importantes para o convívio académico, como a partilha de ideias. Crédito: CEsA/Reprodução

Áreas temáticas

Um dos objetivos do In Progress é o de identificar as áreas temáticas que, na atualidade, suscitam mais interesse nos investigadores. A organizadora e professora do ISEG, Iolanda Évora, avalia o dinamismo temático ao longo das edições: “Alguns temas permanecem, por exemplo, as estratégias de cooperação de desenvolvimento, enquanto outros que eram presentes nas edições anteriores não apareceram nesta quarta edição, a exemplo do tema das populações e do bem-estar e da mudança social”.

Ferramenta metodológica

A quinta edição do evento, prevista para 2024, coincidirá com as comemorações dos 50 anos das independências das ex-colónias portuguesas e também com os 40 anos de fundação do CEsA, o que Évora considera um cenário propício para um momento de avaliação do próprio seminário In Progress. “Queremos refletir criticamente sobre o percurso e o desenvolvimento dos temas e das abordagens ligados a África. O In Progress é uma ferramenta metodológica. Nesse sentido, temos de fazer uma análise que leve em conta esse debate crítico”, explica.

Sónia Frias acrescenta que o evento é também um caminho para os estudantes começarem a discutir possibilidades metodológicas para além das tradicionais. “Isso aprende-se nos trabalhos de campo e quem tem essa experiência tem também a obrigação de chamar atenção para como essa diferença deve ser considerada nos nossos trabalhos. E o In Progress aparece a meio desse caminho, para estimular os estudantes a pensar sobre novas e diferentes possibilidades.”

Segundo as organizadoras, o In Progress é uma ferramenta metodológica no sentido de que permite a reflexão crítica sobre o percurso e o desenvolvimento dos temas e das abordagens ligados a África. Crédito: CEsA/Reprodução

Pertinência para África

As próximas edições do In Progress procurarão, portanto, evoluir os debates na direção de incentivar discussões tanto sobre os aspetos metodológicos da pesquisa sobre África, quanto sobre a pertinência da investigação desenvolvida em ciências sociais sobre África — uma vez que tanto os trabalhos apresentados, quanto o próprio evento, estão situados no âmbito das ciências sociais produzidas na Europa.

“É um olhar daqui para lá e, portanto, temos de estar cientes quanto à pertinência dos nossos estudos em relação ao que está sendo discutido em África sobre as sociedades africanas”, diz Évora. “É precisamente nessa reflexão que temos a oportunidade de discutir sobre a nossa pesquisa individualmente e de perceber que ela está enquadrada num campo maior do desenvolvimento e da cooperação e, maior ainda, no campo das ciências sociais e mesmo das ciências humanas”, reflete a investigadora.

 

Leia mais:

Revista CEsA nº 1

4º Seminário Internacional sobre Ciências Sociais e Desenvolvimento em África terá lugar nos dias 28 e 29 de novembro no ISEG

 

Texto publicado na edição nº 1 da Revista CEsA. Autoria: Marianna Rios/Comunicação CEsA. Edição: Sónia Frias/Direção do CEsA e Filipe Batista/CEsA Comunicação. Tradução: Inês Hugon. Design: Felipe Vaz.

Revista CEsA nº 1 | Entrevista: CEsA e EADI organizam conjuntamente a edição de 2023 da maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento


 

A EADI CEsA Lisbon Conference 2023 terá lugar entre os dias 10 e 13 de julho no ISEG, e espera reunir aproximadamente 500 participantes para refletir e buscar soluções em direção a novos ritmos de desenvolvimento

 

Mapear novos ritmos de desenvolvimento num cenário global de crises e desafios cada vez mais profundos e complexos: esta é a tónica da EADI CEsA Lisbon Conference 2023: Towards New Rhythms of Development, a maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento, que terá lugar entre os dias 10 e 13 de julho no ISEG – Lisbon School of Economics and Management.

O Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) é o coorganizador do evento, que acontece pela primeira vez em Lisboa, Portugal. A conferência internacional, organizada a cada três anos pela European Association of Development Research and Training Institutes (EADI), desde 1975, terá formato híbrido (presencial e on-line) e as inscrições estão abertas.

Susana Costa, responsável do CEsA pelo seguimento das atividades planificadas e logísticas da EADI CEsA Lisbon Conference 2023. Crédito: Reprodução/CEsA.

“Lisboa é uma cidade atrativa e em julho estará muito bom tempo. Contamos que esses fatores contribuam para a decisão das pessoas participarem presencialmente na Conferência”, comenta Susana Costa, responsável do CEsA pelo seguimento das atividades planificadas e logísticas do evento.

Os organizadores esperam reunir aproximadamente 500 investigadores e profissionais das áreas ligadas ao Desenvolvimento, do Norte e do Sul Global. Serão quatro dias de debates e reflexões a decorrer em três plenários principais pelas manhãs e em 10 sessões paralelas a decorrer em simultâneo, na parte da tarde, em torno dos painéis aprovados: 37 Seed Panels, 15 Harvest Panels, 17 Roundtable Sessions e três Workshop Sessions. “Também haverá sempre um programa social e cultural a decorrer ao final do dia. Será um momento fundamental de networking entre os participantes, que pode contribuir para o surgimento de projetos conjuntos futuros”, revela Costa.

Objetivo comum
O objetivo comum do EADI CEsA Lisbon Conference 2023 é repensar o desenvolvimento diante de mudanças cada vez mais profundas nas relações globais, nas desigualdades e nas formas de exclusão. O investigador do CEsA, professor do ISEG e membro da Comissão Científica do evento, Alexandre Abreu, exemplifica esse cenário de crises multiformes em várias esferas: crise climática, crise pandémica, recessão económica global iminente, ameaças à paz e à segurança global, etc.

Alexandre Abreu, investigador do CEsA e membro da Comissão Científica da EADI CEsA Lisbon Conference 2023. Crédito: Reprodução/ISEG.

“Chegamos a este momento com muitas preocupações, sendo preciso bastante otimismo para contrariar todos esses motivos bem reais para sentirmos pessimismo relativamente ao mundo que nos rodeia, mas esperamos que seja possível reforçar a ligações com as discussões que irão ocorrer e encontrar soluções”, reflete Abreu.

O investigador realça a importância da participação da academia portuguesa na conferência internacional para reforçar tanto a centralidade em torno de temas já desenvolvidos nos estudos de desenvolvimento e na cooperação em Portugal, quanto para se apropriarem de outras discussões que ainda precisam ser mais desenvolvidas no cenário local, a exemplo do “pós-desenvolvimento”.

Aprendizagem para o CEsA
Os esforços para o CEsA acolher a maior conferência do EADI iniciaram-se em 2019, na ocasião do Encontro de Diretores da EADI em Córdoba, na Espanha. “Eu, na altura como vogal da Direção do CEsA, acompanhei o presidente à época do CEsA, professor António Mendonça, que teve a visão de anunciar a nossa disponibilidade para acolher esta conferência, para aumentar a projeção internacional do CEsA e assinalar os 40 anos do centro e os 30 anos do mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional do ISEG”, recorda Abreu.

Para o membro da Comissão Científica, a realização da conferência em Portugal oferece um conjunto de atrativos, que passam pelo regresso do evento ao Sul da Europa e pela ligação com os países em desenvolvimento de língua portuguesa, especialmente com a África lusófona. “Para o CEsA, obviamente, tem muito a ver com reforçar a nossa participação internacional nesta associação, mas também em grande medida reforçar os laços em termos de participação em redes internacionais por parte dos vários investigadores do centro.”

 


 

Entrevista com Susanne von Itter, Diretora-Executiva da EADI – European Association of Development Research and Training Institutes

 

Susanne von Itter, Diretora-Executiva da EADI. Crédito: Reprodução/EADI.

Revista CEsA: Poderia relatar-nos brevemente a escolha de Lisboa para a Conferência Geral da EADI de 2023? Quando e em que contexto Lisboa foi escolhida, porquê e quais são as expectativas da EADI para realizar o seu maior evento numa cidade como Lisboa.

Susanne von Itter (EADI): As nossas Conferências Gerais são um evento emblemático sobre as questões relacionadas aos estudos de desenvolvimento na Europa e reúnem mais de 500 investigadores a cada três anos. Permitem destacar uma importante comunidade de estudiosos regional, pelo que o CEsA abordou-nos em 2019 já para se propor a acolher a conferência de 2023 em Lisboa.

Portugal tem uma comunidade vibrante de investigadores e centros de investigação que lidam com questões de desigualdade, política de desenvolvimento e estudos africanos e latino-americanos e têm uma longa tradição nestas áreas de investigação. Ficamos muito honrados em aceitar esta oferta.

 

Revista CEsA: A última Conferência Geral do EADI num país do sul da Europa foi em 1984. Qual a diferença do regresso em 2023? Há discussões que podem beneficiar deste contexto?

Susanne von Itter (EADI): A diferença é que, desde 1984, o escopo e a natureza dos estudos de desenvolvimento evoluíram: de um forte foco na economia do desenvolvimento para dicussões sobre desigualdade e decolonialidade, levando em consideração questões ambientais e reconhecendo os problemas globais.

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e outras estruturas globais estabeleceram visões para um mundo mais igualitário e sustentável tanto no Norte quanto no Sul Global. Temos muitos problemas comuns e podemos aprender uns com os outros. As crises atuais mostram que os conceitos dominantes de desenvolvimento, os modelos de planeamento linear e as noções estreitas de progresso e crescimento não funcionaram para reduzir a desigualdade em todas as suas esferas.

Reimaginar a orientação dos estudos de desenvolvimento, um processo que foi fortalecido nos últimos anos pela investigação crítica, levou a um processo que investiga a natureza e a adequação dos processos, bem como os objetivos, considerando novas abordagens para modelos universais, equitativos e inclusivos de desenvolvimento.

Esperamos que especialmente os pesquisadores do sul da Europa, com as suas conexões internacionais com países de língua portuguesa e espanhola na Europa, África e América Latina, alimentem os seus conhecimentos específicos nesta discussão e inspirem os seus colegas de outras regiões da Europa e globalmente. Tópicos como as crises migratórias, formas de exclusão, desigualdades, mudanças climáticas, energias renováveis, descolonização do pensamento, etc., beneficiam desta investigação em particular.

 

Revista CEsA: A Conferência EADI CEsA Lisboa 2023 faz um apelo a repensar o cenário global rumo a novos ritmos de desenvolvimento. Qual é a principal expectativa do EADI para esta edição?

Susanne von Itter (EADI): Oferecemos uma variedade de 80 painéis, mesas redondas e workshops que não seguem o mainstream da pesquisa exigida pelos governos ou órgãos doadores (a exemplo dos programas da Comissão Europeia). Os temas e abordagens apresentados vão além e pretendem criar uma discussão vívida sobre novos ritmos e abordagens criativas para enfrentar desafios globais.

Tudo isso num espírito de desenvolvimento baseado em valores e de compromisso com os estudos de desenvolvimento como uma agenda de proteção à vida na Terra, assim como de compromisso em educar e treinar a geração mais jovem nas nossas universidades e incentivá-la ao pensamento crítico.

Esperamos que especialmente a geração de jovens investigadores (da Europa e do Sul Global) conduza ou pelo menos participe intensamente nessas discussões na conferência, seja no papel de organizadores de painéis ou como autores de trabalhos.

Esperamos que os novos ritmos abordados na conferência também envolvam visões inovadoras para lidar com as crises atuais. Uma abordagem de “One World” é necessária para lidar com as mudanças climáticas, pandemias e conflitos armados.

Quando escolhemos o título, nós queríamos apoiar uma abordagem positiva e encorajadora, sabendo que a multiplicação de crises é um assunto complexo e sério e demanda um pensamento criativo para desenvolver novos conceitos, métodos e políticas. Como afirma a introdução ao tema da conferência, pretendemos “iluminar as várias causas e manifestações desses desafios atuais sem precedentes e explorar e mapear ‘novos ritmos de desenvolvimento'”.

 

Revista CEsA: O que acha que pode ser melhorado e/ou fortalecido na parceria entre a EADI e o CEsA para a realização da maior conferência europeia sobre estudos de desenvolvimento e que novas ideias e projetos podem surgir desta experiência?

Susanne von Itter (EADI): Graças à boa cooperação e ao forte espírito de equipa da equipa organizadora (devo mencionar neste contexto Susana Costa e Luís Mah, do CEsA, e Basile Boulay e colegas do Secretariado da EADI), os preparativos da conferência já foram muito bem-sucedidos. Nós atraímos um grande número de painéis de ponta e submissões de resumos.

Esperamos poder fortalecer a comunidade de pesquisadores no sul da Europa, e poder ter eventos de acompanhamento junto com o CEsA. Como a conferência irá hospedar vários painéis em português, esperamos também disponibilizar conhecimentos que não seriam visíveis numa conferência exclusivamente em inglês e inspirar a solução local de problemas globais.

 

Leia mais:

Revista CEsA nº 1

EADI CEsA Lisbon Conference 2023 propõe mapear novos ritmos de desenvolvimento num cenário global de crises e desafios cada vez mais profundos

Inscrições abertas para a EADI CEsA Lisbon Conference 2023, a maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento

Site da EADI

 

Texto publicado na edição nº 1 da Revista CEsA. Autoria: Marianna Rios/Comunicação CEsA. Edição: Sónia Frias/Direção do CEsA e Filipe Batista/CEsA Comunicação. Tradução: Inês Hugon. Design: Felipe Vaz.

Revista CEsA

Revista CEsA nº 1: Editorial por Sónia Frias, investigadora e membro da Direção do CEsA


 

O texto Editorial da edição nº 1 da Revista CEsA foi escrito por Sónia Frias, investigadora e membro da Direção do CEsA

 

Sónia Frias, investigadora e membro da Direção do CEsA e professora no ISCSP – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ULisboa)

No CEsA começamos este ano de 2023 com energia e esperança renovada em dias melhores. 

Controlada a Pandemia, sabe bem sair de casa e voltar a reencontrar os nossos outros lugares, a trabalhar em equipa, a pensar iniciativas e projetos à volta de uma mesa de reuniões, durante a pausa do café ou num almoço de trabalho. Foi, contudo, ainda durante e pandemia e com o apoio de plataformas de videoconferência que começámos a debater e planear algumas das nossas mais interessantes iniciativas para este ano. 

De entre a diversidade de iniciativas desenvolvidas e a desenvolver no CEsA, permito-me destacar para este ano a conferência EADI CEsA Lisbon Conference 2023: Towards New Rhythms of Development que terá lugar no ISEG, em Lisboa, entre os dias 10 e 13 de julho. A conferência é coorganizada pelo CEsA e a EADI (European Association of Development and Training Institutes) e conta com a participação de colegas de inúmeros países dos vários continentes. Será sem dúvida uma grande conferência e uma oportunidade de encontro e debate sobre uma enorme variedade de temas e questões. 

Para além deste grande evento o CEsA não descurou o seu normal plano de trabalhos e iniciativas, pelo que importa que se chame a atenção para a conclusão do Projeto AFRO-PORT– coordenado pela nossa investigadora Iolanda Évora, e que contou com a cocoordenação da Inocência Mata (FLUL/ULisboa) e o apoio da Mila Dezan (MDCI/ISEG/ULisboa). O AFRO-PORT foi considerado um dos mais interessantes projetos sobre a questão da afrodescendência em Portugal. Este projeto organizou conferências e discussões de grande interesse, concebeu, com a participação de vários grupos da sociedade civil, afrodescendentes ou não, com associações e com a academia, atividades culturais diversas e com vários formatos. O projeto expôs realidades caladas, coexistências tácitas, confrontou-nos com questões como o racismo, a pobreza, a participação, mostrou muito das margens da região de Lisboa.  

Importa também sublinhar o Projeto Cinema e Descolonização: Moçambique em foco, levado a cabo pela investigadora do CEsA Jessica Falconi e a realizadora Isabel Noronha, com sessões de filmes de grande interesse sobre as realidades sociais, políticas e outras neste caso concreto, de Moçambique. A primeira apresentação teve lugar em novembro de 2022 e concluir-se-á em julho de 2023. As sessões têm lugar no ISEG, aos sábados de manhã e dados o valor e interesse destes trabalhos, importa que chame a atenção para o seu calendário (consulte aqui).

Concluiu-se a realização do In Progress 4 Seminário Internacional sobre Ciências Sociais e Desenvolvimento em África, em 28 e 29 de novembro de 2022, coordenado pelas investigadoras Iolanda Évora e Sónia Frias com a colaboração da Sílvia Amaral. Estes seminários são realizados de dois em dois anos e são dirigidos a estudantes de Mestrado e Doutoramento com pesquisa em e/ou sobre territórios africanos. Os participantes são convidados a apresentar as suas comunicações, criando-se posteriormente momentos de discussão de grande riqueza e interesse. Os participantes têm depois a possibilidade de ver os seus trabalhos publicados num e-book específico. 

Mantemos os Seminários CEsA Thinks. Um ciclo de trabalhos que terminou em fevereiro com uma conferência sobre As Respostas dos Negociantes da Indústria Alimentar a Retalho na Nigéria aos Efeitos das Mudanças Climáticas. Esta conferência foi apresentada pelo professor Auta Elisha Menson (Kaduna State University) com a moderação do investigador do CEsA Vincent Agulonye. 

Hoje lançamos a Revista CEsA. Uma revista semestral, mas sobretudo um novo projeto disponibilizado à comunidade e especialmente vocacionado para a divulgação de ciência.  

Sendo este espaço curto e não havendo possibilidade de elencar todas as iniciativas realizadas pelo Centro, opto por sublinhar uma outra iniciativa muito importante: a comemoração, este ano, dos 40 anos de existência CEsA (fundado em 1983). Estamos a preparar a Festa, pois importa comemorar quer um trajeto e trabalhos de relevo no domínio dos Estudos sobre África e do Desenvolvimento, quer os novos planos e vontade para prosseguir rumo a um futuro em aberto. 

Evidenciei algumas das iniciativas que considero ou mais interessantes ou mais urgentes. Mas visitando-se a Revista CEsA, fica a saber-se muito mais. Espreite! 

 

Nesta edição:

Revista CEsA nº 1

Revista CEsA nº1 | Investigação: Ciclo “Cinema e Descolonização: Moçambique em foco” conjuga cinema, memórias e narrativas sobre a descolonização e as suas marcas em cineclubes mensais no ISEG

Revista CEsA nº 1 | Investigação: Ciclo de seminários “CEsA Thinks” leva inovação ao Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento ao incentivar a apresentação, discussão e publicação dos trabalhos dos doutorandos

Revista CEsA nº 1 | Investigação: Após uma pausa devido à pandemia, o seminário internacional In Progress regressa ao CEsA com apresentações e discussões sobre pesquisas em curso sobre África

Revista CEsA nº 1 | CEsA 40 anos: CEsA disponibiliza em formato digital a coleção completa de Working Papers produzidos no decorrer dos 40 anos de existência do centro de investigação

Revista CEsA nº 1 | Entrevista: CEsA e EADI organizam conjuntamente a edição de 2023 da maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento

Revista CEsA nº 1 | Investigação: Projeto AFRO-PORT chega ao fim e deixa legado pioneiro na investigação sobre a afrodescendência em Portugal

Revista CEsA nº 1 | Vídeo: Testemunho do Prof. Dr. João Estêvão/CEsA sobre o historial da fundação do centro

 

Conheça o CEsA:

Apresentação do CEsA

Folheto institucional do CEsA

Estatuto de Constituição do CEsA

 

Texto publicado na edição nº 1 a Revista CEsA. Autoria: Sónia Frias/Direção do CEsA. Edição: Marianna Rios e Filipe Batista/CEsA Comunicação. Tradução: Inês Hugon. Design: Felipe Vaz.

Revista Mundo Crítico abre chamada de contribuições para a edição nº 9, até 30 de abril


Revista Mundo Crítico está com uma chamada de contribuições em aberto até o dia 30 de abril para a sua 9ª edição, dedicada ao tema “As Representações do Mundo na Era do Espetáculo”. Consulte o regulamento para saber as condições.

A próxima edição da Mundo Crítico pretende analisar criticamente as questões relacionadas com a sensibilização e a advocacia social, enquanto ferramentas utilizadas nas representações do mundo, à luz do que tem sido feito a nível nacional e internacional.

Quais são as relações entre a produção e constituição das imagens do(s) outro(s), a emergência de dimensões globais e regionais da cidadania, o aumento da conectividade global e a aceleração e espectacularização da vida social? Será que a representação que tem sido feita do chamado “Sul Global” na Europa é reconhecida pelos/as representados/as?

Como são e quais os efeitos das representações do “Norte global” que chegam ou são produzidas no “Sul global”? Na medida em que hoje em dia se estabelecem cada vez mais mais conexões entre diferentes gentes e geografias, como se poderão tornar mais justas estas representações? E quais podem e devem ser os papéis dos Estados, das organizações da sociedade civil e das comunidades na diáspora nestes domínios?

A Mundo Crítico é uma iniciativa da Associação para a Cooperação Entre os Povos (ACEP) e do CEsA/CSG/ISEG/ULisboa e conta com o apoio do Camões I.P.

Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt) com informações da ACEP
Imagem: Mundo Crítico/Reprodução

Development Studies Seminars CEsA 2023

Seminários de Estudos de Desenvolvimento 2023 | 11 de abril | Transcolonial: O sujeito e o contexto | João Pina-Cabral (ICS/ULisboa)


O Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) e as coordenações dos cursos de Mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional (MDCI) e do Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento (PDED) do ISEG – Lisbon School of Economics and Management, da Universidade de Lisboa (ULisboa), convidam para a sexta sessão dos Seminários de Estudos de Desenvolvimento 2023/Development Studies Seminars 2023, cujo tema é “Transcolonial: O sujeito e o contexto” e será apresentada pelo investigador coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa João Pina-Cabral no dia 11 de abril de 2023, das 18h às 20h (horário de Lisboa), no ISEG (Anfiteatro 23, Francesinhas 1, 1200-781, Lisboa, Portugal).

INSCREVA-SE AQUI: https://www.eventbrite.com/e/bilhetes-seminarios-de-estudos-de-desenvolvimento-2023-com-joao-pina-cabral-ics-579244354457

A sessão terá como base o livro de autoria de João Pina-Cabral, “Transcolonial”, lançado em março de 2023. Texto de apresentação do livro:

“Será que os portugueses são mesmo peixes-canibais como os moçambicanos achavam? Afinal, quem come quem? Que sentido fazem essas narrativas de circulação de substâncias corporais que se encontram um pouco por todo o mundo onde houve portugueses? Chegado a Moçambique, depois de mais de duas décadas de ausência, percebi que transportava em mim mesmo sinais que espoletavam nos meus anfitriões um sentimento de familiaridade transcolonial que nem sempre era agradável. Reúno neste livro uma série de ensaios onde analiso os tortuosos périplos da transcolonialidade, isto é, os espaços onde os impérios e as hegemonias se cruzam e onde as pessoas e os grupos se movem no interior do capitalismo global.”

 

Sobre o evento
Os Seminários de Estudos de Desenvolvimento são uma iniciativa que, desde 1991, promove a investigação conduzida nas áreas de estudo do MDCI/ISEG/ULisboa e do PDED/ISEG/ULisboa. A edição de 2023 começa a partir de 28 de fevereiro, sempre às terças-feiras, das 18h às 20h (horário de Lisboa), no ISEG (Anfiteatro 23, Francesinhas 1, 1200-781, Lisboa, Portugal). As sessões serão em formato presencial e com entrada livre. Recomendamos o registo prévio no perfil do CEsA no EventBrite (clique aqui), mas a lotação do anfiteatro será por ordem de chegada.

 

Sexta sessão dos Seminários de Estudos de Desenvolvimento 2023
Tema: Transcolonial: O sujeito e o contexto
Orador: João Pina-Cabral (ICS/ULisboa)
Data e hora: 11 de abril de 2023, sempre às terças-feiras, das 18h às 20h (horário de Lisboa)
Evento presencial no ISEG (Anfiteatro 23, Francesinhas 1, 1200-781, Lisboa, Portugal)

 

 

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30 ANOS DO MDCI/ISEG: Candidaturas para o Mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional 2023/24 abertas (1ª fase termina a 28/2)

Candidaturas para o Programa de Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento 2023/24 abertas

 

Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução

Development Studies Seminars CEsA 2023

Seminários de Estudos de Desenvolvimento 2023 | 21 de março | Achieving Human and Ecological Well-Being Through SDGs: The Iran Case | Mojgan Chapariha (CUSP/University of Surrey)


O Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) e as coordenações dos cursos de Mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional (MDCI) e do Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento (PDED) do ISEG – Lisbon School of Economics and Management, da Universidade de Lisboa (ULisboa), convidam para a quarta sessão dos Seminários de Estudos de Desenvolvimento 2023/Development Studies Seminars 2023, cujo tema é “Achieving Human and Ecological Well-Being Through SDGs: The Iran Case” e será apresentada pela investigadora do Centre for the Understanding of Sustainable Prosperity, da University of Surrey Mojgan Chapariha (online) no dia 21 de março de 2023, das 18h às 20h (horário de Lisboa), no ISEG (Anfiteatro 23, Francesinhas 1, 1200-781, Lisboa, Portugal).

INSCREVA-SE AQUI: https://www.eventbrite.com/e/bilhetes-seminarios-de-estudos-de-desenvolvimento-2023-com-mojgan-chapariha-surrey-579146371387

Sobre o evento
Os Seminários de Estudos de Desenvolvimento são uma iniciativa que, desde 1991, promove a investigação conduzida nas áreas de estudo do MDCI/ISEG/ULisboa e do PDED/ISEG/ULisboa. A edição de 2023 começa a partir de 28 de fevereiro, sempre às terças-feiras, das 18h às 20h (horário de Lisboa), no ISEG (Anfiteatro 23, Francesinhas 1, 1200-781, Lisboa, Portugal). As sessões serão apresentadas em inglês, em formato presencial e com entrada livre. Recomendamos o registo prévio no perfil do CEsA no EventBrite (clique aqui), mas a lotação do anfiteatro será por ordem de chegada.

 

Quarta sessão dos Seminários de Estudos de Desenvolvimento 2023
Tema: Achieving Human and Ecological Well-Being Through SDGs: The Iran Case
Orador: Mojgan Chapariha (Centre for the Understanding of Sustainable Prosperity, University of Surrey) – ONLINE
Data e hora: 21 de março de 2023, sempre às terças-feiras, das 18h às 20h (horário de Lisboa)
Evento presencial no ISEG (Anfiteatro 23, Francesinhas 1, 1200-781, Lisboa, Portugal)

 

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Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução

Ciclo de Cinema e Descolonização: Moçambique em foco | 25 de março | A colheita do Diabo | Debate com Brigitte Bagnol (online)


O Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa), no âmbito do Ciclo de Cinema e Descolonização: Moçambique em foco, tem a honra de anunciar a projeção do docu-ficção “A colheita do Diabo” (Licínio Azevedo e Brigitte Bagnol, 1988, Docu-ficção, 52 min, português). O filme será exibido com entrada livre no dia 25 de março de 2023, pelas 10h, no ISEG – Lisbon School of Economics and Management (Auditório 2, Entrada pela Rua do Quelhas, nº 6, Piso do Claustro, 1200-781, Lisboa, Portugal).

O filme será reproduzido em português. Recomendamos o registo prévio (clique aqui), mas a lotação do auditório será por ordem de chegada.

Seguir-se-á o debate com a correalizadora e investigadora Brigitte Bagnol (participação online).

Sinopse de “A colheita do Diabo”

Primeira longa-metragem moçambicana realizada em vídeo por Brigitte Bagnol e Licínio Azevedo em 1988, A Colheita do Diabo mistura realidade e ficção, bem como atores profissionais e não profissionais. Entre as primeiras imagens, dedicadas à importância do cinema, e o episódios trágicos, reais e anunciados, o filme retrata o dia a dia de uma pequena comunidade rural ameaçada pela seca e pelos ataques armados dos “bandidos”, defendida por um grupo de veteranos da luta de libertação nacional.  

 

Clique na imagem abaixo para aceder à folha de sala do filme:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre o Ciclo “Cinema e Descolonização: Moçambique em foco”
Urge entender a descolonização como um processo ainda em curso, que é preciso aceitar e integrar na dinâmica social, política, cultural e pessoal. O projeto visa criar um espaço de partilha, aberto e dinâmico, em que possam surgir memórias, narrativas, diálogos e reflexões. Tem coordenação da investigadora Jessica Falconi (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) e curadoria da investigadora e realizadora moçambicana Isabel Noronha e cineasta Camilo de Sousa.

O Ciclo decorrerá em formato cineclube, de janeiro a julho de 2023, com projeções uma vez por mês, sempre ao sábado, onde se pretende debater e refletir sobre os legados e as memórias da descolonização em Moçambique. Cada sessão contará com a presença de artistas envolvidos na realização dos filmes, bem como de investigadores e moderadores indicados pelo CEsA.

Coordenação: Jessica Falconi (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa)
Curadoria: Isabel Noronha e Camilo de Sousa
Consultoria científica: Joana Pereira Leite (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) e Ana Mafalda Leite (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa)
Apoio: CEsA/CSG/ISEG/ULisboa

Confira a programação de filmes do Ciclo “Cinema e Descolonização: Moçambique em foco” para 2023

Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução

Development Studies Seminars CEsA 2023

Seminários de Estudos de Desenvolvimento 2023 | 28 de março | A Discussion of the Grammars and Languages of Regionalisms in the Wake of COVID-19 Pandemic and the War in Ukraine | Daniel Bach (Sciences Po Bordeaux)


O Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) e as coordenações dos cursos de Mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional (MDCI) e do Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento (PDED) do ISEG – Lisbon School of Economics and Management, da Universidade de Lisboa (ULisboa), convidam para a quinta sessão dos Seminários de Estudos de Desenvolvimento 2023/Development Studies Seminars 2023, cujo tema é “A Discussion of the Grammars and Languages of Regionalisms in the Wake of COVID-19 Pandemic and the War in Ukraine” e será apresentado pelo investigador da Sciences Po Bordeaux e do CEsA Daniel Bach no dia 28 de março de 2023, das 18h às 20h (horário de Lisboa), no ISEG (Anfiteatro 23, Francesinhas 1, 1200-781, Lisboa, Portugal).

INSCREVA-SE AQUI: https://www.eventbrite.com/e/seminarios-de-estudos-de-desenvolvimento-2023-com-daniel-bach-science-po-tickets-569835040947

Sobre o evento
Os Seminários de Estudos de Desenvolvimento são uma iniciativa que, desde 1991, promove a investigação conduzida nas áreas de estudo do MDCI/ISEG/ULisboa e do PDED/ISEG/ULisboa. A edição de 2023 começa a partir de 28 de fevereiro, sempre às terças-feiras, das 18h às 20h (horário de Lisboa), no ISEG (Anfiteatro 23, Francesinhas 1, 1200-781, Lisboa, Portugal). As sessões serão apresentadas em inglês, em formato presencial e com entrada livre. Recomendamos o registo prévio no perfil do CEsA no EventBrite (clique aqui), mas a lotação do anfiteatro será por ordem de chegada.

 

Quinta sessão dos Seminários de Estudos de Desenvolvimento 2023
Tema: A Discussion of the Grammars and Languages of Regionalisms in the Wake of COVID-19 Pandemic and the War in Ukraine
Orador: Daniel Bach (Sciences Po Bordeaux e CEsA)
Data e hora: 28 de março de 2023, sempre às terças-feiras, das 18h às 20h (horário de Lisboa)
Evento presencial no ISEG (Anfiteatro 23, Francesinhas 1, 1200-781, Lisboa, Portugal)

 

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30 ANOS DO MDCI/ISEG: Candidaturas para o Mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional 2023/24 abertas (1ª fase termina a 28/2)

Candidaturas para o Programa de Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento 2023/24 abertas

 

Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução


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