Publicações
Para a submissão de artigos ou Working Papers para o CEsA, favor enviar um email para: comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt

Working Paper 202/2025: Manual básico SPSS: como o utilizar de forma rápida e fácil
Resumo:
Com este manual procura-se explanar um modo rápido e eficaz de utilizar o IBM SPSS Statistics, na introdução, gestão e análise de dados. Ou seja, a forma como a abordagem de dados pode ser realizada no domínio das ciências sociais utilizando a estatística descritiva, desmistificando a sua utilização.
Citação:
Sangreman, Carlos; Raquel Faria e Nuno Cunha .(2025). “Manual básico SPSS: como o utilizar de forma rápida e fácil”. CEsA/CSG – Documentos de trabalho nº 202/2025

A Opinião Pública e a Cooperação para o Desenvolvimento Portuguesa
Resumo:
Quase 20 anos após a primeira sondagem à opinião pública face ao papel da Cooperação para o Desenvolvimento, em particular da Cooperação Portuguesa, encetámos um novo estudo para conhecer o que pensa a sociedade portuguesa sobre este sector, numa altura em que se desenvolve um novo ciclo estratégico da Cooperação Portuguesa. Nesse sentido, a Associação para a Cooperação Entre os Povos (ACEP) propôs ao Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento do Instituto Superior de Economia e Gestão (CEsA/ISEG) e ao Departamento de Ciências Sociais e Políticas do Território da Universidade de Aveiro (DCSPT/UA) um processo de actualização do conhecimento sobre a opinião pública portuguesa, de forma a facultar uma visão mais fidedigna ao nível de opiniões desta área e melhor planificar estratégias para o diálogo e o debate público com diferentes sectores da sociedade, incluindo decisores políticos nacionais e jornalistas.
A Estratégia da Cooperação Portuguesa 2030 destaca, entre outras coisas, a importância da comunicação com a sociedade e da visibilidade do sector para permitir um maior entendimento e reconhecimento do seu papel no cômputo das políticas públicas portuguesas. De facto, em Portugal, a Cooperação para o Desenvolvimento continua a ocupar um espaço residual no debate político, sobretudo ao nível da Assembleia da
República e dos media, persistindo ainda dificuldades em abordar e trabalhar de forma sistemática com os/as deputados/as e os/as jornalistas portugueses/as e em colocar os temas do Desenvolvimento e da Cooperação internacional nos media.
Nos últimos 20 anos, a Cooperação Internacional para o Desenvolvimento sofreu alterações profundas, a que não ficou alheia a Cooperação Portuguesa. Embora seja uma política sobre a qual existe pouco debate institucional a nível nacional, é um sector crucial na forma de relacionamento de Portugal com o mundo, nomeadamente com alguns dos países com os quais mantém relações bilaterais fortes, como os PALOP e
Timor-Leste. Essa relação não passa unicamente pelo Estado, mas envolve um conjunto alargado de sectores, públicos e privados, com e sem fins lucrativos, abordando a Cooperação para o Desenvolvimento de formas diferenciadas e dando origem a diferentes formas de relacionamento.
Esta sondagem não surge no vazio e não está naturalmente imune ao contexto internacional actual, particularmente adverso, e que coloca desafios acrescidos à Cooperação para o Desenvolvimento. No entanto, esta política pública tem um papel singular na promoção do Desenvolvimento, da paz e dos direitos humanos. Os conflitos actuais, com destaque para as guerras em Gaza e na Ucrânia (que assinalou o regresso da guerra à Europa), o desrespeito e o descrédito pelo Direito Internacional e pelo multilateralismo, bem como o aumento do discurso populista um pouco por todo o mundo e, muito particularmente na Europa, são elementos caracterizadores do ambiente em que a Cooperação para o Desenvolvimento precisa de se continuar a afirmar e reforçar enquanto expressão mais nobre da política externa dos Estados e das instituições internacionais.
Citação:
ACEP & CEsA (2024). “A Opinião Pública e a Cooperação para o Desenvolvimento Portuguesa”. ISBN 978-989-8625-35-9

Working Paper 201/2025: A Glance at International Challenges of Refugee Crises in the New Millenium
Resumo:
O presente estudo investiga a complexa relação entre deslocamento forçado e desenvolvimento humano. Utilizando uma metodologia qualitativa de estudo de caso, este artigo examina as saídas de refugiados de regiões-chave para buscar compreender os fatores que impulsionam estes movimentos e o seu efeito para o desenvolvimento. A investigação conclui que os fatores mais relevantes para a migração forçada são a violência política, especialmente os conflitos civis, e as alterações climáticas – agravados pelas crises económicas, a insegurança alimentar e danos nas infraestruturas. Apesar de não identificar correlações fortes entre deslocamento e desenvolvimento humano (medido através do IDH), exceto para a Síria, o estudo revela que estas emergências são simultaneamente desafios humanitários e de desenvolvimento. As repercussões são mais proeminentes no Sul Global (a origem e o destino de mais de 70% das pessoas deslocadas). As conclusões reiteram a urgência de intervenções integradas que unam iniciativas humanitárias e de desenvolvimento.
Citação:
Rocha, Marcela e Eduardo Moraes Sarmento (2025). “A glance at international challenges of refugee crises in the new millenium”. CEsA/CGS – Documentos de trabalho nº 201/2025

Entre eu e Deus by Yara Costa: An Unprecedented Representation of the Island of Mozambique
Resumo:
Este artigo tem como objetivo dissecar o documentário Entre eu e Deus, com o objetivo principal de demonstrar que a realizadora procura desafiar imagens, representações e percepções cristalizadas sobre a Ilha de Moçambique, a identidade cultural moçambicana e o fundamentalismo islâmico, conseguindo alcançar esse propósito. O artigo é composto por duas secções principais. A primeira oferece um breve contexto histórico da Ilha de Moçambique e examina algumas representações visuais que antecedem o documentário em análise. Nesta secção, presto particular atenção ao documentário de Licínio Azevedo sobre a Ilha de Moçambique, considerado um antecedente relevante da obra de Yara Costa. A segunda parte apresenta uma análise detalhada de Entre eu e Deus, demonstrando a representação inédita da Ilha de Moçambique pela realizadora.
Citação:
Falconi, J. (2024). Entre eu e Deus by Yara Costa: An Unprecedented Representation of the Island of Mozambique. Portuguese Studies 40(2), 175-188. https://dx.doi.org/10.1353/port.00014.

Claude Meillassoux em Moçambique: a propósito de uma carta a Marcelino dos Santos
Resumo:
Claude Meillassoux, fundador da antropologia econômica francesa, e Marcelino dos Santos, importante dirigente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), conheceram-se em Paris na década de 1950, quando ambos estudavam com o africanista Georges Balandier. Em 1977, ano da primeira visita de Meillassoux a Moçambique, essa relação se renovou, dessa vez sob uma chave crítica e polêmica. Naquele ano, a Frelimo se transformara em um partido de vanguarda “marxista-leninista” e estava prestes a criar uma série de organizações em prol da instauração do “poder popular” e do socialismo. Meillassoux viria a ser um observador atento desse processo. Este artigo reconstrói as vicissitudes da sua viagem, promovida pela cooperação franco-moçambicana e pelo Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane. Imediatamente após a sua visita, Meillassoux endereçou a Marcelino dos Santos uma carta de alto teor crítico concernente aos rumos da revolução moçambicana. O artigo analisa, ademais, o conteúdo dessa carta e seus principais desdobramentos antropológicos e políticos.
Citação:
Macagno, L. (2024). Claude Meillassoux em Moçambique: a propósito de uma carta a Marcelino dos Santos. Estudos Ibero-Americanos, 50(1), e45089. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2024.1.45089

African women’s trajectories and the Casa dos Estudantes do Império
Resumo:
Este artigo compara as trajetórias de diferentes mulheres que cruzaram a Casa dos Estudantes do Império (CEI), uma instituição formal criada em Lisboa por estudantes das colônias com o apoio do regime ditatorial português em 1944, que se tornou uma plataforma para o anticolonialismo. Devido ao papel desempenhado pela CEI nos percursos políticos e sociais dos líderes dos movimentos de libertação nacional africanos, a historiografia tem privilegiado relatos masculinos. Em contrapartida, os papéis e a vida das mulheres vinculadas à CEI permanecem inexplorados ou abordados a partir de uma visão de “nacionalismo metodológico”, com poucas exceções. Abordar estas trajetórias a partir de uma perspetiva transnacional e “afro-ibérica” e através do escrutínio de diversas fontes permite-nos refletir sobre uma diversidade de género, raça, classe e ideologia política. O objectivo final é iluminar alguns aspectos do mosaico afro-ibérico a partir de uma perspectiva de género e pós-colonial.
Citação:
Falconi, J. (2024). African women’s trajectories and the Casa dos Estudantes do Império In: Ethnicity and Gender in Portugal and Spain. volume 47, issue 7 (2024), pp. 1403-1419

Uma viagem sobre a investigação e a inovação no turismo
Resumo:
Este capítulo pretende relatar de forma sucinta a evolução e tendências do tipo de investigação que tem vindo a ser realizada, a sua ligação às questões da inovação do conhecimento e sobretudo se esta tendência está em convergência com as grandes linhas de ação na área do turismo ao nível internacional. Cinquenta anos volvidos sobre Abril de 1974, o turismo tem vindo quer ao nível mundial quer ao nível nacional a afirmar-se como uma atividade resiliente e impactante a vários níveis, bem como um instrumento estratégico para o reforço do desenvolvimento entre países e povos. Como corolário deste dinamismo, tem-se igualmente registado uma progressiva importância do seu papel no ensino profissional, politécnico e universitário, assim como no papel atribuído à investigação neste domínio, como meio de contribuir para uma cabal compreensão da sua importância, da tomada fundamentada de decisões e naturalmente da preparação de uma força de trabalho bem preparada para enfrentar um mercado global e altamente concorrencial.
Citação:
Sarmento, E. (2024). Uma viagem sobre a investigação e a inovação no turismo. In António Abrantes, Turismo em 50 anos de democracia (Parte IX- Ensino, Formação e Investigação no Turismo. Cap. 49, pp.398-406). ISBN: 978-989-693-188-9. Lisboa: Pactor/LIDEL

The Indian Ocean and the Portuguese-Speaking World: Literary and Cultural Intersections
Resumo:
Partindo do pressuposto de que o Oceano Índico molda novas geografias imaginativas transnacionais, este volume analisa como narrativas visuais e escritas de espaços lusófonos, ou melhor, «lusotópicos» – Portugal, Moçambique, Timor-Leste e Goa – apontam para diálogos críticos produtivos com teorias existentes nos estudos do Oceano Índico. A revisão conceptual e epistemológica apresentada no livro permite o surgimento de diferentes constelações teóricas que não se baseiam apenas na oposição entre colonialidade e condição pós-colonial, nem assentam no conceito de identidade linguística ou nacional, apontando para um conjunto de desenvolvimentos críticos originais no âmbito dos estudos do Oceano Índico.
Citação:
Leite, A., M., Brugioni, E., Falconi, J., Banasiak, M. (2025). The Indian Ocean and the Portuguese-Speaking World. Literary and Cultural Intersections. Oxford, United Kingdom: Peter Lang Verlag. Retrieved Dec 13, 2024, from 10.3726/b17729

Brief Paper 1/2024: Reposicionamento do activismo político e social em Moçambique: Uma análise conjecturando a eclosão de conflitos sociopolíticos
Resumo:
Este Brief Paper fala sobre o reposicionamento do activismo político e social em Moçambique, num contexto massivamente marcado pela participação da cidadania activa nos pleitos eleitorais de 2023, contrariando a tendência dos pleitos passados, na sua maioria marcados por fraco activismo político e social. Neste contexto, este Brief Paper defende o argumento segundo o qual, o reposicionamento está associado ao facto de que a população moçambicana ganhou nova consciência política e social, caracterizadas pela busca da verdade e da autenticidade dos seus governantes. Este reposicionamento inclui igualmente a disposição da população de enfrentar o poder do Estado e acarreta dois domínios de análise com consequências nefastas para o governo moçambicano, respetivamente: domínio doméstico e domínio externo. Isto ocorre porque a população tende a perder medo em relação à repressão levada à cabo através da polícia e dos militares. Além disso, neste reposicionamento se despertou a existência de um conflito latente e vigente entre o actual governo de Moçambique e a geração 1990-2000. Do ponto de vista metodológico, dois instrumentos apoiaram esta análise: técnica bibliográfica e técnica documental. Em termos teóricos, este Brief Paper foi lido à luz da teoria das Necessidades Básicas de Maslow, em conjugação com a teoria de Frustração e Agressão de estudos de conflitos. Por fim, as conjecturas feitas neste Brief Paper indicam que o actual governo da Frelimo perdeu legitimidade aos olhos do povo, sobretudo para a geração 1990-2000. Entretanto, há ainda conjecturas cuja assunção é de que a Frelimo goza de uma legitimidade assente em duas perspectivas de análise, respectivamente: uma perspectiva tradicional e outra perspectiva Institucional. As duas perspectivas se complementam e justificam a permanência da Frelimo no poder.
Citação:
Chisseve, Delton (2024). “Reposicionamento do activismo político e social em Moçambique : uma análise conjecturando a eclosão de conflitos sociopolíticos”. CEsA/CGS – Brief Papers nº 1/2024