Arquivo de Estudos Africanos

Estudos Africanos

Working Paper 199/2024: Literatura e Ecologia: Representações da água em romances angolanos e moçambicanos


Resumo:

Este artigo esboça uma proposta de cartografia do papel narrativo da água na literatura angolana e moçambicana, através da leitura comparada de quatro romances: O Desejo de Kianda (1995) do angolano Pepetela; De rios velhos e guerrilheiros I: O livro dos rios (2006) de Luandino Vieira; Água. Uma novela rural (2016) e Ponta Gea (2017) ambas do moçambicano João Paulo Borges Coelho.

A introdução situa a cartografia proposta no quadro dos estudos de ecocrítica, cujos vários paradigmas oferecem ferramentas e conceitos úteis para a leitura das obras literárias selecionadas. A abordagem metodológica temática e comparativa evidencia experiências e imaginários comuns a dois contextos pós-coloniais, apesar da diferença de cenários, temáticas, escolhas estéticas e estratégias narrativas. A análise pretende demonstrar que a água é um elemento crucial para narrar as sociedades angolana e moçambicana pós-coloniais.

Citação:

Falconi, Jessica (2024). “Literatura e Ecologia: Representações da água em romances angolanos e moçambicanos”. CEsA/CGS – Documentos de trabalho nº 199/2024

Working Paper 198/2024: The Relevance of the Concept of Cumulative Causation: Understanding growth trajectories in Sub-Saharan Africa


Resumo:

As diferenças nas trajetórias de crescimento entre os países – incluindo a possibilidade de divergência – são uma questão central na economia. A economia dominante explica os processos de crescimento através de variedades de modelos neoclássicos, até melhorados com conceitos como instituições. No entanto, esses modelos têm dificuldade em fornecer dados precisos sobre as trajetórias de crescimento de muitos países em desenvolvimento, nomeadamente os de baixo rendimento. Argumenta-se que as trajetórias de crescimento dos países de baixa renda são explicadas mais apropriadamente pelo quadro teórico que se baseia no nexo de conceitos de causalidade cumulativa, não-linearidades, efeitos de limiar, processos de auto-reforço, irreversibilidade, dependência de trajetória e armadilhas – embora esta abordagem permaneça marginal nas principais análises económicas de crescimento e desenvolvimento. Em primeiro lugar, este nexo de conceitos é um quadro poderoso relativo à possibilidade e explicação da divergência dinâmica em relação ao crescimento entre países, uma vez que apresenta propriedades como: a possibilidade de processos cumulativos e de auto-reforço dinâmico; a existência de limiares e pontos de inflexão; equilíbrios múltiplos. Em segundo lugar, a causalidade cumulativa, por definição, envolve uma combinação de causas: o seu quadro conceptual permite a integração de diversas dimensões – económica, política, social, cognitiva -, cuja combinação resulta em círculos virtuosos ou viciosos. Nos países em desenvolvimento, estas causas (e a sua coalescência) consistem tipicamente em estruturas económicas (por exemplo, mercados de exportação baseados em mercadorias), instituições políticas e normas sociais (regimes predatórios, elevada desigualdade), bem como tipos de políticas públicas.

Citação:

Sindzingre, Alice Nicole (2024). “The Relevance of the Concept of Cumulative Causation: Understanding growth trajectories in Sub-Saharan Africa”. CEsA/CGS – Documentos de trabalho nº 198/2024

Working Paper 197/2024: La Production Agricole des Femmes en Guiné-Bissau comme Moyen d´Afirmation de son Identité


Resumo:

Este Working Paper é um produto intermédio do estudo feito para a Cooperação Suíça na Guiné-Bissau, escrito em francês sem nenhum ponto em português. O que demonstra bem como os princípios de restituição e apropriação por parte das pessoas ou instituições que acedem a responder a inquéritos ou entrevistas, são palavras que não se traduzem em ações concretas para esta Cooperação. Os dados foram obtidos por inquéritos e entrevistas nas regiões de Bissau, Biombo, Bafatá e Oio, junto das produtoras (que incluem também um número restrito de produtores homens) de produtos agrícolas leguminosos, numa amostra de 160 pessoas escolhidas aleatoriamente. Por opção do promotor o estudo concentrou-se na comercialização de produtos e não na produção. Para entender melhor os resultados, deve dizer-se que este modelo de negócio não é muito lucrativo, mas, é uma atividade que dá uma maior independência das mulheres em relação aos homens no espaço familiar, pois as decisões sobre o uso dos lucros pertencem às produtoras. Tem além disso um potencial de ambiente de ação para a afirmação da identidade social (e não apenas familiar) das mulheres que não se deve desprezar embora, tanto quanto conseguimos perceber, tal se expresse para já apenas na organização de associações de produtoras.

Citação:

Sangreman, C. e Melo, M. (2024). “La Production Agricole Des Femmes En Guiné-Bissau Comme Moyen D´Afirmation De Son Identité”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA/CGS – Documentos de trabalho nº 197/2024

Understanding Social Realities of Internally Displaced Persons (IDPs) in the Federal Capital Territory of Nigeria (FCT), Abuja


Resumo:

Este artigo examina as realidades sociais das pessoas deslocadas à força na Nigéria, com foco nas pessoas deslocadas internamente (PDI) no Território da Capital Federal (FCT) da Nigéria, Abuja. Pessoas deslocadas internamente são indivíduos que foram forçados a abandonar as suas casas ou locais de residência habituais e, ao contrário dos refugiados, não cruzaram as fronteiras do seu país. Permanecem sob a protecção primária dos seus governos e muitas vezes procuram refúgio nos seus próprios países. Este estudo baseia-se em fontes de dados secundários e dados primários recolhidos em dois acampamentos de deslocados internos, argumentando que a maioria dos deslocados internos na FCT, deslocados pela insurgência do Boko Haram, vivem em assentamentos informais improvisados e desumanos nas áreas periurbanas da cidade de Abuja. Estes assentamentos também acolhem os pobres urbanos e outros trabalhadores migrantes na capital do país, levando ocasionalmente a conflitos entre eles. O documento apela ao governo para que reconheça a presença e a condição dos deslocados internos na FCT e trabalhe com organizações relevantes para fornecer soluções duradouras para garantir que as pessoas deslocadas possam voltar a tornar-se membros produtivos da sociedade.

Citação:

BA-ANA-ITENEBE, C. A.; EDO, Z. O. (2023). Understanding Social Realities of Internally Displaced Persons (IDPs) in the Federal Capital Territory of Nigeria (FCT), Abuja. In: Balkan Social Science Review, Vol. 22, 213-231. https://doi.org/10.46763/BSSR232222213bai

Armed Conflict and Urbanization in Cabo Delgado, Mozambique: A methodology for a critical inquiry


Resumo:

A teoria urbana dominante não consegue abranger a urbanização em África. Entre os seus muitos fatores, os conflitos armados deslocam as populações rurais para as cidades, acelerando os processos urbanos e afetando a sustentabilidade e a governação — o fenómeno da urbanização induzida por conflitos. Na província de Cabo Delgado, uma insurgência violenta tem deslocado milhares de civis desde 2017; muitos dos quais fugiram para a capital provincial, Pemba, duplicando a sua população em apenas cinco anos. Este artigo apresenta o quadro teórico e o desenho metodológico para uma investigação localizada no âmbito de uma crítica contemporânea dos principais estudos urbanos; o objetivo é analisar a urbanização induzida por conflitos em Pemba com um estudo de caso comparativo, utilizando métodos visuais participativos, para o qual foi realizado um estudo piloto em setembro de 2022. Com isto, o autor pretende contribuir para estudos urbanos empenhados em Moçambique e Portugal e transformar o trauma da guerra em oportunidades para o desenvolvimento sustentável e a prosperidade.

 

Citação:

Agostinho do Amaral, S. Armed Conflict and Urbanization in Cabo Delgado, Mozambique: A Methodology for a Critical Inquiry. Urban Forum (2023). https://doi.org/10.1007/s12132-023-09505-y

Os Ismailis Lusófonos, os Aga Khan e Portugal: mais de um século de história (Sec xix-xxi)


Resumo (em francês):

La commémoration en 2018 du soixantième anniversaire de l’accession à l’Imamat de Aga Khan IV, son Altesse Prince Karim al Husseini, chef spirituel des Ismailis vivant dans plus de 25 pays, a constitué un moment particulier, surtout pour ses fidèles établis au Portugal et en Espagne. Si les relations récentes de leur Imam avec le gouvernement portugais méritent pleinement d’être évoquées, il faut remonter en arrière à plus d’un siècle et rappeler à la fois l’histoire de la communauté ismaili alors installée au Mozambique, et les liens établis par les Aga Khan III et IV avec l’Empire portugais.

Citação:

Nicole Khouri y Joana Pereira Leite, «Os Ismailis Lusófonos, os Aga Khan e Portugal: mais de um século de história (Sec xix-xxi)», Mélanges de la Casa de Velázquez [En línea], 53-2 | 2023, Publicado el 24 noviembre 2023, consultado el 07 diciembre 2023. URL: http://journals.openedition.org/mcv/20283; DOI: https://doi.org/10.4000/mcv.20283

História de São Tomé e Príncipe de Meados do Século XIX ao Fim do Regime Colonial (1852-1974): As plantações, economia, cultura e religião


Resumo:

Este livro explica as razões que levaram os portugueses a recolonizar as ilhas São Tomé e Príncipe a partir de 1852 e as estratégias que adotaram para institucionalizar a nova ordem colonial no arquipélago. Afastaram os nativos da posse das terras e das instituições e introduziram o modelo de economia da plantação em torno da qual toda a vida económica e social passou a girar, ficando o território dividido entre as populações das grandes plantações e as populações nativas. O trabalho e a terra foram explorados até à exaustão, com maus-tratos e a discriminação racial, e a queda progressiva da produtividade dos solos. A crise de produção surgiu e pôs a nu os limites do modelo de economia da plantação. Ocorreram várias tentativas de contratação forçada da mão-de-obra nativa que geraram muitos conflitos e conduziram ao massacre de “Batepá” de 1953. Este acontecimento fez despertar a consciência dos nacionalistas pela independência do arquipélago, que ocorreu em 12 de julho de 1975. O livro aborda também a cultura e religião como elementos centrais modeladores da sociedade e identidade são-tomenses.

Citação:

Espírito Santo, A. (2023). História de São Tomé e Príncipe – De Meados do Século XIX ao Fim do Regime Colonial (1852-1974): As plantações, economia, cultura e religião. Lisboa: Nimba Edições.

Working Paper 95/2011: Feiras Livres e Mercados no Espaço Lusófono: Perspectivas de um estudo em psicologia social


Resumo:

Esta comunicação propõe uma reflexão sobre os métodos de investigação a aplicar no estudo “Feiras livres e mercados no espaço lusófono: experiências de trabalho, geração de renda e sociabilidade”. O interesse pelo campo deve-se, em primeiro lugar, ao tipo de estudo que se pretende realizar e às singularidades do projecto proposto, como o facto de ser realizado nas cidades de Bissau, Praia e São Paulo, envolver pesquisadores de diferentes áreas das ciências sociais e propor um trabalho de terreno junto aos sujeitos. As feiras e mercados constituem o objectivo empírico deste estudo, apresentando-se como importantes universos de actividade e sobrevivência humanas que marcam a urbanidade das capitais no espaço lusófono. Pretende-se estudar as componentes e as condições para a construção de uma base de trabalho que possibilitem aos trabalhadores dos mercados e feiras livres gerarem renda através do trabalho em micro-empreendimentos. O estudo deve identificar e descrever as condições materiais e psicossociais que possibilitaram tornar-se trabalhador nesses mercados livres, construindo e adquirindo o conhecimento para inserir-se nessa actividade de trabalho.

Citação:

Évora, Iolanda. 2011. “Feiras Livres e Mercados no Espaço Lusófono: Perspectivas de um estudo em psicologia social”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA Documentos de Trabalho nº 95-2011.

Qualidade do serviço

Working Paper 194/2023: A Qualidade do Serviço e a Satisfação do Cliente: Estudo dos Clientes do Banco de Poupança e Crédito – Luanda (Angola)


Resumo:

Nos dias de hoje uma forma correta e rentável de administrar a questão da qualidade do serviço consiste em ouvir os clientes, os satisfeitos e os insatisfeitos para melhorar as informações obtidas, aprimorar as experiências com eles e assim conseguir maiores níveis de fidelização e naturalmente de resultados.
Neste contexto, A Qualidade do Serviço e a Satisfação do Cliente: Estudo dos Clientes do Banco de Poupança e Crédito – Luanda (Angola) procurou avaliar o grau de satisfação do cliente relativamente à prestação da qualidade dos serviços oferecidos pelo Banco de Poupança e Crédito, localizado em Luanda (Angola) com o intuito de identificar o nível de satisfação dos clientes de acordo com as variáveis demográficas e socioeconómicas inerentes ao modelo SERVQUAL e determinar os métodos e técnicas corretas para a satisfação tendo em conta os elementos da qualidade, de forma a rentabilizar a instituição.
Durante a realização deste estudo foi realizada uma entrevista estruturada para a Direção de Marketing e Comunicação e aplicado um questionário de 15 perguntas tendo-se obtido em 150 questionários apenas 80 válidos. Os mesmo foram aplicados nas horas de expediente para avaliação da qualidade do serviço prestado pelo banco.
De uma empresa moderna, como acontece com o Banco, espera-se que o seu principal objetivo seja o de proporcionar a satisfação do cliente necessitando-se indiscriminadamente de todos os funcionários da empresa e para tal é necessário que os mesmos estejam satisfeitos para adotarem atitudes condizentes com esse objetivo. Contudo, administrar bem esses fatores para alcançar resultados positivos, constitui condição indispensável para que a empresa supere os desafios.

 

Citação:

Sarmento, E. M. e Azevedo, S. C. (2023). “A Qualidade do Serviço e a Satisfação do Cliente: Estudo dos Clientes do Banco de Poupança e Crédito – Luanda (Angola)”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA/CGS – Documentos de trabalho nº 194/2023

hip hop em cabo verde

África, o berço da modernidade: por uma visão pós-colonial da modernidade e do território


Resumo:

Em África, o berço da modernidade: por uma visão pós-colonial da modernidade e do território, o autor começa por lançar um breve olhar sobre o que se convencionou chamar de modernidade e que constitui o substrato no qual o “Ocidente” se ancora para uma autonarrativa triunfal e universalista. Diversos autores, principalmente a partir dos meados da década de oitenta do século passado, têm procurado desmistificar as origens da civilização e da modernidade ocidental, com o destaque para os três volumes da obra Black Athena: The Afroasiatic Roots of Classical Civilization [Atenas Negra: As Raízes Afro-Asiáticas da Civilização Clássica] (1987/1991/2006), de autoria de Martin Gardiner Bernal.2 Outros autores têm seguido, de certa forma, as pisadas de Bernal, sendo que um deles é o filósofo e historiador Enrique Dussel com a sua obra Política de La Liberación: Historia Mundial y Crítica [Política da Libertação: História Mundial e Crítica] (2007), na qual, situado no campo da teoria pós-colonial, defende que o helenocentrismo é o pai do eurocentrismo e que, tendo em consideração que o chamado “milagre grego” pelos românticos alemães do século XVIII não existe, isso significa ter de começar “de novo” a história da filosofia política. Para esse intento, ele considera ser fundamental a redefinição do início da modernidade. Vale a pena realçar que é a “pós-modernidade” – denominada como período histórico que procura superar, ou supera, a modernidade – que vai originar, nas academias ocidentais e nos seus satélites, não só um debate sobre a “condição pós-moderna” – ou sobre o fato de ela ser a “lógica cultural do capitalismo tardio” –, mas também sobre a própria “visão” da modernidade. Apesar de muitos preferirem outras expressões que não a de “pós-moderno”, ou mudarem de preferência – tal como Zygmunt Bauman, que passa a falar de “modernidade líquida”, ou como Gilles Lipovetsky, que prefere o termo “hipomodernidade”, ou outros que falam de “modernidade incompleta”, ou de “modernidade tardia” ou “modernidades alternativas” –, no essencial, não colocam a tônica na análise crítica da periodização hegemônica anglo- -saxônica da modernidade.

 

Citação:

Barros-Varela, O. (2022). África, o berço da modernidade: por uma visão pós-colonial da modernidade e do território. In Territórios, cidades e identidades africanas em movimento. Andréia Moassab, Marina Berthet (Orgs.), 11-31. Foz do Iguaçu: EDUNILA, 2022. ISBN: 978-65-86342-32-1


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