O Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) e o ISEG – Lisbon School of Economics and Management, da Universidade de Lisboa (ULisboa), convidam para a próxima sessão do Ciclo de Seminários CEsA Thinks 2022/2023: “The Cost of Juvenile Substance Abuse and Addiction on Households and Communities in Nigeria: Can guidance and counselling be a panacea?”. O estudo será apresentado por Bahago Samaila (Veritas University) e o debate será liderado por Vincent Agulonye (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa).
Sobre o orador Bahago Samaila é Professor no Departamento de Fundamentos Educacionais na Veritas University. É doutor e mestre em Orientação e Aconselhamento pela Universidade de Abuja. É pós-graduado em Educação pela Ahmadu Bello University Zaria Kaduna State e bacharel em Teologia pela University of Jos.
Sobre o debatedor
Vincent Angulonye é investigador do CEsA (CSG/ISEG/ULisboa). É doutor em Estudos de Desenvolvimento pelo ISEG, Universidade de Lisboa.
Sobre o CEsA Thinks 2022/2023
O CEsA Thinks visa promover discussões entre pares sobre a atual pesquisa conduzida por investigadores no âmbito do Desenvolvimento, com o objetivo de gerar contribuições e críticas aos trabalhos apresentados. Organizadas pelos investigadores do CEsA Vincent Agulonye e Daniel Adayi, as apresentações do CEsA Thinks 2022/2023 são sempre em inglês.
Próxima sessão do CEsA Thinks: “The Cost of Juvenile Substance Abuse and Addiction on Households and Communities in Nigeria: Can guidance and counselling be a panacea?” 7 de dezembro, 2022
18h – 19h30 (horário de Lisboa)
Presencial na Sala 104 (Francesinhas 2, ISEG, Lisboa), com transmissão online via Zoom (https://us06web.zoom.us/j/87919779125?pwd=cmtENi9lVWxRNjBCdHhXaDdCZ0lHUT09).
Desenha-se, desde a visita de estado do Presidente Xi Jinping a Portugal em dezembro de 2018, um quadro de relacionamento diplomático entre Portugal e China de grande cooperação em áreas como economia e comércio, investimento e finanças, energia, tecnologia, economia azul, educação e cultura. Dos 17 protocolos de cooperação então assinados entre instituições governamentais e privadas portuguesas e chinesas, um tem particular relevo porque estrutura de uma forma muito significativa o nível de cooperação entre os dois países e o seu enquadramento no novo contexto mundial. Refiro-me ao protocolo de cooperação entre os governos de Portugal e da China, no quadro da Iniciativa Faixa Económica da Rota Seda e da Nova Rota da Seda Marítima do Século XXI. A presença do Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa no “Second Belt and Road Forum for International Cooperation”, que se realizou em Pequim de 25 a 27 de abril 2019, confirma a importância da assinatura desse protocolo e as perspetivas de cooperação económica que este abre, quer no relacionamento bilateral quer multilateral. De acordo com o documento assinado, a visão da multilateralidade dessa cooperação é expressa no que diz respeito a outros países da UE mas implícita na relação com outros países de língua portuguesa, na sua maioria países africanos em desenvolvimento, sendo que a Iniciativa Faixa e Rota (IFR) foca especialmente a conectividade entre países visando objetivos de desenvolvimento sustentado.
Citação:
Fernanda Ilhéu (2019), As Perspetivas de Cooperação Económica entre Portugal e a China. O Economista-Anuário da Economia Portuguesa, 32ª Edição, Ordem dos Economistas, ISBN 1646-9909, pp:40-45, Lisboa.
A curta-metragem “3×4 Afroportuguês: Retratos de uma identidade plural” está disponível gratuitamente no canal do CEsA (CSG/ISEG/ULIsboa) no YouTube
Como parte das atividades do ciclo de encerramento do Projeto AFRO-PORT – “Afrodescendência em Portugal: sociabilidades, representações e dinâmicas sociopolíticas e culturais. Um estudo na Área Metropolitana de Lisboa (CEsA/ISEG/ULisboa, FCT/PTDC/SOC-ANT/30651/2017)”, foi lançado, no dia 21 de setembro de 2022, a curta-metragem “3×4 Afroportuguês: Retratos de uma identidade plural” (Nêga Filmes).
Trata-se de um produto audiovisual desenvolvido no âmbito do Projeto do AFRO-PORT, em parceria com a produtora e realizadora Nêga Filmes. O filme aborda, ao longo de 11 entrevistas com personagens diversos, entre eles, mulheres, homens, jovens e idosos, um retrato do que se pensa em Portugal a respeito do conceito de afrodescendência.
Assista abaixo
Sinopse: Um retrato a 3×4 do que se pensa em Portugal a respeito do conceito de afrodescendência.
Ficha Técnica:
REALIZAÇÃO Maíra Zenun PRODUÇÃO EXECUTIVA Stella Zimmerman ROTEIRO Iolanda Évora e Maíra Zenun CONSULTORIA Flávio Almada/Ibc Soldjah PARTICIPAÇÃO Adriano Alves (Portugal), Afonsina Mankenda (Angola/Congo), Bernardo Du (Guiné Bissau), Filomena Brite (Cabo Verde), Flávio Almada (Cabo Verde), Goretti de Pina (São Tomé e Príncipe), Helena Furtado (Cabo Verde/Portugal), Israel Pedro Miguel (Portugal), José Gamboa Andrade (Angola), Maria Emília Gomes Alves (Cabo Verde), Sebastião Bião (Goa/Moçambique) APOIO Fundação para a Ciência e Tecnologia e Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento PRODUÇÃO Nêga Filmes & Produções CO-PRODUÇÃO Projeto AFRO-PORT (Afrodescendência em Portugal).
O AFRO-PORT, projeto de investigação do CEsA com recursos da FCT, investigou a afrodescendência em Portugal, de 2018 a 2022. O ciclo de encerramento teve lugar no mês de setembro e contou com a apresentação dos resultados do estudo sobre o perfil das organizações de afrodescendentes na Área Metropolitana de Lisboa, além do lançamento de uma edição especial da Revista Portuguese Literary and Cultural Studies e do documentário “3×4 Afroportuguês: Retratos de uma identidade plural”
Mesa de abertura da primeira sessão do ciclo de encerramento do Projeto AFRO-PORT: Sónia Frias (em pé), membro da Direção do CEsA, Inocência Mata (à mesa, à esquerda), co-coordenadora do AFRO-PORT, Iolanda Évora (à mesa, centro), coordenadora do AFRO-PORT, e Aurora Almada e Santos (à mesa, à direita), investigadora do Instituto de História Contemporânea (Universidade Nova de Lisboa)
O ciclo de encerramento do Projeto AFRO-PORT – “Afrodescendência em Portugal: sociabilidades, representações e dinâmicas sociopolíticas e culturais. Um estudo na Área Metropolitana de Lisboa (CEsA/ISEG/ULisboa, FCT/PTDC/SOC-ANT/30651/2017)” teve lugar nos dias 16 e 21 de setembro de 2022, na Câmara Municipal de Lisboa e no Centro Cultural de Carnide, respetivamente. O AFRO-PORT foi um projeto de investigação do CEsA sob coordenação da professora Iolanda Évora (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) e com a co-coordenação da professora Inocência Mata (LAC/ULisboa e CEComp/FLUL/ULIsboa), com recursos da FCT, que se destacou como pioneiro na investigação da afrodescendência em Portugal, de 2018 a 2022.
O AFRO-PORT centrou-se na investigação da afrodescendência em Portugal com o objetivo principal de identificar os processos de afirmação para a conquista de direitos. Outros objetivos foram: caracterizar os afrodescendentes da Área Metropolitana de Lisboa no cenário social português, interrogar sobre a emergência dos afrodescendentes como um novo coletivo e o seu estatuto e lugar na sociedade, compreender os mecanismos que excluem os afrodescendentes e, em simultâneo, identificar os processos de conquista de direitos.
Sobre a utilização cada vez mais frequente do termo “afrodescendente” e do conceito de “afrodescendência”, a investigadora do Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) e coordenadora do AFRO-PORT, Iolanda Évora, destacou a relevância de se poder acompanhar processos de ancoragem de um conceito ou categoria num determinado contexto social, “pois nem todas as pessoas e grupos designados identificam-se como tal”. “Estamos diante de um fenómeno fluido em processo de enraizamento, o que significa que as perceções estão a ser constituídas enquanto resultado e expressão da sociedade portuguesa na sua diversidade”, explica Évora.
E foi a investigação de um tema em construção e em transformação social em Portugal que deu ao AFRO-PORT o seu carácter inovador e pioneiro. “Não nos apercebíamos, antes de começar esse projeto, que há jovens que nasceram cá e que não dizem que são afrodescendentes; dizem que são africanos de segunda, terceira, quarta geração. Mas, penso: não nasceram cá?! São essas vozes também que queríamos ouvir”, refere Inocência Mata, investigadora do Centro de Estudos Comparativistas (CEComp/FLUL/ULisboa) e co-coordenadora do AFRO-PORT.
Para as coordenadoras do AFRO-PORT, o uso da expressão “afrodescendente” tem vários significados. A partir da pesquisa, aperceberam-se que várias pessoas interrogam-se se não se trata de uma forma atualizada de continuar a não se aceitar o negro como tal na Europa. “Seria o afrodescendente essa nova designação porque não se admite que o negro como tal possa ser um cidadão de direitos no Velho Continente e continue a ser chamado de africano?”, questiona Évora, com base nos depoimentos recolhidos na pesquisa.
Edição especial da Revista PLCS sobre afrodescendência e racismo
Clique na imagem para aceder à revista
A primeira sessão do ciclo de encerramento do Projeto AFRO-PORT teve lugar no dia 16 de setembro de 2022, na Câmara Municipal de Lisboa. O evento consistiu no lançamento da edição especial sobre afrodescendência e racismo da Revista Portuguese Literary and Cultural Studies: dossier “The Open Veins of the Postcolonial: Afrodescendants and Racisms” (clique aqui para aceder). O número temático abarca 17 artigos sobre assuntos diversos, como a presença africana em Portugal desde o século XVI, a autonomia negra em Portugal, a ideia de raça e significados da branquitude, a reformulação do discurso racista e colonialista, etc.
A investigação conduzida no âmbito da revista foi apresentada por Aurora Almada e Santos (Instituto de História Contemporânea/Universidade Nova de Lisboa) e por Inocência Mata. “Essa é a primeira publicação do projeto AFRO-PORT. Nós estivemos dois anos a trabalhar sobre essa revista porque nós queríamos que essa publicação trouxesse uma reflexão mais profunda e menos imediata sobre as temáticas que estávamos a discutir. Queríamos, principalmente, retirar essa ideia que a questão do racismo se aplica apenas aos imigrantes na sociedade portuguesa”, diz Mata.
O evento contou também com a presença e o apoio dos vereadores Beatriz Gomes Dias e Rui Tavares. “É muito importante que a questão afroportuguesa e afrodescendente tenha chegado nas páginas de uma revista tão importante como essa”, elogiou Rui Tavares. “Traz uma perspetiva que desoculta uma vasta gama de discriminações. É muito importante esse olhar porque rompe com os mitos, as definições, o conjunto de hierarquias e contribui para esse combate ao racismo e à discriminação”, completou Beatriz Gomes.
Estudo sobre as associações afrodescendentes em Lisboa e lançamento de curta-metragem
A segunda sessão do ciclo de encerramento do Projeto AFRO-PORT teve lugar no dia 21 de setembro de 2022, no Centro Cultural de Carnide, em Lisboa, consistiu na apresentação dos resultados principais do estudo “Associações Afrodescendentes na Área Metropolitana de Lisboa: Questões em debate” e no lançamento da curta-metragem “3×4. Afroportuguês: Retratos de uma identidade plural” (Nêga Filmes), um produto audiovisual desenvolvido no âmbito do Projeto do AFRO-PORT.
Milan Dezan, bolseira do Projeto AFRO-PORT, apresenta os resultados do estudo sobre o perfil das organizações de afrodescendentes na Área Metropolitana de Lisboa, na segunda sessão do ciclo de encerramento do AFRO-PORT, no dia 21 de setembro de 2022, no Centro Cultural de Carnide
Nesta sessão, a questão das razões do uso do termo foi novamente trazida. Para a co-coordenadora do AFRO-PORT, Inocência Mata, falar de afrodescendência causa uma mistura de sensações e questionamentos, pois ao mesmo tempo em que remete com orgulho a uma ascendência africana, também é uma forma de se evitar a palavra negro. “Hoje, reivindicar ser português afrodescendente é reivindicar uma pertença e ao mesmo tempo uma ancestralidade. Serve também para que as políticas públicas tenham em conta essa discriminação da diferença, e nós precisamos de números para dizer ao Poder que existe racismo estrutural e institucional em Portugal”, conclui Mata.
Em relação ao estudo sobre o perfil das associações, os resultados foram apresentados pela bolseira Mila Dezan (MDCI/ISEG/ULIsboa). Entre eles, destacam-se a representatividade dos afrodescendentes em Portugal, que compreendem um quarto da população portuguesa; e a existência de aproximadamente 140 associações a atuar na Área Metropolitana de Lisboa, mapeadas por tratarem sobre questões ligadas à afrodescendência, mas com apenas 22 delas a identificarem-se propriamente como afrodescendentes.
“Identificamos uma resistência das organizações em se apresentarem como afrodescendentes. Algumas se apresentam como tal, mas são cautelosas na hora de usar o termo de forma oficial”, indicou Dezan. “Isso nos leva a pensar se a denominação tem sido imposta ou se estamos assistindo ao início de uma nova caracterização social que justifica essa resistência. Quais são as vantagens e as desvantagens de se apresentarem como organizações afrodescendentes?”, pontuou.
Nos seus comentários ao estudo, Évora considerou que várias interrogações foram trazidas. “O que essa denominação está a substituir, qual é a conveniência e o benefício que ela traz? Algumas associações usam o termo, por exemplo, quando estão a dialogar com o poder publico. A minha expectativa enquanto cientista social é que essas comunidades apropriem-se e tenham muita clareza sobre o que está sendo dito com esse termo”, destaca Évora.
O encontro foi marcado pelo lançamento da curta-metragem “3×4 Afroportuguês: Retratos de uma identidade plural” (Nêga Filmes), um produto audiovisual desenvolvido no âmbito do Projeto do AFRO-PORT (assista logo abaixo). O filme aborda, ao longo de 11 entrevistas com personagens diversos, entre eles, mulheres, homens, jovens e idosos, um retrato do que se pensa em Portugal a respeito do conceito de afrodescendência.
O Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) tem o prazer de anunciar a realização do In Progress – 4º Seminário Internacional sobre Ciências Sociais e Desenvolvimento em África, que terá lugar nos dias 28 e 29 de novembro de 2022 (14h30-19h no dia 28/11 e 9h30-19h no dia 29/11), no ISEG - Lisbon School of Economics and Management (Rua do Quelhas 6, 4º piso, Anfiteatro 4), em Lisboa, Portugal.
O evento é presencial e a entrada é livre mediante pré-inscrição (clique aqui)
Sobre o In Progress 4
O 4º Seminário Internacional sobre Ciências Sociais e Desenvolvimento em África é dirigido a estudantes de mestrado e doutoramento e propõe um espaço de reflexão dos estudos sociais sobre a África contemporânea e o seu desenvolvimento. Outro objetivo prende-se com o de identificar quais as áreas temáticas, que ao presente, mais interesse vêm suscitando aos investigadores, a fim de se poder reter a real dimensão do saber, nos vários domínios e matérias.
De Escravos a Indígenas: o Longo Processo de Instrumentalização dos Africanos (Séculos XV-XX), que reúne um conjunto de textos escritos ao longo de quarenta anos e dispersos em publicações de natureza diversa, nem sempre de acesso fácil, tem como objectivo contribuir para uma renovação da historiografia relativa às relações entre Portugal e África, no domínio concreto das formas de instrumentalização dos Africanos levadas a cabo pelos Portugueses durante quase cinco séculos. Um longo processo, cuja natureza interna se revelou capaz de metamorfose e reconversão nos séculos XIX e XX, assegurando a continuidade do ‘uso’ violento das populações africanas, recorrendo a um aparelho classificatório novo – selvagens, indígenas, assimilados – destinado a manter os Africanos na esfera da dominação portuguesa, contribuindo para legitimar a sua escravização e fixar interpretações deformadoras da História. Se uma primeira vertente visa proceder a uma revisão da história da escravatura e do tráfico negreiro e das suas ideologias nos espaços de ‘ocupação’ portuguesa, como Angola, uma segunda linha de estudo privilegia o documento iconográfico como fonte histórica, sublinhando a sua dimensão histórica e informativa. Finalmente, a terceira linha deste estudo procura pôr em evidência a evolução do processo de instrumentalização portuguesa dos Africanos, que recorre a categorias classificatórias inéditas – selvagem, indígena, assimilado – e a práticas que emergem do trabalho escravo do passado para assegurar a exploração colonial das populações africanas. Juízos de valor, mercantilização, coisificação, exploração, ridicularização dos homens africanos fabricaram imaginários portugueses que reduziram o preto/africano a escravo, o selvagem/indígena a preguiçoso, ladrão e bêbado, o assimilado/’civilizado’ a cópia ridícula e negativa do branco/português, consagrando a inferiorização dos Africanos, e no mesmo movimento, glorificando a ‘raça’ portuguesa, hierarquizando as humanidades e valorizando a dimensão e a natureza das acções portuguesas primeiro esclavagistas, depois colonialistas, que deixaram marcas até hoje na sociedade portuguesa.
Citação:
Henriques, Isabel C., De Escravos a Indígenas: o Longo Processo de Instrumentalização dos Africanos (Séculos XV-XX), Lisboa, Ed. Caleidoscópio, 2019.
O debate sobre a justiça apresenta-se fundamental para compreender as condições de realização dos direitos fundamentais. A reflexão sobre justiça e direitos humanos na Guiné-Bissau, que permeia o projeto “A cooperação na promoção dos Direitos Humanos: o caso da Justiça na Guiné Bissau no Observatório dos Direitos”, promovido pela ACEP e pelo CEsA e financiado pelo Camões-ICL, insere-se no trabalho de ambas as organizações com a Liga Guineense dos Direitos Humanos no Observatório dos Direitos. Este Observatório tem realizado, desde 2015, a recolha e análise de dados, em todo o território da Guiné-Bissau, sobre a realização dos direitos sociais e económicos, representando, a reflexão sobre a justiça, um contributo para a dinamização do debate e do conhecimento sobre uma das áreas de monitoria mais importantes para o desenvolvimento do país. Por outro lado, a ACEP participou, como organização associada, num projeto da Liga Guineense dos Direitos Humanos sobre impunidade na Guiné-Bissau, e investigadores do CEsA têm vindo a realizar investigação e a publicar artigos sobre a justiça, o Estado e a cooperação internacional neste país. Qualidade da Justiça na Guiné-Bissau. Avaliação e recomendações foi elaborado a partir das ideias e dos textos preparatórios de um relatório para o PNUD em 2015 sobre a qualidade da justiça na Guiné Bissau. Nesta atualização procurou-se, com algum trabalho de campo junto de magistrados e funcionários judiciais, perceber se a instabilidade que o país viveu entre 2015 e 2019 permitiu ou não que houvesse algumas melhorias na qualidade da justiça guineense. Incluíram-se também dados recolhidos por projetos posteriores a 2015 sobre a relação da população com a justiça em geral. Manteve-se simultaneamente a opção de não tratar a justiça tradicional centrando-se apenas no sistema de justiça estatal.
Citação:
Sangreman, Carlos e Luis Vaz Martins (2019). “Qualidade da Justiça na Guiné-Bissau. Avaliação e recomendações”.In Justiça e direitos humanos na Guiné-Bissau, Debates e Perspetivas. ISBN 978-989-8625-18-2, 2019, ACEP e CESA, Lisboa.
O debate sobre a justiça apresenta-se fundamental para compreender as condições de realização dos direitos fundamentais. A reflexão sobre justiça e direitos humanos na Guiné-Bissau, que permeia o projeto “A cooperação na promoção dos Direitos Humanos: o caso da Justiça na Guiné Bissau no Observatório dos Direitos”, promovido pela ACEP e pelo CEsA e financiado pelo Camões-ICL, insere-se no trabalho de ambas as organizações com a Liga Guineense dos Direitos Humanos no Observatório dos Direitos. Este Observatório tem realizado, desde 2015, a recolha e análise de dados, em todo o território da Guiné-Bissau, sobre a realização dos direitos sociais e económicos, representando, a reflexão sobre a justiça, um contributo para a dinamização do debate e do conhecimento sobre uma das áreas de monitoria mais importantes para o desenvolvimento do país. Por outro lado, a ACEP participou, como organização associada, num projeto da Liga Guineense dos Direitos Humanos sobre impunidade na Guiné-Bissau, e investigadores do CEsA têm vindo a realizar investigação e a publicar artigos sobre a justiça, o Estado e a cooperação internacional neste país. Acesso a Justiça, Direitos e Prisões na Guiné-Bissau. Dados e Perceções 2010-2018 tem por objetivo procurar contribuir para a compreensão da evolução nestes últimos 18 anos do século XXI, do acesso à justiça por parte da população na Guiné-Bissau, partindo de documentos já existentes, de dados recolhidos pelo Observatório dos Direitos, pelos Centros de Apoio a Justiça (CAJ) e de inquéritos, projetos e estudos que recolhem dados sobre essa temática mesmo não sendo o seu foco principal.
Citação:
Sangreman, Carlos, Bubacar Turé e Rita Cavaco (2019). “Acesso a Justiça, Direitos e Prisões na Guiné – Bissau. Dados e Perceções 2010-2018”.in Justiça e direitos humanos na Guiné-Bissau, Debates e Perspetivas. ISBN 978-989-8625-18-2, 2019, ACEP e CESA, Lisboa.
Neste segundo artigo da revista “Do Colonialismo ao Patriarcado: Representações da Violência nas Literaturas Africanas”, Violência e Morte na poesia de José Craveirinha, Ana Mafalda Leite (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) estuda a representação de elementos relacionados com a violência e a morte na poesia de José Craveirinha. Os últimos livros de José Craveirinha, publicados em vida, Babalaze das Hienas (1992) e Maria (1998) tratam do tema da morte, aparentemente sobre ópticas diversas. Aliás, a publicação de livros inéditos, na última fase da sua vida, incluiu, além destes dois livros, uma primeira edição de Maria (1988). Os livros anteriores, Xigubo, Karingana ua Karingana e Cela 1, entretanto reeditados também, fazem parte da produção poética realizada durante o tempo colonial. Escrevendo sempre, mas arredio à publicação, Craveirinha legou-nos Babalaze e Maria como resultado da sua escrita em tempo pós-colonial, embora saibamos, no entanto, que outro material existe, ainda inédito. Os livros em questão têm em comum um similar traço formal, poemas curtos, inscrições quase epigramáticas, em resultado de uma proximidade quotidiana da vivência da morte, por um lado da mulher amada, no caso de Maria, por outro da morte resultante da guerra civil, no caso de Babalaze das Hienas.
Citação:
Leite, Ana Mafalda. “Violência e Morte na poesia de José Craveirinha”. In Do Colonialismo ao Patriarcado: Representações da Violência nas Literaturas Africanas, 33-42. 2020.
Resenha de Janela para o Índico. Poesia Incompleta (1984-2019) debruça-se sobre a mais recente antologia poética de Ana Mafalda Leite, publicada em Portugal pela editora cabo-verdiana/portuguesa Rosa de Porcelana. Não podemos deixar de assinalar que o livro surgiu no panorama editorial em 2020, isto é, no ano dramaticamente marcado pela pandemia global do novo coronavírus, pelo que, a janela mencionada no título adquiriu um sentido ainda mais sugestivo de liberdade e abertura. A antologia está organizada em nove secções, que correspondem aos livros anteriormente publicados pela autora, a partir dos quais foi realizada uma ampla e atenta seleção, e uma secção com dois textos inéditos. Assim, esta Janela testemunha um percurso de trinta e cinco anos de escrita poética. Um percurso, este, que é paralelo a uma igualmente longa e consolidada carreira de docente e estudiosa das literaturas e dos cinemas dos cinco países africanos de língua oficial portuguesa. Cabe realçar que a escrita poética de Ana Mafalda Leite tem vindo a ser objeto de apreciação e reconhecimento crescentes junto da crítica e do público. Os seus textos poéticos foram incluídos em diversas publicações académicas – além de antologias e revistas literárias – como por exemplo Itinerâncias e Vozes femininas de África, entre outras. Em 2015 foi-lhe atribuído o prémio Femina1 pela sua produção poética, e já em 2011 poemas seus mereceram tradução para inglês e publicação no volume Stained Glass. Poetry from the Land of Mozambique, organizado por Luís Rafael Mitras. De salientar também que uma seleção de poemas, a partir de Janela para o Índico, será publicada em breve em tradução italiana, por iniciativa de Roberto Francavilla.
Citação:
Falconi, J. (2021). Resenha De Janela Para O Índico. Poesia Incompleta (1984-2019), De Ana Mafalda Leite, Caderno Seminal 38.1, p. 418-443