CESA

Conheça os investigadores do CEsA que participarão nos Harvest Panels da EADI CEsA Lisbon Conference 2023
A maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento, a EADI CEsA Lisbon Conference 2023: Towards New Rhythms of Development, que terá lugar entre os dias 10 e 13 de julho de 2023 no ISEG – Lisbon School of Economics and Management, em Lisboa, irá contar na sua programação com a presença de cinco investigadores do CEsA nos Harvest Panels 7, 11 e 14 da conferência. Os Harvest Panels fornecem um espaço para apresentar investigações concluídas e os respetivos resultados.
O Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) é o coorganizador do evento, que acontece pela primeira vez em Lisboa, Portugal. A conferência internacional é organizada a cada três anos pela European Association of Development Research and Training Institutes (EADI), desde 1975. O evento terá formato híbrido (presencial e on-line) e as inscrições encontram-se abertas com preços compreendidos entre os 95€ e 335€. Membros do EADI e investigadores estudantes de doutoramento e pós-doutoramento, beneficiam de descontos na inscrição.
Consulte abaixo as informações sobre os respetivos Harvest Panels:
Harvest Panel 11 – Woman Entrepreneurs on the African Continent
Harvest Panel 14 – Exploring the Rhythms of Urbanisation and Conflict
Consulte a lista de investigadores do CEsA que constam no programa dos Harvest Panels da EADI CEsA Lisbon Conference 2023:
Arlindo Fortes (co-coordenador do Harvest Panel 7: Metamorphoses of Capitalism, ecological and social crises: questions and possibilities, 11 de julho de 2023, 16h30-18h; e co-coordenador do Seed Panel 30: Rural/urban space in sub-Saharan Africa and the dynamics of climate change, 12 de julho de 2023, 12 de julho de 2023, 14h30-16h)
Elsa Fontainha (oradora do Harvest Panel 11 – Woman Entrepreneurs on the African Continent, Tema: Women Entrepreneurs Coping with Shocks: The case of Covid-19 in four Sub-Saharan African countries, 13 de julho de 2023, 9h-10h30)
Marcelo Moreira (co-coordenador do Harvest Panel 7: Metamorphoses of Capitalism, ecological and social crises: questions and possibilities, 11 de julho de 2023, 16h30-18h; e co-coordenador do Seed Panel 30: Rural/urban space in sub-Saharan Africa and the dynamics of climate change, 12 de julho de 2023, 12 de julho de 2023, 14h30-16h)
Sónia Frias (co-coordenadora do Harvest Panel 7: Metamorphoses of Capitalism, ecological and social crises: questions and possibilities, 11 de julho de 2023, 16h30-18h; e co-coordenadora do Seed Panel 30: Rural/urban space in sub-Saharan Africa and the dynamics of climate change, 12 de julho de 2023, 12 de julho de 2023, 14h30-16h)
Sílvia Amaral (oradora do Harvest Panel 14: Exploring the Rhythms of Urbanisation and Conflict, Tema: Armed Conflict and Urbanization in Cabo Delgado, Mozambique: A case study of two neighbourhoods in the city of Pemba, 11 de julho, 16h30-18h)
Leia mais:
Harvest Panels EADI CEsA Lisbon Conference 2023
Parceiro na organização do evento:
Apoio:
Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução e EADI

EADI CEsA Lisbon Conference 2023 | 11 de julho | Harvest Panel 14: Exploring the Rhythms of Urbanisation and Conflict
Harvest Panel 14 – Exploring the Rhythms of Urbanisation and Conflict
11 de julho de 2023
16:30h – 18h00 (UTC+1)
Sala 10, Francesinhas 1, ISEG, Lisboa
Coordenadores:
Tom Goodfellow
University of Sheffield, Reino Unido
Shuaib Lawasa
Erasmus University Rotterdam, Países Baixos
Taibat Lawanson
University of Lagos, Nigéria
Descrição do painel: No contexto do rápido crescimento urbano, a migração de grande escala para as cidades pode perturbar os existentes ritmos da vida urbana enquanto também desencadeia novos ritmos. Isto é geralmente associado com o aumento da tensão e do conflito social, mas pode também levar a uma coexistência pacífica. Tendo em conta a escala de urbanização pela maior parte do Sul Global, e os crescentes níveis de conflito em muitas sociedades urbanas, compreender como os ritmos da vida urbana são perturbados e refeitos através da migração é cada vez mais urgente.
A relação entre a migração rural-urbano e conflito começou a ser explorada através de estudos quantitativos transnacionais. No entanto, ainda temos pouca informação sobre como a relação entre os migrantes e os habitantes urbanos pré-existentes alimentam as dinâmicas de conflito violento e construção da paz. Autoridades municipais sobrecarregadas impossibilitadas de acompanhar a rapidez do crescimento urbano, podem vir a resultar em falhas massivas na infraestrutura, prestação de serviço, documentação adequada de posse e padrões de liquidação regulados. Estes fenómenos são de conhecimento geral, no entanto podem se intercetar de maneiras imprevisíveis com diferentes formas de exclusão e inclusão quando novos grupos de migrantes (sejam internacionais ou de outras partes de um território nacional) se estabelecem em áreas urbanas já bastante densas e complexas.
A migração urbana está muitas vezes associada a “narrativas de crise” e desordem, principalmente em contextos como África e Ásia. No entanto, os novos ritmos de interação social que surgem à medida que migrantes e populações fixas interagem são frequentemente mal compreendidos – e em muitas cidades, a distinção entre migrantes e não migrantes é mais complexa do que aparenta.
Este painel explora a relação entre migração, urbanização, conflito e construção da paz, por meio de artigos que apresentem descobertas empíricas ou reflexões conceptuais sobre essas relações em qualquer lugar do mundo. Solicitamos artigos que explorem qualquer aspeto do processo de “chegada” urbana e a sua interseção com o conflito e os esforços para superá-lo, a fim de construir uma compreensão mais profunda das dinâmicas inevitáveis da urbanização global.
Este painel é organizado pelo Grupo de Trabalho de Governança Urbana da EADI – European Association of Development Research and Training Institutes.
Comunicações do Harvest Panel 14 – Exploring the Rhythms of Urbanisation and Conflict:
- Rupture and Retreat: The everyday rhythms of conflict in inner-city Johansburg
Matthew Micah Wilhelm-Solomon
University of the Witwatersrand, África do Sul
- Armed Conflict and Urbanization in Cabo Delgado, Mozambique: A case study of two neighbourhoods in the city of Pemba
Sílvia Amaral
CEsA/CSG/ISEG/ULisboa, Portugal
Resumo:
A urbanização em África escapa às condições familiares da teoria urbana mais comum. Entre os vários motivos, os conflitos armados deslocam populações rurais para áreas urbanas, acelerando processos de (trans)formação e apresentando implicações para o desenvolvimento urbano – o fenómeno da urbanização induzida por conflitos. Na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, uma insurgência armada tem forçado o deslocamento de milhares de civis de suas aldeias desde 2017; muitos fogem para Pemba, a capital da província, aumentando rapidamente e de forma expressiva a população urbana. Esta comunicação apresenta um projeto de pesquisa em curso sobre a urbanização induzida por conflitos em Cabo Delgado, por meio de um estudo de caso comparativo de dois bairros na cidade de Pemba, utilizando fotografia e cartografia participativas para coleta de dados com residentes de longa data e pessoas deslocadas recém-chegadas, numa abordagem crítica aos estudos urbanos. O objetivo é compreender como o conflito armado em Cabo Delgado está a acelerar a urbanização em Pemba, e quais são os desafios e oportunidades para o futuro desenvolvimento urbano.
- Land Conflict Histories and Contemporary Dynamics in Post-Conflict Gulu City, Northern Uganda
Betty Adoch
Makerere University/Gulu University, Uganda
Paul Isolo Mukwaya
Makerere University, Uganda
George Oriangi
Gulu University, Uganda
Shuaib Lwasa
International Institute of Social Studies of Erasmus University, Den Haag, Países Baixos
- Migrants and Generational Urban Dwellers in Aleppo: An interdependence shattered by war
Kevin Mazur
Northwestern University, Estados Unidos da América
- The Questline Between Urbanisation and Contestation for Land Resources in Nigeria
Esther Oromidayo Thontteh, Taibat Lawanson, Kennedy Eborka
University if Lagos, Nigéria
Davidson Alaci
University of Jos, Nigéria
Leia mais:
Site da EADI: HP14 – Exploring the Rhythms of Urbanisation and Conflict (em inglês)
Site da EADI: Lista dos Harvest Panels (em inglês)
Site da EADI: Programa preliminar (em inglês)
Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução e EADI

EADI CEsA Lisbon Conference 2023 | 13 de julho | Harvest Panel 11: Women Entrepreneurs on the African Continent
Harvest Panel 11 – Women Entrepreneurs on the African Continent
13 de julho de 2023
09:00h – 10h30 (UTC+1)
Sala 101, Francesinhas 1, ISEG, Lisboa
Coordenadores:
Ulrike Schuerkens
Université Rennes 2, França
Descrição do painel: Existem variados resultados de investigações sobre mulheres no empreendedorismo, assim como literatura sobre os desafios e obstáculos das mesmas. No entanto, a maioria dessa literatura foca-se nas empreendedoras no Norte, incluindo nos Estados Unidos e na Europa (Edoho 2015; Sheriff & Muffatto 2015). Estudos sobre mulheres senegalesas podem ser encontrados em duas teses de doutoramento que utilizaram principalmente abordagens quantitativas (Diop Thiam 2015 e Mbodji Diop 2019). No entanto, há falta de informações sobre os desafios e obstáculos enfrentados pelas mulheres em África para iniciar e gerir um novo negócio formal.
Assim, a pergunta feita pelos investigadores é a seguinte: como é que as empreendedoras vêm e descrevem a experiência de coordenar um negócio bem-sucedido em África? Esta pesquisa tem como objetivo de compreender como é que as mulheres empreendedoras deram significado às suas experiências vividas. Conforme afirmado por Memli et al. (2015), a criação de valor requer inovação e recursos para construir novos negócios que gerem lucro. Oportunidades devem ser aproveitadas, e ideias são necessárias para criar um novo negócio comercial. As mulheres empreendedoras do Sul enfrentam obstáculos que dificultam o seu sucesso, como a falta de apoio e as perceções culturais. Estes desafios variam de acordo com a cultura, idade, educação e etnia. Em África, as perceções sociais e culturais são decisivas para a escolha do negócio, incluindo indústrias direcionadas para mulheres. Esta sessão convida estudos de caso sobre empreendedoras do setor formal, com base em métodos qualitativos ou quantitativos.
Comunicações do Harvest Panel 11 – Women Entrepreneurs on the African Continent:
- Successful Women Entrepreneurs in Senegal
Ulrike Schuerkens
Université Rennes 2, France
- Women Entrepreneurs Coping with Shocks: The case of Covid-19 in four Sub-Saharan African countries
Elsa Fontainha
CEsA/CSG/ISEG/ULisboa, Portugal
- The Multinational “Auchan” in Senegal: A source of supply for woman stallholders in Mbour (Thiès)
Paul Mamba Diédhiou
Université Cheikh Anta Diop, Senegal
- Gender in the Current Economic Environment in Cameroon
Daniel Damaigue
Université Douala, Camarões
- Exploring Business Sustainability Adoption Across Ghanian And Scottish Women Entrepreneurs
Kathy-Ann Fletcher
Abertay University, Reino Unido
Leia mais:
Site da EADI: HP11 – Woman Entrepreneurs on the African Continent (em inglês)
Site da EADI: Lista dos Harvest Panels (em inglês)
Site da EADI: Programa preliminar (em inglês)
Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução e EADI

EADI CEsA Lisbon Conference 2023 | 11 de julho | Harvest Panel 7: Metamorphoses of Capitalism, Ecological and Social Crisis: questions and possibilities
Harvest Panel 7 – Metamorphoses of Capitalism, Ecological and Social Crisis: questions and possibilities
11 de julho de 2023
16:30h – 18h (UTC+1)
Sala 105, Francesinhas 2, ISEG, Lisboa
Coordenadores:



Descrição do painel: Desde o final dos anos 1960, o processo de acumulação “sustentado” pelo capital parasita e especulativo, mostra que a economia global está imersa numa inércia generalizada, com acumulação de capital demorada, baixo nível de investimento e taxas de crescimento limitadas, mas com alto nível de lucro, o que é causado por uma intensa pressão sobre os níveis de desigualdades existentes, combinando uma reestruturação global da produção de riqueza e rendimentos com um padrão de reprodução da força de trabalho ao nível da sua manutenção limitada. Essa inércia é intensificada a partir da crise produtiva e financeira dos anos 2008-2009.
Em todo este processo, o choque do novo coronavírus trouxe uma crise de saúde-económica e civil, tornando explícita a falência do processo de globalização enquanto uma ideologia e processo de civilização, essencialmente baseado nas estruturas voláteis da produção e do consumo e na globalização financeira do capital, sob os domínios do capital parasita e especulativo em detrimento do capital substantivo. A crise pandémica da COVID-19, assim, revelou os efeitos da evoluída sociedade industrializada com as suas ofensivas dinâmicas de reprodução da vida material, suportada pela exaustiva exploração dos recursos naturais. Todos estes aspetos em transformação irão resultar numa intensa crise ecológica, acentuada pelas dinâmicas de acumulação focadas nas finanças globais, reproduzindo e dificultando as condições de vida a nível cultural, económico, intelectual, político e social dos mais pobres, nomeadamente dos trabalhadores, dos produtores familiares e camponeses, das populações ribeirinhas e das populações tradicionais do Sul Global.
Espera-se que este painel seja um espaço de reflexão sobre a constituição de experiências de desenvolvimento, a partir de estudos e pesquisas que expressem novos métodos de análise e estratégias de desenvolvimento como respostas que se oponham à ideologia capitalista descrita acima, com a descrição das condições estruturais (territoriais, socioeconómicas e ações de confronto) em que tais estratégias ocorrem e os efeitos nas condições de vida dos grupos mencionados. Com isto, à luz da economia política, geografias agrárias e económicas, são bem-vindas as contribuições de especialistas, investigadores e profissionais que relacionem a questão central deste painel aos desafios e possibilidades que surgem em termos de realidades e dinâmicas territoriais locais.
Comunicações do Harvest Panel 7 – Metamorphoses of Capitalism, Ecological and Social Crisis: questions and possibilities:
- Labour Transformation Across Space and Time: A case study of two villages in South India
Yadu C R
Christ University, Bangalore, Índia
Este artigo procura analisar a transição do trabalho e do emprego no setor agrícola na Índia numa perspetiva microeconómica. Baseia-se num trabalho de campo efetuado em duas aldeias vizinhas no estado de Tamil Nadu, no sul da Índia, que foram anteriormente estudadas em 1994. Embora a natureza da mudança na produção agrícola e na ecologia local seja semelhante em ambas as aldeias estudadas, a trajetória da mudança no mercado de trabalho agrário variou entre elas. Este artigo debruça-se sobre os processos de mudança que resultaram em diferentes respostas no mercado de trabalho nas duas aldeias, e utiliza os seus conhecimentos para realçar os principais debates macroeconómicos sobre a transição do trabalho rural e do emprego na Índia.
Enquanto em Vinayagapuram a comercialização do trabalho prosseguia sem problemas, a aldeia de Veerasambanur apresentava um cenário de trabalho menos comercializado. Foram observadas grandes diferenças no processo de trabalho, nas relações laborais, nas tendências salariais e até no impacto das políticas macroeconómicas no mercado de trabalho das respetivas aldeias. Apesar do sistema de trabalho dependente ter sido eliminado em ambas as aldeias, verificou-se que a troca de mão de obra estava significativamente presente em Veerasambanur. Enquanto Veerasambanur era marcada por uma relação entre agricultores e trabalhadores que impedia a ação coletiva dos trabalhadores, Vinayagapuram apresentava uma separação clara entre os agricultores e os trabalhadores assalariados. Enquanto as condições em Vinayagapuram facilitavam aumentos salariais consistentes, as tendências salariais eram irregulares e inconsistentes em Veerasambanur. As características particulares da relação social do emprego agrário não só causaram uma divergência nas tendências salariais no longo prazo entre as aldeias, como também afetaram a eficácia das medidas governamentais de criação de emprego local.
Mesmo no meio das diferenças, a constituição da força de trabalho agrária em função do género foi um dos principais pontos de semelhança entre as aldeias estudadas. Verifica-se que o trabalho não remunerado das mulheres desempenha um papel importante no sustento das famílias que se dedicam à agricultura. Enquanto a crise agrária, em geral, provocou a emigração dos homens, o funcionamento das instituições sociais garante que as mulheres continuem a concentrar-se no sector agrícola, suportando desproporcionadamente o fardo do trabalho. Assim, a “feminização da agricultura” significaria também a “feminização da crise agrária”. O estudo conclui que a transição laboral nestas aldeias é, no seu conjunto, social e ecologicamente enraizada. Mesmo no meio da angústia.
- Migration Flows Within a Fragmented Global North: (Re)placing the nexus between migration and development
Maria Teresa Santos
Centro de Estudos Geográficos, Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, Universidade de Lisboa, Portugal
O debate sobre a migração e desenvolvimento tem acompanhado uma concepção do mundo baseada na dualidade entre as áreas “desenvolvidas” e “não desenvolvidas”. Do ponto de vista geográfico, essa perspetiva implica uma noção de um “Norte Global desenvolvido” (o “espaço destino”) e um “Sul Global subdesenvolvido” (“espaços de origem”). Essa divisão simplificada do mundo ignora os impressionantes fluxos de migração dos trabalhadores dentro da União Europeia, acompanhados por formas variadas de capitalismo dentro da União Europeia.
Neste artigo, argumentamos que compreender os diferentes processos de reordenação do território e reestruturação económica que ocorrem no Norte Global, que é visto como um local onde ocorre acumulação por desapropriação, possibilita construir a ideia do Norte Global como uma área homogeneizada de desenvolvimento. Essas perspetivas teóricas tornam possível colocar o debate sobre migração e desenvolvimento também no Norte Global, onde os níveis de desenvolvimento regional são diferentes, a convergência está longe de ser alcançada e a intensidade, composição e equilíbrio da migração são diversos, expondo assim as contradições dentro do capitalismo global. A discussão irá assumir essencialmente uma abordagem quantitativa baseada em dados estatísticos e irá ter como exemplo os países e regiões da União Europeia como exemplo didático.
- How in the Neoclassical, in Kenya and in Marx, Entrepreneurship Would be Presented as a Theoretical and Real Solution to the Precariousness of the World of Labor in Brazil Today
Sebastião Ferreira Cunha, Felipe Matheus Gaio Correa, Rondon Ferreira Souza Filho
UFRRJ, Brasil
Nas últimas décadas, diversos movimentos na dinâmica da acumulação capitalista resultaram em transformações estruturais, tendo como causa e consequência mudanças caracterizadas pelo crescimento da difusão da avaliação financeira, pela reestruturação produtiva, interna das grandes empresas multinacionais e das alterações nas cadeias de produção globais, e nas políticas de apoio dos diversos países e pelas respostas a esse movimento.
Globalmente, essa realidade remonta aos anos 1960-70 e, no Brasil, a partir dos anos 1990, tendo impacto na precariedade no mundo do trabalho, e implementando uma procura de soluções, teóricas e práticas, para reduzir os impactos não apenas no emprego e nas relações de trabalho, mas também na capacidade de desempenho da economia para absorver o crescimento da população economicamente ativa. Assim, associado a estes movimentos da dinâmica da acumulação global, no Brasil, a situação de precariedade que atormenta o mundo do trabalho tem sido caracterizada por altas taxas de desemprego; pelo crescimento descontrolado da precariedade das atividades de trabalho, inclusive as disfarçadas, chamadas em grande parte, de trabalhador autónomo, prestador de serviços, etc.; pela queda da participação do salário na renda nacional; pela expansão da prestação de serviços; pela redução da atividade sindical; e expansão das desigualdades sociais e informalidade.
Perante esta realidade, são utilizadas diferentes abordagens para ratificar tendências e encontrar soluções para as transformações no mundo do trabalho, como a cooperação, a “pejotização” e a “uberização” (expressões em português do Brasil que caracterizam situações do mercado informal), bem como outras que, simultaneamente incorporam elementos das mencionadas anteriormente, sintetizam argumentos utilizados em boa parte da teoria económica para justificar mudanças estruturais na legislação que regula o emprego e as relações de trabalho, o empreendedorismo, como mecanismo para garantir renda e acesso a ativos e serviços.
Para combater esta realidade, os significados que emergiram na reforma trabalhista na legislação trabalhista no Brasil — iniciada na década de 1990, com pequenos avanços e retrocessos nos anos 2000, e realizada de forma mais abrangente na Lei da Terceirização, número 13.429, de 31 de março, e na Lei número 13.467, de 13 de julho de 2017 — são conduzidos a partir da perspetiva de defesa da liberdade de ação dos indivíduos na sociedade, interpretada como formalmente igual.
O emergência histórica do conceito de empreendedorismo está associada à ação de um indivíduo (sujeito) que assume o risco de algum tipo de empreendimento, e Cantillon foi o responsável por introduzir o conceito na teoria económica, embora as primeiras menções a tal ator (o empreendedor) fossem mais descritivas do que teóricas. Schumpeter atribui não a Cantillon, mas a J-B Say, a difusão do conceito de empreendedor e, por sua influência, a inserção na Inglaterra por J.S. Mill, ambos fundadores/transmissores teóricos da teoria utilitarista. No Brasil, nas últimas décadas, o conceito de empreendedorismo tem sido utilizado como resposta a soluções para o mundo do trabalho, chegando até onde o programa do governo hoje vigente garante a existência de políticas governamentais que utilizam o BNDES (banco público tradicionalmente responsável por garantir investimentos de grande porte) para ampliar as iniciativas microempreendedoras, o que pode gerar impactos positivos em indicadores do mundo do trabalho e efeitos multiplicadores, incluindo micro e pequenas empresas.
Diante dessa realidade, o objetivo principal da investigação foi identificar a capacidade explicativa das teorias económicas clássicas que discutem o desemprego, tratado estruturalmente, para afirmar o chamado empreendedorismo como mecanismo de enfrentamento da atual realidade do mundo do trabalho e das dinâmicas de acumulação capitalista, sintetizadas nas principais correntes e abordagens: teoria neoclássica, teoria keynesiana e teoria marxista.
Leia mais:
Site da EADI: Lista dos Harvest Panels (em inglês)
Site da EADI: Programa preliminar (em inglês)
Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução e EADI

Blogue da Oficina Global | Mortu Nega de Flora Gomes: o cinema e a luta na Guiné-Bissau | Jessica Falconi (CEsA)
Texto “Mortu Nega de Flora Gomes: o cinema e a luta na Guiné-Bissau”, de autoria da investigadora do CEsA (CSG/ISEG/ULisboa) Jessica Falconi, publicado no Blogue da Oficina Global. A Oficina Global é uma plataforma que cria e compartilha conhecimento em português sobre desenvolvimento global e mudança social. É uma iniciativa de um grupo de investigadores do CEsA e de docentes no Mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional do ISEG. Conheça este projeto do CEsA (clique aqui).
Leia mais:
Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt) com informações do EADI
Imagem: CEsA/EADI/Reprodução

Conheça os investigadores do CEsA que participarão nos Seed Panels da EADI CEsA Lisbon Conference 2023
A maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento, a EADI CEsA Lisbon Conference 2023: Towards New Rhythms of Development, que terá lugar entre os dias 10 e 13 de julho de 2023 no ISEG – Lisbon School of Economics and Management, em Lisboa, irá contar na sua programação com a presença de 9 investigadores do CEsA nos Seed Panels 4, 30 e 34 da conferência. Os Seed Panels fornecem uma plataforma para apresentar trabalhos em curso e/ou ideias inovadoras.
O Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) é o coorganizador do evento, que acontece pela primeira vez em Lisboa, Portugal. A conferência internacional é organizada a cada três anos pela European Association of Development Research and Training Institutes (EADI), desde 1975. O evento terá formato híbrido (presencial e on-line) e as inscrições encontram-se abertas com preços compreendidos entre os 95€ e 335€. Membros do EADI e investigadores estudantes de doutoramento e pós-doutoramento, beneficiam de descontos na inscrição.
Consulte abaixo as informações sobre os respetivos Seed Panels:
Seed Panel 4 – Inequality Dynamics in Portuguese-Speaking Developing Countries
Seed Panel 30 – Rural/Urban Space in Sub-Saharan Africa and the Dynamics of Climate Change
Seed Panel 34 – New Food Policy for Sustainable Food Systems
Consulte a lista de investigadores do CEsA que constam no programa dos Seed Panels da EADI CEsA Lisbon Conference 2023:
Alexandre Abreu (co-coordenador do Seed Panel 4: Inequality dynamics in Portuguese-speaking developing countries, 11 de julho de 2023, 14h30-16h)
Arlindo Fortes (co-coordenador do Harvest Panel 7: Metamorphoses of Capitalism, ecological and social crises: questions and possibilities, 11 de julho de 2023, 16h30-18h; e co-coordenador do Seed Panel 30: Rural/urban space in sub-Saharan Africa and the dynamics of climate change, 12 de julho de 2023, 12 de julho de 2023, 14h30-16h)
Carlos Sangreman (co-coordenador do Seed Panel 4: Inequality dynamics in Portuguese-speaking developing countries, 11 de julho de 2023, 14h30-16h)
Diogo Maia (orador do Seed Panel 4: Inequality dynamics in Portuguese-speaking developing countries, Tema: FDI, Economic Growth And Inqueality In Mozambique 11 de julho de 2023, 14h30-16h)
João Van Dunem (orador do Seed Panel 4: Inequality dynamics in Portuguese-speaking developing countries, Tema: What drove economic inequality under Portuguese colonial rule? The case of Angola 11 de julho de 2023, 14h30-16h)
Marcelo Moreira (co-coordenador do Harvest Panel 7: Metamorphoses of Capitalism, ecological and social crises: questions and possibilities, 11 de julho de 2023, 16h30-18h; e co-coordenador do Seed Panel 30: Rural/urban space in sub-Saharan Africa and the dynamics of climate change, 12 de julho de 2023, 12 de julho de 2023, 14h30-16h)
Sónia Frias (co-coordenadora do Harvest Panel 7: Metamorphoses of Capitalism, ecological and social crises: questions and possibilities, 11 de julho de 2023, 16h30-18h; e co-coordenadora do Seed Panel 30: Rural/urban space in sub-Saharan Africa and the dynamics of climate change, 12 de julho de 2023, 12 de julho de 2023, 14h30-16h)
Susana Brissos (co-coordenadora do Seed Panel 34: New food policy for sustainable food systems, 12 de julho de 2023, 14h30-16h)
Vincent Agulonye (orador do Seed Panel 30: Rural/urban space in sub-Saharan Africa and the dynamics of climate change, Tema: When we eat of Seeds: A Study of the Effects of Informal Mining on the Environment, Food and Water Security, 12 de julho de 2023, 12 de julho de 2023, 14h30-16h)
Leia mais:
Seed Panels EADI CEsA Lisbon Conference 2023
Parceiro na organização do evento:
Apoio:
Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução e EADI

EADI CEsA Lisbon Conference 2023 | 12 de julho | Seed Panel 34: New Food Policy for Sustainable Food Systems
Seed Panel 34 – New Food Policy for Sustainable Food Systems
12 de julho de 2023
14:30h – 16h (UTC+1)
Sala 106, Francesinhas 1, ISEG, Lisboa
Coordenadora:

Descrição do painel: A segurança alimentar continua a ser um grande desafio no Sul Global e para os grupos vulneráveis da população no Norte Global. As causas estruturais estão bem identificadas pelos críticos do paradigma neoliberal, que sublinham que os mecanismos de mercado e o modelo dominante de segurança alimentar excluem partes significativas da população da produção alimentar e prejudicam o acesso a regimes alimentares saudáveis, aprofundando a pobreza e a desigualdade a nível mundial e negando o direito humano universal a uma alimentação adequada.
No entanto, a atenção tem-se centrado na urgência de fazer frente aos constrangimentos cíclicos criados por uma sucessão de crises globais, combinadas com crises nacionais e/ou regionais, causadas por perturbações financeiras, medidas de austeridade, a pandemia de COVID-19, a migração, os conflitos ou as alterações climáticas.
O resultado de ambos os fatores é a incapacidade de atingir a meta de Zero Hunger da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, com projeções que mostram o mesmo número de pessoas que enfrentam a fome em 2030 como em 2015, e tendências crescentes de insegurança alimentar moderada e grave desde 2014, bem como de excesso de peso e obesidade desde 2000.
Perante este cenário sombrio, existe um consenso em torno da importância das políticas alimentares e agrícolas e os governos de todo o mundo estão a (re)construir os seus quadros institucionais para sublinhar uma política alimentar integrada para sistemas alimentares sustentáveis.
No entanto, os desafios desta tarefa são enormes e há muitos caminhos a percorrer para garantir o fornecimento de dietas saudáveis aos consumidores a custos acessíveis ou o cumprimento do direito de todos a uma alimentação adequada.
Este painel tem por objetivo apresentar e discutir diferentes pontos de vista sobre o caminho a seguir e os impactos e implicações da economia política e da governação das “velhas” e “novas” políticas e estratégias de segurança alimentar e nutricional.
Comunicações do Seed Panel 34 – New Food Policy for Sustainable Food Systems:
- The Geography of Hunger in a Multi-crisis World
Sergio Tezanos
Universidad de Cantabria, Espanha
Rogelio Madrueño
University of Bonn, Alemanha
Resumo:
A fome no mundo está a aumentar, tornando-se uma das manifestações mais dramáticas dos problemas socioeconómicos, de governação e ambientais que a humanidade enfrenta atualmente. Acabar com a fome em todo o mundo e alcançar a segurança alimentar são objetivos fundamentais da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (Nações Unidas, 2015), que identifica um conjunto mensurável de objetivos internacionais (os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS), incluindo um objetivo específico que visa erradicar a fome até 2030 (o chamado ODS-2 “Zero Hunger“).
No entanto, o número de pessoas que sofrem de fome tem vindo a aumentar lentamente desde 2015. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) prevê um mundo com mais de 840 milhões de pessoas a sofrer de fome grave em 2030, em resultado da interação de três crises globais simultâneas: a pandemia de COVID-19, a guerra na Ucrânia e as alterações climáticas.
O principal objetivo deste artigo é caraterizar a atual geografia da fome no mundo através da construção de uma classificação internacional dos países em relação aos principais determinantes da fome. Para isso, aplicaremos a seguinte metodologia:
Em primeiro lugar, faremos uma revisão da literatura especializada sobre os determinantes da fome, seguindo a divisão “clássica” em três tipos de fatores: fatores demográficos, fatores económicos e fatores políticos.
Em segundo lugar, construiremos uma base de dados com indicadores relevantes desses principais determinantes da fome para um conjunto completo de países em desenvolvimento.
E, em terceiro lugar, utilizaremos a técnica estatística multivariada de análise de agrupamentos para construir a classificação internacional. Esta técnica numérica é adequada para classificar uma amostra de países heterogéneos num número limitado de grupos, cada um dos quais é internamente homogéneo em termos das semelhanças entre os países que o compõem. Concretamente, a análise hierárquica de clusters permitirá construir uma taxonomia de países com níveis de desenvolvimento heterogéneos, a fim de os dividir num certo número de grupos, de modo que: i) cada país pertença a um – e apenas um – grupo; ii) todos os países sejam classificados; iii) os países do mesmo grupo sejam, em certa medida, internamente “homogéneos”; e iv) os países de grupos diferentes sejam visivelmente dissemelhantes. A vantagem deste procedimento é que permite discernir a “estrutura de associação” entre países, o que – na nossa análise – facilita a identificação das características-chave de desenvolvimento de cada grupo.
No final, este trabalho de investigação irá produzir uma classificação internacional complexa que identifica grupos de países que partilham desafios semelhantes em termos de segurança alimentar no atual mundo multi-crise. Além disso, permitir-nos-á identificar os países que partilham características comuns de risco grave de fome. Esta parece ser uma tentativa válida de aumentar a sensibilização para a segurança alimentar global e de melhorar os nossos conhecimentos sobre o formidável desafio de avançar para o objetivo da “Zero Hunger“.
- Food Re-Distribution Post Covid-19 and Social Protection Mechanisms to Reduce Hunger and Food Insecurity in Greatern Sao Paulo
Luciana Marques Vieira
FGV/EAESP, Brasil
Resumo:
A pandemia de Covid-19 fez soar o alarme mundial sobre a fome e a insegurança alimentar (Paslakis et al., 2020). Em 2021, estimava-se que 29,3% da população global – 2,3 mil milhões de pessoas – estavam em insegurança alimentar (IA) moderada ou grave, o que significa que não tinham acesso a alimentos adequados (FAO, 2022). O Brasil tem números ainda maiores. Segundo a Rede Penssan (2022), há 125,2 milhões de pessoas em IA (58,7% da população), seja leve, moderada ou grave, das quais mais de 33 milhões estão em situação de fome, expressa pela IA grave. Espera-se que os impactos negativos relacionados perdurem por muito tempo, pois além das questões inerentes à saúde, houve aumento das taxas de desemprego e perda de rendimento dos indivíduos, somados ao aumento dos preços dos alimentos. Nesse contexto, torna-se cada vez mais relevante a atenção para soluções que visem à redistribuição de alimentos para populações vulneráveis. No Brasil, essa função é maioritariamente assumida pela sociedade.
Considerando esse contexto e os impactos da Covid-19, novas iniciativas estão a surgir para somar esforços no combate à fome e à insegurança alimentar. Empiricamente, é possível observar o funcionamento de modelos organizacionais inovadores de redistribuição de alimentos na cidade de São Paulo durante a Covid-19: conectando setor público (administrado pelo governo municipal), setor privado e terceiro setor (ONGs). O conhecimento relacionado com os mecanismos operacionais, de gestão e de impacto, bem como os fatores que dificultam ou impulsionam as iniciativas de redistribuição de alimentos nas grandes cidades urbanas, ajudará a tornar a proteção social acessível a todos os que dela necessitam. É possível gerar aprendizagem mútua e superar desafios através da compreensão das melhores práticas entre esses diferentes modelos organizacionais de redistribuição de alimentos.
Teoricamente, os recursos organizacionais e humanos estão associados à noção de capital intelectual, que se divide nas dimensões de capital humano, organizacional e relacional. O entendimento sobre esses mecanismos é essencial para o desenvolvimento de políticas públicas que apoiem a redistribuição justa de alimentos. Assim, o objetivo principal desta pesquisa é compreender quais mecanismos relacionados ao capital intelectual dos diferentes modelos de redistribuição de alimentos identificados durante a Covid-19 em São Paulo atuam como barreiras e facilitadores de seu funcionamento, a fim de gerar aprendizagem mútua e políticas para tornar a proteção social acessível a todos que dela necessitam.
O método de pesquisa é um estudo de caso de uma cadeia de redistribuição de alimentos que é composta por um grande retalhista (doador), um negócio de impacto social, um banco de alimentos público e um movimento social na periferia. A redistribuição é mapeada por meio de observação direta e entrevistas em detalhadas com os diferentes envolvidos nas operações, além da análise de documentos secundários. Neste contexto, espera-se que este estudo contribua para a construção de uma visão mais ampla e integrada da operação inovadora dos sistemas de redistribuição de alimentos surgidos durante a Covid-19 e que estes sistemas continuem a operar no sentido de superar as iniquidades sociais, pelo menos em relação ao cumprimento do direito humano fundamental de acesso à alimentação adequada, refletindo a experiência brasileira pós-Covid-19. Dimensões emergentes como o capital político são achados que surgiram neste estudo.
- Adoption of Information And Communication Technology For The Development of the Incubated Rural Farming Cooperatives in Limpopo Province, South Africa
Phaane Seroka
University of South Africa
Lucius Botes
North-West University, África do Sul
Resumo:
Os tempos mudaram. Chegou o momento de fazer as coisas de forma diferente e a agricultura não está imune. A maioria das pessoas que vivem nas zonas rurais depende da agricultura para a sua subsistência. Os excedentes de produção são vendidos nos mercados informais. Infelizmente, a maioria destas pessoas ainda não explorou os benefícios que as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) podem trazer.
Até à data, as TIC provaram ser uma ferramenta que pode, por exemplo, fornecer dados sobre o clima, o tratamento das culturas e dos animais. A utilização de dispositivos tecnológicos como os telemóveis também se revelou eficaz para reforçar a comunicação, em vez de percorrer longas distâncias. Por exemplo, existem inúmeras aplicações, como as aplicações bancárias, que estão agora disponíveis para efetuar transações sem ter de se deslocar fisicamente às instituições financeiras.
O estudo utilizou principalmente um método qualitativo, recorrendo a uma abordagem indutiva, bem como uma amostragem estratificada do método quantitativo. O estudo visava descobrir as razões por detrás da baixa adoção das TIC, particularmente entre as cooperativas agrícolas rurais incubadas na província do Limpopo. É através do método qualitativo que se podem obter dados ricos e aprofundados.
Os resultados do estudo revelaram que, embora os participantes se tenham registado como cooperativos, na realidade eram empresas agrícolas individuais. A inacessibilidade da tecnologia foi revelada como um dos principais fatores de adoção das TIC. A maior parte dos jovens são os que mais adotam as TIC, como a Internet e os telemóveis. Os agricultores adultos são os principais dependentes dos métodos antigos de agricultura, utilizando os seus conhecimentos e experiência adquiridos. A maioria dos agricultores idosos ainda está agarrada ao sistema de conhecimento indígena.
Em conclusão, os benefícios (utilidade) que vêm com as TIC não foram totalmente explorados pela maioria dos agricultores rurais. Deveriam ser desenvolvidos e implementados mais programas de TIC que incorporem tanto os conhecimentos como as experiências dos agricultores rurais. A linguagem das TIC deve estar na língua dos agricultores rurais para colmatar o fosso da iliteracia e aumentar a facilidade de utilização.
- Food Movements and Their Contribution to Food Democracy in São Paulo Municipality
Roberta Moraes Curan
Universidade de São Paulo, Brasil
Resumo:
As assimetrias de poder e as soluções tecnocráticas para os problemas atuais são a tendência principal em todos os sistemas alimentares, no entanto, causam muitas desigualdades alimentares. Cerca de 30% dos domicílios brasileiros foram identificados como em situação de insegurança alimentar moderada ou grave em 2021-2022. Acredita-se que o desenvolvimento de políticas alimentares locais e regionais com participação social e distribuição de poder pode enfrentar de forma mais eficaz essas desigualdades.
Esta pesquisa tem como objetivo compreender, pela lente da Ecologia Política, como os movimentos alimentares contribuem para a democracia alimentar e a governança dos sistemas alimentares no município de São Paulo. A metodologia incluiu revisão de literatura, observação direta de movimentos alimentares no município e participação em quatro encontros online durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2021 organizados pelo MUDA – Movimento Urbano de Agroecologia desenvolvidos para identificar e articular movimentos ligados à “Agroecologia na Região Metropolitana de São Paulo”. O mapeamento dos movimentos alimentares foi desenvolvido através da análise de um caderno produzido durante essas reuniões do MUDA e também de uma revisão dos membros da sociedade civil da atual administração do Conselho de Política Alimentar de São Paulo (COMUSAN) e dos membros do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável da Sociedade Civil (CMDRSS).
A abordagem da Ecologia Política ajuda a abordar as condições e mudanças nos sistemas socio-ecológicos com uma consideração explícita das relações de poder, que podem ser usadas para lidar com as mudanças nos sistemas alimentares. No entanto, a democracia alimentar é entendida como um “contra conceito” aos regimes dominantes de governação alimentar, colocando a alimentação no centro dos processos democráticos e encorajando a redistribuição do poder nos sistemas alimentares. Isto significa que o foco da democracia alimentar é a organização dos sistemas alimentares visando a participação social e a pluralidade de vozes nos processos participativos e de tomada de decisão. Foram identificadas sete dimensões da democracia alimentar, a saber: partilha e colaboração; informação e literacia alimentar; participação social; transparência; linguagem acessível; legitimidade e participação dos municípios.
Durante a análise do MUDA Padlet foram identificados 38 movimentos alimentares no município de São Paulo, além de dois representantes do COMUSAN e dois do CMDRSS. É importante destacar que dez iniciativas foram categorizadas como fazendas urbanas ou hortas comunitárias. As categorias também incluem campanhas por (melhor) alimentação; projetos de compostagem; captação de recursos para comprar alimentos de produtores locais e de pequena escala e doar para famílias vulneráveis; comércio justo de alimentos agroecológicos; grupos de consumo e cooperativas; agricultura apoiada pela comunidade (ASC); projetos de permacultura; pesquisas/universidades; movimentos feministas e agro/ecoturismo. Os resultados preliminares do COMUSAN mostram que a atual gestão (2022-2024) é composta por 28 membros titulares e 23 membros suplentes, todos da sociedade civil organizada, como ONGs, associações, sindicatos e fóruns. As iniciativas identificadas não foram apenas relacionadas à alimentação/agricultura e agroecologia, mas também de direitos sociais (incluindo refugiados); desporto; cultura; género; habitação; sustentabilidade e pesquisa/universidades. Por fim, a atual gestão do CMDRSS (2020-2022) é composta por dez membros titulares e oito suplentes, a saber: agricultores de todas as zonas do município (Sul, Norte, Leste, Oeste/Centro), população indígena, representante do conselho de ecoturismo, representante do conselho de áreas de proteção ambiental, representante do COMUSAN e ONGs ligadas à agricultura familiar.
Os resultados preliminares permitem identificar princípios e dimensões da democracia alimentar, como diferentes fóruns de debate do governo e da sociedade civil, incitando a participação social, destacando a conexão entre o governo municipal e os movimentos alimentares. A pluralidade dos movimentos alimentares também enfatiza a pluralidade de vozes, particularmente relevante para a democracia alimentar. Além do reconhecimento de iniciativas que trabalham com a literacia alimentar, partilha e colaboração de conhecimentos sobre a alimentação. Todos estes aspetos contribuem para a dimensão da legitimidade, especialmente no processo de desenvolvimento de políticas alimentares mais legítimas.
Algumas lacunas não puderam ser abordadas até agora nesta pesquisa, mas serão consideradas nos próximos passos para transformá-la de semente em colheita frutífera.
Leia mais:
Site da EADI: SP34 -New Food Policy for Sustainable Food Systems (em inglês)
Site da EADI: Lista dos Seed Panels (em inglês)
Site da EADI: Programa preliminar (em inglês)
Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução e EADI

EADI CEsA Lisbon Conference 2023 | 12 de julho | Seed Panel 30: Rural/Urban Space in Sub-Saharan Africa and the Dynamics of Climate Change
Seed Panel 30 – Rural/Urban Space in Sub-Saharan Africa and the Dynamics of Climate Change
12 de julho de 2023
14:30h – 16h (UTC+1)
Sala 10, Francesinhas 1, ISEG, Lisboa
Coordenadores:



Descrição do painel: Os fluxos de populações do campo para as cidades, quaisquer que tenham sido, ou quaisquer que sejam as razões da sua consolidação nos diferentes países africanos, têm contribuído para uma sólida transformação dos mundos rural e urbano. Para além da dimensão espacial deste movimento, existem dimensões socioeconómicas e culturais que, mais do que induzir mudanças, têm vindo a transformar essas realidades de forma muito firme e rápida, não só ao nível do espaço, mas também ao nível das comunidades. São evidentes as variações ao nível da produção e do seu impacto no sistema agrícola, nomeadamente o empobrecimento das famílias, as migrações, e cada vez mais as alterações ambientais. Referimo-nos muito especificamente às alterações climáticas, uma vez que o continente africano é atualmente mais quente do que era há 100 anos.
Atualmente, os efeitos das alterações climáticas em África já estão a forçar mudanças na agricultura, gerando sistemas agrícolas de subsistência. Se não forem tomadas medidas eficazes, nas próximas décadas os sistemas agrícolas em África serão gravemente afetados, uma vez que se verificará uma redução drástica das terras adequadas para a agricultura. As zonas com maior potencial agrícola tornar-se-ão áridas e as zonas costeiras ficarão submersas, o que afetará a produção, a pesca e as povoações. As alterações climáticas afetarão mais duramente as comunidades que já enfrentam desafios sociais e económicos, como a pobreza socioeconómica. Há um consenso crescente de que as alterações climáticas causarão mais danos aos países pobres, porque as pessoas dependem mais dos recursos naturais para sobreviver.
Neste painel, propomo-nos gerar novos argumentos sobre os desafios colocados às populações rurais e urbanas, desafios que as obrigam a continuamente criar novos ritmos de adaptação e a desenvolver novas competências, lógicas de pensamento e comportamentos.
Comunicações do Seed Panel 30 – Rural/Urban Space in Sub-Saharan Africa and the Dynamics of Climate Change:
- Urban-Rural Nexus from an SDG Interlinkage Perspective
Gideon Baffoe
University of York, United Kingdom
As áreas urbanas e rurais interagem através do fluxo de pessoas, matérias-primas, energia, bens, capital e informação. Sem a construção de vínculos sólidos entre as áreas urbanas e rurais, o desenvolvimento de uma área pode ser comprometer o de outra. Dito isto, alcançar o desenvolvimento sustentado requer ma priorização e implementação de políticas personalizadas tanto em áreas urbanas como rurais.
Quanto à conexão urbano-rural, pouco tem sido feito através da análise compreensiva sob a perspetiva da interligação no contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O Objetivo 11, sobre cidades sustentáveis, e várias metas incorporadas noutros Objetivos, fornecem um bom quadro de análise para os vínculos urbanos-rurais.
Este artigo contribui para uma nova perspetiva de pesquisa, utilizando o Gana como caso de estudo. O estudo aplicou uma abordagem integrada ao combinar os resultados de um exercício de busca de soluções com uma análise de interligação dos ODS para identificar os desafios e soluções prioritárias, além de avaliar as sinergias e os trade-offs das soluções identificadas.
- Basic Income as a Disaster Risk Reduction Tool?
Sara Bernardo
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – ISCTE, Portugal
Os desastres naturais são apenas considerados desastres quando interagem com sociedades caracterizadas por um alto nível de vulnerabilidade prévio. Assim, a ocorrência de desastres naturais está relacionada com um conjunto de características territoriais, históricas, económicas, políticas, sociais, culturais e ambientais que contribuem para diferentes níveis de vulnerabilidade. A vida cotidiana é caracterizada por estes níveis de vulnerabilidade, que influenciam os impactos e a sua duração.
As sociedades agrárias da África subsaariana, com recursos financeiros e tecnológicos escassos e expostos às dinâmicas globais, pertencem ao grupo mais exposto. As numerosas crises e precondições de vulnerabilidade crónica, explicam o porquê de os acontecimentos naturais muitas vezes se tornarem em desastres naturais.
Em processos sociais contínuos, as vulnerabilidades são acumuladas ao longo da história. Os desastres naturais não podem ser vistos como acontecimentos isolados nem limitados a um periodo e espaço específicos. São parte da dinâmica acumulativa em que pré e pós-desastre coexistem constantemente e se alimentam mutuamente em perpétuidade. Um desastre antecede e sucede outro desastre, consequentemente, a agricultura pós desastre é também pré-desastre e vice-versa. Eventos naturais extremos são uma exceção, no entanto fazem parte das dinâmicas territoriais.
A cada ano, a capacidade produtiva das famílias é deteriorada a cada novo evento natural. Ano após ano as famílias tornam-se mais vulneráveis. A maioria não tem a capacidade de recuperar o acesso a determinados recursos, como tratores ou animais de tração, pois falta-lhes os recursos financeiros necessários. Para assegurar um retorno mais rápido às atividades agrícolas após uma interrupção, a vulnerabilidade crónica das sociedades deve ser abordada.
Não obstante da importância da assistência material para aliviar as necessidades básicas imediatas, isto não possibilita a transformação a médio-longo prazo. A ajuda material e os vouchers são modelos que atenuam necessidades imediatas, mas não permitem enfrentar as raízes da vulnerabilidade. Os recursos financeiros são necessários para permitir que as famílias respondam às suas diversas necessidades e para quebrar o ciclo da pobreza, que piora a cada evento.
Modelos como a Renda Básica têm o potencial de combater a vulnerabilidade crónica. Transferências de dinheiro através de serviços de dinheiro por telemóvel, como o M-Pesa e o mKesh, podem abordar as diferentes dimensões da vulnerabilidade de forma sistemática e sem interferir com as dinâmicas sociais, relações inter e intrassociais e na auto organização das sociedades.
O propósito não é argumentar que o acesso a recursos financeiros é por si só a solução sem efeitos colaterais, nem que resolve todos os problemas em qualquer contexto. Contudo, a fraca capacidade financeira e a forte necessidade da mesma, tornam-se uma barreira para a construção da capacidade de resposta e adaptação às alterações climáticas.
- Are They Trapped? Immobility as the face of environmental change
Eliška Masná, Dušan Drbohlav, Jiří Hasman e Aneta Seidlová
Charles University, Czech Republic
O aprofundamento da seca e desflorestação causam diversos problemas, especialmente para os agricultores de subsistência no Sul Global que dependem da agricultura pluvial. Embora as alterações climáticas e as mudanças ambientais de longo prazo frequentemente diminuam o bem-estar das pessoas ao trazer desafios para garantir e sustentar seus meios de subsistência, resultando em menor capacidade de mobilidade, o impacto dessas mudanças é discutido maioritariamente no contexto da migração, em vez da imobilidade. Esta contribuição apresenta resultados de uma pesquisa conduzida na província ocidental de Zâmbia. O objetivo é desvendar a capacidade do agregado familiar de se adaptar a processos de longo prazo e discutir o papel da mobilidade/imobilidade nos seus meios de subsistência. É dada ênfase à exploração das normas sociais que desempenham um papel crucial na tomada de decisões. O estudo baseia-se na teoria da motivação de proteção e trabalha com conceitos de capacidade adaptativa no nível do agregado familiar. A pesquisa é baseada em entrevistas estruturadas com chefes de família e entrevistas com especialistas locais. A modelagem de equações estruturais ajuda a entender os fatores por trás da tomada de decisões perante de condições ambientais desfavoráveis.
- When We Eat of Seeds: A study of the effects of informal mining on the environment, food and water security
Vincent Agulonye
CEsA/CSG/ISEG/ULisboa, Portugal
As atividades agrícolas em áreas rurais e semiurbanas fornecem a maior parte dos alimentos produzidos localmente na África Ocidental. Embora o tipo de agricultura praticada em África seja predominantemente de subsistência, esta é responsável pela maior parte dos alimentos consumidos em povoações rurais, semiurbanas e urbanas. Uma vez que os sistemas agrícolas que dependem das chuvas são predominantes em África, a produção de alimentos tanto para consumo humano, como animal, entre outros, tem um período de produção limitado, o que limita o enorme potencial para a prática agrícola no continente. Os efeitos das alterações climáticas e baixos rendimentos, a modernização e busca por empregos formais e um estilo de vida mais fácil, o aumento da pobreza rural e crescente mobilidade social urbana, a insegurança e os frequentes conflitos entre agricultores e criadores de animais em muitas comunidades da sub-região, entre outros fatores, tornam a migração rural-urbana um fenómeno contínuo. Apesar disso, a acessibilidade aos alimentos na sub-região depende dos agricultores e criadores de animais rurais. O aumento da pobreza e do desemprego nas áreas urbanas e rurais levou muitos jovens, incluindo recém-graduados, a voltarem-se para a exploração informal de recursos em áreas rurais, suburbanas e às vezes urbanas. Essas atividades causam danos contínuos à terra, água e recursos ambientais. Este artigo estuda o impacto da exploração ilegal na segurança alimentar e hídrica em comunidades selecionadas em Camarões, Gana e Nigéria.
(Este é um trabalho ainda em progresso)
Leia mais:
Site da EADI: Lista dos Seed Panels (em inglês)
Site da EADI: Programa preliminar (em inglês)
Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução e EADI

Blogue da Oficina Global | Série Novos Ritmos de Desenvolvimento (tradução do EADI Blog): “Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Direitos LGBTQ+ em África”
Artigo “Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Direitos LGBTQ+ em África”, de autoria de Stephen Brown (Universidade de Ottawa, Canadá), publicado no âmbito da Série “Novos Ritmos de Desenvolvimento”, no Blogue da Oficina Global. O texto foi publicado originalmente em inglês com o título “International Development Cooperation and LGBTQ+ Rights in Africa” no EADI Blog – Debating Development Research e faz parte da série temática “New Rhythms of Development”, que assinala a EADI CEsA Lisbon Conference: Towards New Rhythms of Development, a maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento. A Conferência acontece de 10 a 13 de julho de 2023 no ISEG – Lisbon School of Economics & Management e é organizada pela European Association of Development Research and Training Institutes (EADI), em parceria com o CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento.
Conheça este projeto do CEsA (clique aqui).
Leia mais:
Blogue da Oficina Global – Série “Novos Ritmos de Desenvolvimento”
EADI Blog – Série “New Rhythms of Development”
Parceiro na organização do evento:
Apoio:
Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt) com informações do EADI
Imagem: CEsA/EADI/Reprodução

EADI CEsA Lisbon Conference 2023 divulga o programa preliminar com duas Aulas Abertas em formato presencial e online
A maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento, a EADI CEsA Lisbon Conference 2023: Towards New Rhythms of Development, que terá lugar entre os dias 10 e 13 de julho de 2023 no ISEG – Lisbon School of Economics and Management, em Lisboa, terá na sua programação (em inglês) duas aulas abertas, com entrada gratuita, em formato presencial e online. Confira abaixo a tradução para Português. Os textos originais, em inglês, estão disponíveis no site da EADI (AQUI).
Dudley Seers Lecture: Estudos de Desenvolvimento em Tempos de Crise (Development Studies in an Age of Crisis, título original), 10 de Julho, 18h (UTC+1), com o Professor Doutor Alfredo Saad-Filho (King’s College London)
Descrição: Estamos vivendo uma era de crises sobrepostas na economia, democracia, saúde, meio ambiente e etc., com graves consequências para todas as áreas da reprodução social. Durante esta Aula Aberta, o Professor Doutor Alfredo Saad Filho (King’s College London) examinará os desafios dessas crises para os países em desenvolvimento, as perspetivas de desenvolvimento e as lições para os Estudos de Desenvolvimento, à luz das contribuições fundamentais de Dudley Seers. Desde então, o campo do Desenvolvimento foi transformado pela transição mundial para o neoliberalismo, a ascensão da financeirização, a desaceleração económica nas economias avançadas, a ascensão da China, a difusão e degradação da democracia neoliberal, o trágico impacto da Covid-19 e pelas implicações catastróficas da crise ambiental. Analisar os problemas do desenvolvimento não deve apenas abordar esses desafios, mas também buscar alternativas e inspiração para novas gerações de estudantes, profissionais e ativistas no Norte Global e, mais importante, no Sul Global.
Alfredo Saad-Filho é professor de Economia Política e Desenvolvimento Internacional no King’s College London. Anteriormente, ele foi professor de economia política na Universidade SOAS de Londres e oficial sênior de assuntos económicos na Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. Saad-Filho é formado em Economia pelas Universidades de Brasília (Brasil) e Londres (SOAS), e lecionou em universidades e instituições de investigação na Bélgica, Brasil, Canadá, China, Alemanha, Itália, Japão, Moçambique, Suíça e Reino Unido. Seus interesses incluem a economia política do desenvolvimento, política industrial, neoliberalismo, democracia, políticas económicas alternativas e adaptação climática, desenvolvimento político e económico da América Latina, inflação e estabilização, e a teoria do valor do trabalho e suas aplicações.
Este é um evento público aberto a todos, gratuito e híbrido (presencial e online). Participantes online receberão o link por e-mail no dia do evento ou podem consultá-lo no site da EADI (clique aqui).
Se não é um participante da EADI CEsA Lisbon Conference 2023, inscreva-se para a palestra Dudley Seers neste link: https://forms.office.com/pages/responsepage.aspx?id=J5RyELiZzEymnryNQb2vs7EWXzSAHJ1CoM4bRpL3hyxUNFo1UDEwTlhEV1lKRDlJSE1NOEdUT1lOTyQlQCN0PWcu&web=1&wdLOR=cAF3A1C6B-F06D-4085-83F9-FA0F8405F536
Se é um participante da EADI CEsA Lisbon Conference 2023, não precisa se inscrever na Dudley Seers Lecture (você está automaticamente inscrito na aula aberta).
Registe presença na página oficial desta Aula Aberta no Facebook: https://www.facebook.com/events/2026749451004415/
Informações em inglês no site da EADI: https://www.eadi.org/eadi-cesa-23/public-lectures-and-plenary-sessions/dudley-seers-lecture
Kapuscinski Development Lecture: Autoritarismo Suave: Marchando em Direção a um Ritmo Diferente de Democracia (Soft Authoritarianism: Marching to a Different Drum of Democracy, título original), 11 de Julho, 19h (UTC+1), com a Professora Doutora Shalini Randeria (Central European University)
Descrição: A disseminação global do governo autoritário brando esvazia as instituições e os princípios democráticos liberais por dentro, usando maiorias eleitorais e a lei que confere legitimidade formal. Nesta Aula Aberta, a Professora Doutora Shalini Randeria (Central European University) vai delinear como essas novas práticas políticas marcham para um ritmo diferente da democracia usando instrumentos muito semelhantes em várias sociedades, que permitem que líderes autoritários brandos também acompanhem uns aos outros. Também explorará como essas estratégias vieram para ficar, pois estão entrelaçadas com o capitalismo de compadrio, o etnonacionalismo e os pânicos demográficos. A masculinidade tóxica que faz parte da mistura alimenta ataques aos direitos das mulheres e especialmente aos direitos reprodutivos.
Shalini Randeria foi eleita presidente e reitora da Universidade da Europa Central em 2021. Ela é a primeira mulher e a primeira pessoa do Sul Global a ocupar esse cargo desde a fundação da universidade, há 30 anos. Randeria teve uma distinta carreira académica como socióloga/antropóloga social em instituições de ensino superior em toda a Europa. Ela foi reitora do Institute for Human Sciences, em Viena, e professora no Graduate Institute of International and Development Studies, em Genebra, onde dirigiu o Albert Hirschman Center on Democracy. Randeria detém a Cátedra de Excelência na Universidade de Bremen, onde lidera um grupo de pesquisa sobre “autoritarismos brandos”. Ela é vice-presidente da Classe de Ciências Sociais e Relacionadas, Academia Europaea e ilustre membro da Munk School, da Universidade de Toronto. Randeria publicou amplamente sobre antropologia da globalização, direito, estado e movimentos sociais com foco regional na Índia. Sua influente série de podcasts, Democracy in Question, lançada em 2021, está em sua sexta temporada.
Este é um evento público aberto a todos, gratuito e híbrido (presencial e online). Participantes online receberão o link por e-mail no dia do evento ou podem consultá-lo no site da EADI (clique aqui).
Se não é um participante da EADI CEsA Lisbon Conference 2023, inscreva-se para a palestra KAP Talk neste link: https://forms.office.com/pages/responsepage.aspx?id=J5RyELiZzEymnryNQb2vs7EWXzSAHJ1CoM4bRpL3hyxUMjhMSFg3N1AzUUpVUDVHQkpJV05GME1EMSQlQCN0PWcu
Se é um participante da EADI CEsA Lisbon Conference 2023, não precisa se inscrever na KAP Talk (você está automaticamente inscrito na aula aberta).
Registe presença na página oficial desta Aula Aberta no Facebook: https://www.facebook.com/events/137762679310324/
Informações em inglês no site da EADI: https://www.eadi.org/eadi-cesa-23/public-lectures-and-plenary-sessions/kapuscinski-development-lecture
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Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt) com informações do EADI
Imagem: CEsA/EADI/Reprodução