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CESA

Working Paper 6/1985: A industrialização argelina: balanço de uma experiência

Working Paper 6/1985: A industrialização argelina: balanço de uma experiência


Resumo:

Procuro em A industrialização argelina : balanço de uma experiência abordar a industrialização argelina no pós independência. Num prazo relativamente curto – duas décadas – os governos do país, obedecendo a um programa claramente definido, dirigiram com grande tenacidade um processo de industrialização. As paisagens industrial e agrícola, económica e social saíram desse processo profundamente transformadas.

A minha preocupação central foi tentar conhecer e compreender as transformações ocorridas, as suas ligações e de que modo, uma vez posto em acção, o processo se autonomizou e criou uma dinâmica própria razoavelmente independente do projecto de partida. Não tive nem tenho interesse em fazer um balanço sumário, e por isso alinharei em conclusão apenas algumas ideias mestras.

Em primeiro lugar por me não ter sido possível no âmbito duma pesquisa como esta e com as ferramentas de que atualmente disponho, empreender o estudo das condições sociais de industrialização que reputo indispensável, ou seja, ultrapassar o campo economicista em que a análise se circunscreve ao económico. Uma série de insucessos económicos pode-se dever não à inépcia mas às exigências e às influências não económicas. À racionalidade económica juntam-se (e sobrepõem-se muitas vezes) outras racionalidades.

Em segundo lugar, porque permanecem muitas dúvidas. Por exemplo, sobre os custos de industrialização. Nos países atualmente mais evoluídos do ponto de vista económico pagaram-se preços elevadíssimos em troca do progresso industrial e tecnológico. Só a título de exemplo, entre 1840 e 1920, 60 milhões de europeus emigraram numa população total de 300 milhões em 1900.

Julgo que só a paixão ideológica pode escamotear estes factos. E só ela pode explicar que se façam balanços precipitados e drásticos das experiências de desenvolvimento dos países dominados. Mas se o balanço deve ser prudente, a análise teórica tem de ser o mais rigorosa possível.

Da minha pesquisa resultaram algumas ideias que assumo como meras hipóteses de trabalho a explorar adiante, quer sobre o tema argelino, quer, em geral, sobre as experiências de industrialização nos países subdesenvolvidos.

Citação:

Salavisa, Isabel .1985. “A industrialização argelina : balanço de uma experiência” . Instituto Superior de Economia e Gestão. CEsA – Documentos de Trabalho nº 6/ 1985.

República da Guiné Bissau

Working Paper 5/1985: República da Guiné Bissau: algumas reflexões sobre perspectivas dos seus níveis de desenvolvimento económico-social através de um modelo de simulação


Resumo:

Sempre que se tenta formular uma politica de desenvolvimento nos países ditos subdesenvolvidos, depara-se com uma série de problemas que transcendem o sector exclusivamente económico: são os aspectos sociais e políticos, mais propriamente institucionais que também condicionam a estrutura global, tomando um papel “quase” dominante na formação de uma totalidade social concretamente determinada. Preocupados com os aspectos económicos, os dirigentes debruçam-se quase que exclusivamente sobre os problemas de industrialização ou não industrialização, modernização da agricultura, questões monetárias, estratégia do financiamento, etc. Em República da Guiné Bissau: algumas reflexões sobre perspectivas dos seus níveis de desenvolvimento económico-social através de um modelo de simulação defendemos que é preciso inevitavelmente urna filosofia do progresso para se chegar a uma definição soc1ológica do desenvolvimento. Mas esta filosofia .do progresso e do desenvolvimento deve apoiar-se nas realidades. Tentar definir o progresso: isoladamente sobre o plano económico, sobre o plano social, sobre o plano político, ou sobre o plano cultural, é esquecer-se do seu carácter eminentemente global e histórico.

 

Citação:

Rodrigues, Rui Neves da Costa .1985. “República da Guiné Bissau : algumas reflexões sobre perspectivas dos seus níveis de desenvolvimento económico-social através de um modelo de simulação”. Instituto Superior de Economia e Gestão. CEsA – Documentos de Trabalho nº 5/ 1985.

Moçambique : evolução de algumas instituições sócio-familiares

Working Paper 4/1985: Moçambique: evolução de algumas instituições socio-familiares


Resumo:

Moçambique : evolução de algumas instituições sócio-familiares foi inicialmente publicado, sob forma de artigo, no jornal Domingo de Maputo em outubro e novembro de 1984, altura em que teve lugar a Conferência Extraordinária da Organização das Mulheres Moçambicanas ( O. M. M. ) , dando lugar a um intenso debate nos meios intelectuais moçambicanos. Foi posteriormente revisto e nalguns pontos reformulado pelo seu autor para esta coleção de “Documentos de Trabalho”.
Aflorámos neste artigo alguns aspectos da problemática relacionada com as instituições familiares do passado e com as transformações nelas observadas ao longo dos diferentes períodos da História de Moçambique. As tomas estruturais e as dinâmicas de readaptação que essas mesmas instituições têm manifestado nos últimos anos são mais uma vez uma resposta às condições materiais da sua existência na situação que o País atravessou no último decénio. A luta pela emancipação da mulher inscreve-se neste contexto económico, social e político global, que a Lei (da Família, por exemplo) a Ideologia e a Organização não conseguirão alterar radicalmente por si só. Por outro lado, para que o desenvolvimento económico e social seja processo de profundas transformações, sem desfasamentos graves, é necessário um estudo rigoroso de todos estes fenómenos e instituições sociais e uma planificação rural em consequência.

 

Citação:

Medeiros, Eduardo .1985. “Moçambique : evolução de algumas instituições sócio-familiares”. Instituto Superior de Economia e Gestão. CEsA – Documentos de Trabalho nº 4/1985.

Estratégias de desenvolvimento comparadas na Guiné-Bissau : finais dos anos 60 e anos 80

Working Paper 3/1985: Estratégias de desenvolvimento comparadas na Guiné-Bissau: finais dos anos 60 e anos 80


Resumo:

Estratégias de desenvolvimento comparadas na Guiné-Bissau: finais dos anos 60 e anos 80 é para os autores um primeiro momento de reflexão sobre a Guiné-Bissau. As 20 páginas que se propuseram a escrever podiam facilmente ser multiplicadas: quer desenvolvendo com mais detalhe a situação dos anos sessenta, quer analisando alguns aspectos particulares da evolução pós-independência. Pensam que o eixo essencial da pesquisa deve orientar-se no sentido de estudar pormenorizadamente as alterações económico-sociais verificadas durante a guerra. Um facto que salta imediatamente á vista, por exemplo, é o da ruptura da auto-suficiência alimentar, que dando-se durante os anos sessenta nunca mais foi recuperada. Que factores estarão por detrás desta persistente crise alimentar? Serão apenas a guerra, num caso, e a seca mais o contrabando, no outro? Só uma vez compreendidas as transformações ocorridas nos anos sessenta é que poderemos distinguir o que foi a evolução “endogenamente” determinada do que foi evolução “endogenamente” determinada.
Este documento é, no essencial, o relatório apresentado pelo Dr Nuno Cassola em 1983-1984 na cadeira de “Experiências de Desenvolvimento em África” do Curso de Mestrado em Economia do ISEG. Os trabalhos de pesquisa foram elaborados sob a responsabilidade do Prof. Adelino Torres. Este relatório tem, voluntariamente, um caráter essencialmente empírico e circunscrito, mas apresenta momentos de reflexão interessantes – ainda que preliminares – tanto na articulação entre o período pré-independência (especialmente na época da governação do General António Spínola) e o período pós independência (anos 80 em particular) como na determinação de fatores que, com raízes no primeiro período, explicam e parecem condicionar fortemente o segundo.

 

Citação:

Cassola, Nuno. 1985. “Estratégias de desenvolvimento comparadas na Guiné-Bissau : finais dos anos 60 e anos 80” “. Instituto Superior de Economia e Gestão. CEsA – Documentos de Trabalho nº 3/1985.

Três estudos: da estratégia colonial à integração europeia

Working Paper 2/1985: Três estudos: da estratégia colonial à integração europeia


Resumo:

Em Três estudos: da estratégia colonial à integração europeia reproduzem-se três textos, de índole relativamente diferente mas de conteúdo, a nosso ver, complementar.
O primeiro -“LE RÔLE DU CAPITAL BANCAIRE DANS LES COLONIES PORTUGAISES DE L’ANGOLA ET DE ST. TOMÉ DE 1864 AU DEBUT DU XX5 SIECLE” – integrou-se no Colóquio “Business Empires in West-Central Africa” que teve lugar na School of Oriental and African Studies (SOAS) da Universidade de Londres, em Maio de 1982. De acordo com o organizador desse Colóquio, Prof. G. Clarence–Smith, esta comunicação, ainda que modificada nalguns pontos, tinha por base um capítulo da dissertação de doutoramento em Economia que apresentáramos em 1981 na Universidade Técnica de Lisboa. Em 1983 este texto foi publicado na revista African Economic History n° 12, editada pela Universidade de Wisconsin-Madison (E.U.A.).
O segundo – “ESTRATÉGIA COLONIAL PORTUGUESA E ESTRUTURAS ECONÓMICAS DE ANGOLA NOS ANOS 1960-1970” – constituiu uma contribuição ao Seminário “0 25 de Abril – Dez anos depois”, organizado pela Associação 25 de Abril de 2 a 5 de Maio de 1984, em Lisboa.
O terceiro – “L’IDENTITÉ HISTORIQUE PORTUGAISE FACE AUX NOUVEAUX DEFIS DE L’INTEGRATION EUROPEENNE” – foi apresentado no Colóquio “Europe -Identité Culturelle et Modernité” realizado pela revista FORUM dirigida pelo Prof. Laurent Schwartz, na Escola Politécnica, em Paris (de 1 a 3 de Junho de 1984).
Desejámos que os trabalhos inicialmente redigidos em francês tivessem agora uma redacção nova ou, pelo menos, deles fosse apresentada a versão em língua portuguesa. Infelizmente escasseia-nos o tempo: múltiplas tarefas académicas e de investigação não nos deixam a disponibilidade indispensável para o fazer.
Em qualquer caso estes estudos – os dois últimos sobretudo – devem ser vistos como simples abordagens preliminares. O segundo e o terceiro textos foram elaborados para o apertado número de páginas que este género de colóquios geralmente impõe. O seu objectivo era apenas colocar alguns parâmetros para a discussão pública que deveria seguir-se à apresentação das suas grandes linhas. A esse título, parece-nos justificado inseri-los numa colecção de «Documentos de Trabalho», submetendo-os à eventual discussão de colegas e estudantes a quem estas questões preocupam.

 

Citação:

Torres, Adelino. 1985. “Três estudos: da estratégia colonial à integração europeia”. Instituto Superior de Economia e Gestão. CEsA – Documentos de Trabalho nº 2/1985

WP 1/1984: Uma experiência de integração económica em África

Working Paper 1/1984: Uma experiência de integração económica em África


Resumo:

A coleção Documentos de Trabalho é constituída por pequenas monografias elaboradas por membros e colaboradores do CEsA/CSG/ISEG/ULisboa. Tais documentos têm caráter provisório e pretendem oferecer elementos de informação e reflexão científica sobre problemáticas económicas e sociais objeto de investigação deste Centro. A CEDEAO – Uma experiência de integração económica em África , partiu de um relatório de 1983-1984 por Eugénio Inocêncio e Manuel  Ennes Ferreira na cadeira de Organizações Económicas Internacionais (5º ano) lecionada pelo Dr. César Cortes na Licenciatura em Economia. Posteriormente, os seus autores reestruturaram o texto inicial com vista a integrá-lo nesta coleção. É essa segunda versão modificada que aqui se reproduz. O trabalho procura construir um enquadramento histórico e actual da CEDEAO, fornecendo elementos que sirvam como ponto de partida para o acompanhamento da sua evolução. Muito embora não pretenda ser um estudo teórico sobre a integração em África, cuidou-se de, à organização dos dados reputados como mais relevantes, juntar um conjunto de aspectos de índole mais abstrato tais como: i) relação de liderança regional ( Lagos/Dacar•Abidjan); ii) modificações na economia mundial e a integração económica em África; iii) a integração económica em África e o nacionalismo (regionalismo) económico africano.

 

Citação:

Inocêncio, Eugénio e Manuel Ennes Ferreira .1984. “Uma experiência de integração económica em África”. Instituto Superior de Economia. CEsA – Documento de Trabalho nº 1/84.

The Political Economy of the European Peripheries Summer School 2022 - Varieties of Peripheralization

The Political Economy of the European Peripheries Summer School 2022 está com chamada de trabalhos em aberto até 13 de maio


 

Escola de Verão 2022 da Associação Portuguesa de Economia Política, The Political Economy of the European Peripheries Summer School 2022 – Varieties of Peripheralization, está com chamada de trabalhos em aberto até 13 de maio. Os resumos dos trabalhos devem ser submetidos através de um formulário (acede aqui). O evento terá lugar em Avis, de 3 a 7 de julho de 2022, e é apoiado pelo CEsA (CSG/ISEG/ULisboa). O programa completo e mais informações estão no site do evento (aqui).

Sobre o evento

A Escola de Verão 2022 visa avaliar e discutir as variadas dinâmicas de periferização, que estão sendo moldadas e reformuladas por processos de integração global e regional, de transformação estrutural e de desequilíbrios, viz-à-viz o centro. Teoricamente, revisitará e combinará vertentes até então desconexas da literatura relevante, mobilizando conceitos como núcleo, periferia e semiperiferia, transformação estrutural ou causalidade cumulativa, reconhecendo a configuração assimétrica do processo de integração europeu ou as trajetórias desiguais e dependentes do desenvolvimento, e o renovado interesse pela política industrial e pelo papel do Estado, ampliado pelas crises em curso.

A Political Economy of the European Peripheries Summer School 2022 – Varieties of Peripheralization destina-se a estudantes de mestrado e doutoramento, ou jovens investigadores em início de carreira. Os participantes terão a oportunidade de se envolver com os principais acadêmicos e colegas, por meio de trabalho e discussão em grupos, e apresentar e discutir suas próprias pesquisas e seus trabalhos de pesquisa. Serão promovidos momentos informais de conversação. A língua de trabalho é o inglês. A Escola de Verão 2022 promove a reflexão sobre as variadas dinâmicas de periferização com um grupo de cientistas nacionais e internacionais numa perspectiva interdisciplinar, desenvolvendo uma estreita relação entre ciência, sociedade e cultura. A Escola de Verão decorrerá em Avis, inclui algumas das suas atividades em articulação com oradores não académicos, atores institucionais do território e artistas.

Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt) com informações da EcPol
Imagem: EcPol/Reprodução

2nd Meeting of Young Lusophone Commonwealth Researchers on Africa 2022 is open for registrations

II Encontro de Jovens Investigadores da CPLP sobre África 2022 abre inscrições e divulga programa


O CEsA (CSG/ISEG/ULisboa) irá realizar entre os dias 25 e 27 de maio de 2022, na Lisbon School of Economics and Management (ISEG/ULisboa), em Lisboa, o II Encontro de Jovens Investigadores da CPLP sobre África 2022. A 2ª edição do Encontro já divulgou o programa (acede AQUI) e está com inscrições em aberto (inscreve-te AQUI). O evento decorrerá em formato híbrido (presencial no ISEG, em Lisboa, e online), com entrada livre.

Sobre o evento

Neste 2º ano, o II EJICPLP sobre África consolida-se como um espaço de promoção e divulgação de trabalhos de jovens investigadores na área de Estudos Africanos em Língua Portuguesa para debaterem a ciência numa perspetiva multidisciplinar relativamente a África.

Celebrando o Dia Internacional de África, que se comemora a 25 de maio, a 2ª edição do Encontro tem como temática a INOVAÇÃO, tendo como objetivo debater o papel da ciência na inovação em África. Visa-se aprofundar e saber até que ponto a investigação científica sobre África tem produzido ou trazido inovação ao continente Africano, bem como debater a possível necessidade de se reformular questões e metodologias de investigação científica, numa perspetiva inovadora e pragmática, que permita a apropriação dos resultados destes estudos no quotidiano das sociedades africanas.

Sobre o programa

O programa conta diariamente com dois momentos demarcados, sendo as manhãs dedicadas a especialistas de renome nas geografias onde se fala a língua portuguesa, num debate de ideias ao mais alto nível e as tardes destinadas à apresentação de trabalhos científicos por investigadores dos vários países da CPLP dando voz e promovendo novos estudos de investigação.

Destacamos a presença de personalidades distintas de toda a CPLP, como Filomeno Forte (Angola), Marina Alkatir (Timor-Leste), Leila Leite Hernandéz (Brasil), Miguel de Barros (Guiné Bissau), Fernando Jorge Cardoso (Portugal) e Isabel Castro Henriques (Portugal), entre várias outras, reforçando os princípios da diversidade, inclusão e representatividade de todos os países de expressão de língua portuguesa.

Os temas em análise são multidisciplinares e abordam questões como: Empoderamento da mulher africana (25 maio); Aproximação da investigação científica à agenda de decisores políticos (25 maio); Inovação financeira e energética na investigação em África (26 maio); Inovação com a tradição (26 maio); e Enquadramento científico da Rota da Lisboa Africana (27 maio).

Assiste ao vídeo de divulgação abaixo:

II Encontro de Jovens Investigadores da CPLP
25, 26 e 27 de maio de 2022, no ISEG/ULisboa, em Lisboa
Formato híbrido (presencial e online)
Participação gratuita e aberta ao público mediante inscrição aqui.
Visite o site.
Para mais informações, envie um email.
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You Tube.

Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt) com informações do IIEJICPLP
Imagem: IIEJICPLP/Reprodução

Sino-Mozambican rice project

Class, politics and dynamic accumulation processes around the Sino-Mozambican rice project in the lower Limpopo, 2005–2014


Class, politics and dynamic accumulation processes around the Sino-Mozambican rice project in the lower Limpopo, 2005–2014 de Ana Sofia Ganho situa uma lente política de economia marxista no desenvolvimento do projecto do arroz de Sino-Moçambicano no vale do baixo Limpopo. Centrando-se num período de tempo definido, 2005-14, interroga as formas como as dinâmicas de classe moldaram, e foram moldadas pelo modelo de cooperação para o desenvolvimento da China para Moçambique, e examina os interesses de acumulação moçambicanos em mudança no contexto de aumentos repentinos dos preços dos produtos agrícolas. O artigo pretende compreender como este projecto se relaciona com a estratégia dominante de Moçambique para a acumulação de capital, tal como a dinâmica que tem permitido para as facções capitalistas no poder. Mas procura também compreender a dinâmica de diferenciação rural que o projecto gerou, particularmente no que diz respeito ao desiderato de criar um novo grupo de capitalistas rurais. Juntamente com os desafios historicamente situados, isto pode fornecer informação crucial sobre a(s) forma(s) que a questão agrária da transição para uma agricultura capitalista está a assumir em Moçambique.

 

Resumo:

O presente estudo aborda o projeto sino-moçambicano de produção orizícola no baixo Limpopo de uma perspetiva de economia política internacional, examinando como as relações de classe moldaram e foram moldadas por tendências globais, pelos recursos chineses e por interesses dinâmicos de acumulação moçambicanos entre 2005 e 2014. O artigo argumenta que o projeto tem servido os interesses expansionistas do grupo capitalista dirigente, limitando as possibilidades fundiárias ao nível do governo provincial. Argumenta igualmente que o plano local de transformar pequenos produtores em capitalistas rurais por via dos métodos ‘modernos’ chineses não confronta a interdependência histórica da agricultura comercial e do chamado setor familiar, assim como a diversidade de fontes de rendimento para a reprodução da alimentação e mão de obra.

 

Citação:

Ganho, Ana Sofia (2022) Class, politics and dynamic accumulation processes around the Sino-Mozambican rice project in the lower Limpopo, 2005–2014, Review of African Political Economy, 49:171, 107-137, DOI: 10.1080/03056244.2022.2050557

 

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Inovação e mudança nas Organizações

Inovação e mudança nas Organizações Não-Governamentais de Desenvolvimento (ONGD) Portuguesas


Inovação e mudança nas Organizações Não-Governamentais de Desenvolvimento (ONGD) Portuguesas de Ana Luísa Silva e Renata Assis centra-se na inovação para o desenvolvimento no contexto das ONGD portuguesas. Dada a diversidade de interpretações que o conceito de inovação suscita por si só, o estudo começou por mapear as perspetivas, práticas e cultura de inovação dos atores em análise. Desta forma, procurou-se averiguar o que é a inovação para as ONGD portuguesas? Que prioridade dão à inovação? Que obstáculos enfrentam? E que razões levam as ONGD portuguesas a querer (ou a não querer) inovar?

 

Resumo:

Este estudo centra-se na inovação no contexto da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID) – inovação para o desenvolvimento – a partir das perspetivas das Organizações Não-governamentais de Desenvolvimento (ONGD) portuguesas. Diante da diversidade de interpretações que o conceito de inovação pode apresentar, qualquer análise sobre o tema deve começar por identificar as perspetivas e práticas do(s) ator(es) em análise. Desta forma, a análise é guiada pelas perguntas: o que significa inovação para as ONGD portuguesas? Que prioridade dão à inovação? Que obstáculos enfrentam? Que tipos de inovação desenvolvem e implementam? Que razões levam as ONGD portuguesas a querer (ou a não querer) inovar? Sendo este o primeiro estudo alargado sobre inovação nas ONGD portuguesas, procurou-se fazer um mapeamento da cultura, capacidade, estruturas de apoio à inovação existentes nas ONGD portuguesas e também identificar os obstáculos/constrangimentos à inovação nestas organizações. O estudo foi realizado através de um inquérito por questionário online, que obteve respostas de 46 organizações no período de 9 a 26 de novembro de 2021. A amostra incluiu organizações com uma grande variedade de estruturas organizacionais, de acordo com a diversidade do universo de 163 ONGD portuguesas. Os resultados do inquérito mostram que a inovação está muito presente na agenda, estratégias e prioridades das ONGD inquiridas: para a grande maioria (88%) é uma prioridade “Alta” ou “Muito Alta” no âmbito do trabalho que desenvolvem. Os inquiridos mostram perspetivas amplas e multifacetadas na definição de inovação. No entanto, para as ONGD que responderam ao inquérito, a inovação é vista principalmente como uma ferramenta para melhorar processos, aumentar a eficiência e o impacto do seu trabalho. Inovações potencialmente disruptivas capazes de levar à mudança sistémica são pouco frequentes nos exemplos identificados. Além disso, embora se considerem inovadoras, as ONGD inquiridas também identificam obstáculos importantes à inovação, nomeadamente ao nível do financiamento e recursos humanos disponíveis – 73% afirmam não ter nenhum tipo de orçamento disponível para inovação. O estudo termina com um conjunto de reflexões e identifica caminhos possíveis para ajudar a construir um contexto mais propício à inovação para o desenvolvimento, em particular nas ONGD portuguesas. É importante que a inovação seja vista e abordada enquanto uma abordagem de construção de mudança social e sistémica, pelo que é fundamental apostar nas parcerias e no trabalho conjunto. Entre os caminhos possíveis apresentados destaca-se a criação de um grupo de trabalho multi-ator dedicado ao tema, a criação de um fundo para financiar projetos de inovação para o desenvolvimento e a aposta na formação e capacitação de colaboradores de ONGD.

 

Citação:

Silva, Ana Luísa e Renata Assis (2022). Inovação e mudança nas Organizações Não-Governamentais de Desenvolvimento (ONGD) Portuguesas. Lisboa: CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento/ISEG

 

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