CESA

Working Paper 92/2011: História social e económica dos ismailis de Moçambique – Século XX
Resumo:
A historiografia recente em torno da presença indiana em Moçambique e nos territórios da África Oriental e Centro Oriental é unânime em evidenciar a sua vocação comercial no contexto da ocupação colonial dos séculos XIX/XX. No caso de Moçambique as fontes documentais disponíveis do tempo da colonização portuguesa atestam a sua importância quer no mundo rural, assegurando a monetarização dos produtos da agricultura africana, essenciais à manutenção da economia de exportação colonial, quer na dinamização de um segmento importante do comércio de retalho em contexto urbano, direccionado a um espectro amplo e heterogéneo de consumidores que estruturavam o mercado interno no tempo colonial. As análises inspiradas em tais fontes privilegiam um enfoque macro histórico da acção e inscrição espacial daqueles agentes económicos e raramente dão conta da natureza heterogénea das comunidades indianas em contexto moçambicano, do ponto de vista religioso e sócio económico. Esta sua invisibilidade respeita a práticas económicas que lhes são próprias, os processos que conduzem à sua integração na sociedade colonial, e oculta também a natureza das relações existentes no seu seio ou resultantes da sua interacção com as sociedades africanas, os agentes económicos europeus e a administração colonial. O que evidencia a necessidade da construção de uma nova história da colonização a partir do testemunho dos membros das diferentes comunidades indianas originárias de Moçambique permitindo alargar e enriquecer a visão redutora das percepções holísticas consagradas pela historiografia económica da colonização, a partir do único recurso a fontes escritas. Foi a intenção de responder a este desafio que nos conduziu a fazer História social e económica dos ismailis de Moçambique – Século XX e recolher narrativas de memória junto a membros da comunidade indiana Ismaili, presentes em Moçambique no período colonial do Estado Novo (1930-74).
Citação:
Leite, Joana Pereira e Nicole Khouri. 2011. “História social e económica dos ismailis de Moçambique – Século XX”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA Documentos de Trabalho nº 92-2011.

Working Paper 91/2011: Les départs des Ismailis du Mozambique: Réflexions sur le départ d’une communauté et sa relation au secret
Resumo:
Questionados sobre as suas relações com os diferentes grupos que constituíram a sociedade colonial moçambicana durante as últimas décadas da colonização portuguesa, membros da comunidade ismaelita falaram da sua partida, ocorrida entre 1973 e 1976, como parte de uma escansão “natural” que fecharam sua instalação na colônia por duas ou três gerações. Falar de uma saída comunitária e organizada revelou-se uma tarefa muito delicada, como se os atributos desse evento remetessem a algo proibido ou difícil de dizer a estranhos, neste caso a investigadores. A questão de uma partida coletiva de toda uma comunidade abriu primeiro a porta para muitas interpretações ligadas à história imediata desse evento. É de notar que, em primeiro lugar, a mobilização para uma partida colectiva por parte da comunidade Ismaili antes do mês de Abril 1974, poderia ter perturbado grandemente o regime colonial português, que ainda não acreditava que estivesse a chegar ao fim em Moçambique. A organização desta partida como um facto colectivo devolveu-lhe o sinal da irreversibilidade de um tempo e o toque de morte da ordem colonial. Será que a comunidade Ismaili traiu o governo da colónia ao tomar esta acção mesmo antes da queda do regime colonial? Se o seu líder, o Aga Khan III, não tivesse assegurado ao governo de Salazar a sua comunidade da lealdade da sua comunidade para com a direcção da política portuguesa? Visto do lado moçambicano, teria a partida colectiva traído as populações africanas em cujas terras esta comunidade tinha florescido? Teria também traído os moçambicanos brancos que tinham ficado e assim feito uma escolha diferente? Que tinha feito uma escolha diferente? Escusado será dizer que para a Frelimo, sair significou obviamente trair os ideais da luta pela independência. Les départs des Ismailis du Mozambique: Réflexions sur le départ d’une communauté et sa relation au secret pretende relacionar a partida colectiva e organizada da comunidade Ismaili de Moçambique entre Janeiro de 1973 e Dezembro de 1976, o elemento central do segredo, com as suas várias manifestações nas narrativas dos Ismailis entre 1973 e Dezembro de 1976, a peça central do segredo, com as suas diferentes variações nas contas das partidas dos seus próprios membros.
Citação:
Khouri, Nicole, Joana Pereira Leite e Maria José Mascarenhas. 2011. “Les départs des Ismailis du Mozambique: Réflexions sur le départ d’une communauté et sa relation au secret”. Instituto Superior de Economia e Gestão. CEsA – Documentos de Trabalho nº 91/2011.

Working Paper 90/2011: Dinâmicas de mundialização na América Latina: o Cone Sul e as inversões ibéricas
Resumo:
Dinâmicas de mundialização na América Latina: o Cone Sul e as inversões ibéricas tem o objetivo de analisar em perspectiva os processos de integração por que passou a América Latina, particularmente o Cone Sul 1, no largo processo de formação da economia mundial desde a expansão que incorporou o continente americano ao desenvolvimento capitalista até o início do século XXI. A ênfase está colocada a partir dos anos oitenta do século passado, quando se inicia uma outra forma de integração, marcada pela abertura comercial e financeira, assim como por uma crescente integração dos mercados acompanhada pela formação de blocos econômicos no plano mundial e regional. Será abordado mais detidamente as lógicas espaciais e as relações do Cone Sul como destino do investimento direto estrangeiro (IDE) originado da Espanha e Portugal. Este é um aspecto que ressaltamos: do ponto de vista do impacto dos investimentos, o Cone Sul é visto como uma realidade mais ibérica do que europeia ou exclusivamente americana, como foi até o início dos anos noventa. Ou seja, sublinhamos a particularidade da opção ibérica por uma estratégia seletiva de internacionalização de suas empresas, saindo da lógica tradicional ao avançar para um espaço periférico fora dos circuitos da Tríade (EUA, Japão e União Europeia); ao contrário, e de modo diferente dos demais países europeus, possibilitando um caminho de integração que é o que resulta da internacionalização das empresas e a economia no espaço mundial.
Citação:
Gómez Olivares, Mario e Cezar Guedes. 2011. “Dinâmicas de mundialização na América Latina: o Cone Sul e as inversões ibéricas”. Instituto Superior de Economia e Gestão .CEsA – Documentos de Trabalho nº 90/2011

Doutorandos em Estudos de Desenvolvimento e investigadores do CEsA aprimoram boas práticas de escrita em retiro de escrita académica saudável
Alunos do Programa de Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento (PDED) (ISEG/ICS/IGOT/ISA) e investigadores do CEsA e do ISEG reuniram-se nos dias 22 e 23 de junho de 2022 em um retiro de escrita académica saudável. O Healthy Academic Writing Retreat foi facilitado pela Drª Joana Pais Zózimo (Lancaster University Management School) na Brotéria e contou com o apoio do CEsA.
Os dois dias de intensa aprendizam foram dedicados à metodologia Structured Writing Retreat (SWR), desenvolvida pela Professora Rowena Murray (University of the West of Scotland), e trazida para Portugal pela Drª Joana Pais Zózimo. Este método fornece o tempo, o espaço e a estrutura necessários para que os participantes possam progredir em projectos de redação académica, e ao qual Joana adicionou a vertente de saúde e bem-estar.
Joana Pais Zózimo explica que o diferencial da abordagem é o foco saudável e alegre, além de fornecer um espaço de escrita apoiado no compromisso dos participantes e na ausência de distrações. “O tempo de escrita amplo e focado é apoiado por movimentos e intervalos para lanches e refeições e oportunidades para discutir a escrita com o grupo de outros escritores”, diz Zózimo.
Alguns objetivos específicos da aprendizagem foram: melhorar a atitude em relação à prática de escrita, aumentar a confiança em enfrentar desafios académicos e reinterpretar quantidades significativas de escrita para produzir resultados realistas (definição de metas), diminuindo os níveis de estresse e ansiedade, e fornecer perspetivas nas realizações académicas (replicar o método), para além de estabelecer boas conexões colaborativas dentro do grupo participante.
Testemunhos sobre o Healthy Academic Writing Retreat
Silvia Amaral, aluna do 2º ano do Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento (ISEG/ICS/IGOT/ISA)
O Healthy Academic Writing Retreat foi uma experiência nova para mim. Foi a primeira vez que me juntei a um grupo para escrever, e escrever de forma estruturada. Embora eu tenha autodisciplina para o trabalho, aprendi a fazê-lo de uma maneira mais saudável e, portanto, eficaz. Os slots estruturados de 60 minutos de escrita ininterrupta passaram muito rápido. É, simultaneamente, tempo suficiente para obter um bom fluxo de escrita, mas não muito longo para ficar cansado ou entediado. E se você levantar a cabeça, verá seus colegas trabalhando focados e isso lhe dará motivação extra para continuar. Os intervalos de 20 minutos entre as sessões ajudam a descansar o cérebro e relaxar o espírito, com a oportunidade de conversar com os colegas sobre o trabalho ou qualquer outro assunto.
O local onde decorreu o workshop – um edifício histórico no centro de Lisboa – também contribuiu para o seu sucesso. Trabalhamos melhor em um local agradável com muita luz natural, boa ventilação, cercado de uma bela decoração e em boa companhia de colegas motivados. No geral foi uma experiência muito boa, também graças à liderança calma e organizada da facilitadora, e teve um impacto muito positivo na minha produção, não só durante esses dois dias, mas também pela forma como vou organizar o meu trabalho daqui para a frente. Obrigado CEsA por organizar isso!
Cosmas A. BA-ANA-ITENEBE, aluno do 2º ano do Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento (ISEG/ICS/IGOT/ISA)
Achei o retiro de escrita muito enriquecedor e orientado ao foco. A metodologia foi bastante original e inovadora, o que realmente faz com que você se concentre e escreva. O fato de também estar na companhia de outras pessoas focadas realmente o impulsiona a escrever e se envolver. As pausas curtas e lanches saudáveis foram realmente incríveis. Também achei que o local escolhido para o retiro foi ótimo. O fato de outras pessoas irem lá para estudar deu mais sabor ao retiro e colocou-nos em modo de estudo. O fato de a Joana não ser apenas uma facilitadora, mas também participar da redação e compartilhar sua experiência foi único e surpreendente.
No entanto, para mim, pensei que aprenderia técnicas de escrita. Sugiro aos facilitadores e organizadores ajudarem os participantes a se prepararem com antecedência, como fazer algumas pesquisas iniciais para saber sobre o que e como os participantes escrevem.
Xin Su, aluna do 1º ano do Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento (ISEG/ICS/IGOT/ISA)
No Healthy Academic Writing Retreat escrevemos juntos, estabelecemos metas concretas e nos dedicamos à escrita, o que me ajudou muito. O ambiente da oficina também foi muito descontraído e agradável, e a professora foi muito gentil e cuidou do progresso de cada aluno. Também foi uma experiência muito agradável conversar com meus colegas entre as sessões de redação e no almoço.
Dicas de Joana Pais Zózimo para uma escrita académica saudável
Objetivos de escrita:
- Tenha uma ideia clara do projeto de redação em que deseja trabalhar.
- Esboce um plano básico (talvez esboce uma meta/resultado final) para as sessões de redação planeadas; se não tiver certeza do que deseja alcançar, gaste cerca de 20 a 30 minutos escrevendo ou fazendo mapas mentais.
- Complete a leitura relevante e faça anotações.
- Faça download de todos os materiais necessários para evitar visitas desnecessárias à internet.
Objetivos de bem-estar:
- Faça o que puder para garantir um ambiente confortável e livre de distrações:
- Certifique-se de que os outros saibam quando está ocupado e quando está de folga.
- Certifique-se de que o espaço de trabalho é o mais ergonômico possível e que tudo o que é preciso está à mão (por exemplo, notas, artigos, papel para anotações, canetas, lápis, etc.).
- Planeie lanches e bebidas saudáveis e nutritivos com antecedência para que possa apreciá-los sem pressa. Evite alimentos muito pesados ou doces.
Para mais informações, contacte: zozimojoana@gmail.com (e-mail), +351 962392825 ou +447578609287 (whatsapp).
Autor e imagens: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)

Assista às apresentações dos Seminários “Topics in Development Studies 2022”
O Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG/ULisboa), o Instituto Superior de Agronomia (ISA/ULisboa), o Instituto de Ciências Sociais (ICS/ULisboa) e o Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT/ULisboa), com o apoio do Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/ULisboa), corganizaram os Seminários “Topics in Development Studies”. Os seminários foram uma iniciativa no âmbito do Programa de Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento (PDED). As sessões dos Seminários “Topics in Development Studies 2022” foram transmitidas on-line por Zoom, do dia 14 de março de 2022 até o dia 6 de junho de 2022. As transmissões estão salvas no canal do CEsA no YouTube (aceda neste link). Assista aqui:
“Decline Processes in Technologial Innovation Systems: lessons from energy technologies”, Nuno Bento (IP Viseu/ISCTE-IUL/IGOT), 9 de maio de 2022.
Seminário/Seminar “Topics in Development Studies” 2022. 9 de maio de 2022 | May 9th 2022. Tema/Theme: “Decline Processes in Technologial Innovation Systems: lessons from energy technologies”. Oradora/Speaker: Nuno Bento (IP Viseu/ISCTE-IUL/IGOT). O seminário é uma iniciativa no âmbito do Programa de Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento (PDED) (ISEG/ISA/IGOT/ICS). The seminar is an initiative within the scope of the PhD Program in Development Studies (PDED)(ISEG/ISA/IGOT/ICS).
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“Four Crises in Global Neoliberalism: economy, politics, health, environment”, Alfredo Saad-Filho (King’s College, UK/ISEG), 23 de maio de 2022.
Seminário/Seminar “Topics in Development Studies” 2022. 23 de maio de 2022 | May 23rd 2022. Tema/Theme: “Four Crises in Global Neoliberalism: economy, politics, health, environment”. Orador/Speaker: Alfredo Saad-Filho (King’s College, UK/ISEG). O seminário é uma iniciativa no âmbito do Programa de Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento (PDED) (ISEG/ISA/IGOT/ICS). The seminar is an initiative within the scope of the PhD Program in Development Studies (PDED)(ISEG/ISA/IGOT/ICS).
“Smallholder’s Food Security Under Climate Change in Africa: a farming systems approach”, Mariam Abbas (ISA), 6 de junho de 2022.
Seminário/Seminar “Topics in Development Studies” 2022. 6 de junho de 2022 | June 6th 2022. Tema/Theme: “Smallholder’s Food Security Under Climate Change in Africa: a farming systems approach”. Oradora/Speaker: Mariam Abbas (ISA). O seminário é uma iniciativa no âmbito do Programa de Doutoramento em Estudos de Desenvolvimento (PDED) (ISEG/ISA/IGOT/ICS). The seminar is an initiative within the scope of the PhD Program in Development Studies (PDED)(ISEG/ISA/IGOT/ICS).
Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)

Working Paper 89/2011: Das limitações do PIB enquanto indicador às necessidades de medição dos níveis de desenvolvimento
Resumo:
Das limitações do PIB enquanto indicador às necessidades de medição dos níveis de desenvolvimento procura problematizar algumas limitações e insuficiências dos utensílios tradicionais de medição da performance económica e de desenvolvimento dos Estados, como o Produto Interno Bruto (PIB) Comenta-se sinteticamente alguns índices que, com vários âmbitos, tentam complementar esta grandeza. Salienta-se a necessidade da consolidação e do estímulo do aperfeiçoamento de indicadores e medidas alternativas, de forma a diminuir as deficiências existentes nas actuais medições do desenvolvimento que servem de referência. Utilizando enquanto válida a definição de economia de alocação de recursos escassos a necessidades ilimitadas, chegamos a uma concepção de política económica enquanto a actuação dos poderes públicos em domínios económicos destinada à obtenção de resultados previamente escolhidos (Amaral, 1996). Interessa, então, reflectir sobre o facto de que, sem a construção de instrumentos e indicadores estatísticos que permitam avaliar as consequências e interpretar os resultados decorrentes da acção política, dificilmente será possível uma orientação consistente da tomada de decisão de política económica. É neste âmbito que encetamos o nosso ensaio com uma meditação a propósito da eventual debilidade do indicador de actividade económica mais utilizado pelos economistas e políticos mainstream.
Citação:
Damásio, Bruno e Luís Mah. 2011. “Das limitações do PIB enquanto indicador às necessidades de medição dos níveis de desenvolvimento”. Instituto Superior de Economia e Gestão. CEsA – Documentos de Trabalho nº 89/2011.

Working Paper 88/2010: A diáspora cabo-verdiana: percepções e redefinições a partir do arquipélago
Resumo:
Utilizando enquanto válida a definição de economia de alocação de recursos escassos a necessidades ilimitadas, chegamos a uma concepção de política económica enquanto a actuação dos poderes públicos em domínios económicos destinada à obtenção de resultados previamente escolhidos (Amaral, 1996). Interessa, então, reflectir sobre o facto de que, sem a construção de instrumentos e indicadores estatísticos que permitam avaliar as consequências e interpretar os resultados decorrentes da acção política, dificilmente será possível uma orientação consistente da tomada de decisão de política económica. É neste âmbito que encetamos o nosso ensaio com uma meditação a propósito da eventual debilidade do indicador de actividade económica mais utilizado pelos economistas e políticos mainstream. A diáspora cabo-verdiana: percepções e redefinições a partir do arquipélago procura problematizar algumas limitações e insuficiências dos utensílios tradicionais de medição da performance económica e de desenvolvimento dos Estados, como o Produto Interno Bruto (PIB) Comenta-se sinteticamente alguns índices que, com vários âmbitos, tentam complementar esta grandeza. Salienta-se a necessidade da consolidação e do estímulo do aperfeiçoamento de indicadores e medidas alternativas, de forma a diminuir as deficiências existentes nas actuais medições do desenvolvimento que servem de referência.
Citação:
Évora, Iolanda. 2010. “A diáspora cabo-verdiana: percepções e redefinições a partir do arquipélago”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA – Documentos de trabalho nº 88/2010.

Working Paper 87/2010: Mercado e trabalho: questões de género
Resumo:
Mercado e trabalho: questões de género tem por base reflexões suscitadas em observações efetuadas em feiras e mercados de Cabo Verde e Guiné-Bissau, no âmbito do projeto Visita Exploratória intitulado “Feiras livres e mercados no espaço lusófono: trabalho, sociabilidade e geração de renda”. Nesse projeto, investigadores do Brasil (a Profa Leny Sato), de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, visitaram feiras e mercados nos 3 países e tinha por objetivo conhecer aspectos importantes das dinâmicas cotidianas dessas ações organizativas, dos processos que ali organizam o trabalho e de algumas trajetórias de vida de trabalhadores e agentes que constroem micro-empreendimentos nesses contextos organizacionais. As reflexões que aqui trago centram-se, sobretudo, em situações observadas em Cabo Verde e na Guiné-Bissau, porque nestes dois países ficou muito mais visível a divisão de trabalho a partir da categoria género, enquanto a feira de São Paulo mostra muito mais o trabalho como ocupação da família. A demanda por desenvolvimento, autonomia e igualdade de oportunidades em países recém-independentes como Cabo Verde e Guiné-Bissau introduz-se no âmago da relação inter-humana e a dinâmica da igualdade acabou por introduzir-se num domínio por muito tempo escamoteado: as relações entre homens e mulheres. Nesses países, no período do socialismo e atualmente – que muitos denominam de pós-socialista -, com o novo projeto de sociedade, procura-se demonstrar a equivalência entre os sexos de forma inequívoca no domínio público, intelectual e social, com leis mais favoráveis ao estatuto jurídico da mulher que trabalha, e ao mesmo tempo, aposta-se no investimento no domínio profissional da mulher. As mudanças de caráter político nesses dois países vão além das mudanças em relação ao acesso ao emprego e englobam a construção de novos significados para o trabalho e as atividades na família, bem como as mudanças no sentido feminino do lugar das mulheres na sociedade. Ou seja, nos novos contextos políticos, assistimos ao desenho de novas fronteiras entre as esferas do trabalho e da família, mas é importante assinalar que as mudanças nas relações entre trabalho e família têm consequências diferentes para homens e mulheres na vida real.
Citação:
Évora, Iolanda. 2010. “Mercado e trabalho: questões de género”. Instituto Superior de Economia e Gestão. CEsA – Documentos de Trabalho nº 87/2010.

Working Paper 86/2010: Discursos sobre a diáspora cabo-verdiana: o olhar de quem ficou
Resumo:
O interesse no tema de Discursos sobre a diáspora cabo-verdiana: o olhar de quem ficou inclui-se na nossa proposta mais ampla de estudos sobre a migração caboverdiana e, mais especificamente, dentro deste campo, na intenção de aprofundar o conhecimento sobre o posicionamento dos diferentes grupos ou segmentos sociais em relação à migração cabo-verdiana, dentro e fora do país. A ideia é sublinhar que o campo da migração cabo-verdiana é muito complexo, que mostra-se propício à reprodução das divisões sociais e de classe que nascem no arquipélago, não podendo, portanto, ser abordado como se sobre ele todos os cabo-verdianos e descendentes tivessem a mesma perspectiva e expectativa. Neste sentido, as próprias concepções generalistas sobre a migração cabo-verdiana devem ser entendidas como resultado de disputas entre grupos para imposição das suas concepções sobre a migração. Em relação a Cabo Verde, a ênfase sempre recaiu na formação de uma identidade especificamente diaspórica pela qual, de forma aparentemente paradoxal, o cimento seria constituído pela dispersão espacial e a referência comum a uma origem quase mítica de uma terra-mãe madrasta. De forma imaginária, tornaram positiva a caboverdianidade diaspórica, mas em nome das condições adversas na origem, esse mal inicial, atribuíram-se dons excepcionais a esse povo disperso advindos de um destino ingrato.
Citação:
Évora, Iolanda. 2010. “Discursos sobre a diáspora cabo-verdiana: o olhar de quem ficou”. Instituto Superior de Economia e Gestão. CEsA – Documentos de Trabalho nº 86/2010.

Working Paper 85/2010: Manual básico do PASW
Resumo:
O texto deste pequeno Manual básico do PASW começou a ser construído para uma formação na Guiné- Bissau, em 1999, no âmbito do projecto “Observatório do Bem-estar num bairro sub urbano de Bissau” financiado pelo Ministério do Trabalho e Solidariedade (actual Ministério do Trabalho e Segurança Social) e executado pela ONG guineense Associação para o Desenvolvimento (AD). Pretende-se explanar um modo rápido e eficaz de se utilizar o PASW Statistics 18 (ex-SPSS) no manejamento e análise de dados. Ou seja, a forma como a abordagem de dados pode ser realizada no domínio das ciências sociais utilizando a estatística descritiva. Salienta-se a melhor forma de contornar diversas vicissitudes intrínsecas ao processo de elaboração de uma base de dados no programa em questão. Frisa-se não só a introdução de conceitos estatísticos elementares, bem como a sua aplicação no âmbito dos procedimentos inerentes ao tratamento de informação recolhida em contexto de inquérito. Este Manual é uma obra evolutiva que foi expressamente construída para ensinar em África o apuramento estatístico de dados a pessoas com esse tipo de trabalho e com preocupações muito práticas, de forma a esses técnicos terem as suas capacidades alargadas de forma sustentada, sem aumentar a sua dependência do exterior.
Citação:
Sangreman, Carlos . Nuno Cunha e Bruno Damásio. 2010. “Manual básico do PASW”. Instituto Superior de Economia e Gestão. CEsA – Documentos de Trabalho nº 85/2010.