CESA

Brief Paper 1/1995: Como Analisar a Governação
Resumo:
Apesar da temática de Como Analisar a Governação ainda estar no inicio da discussão na comunidade cientifica, há um conjunto de critérios que parecem emergir, pouco a pouco, como consensuais. Para alguns deles ainda existe o problema de quais os indicadores a utilizar, como quantificar ou qual a escala normativa a definir para os avaliar, havendo poucas aplicações práticas de análise a países concretos. E uma investigação a ser feita. Os critérios de avaliação da governação podem sintetizar-se em cinco grupos, que podem aplicar-se à noção de Estado Contrato e a uma versão mais suave do Estado Arena, onde os grupos de interesse que detenham o poder assumam a posição do senhor medieval com obrigação de velar pelo bem estar do povo, mas sem esquecer nunca que a sua família e os que lhe estão próximos estão primeiro. Ninguém é plenamente representado por outro, e quanto mais longe esse outro está cultural e fisicamente mais enfraquece a ligação. Assim a população que sente os deputados em Lisboa ou Estrasburgo como afastados dos seus problemas, tende socialmente a ter comportamentos de defesa, ataque ou procura de alternativas sempre com pouco crédito para quem está longe e não se conhece.
Citação:
Sangreman, Carlos. 1995. “Como analisar a governação”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA Brief Papers nº 1-1995.

Brief Paper 2/1995: A Constituição do Estado Moderno em África: O problema das fronteiras: a propósito de um artigo de Wole Soynka
Resumo:
A constituição do Estado moderno em África aparece inevitavelmente ligada à Conferência de Berlim e, inevitavelmente também, surge, à posteriori, carregada de uma simbologia que a caracteriza como um dos acontecimentos principais da historiografia da África moderna. Tal ideia parece-nos um pouco exagerada, como é aliás apontado por Elikia M ‘BOKOLO em “Afrique Noire Histoire et Civilisations”, já que se, por um lado, a Conferência resulta essencialmente de uma iniciativa alemã, potência que comparativamente às outras suas congéneres europeias tinha menores interesses em Africa, por outro, ela de facto corresponde, grosso modo, à regulação de questões decorrentes da exploração comercial dos territórios que cada país reivindicava para a sua esfera de influência, tendo, por isso, assumido uma importância relevante a ocupação efectiva desses territórios por parte das potências administrantes. Esta questão da ocupação efectiva veio na realidade a tornar-se o núcleo de outras questões fulcrais no jogo das potências europeias e no confronto dos seus interesses, mas foi, sobretudo, a origem de uma polémica que até aos nossos dias não tem cessado de inquietar a opinião pública internacional, assumindo-se igualmente no lado africano como um dos pontos principais no que toca à sua evolução política, económica e social. Na verdade, o problema da intangibilidade das fronteiras tem-se tornado, especialmente no decurso destes últimos tempos e após a ascensão à independência da maioria das nações africanas, num dos problemas que mais preocupações tem posto às entidades nacionais e às instâncias internacionais. A constituição do Estado Moderno em África: O problema das fronteiras: a propósito de um artigo de Wole Soynka foi elaborado no âmbito da disciplina História de África do Mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional leccionado no ISEG/UTL, de que responsável a Prof. Joana Pereira Leite.
Citação:
Borges, João Melo. 1995. “A constituição do Estado Moderno em África : o problema das fronteiras : a propósito de um artigo de Wole Soynka”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA Brief papers nº 2-1995

Brief Paper 1/1994: O(s) Modelo(s) de Desenvolvimento da Ásia Oriental e a África Subsaariana
Resumo:
O facto de as economias da Ásia Oriental e do Sudeste Asiático terem vindo a manifestar-se como um exemplo de desenvolvimento económico e social relativamente conseguido tem levado muitos autores e, em particular, instituições económicas internacionais como as “sisters in the woods” (designação feliz dada por um survey do The Economist ao Banco Mundial e ao FMI), a verem no modelo de crescimento extrovertido adotado pelos países daquelas regiões um verdadeiro horizonte e um “manual para a ação” para os países da África Subsaariana. O relativo sucesso da ilha Maurícia ao prosseguir uma estratégia aparentada com aquele modelo veio reforçar a ideia da possibilidade (até mesmo da conveniência) da aplicação do modelo asiático de crescimento à África Negra. Em O(s) modelo(s) de desenvolvimento da Ásia Oriental e a África Subsaariana propõe-se discutir esta “transferibilidade”. Para isso começaremos por sintetizar as características do(s) modelo(s) asiático(s), passando depois a confrontar a realidade da Ásia Oriental com a africana para determinar se os elementos que se mostraram fundamentais no êxito dos países do Extremo Oriente estão presentes ao sul do Saara.
Citação:
Serra, António M. de Almeida. 1994. “O(s) modelo(s) de desenvolvimento da Ásia Oriental e a África Subsaariana”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA Brief papers nº 1-1994.

Conheça a coleção completa de Working Papers do CEsA em formato digital
O CEsA disponibilizou a coleção completa de Working Papers em formato digital. São mais de 200 edições produzidas ao longo dos quase 40 anos de existência do centro de investigação, e que agora podem ser descarregadas através do repositório da Universidade de Lisboa (clique aqui para aceder à coleção do CEsA).
Investigadores do CEsA participam no 11º Congresso Ibérico de Estudos Africanos

Os investigadores do CEsA Arlindo Fortes, Isabel Castro Henriques, Jessica Falconi, Sílvia Amaral e Sónia Frias participaram no 11º Congresso Ibérico de Estudos Africanos – “Trânsitos africanos no mundo global: história e memórias, heranças e inovações” (CIEA11). O evento teve lugar de 6 a 8 de julho de 2022, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Isabel Castro Henriques foi a Presidente de Honra do Congresso. A investigadora do CEsA interveio na sessão de abertura e lançou a 2ª edição do seu livro “Roteiro Histórico de uma Lisboa Africana Séculos XV-XXI” (Ed. Colibri, 2021).
Sónia Frias foi membro da Comissão Organizadora do CIEA11 e apresentou no Painel 44 “Agricultura e Transições no Desenvolvimento Rural Africano: Inovação, sustentabilidade e recursos naturais” a comunicação “De um lado para o outro: estratégias de adaptação às vulnerabilidades e pobreza rural e urbana”. A investigadora também moderou o Painel 106 “Recursos Económicos: Conflitos e mudança”.
Jessica Falconi foi membro da Comissão Organizadora do CIEA11 e coordenou o Painel 48 “Para um Oceano Índico Africano: Mobilidades, representações e narrativas”. A investigadora também moderou a mesa redonda plenária “Agendas e Imaginários da Cooperação e do Desenvolvimento” e a mesa de escritores.
Arlindo Fortes co-coordenou com Augusto Manuel Correia o Painel 44 “Agricultura e Transições no Desenvolvimento Rural Africano: Inovação, sustentabilidade e recursos naturais”. Foi também co-autor, com Manuel Ennes Ferreira, das comunicações “Os Impactos Sócioeconómicos das Barragens em Cabo Verde” e “Diversificação agrícola em Cabo Verde: o caso da vitivinicultura na Ilha do Fogo”.
Silvia Amaral apresentou a comunicação “Descolonizar a investigação em Estudos Urbanos em Africa” no Painel 63 “Pensar África – Outras epistemologias, descolonizar o conhecimento”, coordenado por Eduardo Costa Dias e Yolanda Aixelà.

Working Paper 185/2021: Conflict Resolution Interventions in the Conflict Cycle
Resumo:
O objetivo de Conflict Resolution Interventions in the Conflict Cycle é descrever as intervenções de Resolução de Conflitos utilizadas ao longo do ciclo do conflito. O artigo apresenta primeiro cinco níveis de intensidade de conflito do ciclo do conflito, a saber, os níveis de Paz Estável, Paz Instável, Conflito, Crise e Guerra. Cada nível de intensidade do conflito é caracterizado pela análise das variáveis do triângulo de conflito de Galtung (comportamento, atitudes e objetivos), percepções dos atores (amigo, rival e inimigo) e a estratégia dominante de interação entre os atores (soma-positiva, compromisso , soma zero e soma negativa). Cada nível é ilustrado com eventos típicos associados a guerras civis e guerras entre estados e propõe eventos-limite de uma possível mudança no nível de intensidade do conflito. O artigo apresenta então um conjunto de abordagens de Resolução de Conflitos que podem ser realizadas em cada um dos níveis de intensidade de conflito dos períodos de escalada e de escalada do ciclo do conflito. A Resolução de Conflitos subdivide-se entre intervenções cujo objetivo principal é conter o conflito violento, aqui denominado Gestão de Conflitos, e intervenções com o objetivo principal de resolver problemas políticos, que podem ser Prevenção de Conflitos, caso ocorram no período de escalada de conflitos, ou Término de Conflitos, se ocorrerem no período de escalada do conflito. Na Gestão de Conflitos identificamos as intervenções de: Gestão de Crises; Gestão Interna Unilateral e Conjunta; Gestão Externa na forma de Pacificação ou Imposição da Paz e Manutenção da Paz Tradicional. Na Prevenção de Conflitos identificamos a Prevenção Estrutural e a Prevenção Direta. Em Terminação de Conflitos identificamos a Manutenção da Paz Multidimensional, a Construção da Paz e a Consolidação da Paz (associada à Transformação de Conflitos). Além disso, apresentamos duas abordagens alternativas, a Paz Cosmopolita e as Abordagens Críticas.
Citação:
Sousa, Ricardo Real P. de e Gilberto Carvalho de Oliveira (2021). “Conflict resolution interventions in the conflict cycle”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA/ CSG Documentos de Trabalho nº 185/2021.

Working Paper 183/2021: Dans le Dernier Sursaut de l’Estado da Índia (1951-1961): Témoignages inédits de deux femmes portugaises
Resumo:
Durante a última década do Estado da India, os testemunhos de duas mulheres portuguesas que viajam a Goa, atraíram a nossa atenção, levando-nos a escrever Dans le Dernier Sursaut de l’Estado da Índia (1951-1961): Témoignages inédits de deux femmes portugaises. Primeira geração do Estado Novo, as autoras, nascidas em 1926, fazem parte de uma elite educada e partilham de uma aguda consciência política que as levou , na metrópole, a engajarem-se nos movimentos de oposição ao regime. Ambas deixam Portugal em direção a Goa, uma terra de exílio político , uma sociedade que lhes é totalmente estranha, um momento importante de experiência pessoal. A última década da dominação portuguesa convive com o último sobressalto do Estado da Índia que conduziria ao regresso dos seus territórios à União Indiana, em 1961. As narrativas que nos deixam estas duas mulheres articulam uma História do Império português aprendida nos bancos da escola , a sua experiência do regime salazarista e a confrontação com a sua vivência em Goa. Aí vivem no fio da navalha , numa dupla margem criada quer pela distância face à administração colonial e quer pela difícil penetrabilidade da sociedade goesa. Nesta postura de interface e a partir de um quotidiano de grande precaridade existencial, elas aprendem a conhecer a sociedade e engajam-se nos desafios culturais e políticos que a atravessam. De regresso a Portugal, e bem mais tarde, uma das autoras escreve as suas e memórias e a outra aspira a que as suas cartas, enviadas quase quotidianamente à sua família, sejam conhecidas. Memórias e cartas constituem testemunho em contraponto, por um lado ao dos portugueses do Império, cujos estatutos eram definidos no interior e pela sociedade colonial e, por outro, ao das diásporas que tinham pertencido ao Império ( portuguesas, goesas e indianas), donde é igualmente interessante ler o centro a partir da sua periferia. Os seus testemunhos e as suas reflexões revelam-se da maior valia e atualidade no que respeita a maneira de escrever, de pensar e de viver nas fronteiras tanto existenciais, como materiais e simbólicas que separam e unem os povos.
Citação:
Khouri, Nicole e Joana Pereira Leite (2021). “Dans le dernier sursaut de l’Estado da Índia (1951-1961) : témoignages inédits de deux femmes portugaises”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA/ CSG –Documentos de Trabalho nº 183/2021.

Working Paper 182/2021: PAIGC a Face do Monopartidarismo na Guiné-Bissau (1974 a 1990)
Resumo:
O Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), assumiu oficialmente o controle do poder político na Guiné-Bissau em 1974, e por dezasseis anos protagonizou o cenário político com um regime de partido único – a ditadura militar-, com práticas repressivas como método para controlar a oposição, intimidar e manter o poder. O nosso propósito em PAIGC a Face do Monopartidarismo na Guiné-Bissau (1974 a 1990) é verificar por que o partido que esteve por um longo período na vanguarda do país, atuando como a única força política que controlava o aparelho de Estado, teve dificuldades para executar suas principais propostas de governo. Para tanto buscamos as seguintes questões: Que influência teve a colonização na formação do PAIGC? Por que o PAIGC enfrentou dificuldades e se viu obrigado a perder sua identidade binacional considerada como uma das bases do seu príncipio ideológico? Por que no período pós golpe de 1980 o partido não conseguiu evitar outros sucessivos conflitos violentos? O divisionismo social e étnico fazia-se notar nas estruturas internas do PAIGC? A resposta pode estar entre outros fatores: no legado deixado pelo passado colonial, na heterogeneidade da estrutura social nacional e nas contradições resultantes de luta pelo poder no interior do próprio PAIGC. Embora, apesar das dificuldades que são observáveis, não se pode refutar a sua importância como um ator importante na construção da história política nacional.
Citação:
Semedo, Rui Jorge (2021). “PAIGC a face do monopartidarismo na Guiné-Bissau (1974 a 1990)”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA/CSG – Documentos de Trabalho nº 182/2021.

Working Paper 181/2021: A Vulnerabilidade à Pobreza das Mulheres Responsáveis por Famílias Monoparentais no Brasil e o Papel das Políticas Públicas
Resumo:
O processo de deterioramento do rendimento feminino, com a consequente vulnerabilidade face à pobreza, é especialmente crítico no caso das mulheres responsáveis por famílias monoparentais – são, no geral, as únicas provedoras de renda de seus domicílios, de forma que as desigualdades de gênero no mercado de trabalho afetam-nas particularmente. A Vulnerabilidade à Pobreza das Mulheres Responsáveis por Famílias Monoparentais no Brasil e o Papel das Políticas Públicas procura compreender as experiências de vida deste grupo, no Brasil, assim como o papel das políticas públicas no alívio das suas dificuldades econômicas e sociais. A este respeito, será particularmente observado o efeito do Programa Bolsa Família. A análise da realidade brasileira é enriquecida com a apresentação de estatísticas oficiais relevantes, complementada com uma abordagem metodológica qualitativa que compreendeu a realização de entrevistas presenciais de caráter semiestruturado a mulheres nesta condição. Conclui-se que as suas experiências de vida são marcadas por várias adversidades – ainda pouco exploradas na literatura –, ao mesmo tempo que podem ser identificados aspectos positivos associados à responsabilidade monoparental, destacando-se a maior margem de autonomia e emancipação feminina e a perceção de maior tranquilidade e estabilidade no domicílio.
Citação:
Araújo, Clareana Lopes de e Sara Falcão Casaca (2021). “A vulnerabilidade à pobreza das mulheres responsáveis por famílias monoparentais no Brasil e o papel das políticas públicas”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA/ CSG – Documentos de Trabalho nº 181/2021.

Working Paper 180/2021: O Elemento Angolar de São Tomé: Uma discussão da sua origem
Resumo:
São Tomé e Príncipe é um pequeno arquipélago do golfo da Guiné formado por duas ilhas principais a saber: a ilha de São Tomé, que é a maior das duas, e a ilha do Príncipe. A sua área total é de 997 km2 (Cf. BM, BdP) e dista da costa ocidental do continente africano cerca de 300 km. O arquipélago foi colonizado por Portugal entre 1485 e 1974 e tornouse independente deste em 12 de julho de 1975, após um período de transição de sete meses. O território foi povoado com degredados, pequenos judeus, muitos escravos africanos e alguns voluntários da Europa. O regime de trabalho escravo introduzido desde o início do povoamento foi muito violento para a mão-de-obra africana de tal modo que alguns encontraram nas fugas para as matas próximas das fazendas uma forma para se escaparem dos maus-tratos dos europeus e viver em liberdade e de bens de subsistência e de alguns esquemas para comporem a sua sobrevivência, nomeadamente assaltos e ataques às fazendas para obterem alimentos e mulheres. Esta população que viveu e reproduziu-se no mato durante séculos, diferentemente de uma população originária, que uns julgam ter existido, deu origem aos chamados “angolares” e tem sido tema de debates entre os académicos quanto a sua origem. Este artigo discute isto mesmo e procura clarificar a origem da etnia “angolar” da ilha de São Tomé. O Elemento Angolar de São Tomé: Uma discussão da sua origem está dividido em tês partes: a primeira parte (ponto 2) discute a narrativa do naufrágio, a segunda parte (ponto 3) estabelece uma relação entre Escravos fujões e “negros gentios” e o último ponto explica a origem da designação “angolares” para aquele grupo populacional do sul da ilha de São Tomé.
Citação:
Santo, Armindo Espírito (2021). “O elemento angolar de São Tomé: uma discussão da sua origem”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA/ CSG – Documentos de Trabalho nº 180/2021.