Arquivo de Países em Desenvolvimento - CEsA

Países em Desenvolvimento

Algodão, uma fibra global


Resumo:

O algodão não engana. Esta frase, tão conhecida em Portugal, mostra bem como a mais importante das fibras naturais – do ponto de vista histórico e comercial – se estabeleceu nas nossas vidas. Mas o algodão, embora não engane, esconde. Não é apenas uma fibra. É toda uma indústria global. Articula relações de produção e consumo com impacto direto na sobrevivência de milhões de seres humanos em todo o planeta. Define o destino de solos e fontes de água. Tem um impacto muito relevante no ambiente. O algodão é agricultura, moda e alta tecnologia. Tem uma história complexa e perturbadora: pode ser doce, mas também é amargo. A simplicidade do toque combina com a complexidade do seu ciclo de vida, que abarca campos de algodão no Burkina Faso, fábricas de vestuário no Bangladesh, desfiles de moda em Milão e algoritmos em Nova Iorque. Esta distribuição não é inocente: a divisão do valor, que se intui a partir da diferença entre o rendimento de uma trabalhadora agrícola no Burkina Faso, uma gestora de fábrica no Bangladesh e uma estilista consagrada em Milão, ilustra bem como se organizam assimetrias à escala planetária. O algodão ajuda-nos a articular estas paisagens e atividades. Este briefing destina-se a qualquer pessoa interessada em compreender a moda que consome e as fibras que veste. Mas também se destina, em particular, a quem toma decisões sobre a regulação da produção e consumo do algodão. O consumo responsável pode ser uma base importante para a alteração das estruturas económicas, mas raramente basta. O nosso propósito é claro: agir só faz sentido depois de clarificar, conhecer e informar.

Citação:

Bernardo, Luís Pais (2023). Algodão, uma fibra global. Lisboa: FEC | Fundação Fé e Cooperação.

Working Paper 200/2024: The Impact of Climate Change on Developing Economies: A comparative analysis of vulnerability indices


Resumo:

Para se tomarem decisões no âmbito do financiamento e políticas climáticas, reconhece-se cada vez mais a necessidade de se desenvolver um índice para avaliar o grau de vulnerabilidade dos países às alterações climáticas. No entanto, a existência de conceitos e metodologias diferentes tem conduzido a opiniões divergentes sobre quais os países mais vulneráveis e que merecem mais apoio financeiro internacional. Este estudo tem como objetivo compreender se os principais índices da ciência climática classificam de forma consistente a vulnerabilidade dos países às perturbações climáticas. Começa-se por caracterizar o impacto das alterações climáticas nos países em desenvolvimento através de uma revisão de literatura de referência, seguindo-se uma análise comparativa dos índices EVI, ND-GAIN, INFORM e WRI de 2014 a 2020. Os resultados indicam a sua relevância como ferramentas para compreender e monitorizar a vulnerabilidade dos países, no entanto, a diversidade na composição das componentes da vulnerabilidade dos índices leva a resultados divergentes. Esta investigação sublinha a importância de uma abordagem holística da avaliação da vulnerabilidade às alterações climáticas e apela ao uso de índices de vulnerabilidade com base em objetivos e contextos específicos.

Citação:

Cardoso, Eduardo (2024). “The Impact of Climate Change on Developing Economies: A comparative analysis of vulnerability indices”. CEsA/CSG – Documentos de Trabalho nº 200/2024.

Livro das Comunicações Apresentadas no In Progress 3


Resumo:

Esta terceira edição do In Progress, Seminário sobre Ciências Sociais e Desenvolvimento em África reúne trabalhos de investigadores e estudantes pós-graduandos que têm como tema de estudos e pesquisa a África contemporânea e o seu desenvolvimento, apoiados em correntes científicas que estimulam novas abordagens além do “desenvolvimento”, explorando as noções de “bem-estar” ou “bem viver” e mantendo-se próximos à s correntes de pensamento e dos debates entre África, Ásia e América Latina. Os textos incluem-se em temáticas como: trabalho de campo: questões práticas, teóricas e metodológicas; política, dinâmicas da sociedade civil, desenvolvimento; cultura, pensamento e mudança; estratégias para a cooperação e desenvolvimento; e populações, mobilidade e bem-estar. A segunda parte desta obra contém as reflexões dos conferencistas convidados ao seminário In Progress 3 que incluem quer a perspetiva crítica sobre os discursos e metodologias dominantes no campo das políticas do desenvolvimento ligadas a mobilidades, economia e identidades como, também, o contributo do crescimento financeiro para o crescimento económico e vários dos quesitos a ter em conta nas discussões sobre sustentabilidade económica, tomando o exemplo dos países membros da SADC. A conferência final refere-se aos tempos e questionamentos que importa reter e sobre o que importa refletir no âmbito das ciências sociais e humanas, em particular, quando o debate é sobre o olhar (neo)colonial e os desafios globais contemporâneos para os Estudos Africanos.

Citação:

Évora, Iolanda e Sónia Frias (coord). 2024. Livro das Comunicações Apresentadas no In Progress 3 com Revisão por Pares : 15 a 16 de Novembro de 2018 no ISEG/ULisboa. Lisboa: ISEG – CEsA

Turismo Costeiro e Marítimo em Cabo Verde. Rumo a um destino sustentável


Citação:

Sarmento, E. (2024). Turismo costeiro e marítimo em Cabo Verde. Rumo a um destino sustentável. In Morgado, Carlos (2024). Anuário do Turismo de Cabo Verde 2024: a transformação de um destino (pp.30-32). Praia, Cabo Verde.

Cape Verde: Islands of vulnerability or resilience? A transition from a MIRAB Model into a TOURAB one?


Resumo:

Os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID) enfrentam tradicionalmente um conjunto de desafios como a configuração económica fraca e altamente frágil, questões ambientais e uma dependência tradicional de algumas actividades económicas que os forçam a abrir a economia ao exterior. Portanto, o seu modelo de desenvolvimento, como em Cabo Verde, depende da migração, das remessas, da dependência da ajuda, do turismo e do emprego estatal. A investigação actual oferece uma visão sobre a natureza da economia de Cabo Verde como uma economia PEID e até que ponto o país tem dependido das receitas do turismo, das remessas externas provenientes das migrações, dos programas de ajuda e dos serviços governamentais. Compreender o modelo de desenvolvimento de Cabo Verde é importante para esclarecer os desafios que o país enfrenta e as suas necessidades de desenvolvimento para reunir uma resiliência a longo prazo e para perceber se está a mudar de um modelo MIRAB (Migrações, Remessas, Ajuda e Burocracia) para outro.

Citação:

Sarmento, E.; Silva, Ana (2024). Cape Verde: Islands of Vulnerability or Resilience? A Transition from a MIRAB Model into a TOURAB One? Tour. Hosp. 2024, 5(1), 80-94; https://doi.org/10.3390/tourhosp5010006. MDPI. Special Edition Submit to Special Issue: Small Island Developing Countries (SIDS): Tourism between Innovation and Authenticity for Better Sustainable Developing Paths

Working Paper 198/2024: The Relevance of the Concept of Cumulative Causation: Understanding growth trajectories in Sub-Saharan Africa


Resumo:

As diferenças nas trajetórias de crescimento entre os países – incluindo a possibilidade de divergência – são uma questão central na economia. A economia dominante explica os processos de crescimento através de variedades de modelos neoclássicos, até melhorados com conceitos como instituições. No entanto, esses modelos têm dificuldade em fornecer dados precisos sobre as trajetórias de crescimento de muitos países em desenvolvimento, nomeadamente os de baixo rendimento. Argumenta-se que as trajetórias de crescimento dos países de baixa renda são explicadas mais apropriadamente pelo quadro teórico que se baseia no nexo de conceitos de causalidade cumulativa, não-linearidades, efeitos de limiar, processos de auto-reforço, irreversibilidade, dependência de trajetória e armadilhas – embora esta abordagem permaneça marginal nas principais análises económicas de crescimento e desenvolvimento. Em primeiro lugar, este nexo de conceitos é um quadro poderoso relativo à possibilidade e explicação da divergência dinâmica em relação ao crescimento entre países, uma vez que apresenta propriedades como: a possibilidade de processos cumulativos e de auto-reforço dinâmico; a existência de limiares e pontos de inflexão; equilíbrios múltiplos. Em segundo lugar, a causalidade cumulativa, por definição, envolve uma combinação de causas: o seu quadro conceptual permite a integração de diversas dimensões – económica, política, social, cognitiva -, cuja combinação resulta em círculos virtuosos ou viciosos. Nos países em desenvolvimento, estas causas (e a sua coalescência) consistem tipicamente em estruturas económicas (por exemplo, mercados de exportação baseados em mercadorias), instituições políticas e normas sociais (regimes predatórios, elevada desigualdade), bem como tipos de políticas públicas.

Citação:

Sindzingre, Alice Nicole (2024). “The Relevance of the Concept of Cumulative Causation: Understanding growth trajectories in Sub-Saharan Africa”. CEsA/CGS – Documentos de trabalho nº 198/2024

Working Paper 197/2024: La Production Agricole des Femmes en Guiné-Bissau comme Moyen d´Afirmation de son Identité


Resumo:

Este Working Paper é um produto intermédio do estudo feito para a Cooperação Suíça na Guiné-Bissau, escrito em francês sem nenhum ponto em português. O que demonstra bem como os princípios de restituição e apropriação por parte das pessoas ou instituições que acedem a responder a inquéritos ou entrevistas, são palavras que não se traduzem em ações concretas para esta Cooperação. Os dados foram obtidos por inquéritos e entrevistas nas regiões de Bissau, Biombo, Bafatá e Oio, junto das produtoras (que incluem também um número restrito de produtores homens) de produtos agrícolas leguminosos, numa amostra de 160 pessoas escolhidas aleatoriamente. Por opção do promotor o estudo concentrou-se na comercialização de produtos e não na produção. Para entender melhor os resultados, deve dizer-se que este modelo de negócio não é muito lucrativo, mas, é uma atividade que dá uma maior independência das mulheres em relação aos homens no espaço familiar, pois as decisões sobre o uso dos lucros pertencem às produtoras. Tem além disso um potencial de ambiente de ação para a afirmação da identidade social (e não apenas familiar) das mulheres que não se deve desprezar embora, tanto quanto conseguimos perceber, tal se expresse para já apenas na organização de associações de produtoras.

Citação:

Sangreman, C. e Melo, M. (2024). “La Production Agricole Des Femmes En Guiné-Bissau Comme Moyen D´Afirmation De Son Identité”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA/CGS – Documentos de trabalho nº 197/2024

Understanding Social Realities of Internally Displaced Persons (IDPs) in the Federal Capital Territory of Nigeria (FCT), Abuja


Resumo:

Este artigo examina as realidades sociais das pessoas deslocadas à força na Nigéria, com foco nas pessoas deslocadas internamente (PDI) no Território da Capital Federal (FCT) da Nigéria, Abuja. Pessoas deslocadas internamente são indivíduos que foram forçados a abandonar as suas casas ou locais de residência habituais e, ao contrário dos refugiados, não cruzaram as fronteiras do seu país. Permanecem sob a protecção primária dos seus governos e muitas vezes procuram refúgio nos seus próprios países. Este estudo baseia-se em fontes de dados secundários e dados primários recolhidos em dois acampamentos de deslocados internos, argumentando que a maioria dos deslocados internos na FCT, deslocados pela insurgência do Boko Haram, vivem em assentamentos informais improvisados e desumanos nas áreas periurbanas da cidade de Abuja. Estes assentamentos também acolhem os pobres urbanos e outros trabalhadores migrantes na capital do país, levando ocasionalmente a conflitos entre eles. O documento apela ao governo para que reconheça a presença e a condição dos deslocados internos na FCT e trabalhe com organizações relevantes para fornecer soluções duradouras para garantir que as pessoas deslocadas possam voltar a tornar-se membros produtivos da sociedade.

Citação:

BA-ANA-ITENEBE, C. A.; EDO, Z. O. (2023). Understanding Social Realities of Internally Displaced Persons (IDPs) in the Federal Capital Territory of Nigeria (FCT), Abuja. In: Balkan Social Science Review, Vol. 22, 213-231. https://doi.org/10.46763/BSSR232222213bai

Farming System Change Under Different Climate Scenarios and its Impact on Food Security: an analytical framework to inform adaptation policy in developing countries


Resumo:

Os países em desenvolvimento são considerados extremamente vulneráveis às alterações climáticas, devido ao seu contexto socioeconómico (elevados níveis de pobreza) e à elevada dependência dos seus meios de subsistência dos recursos naturais. As zonas rurais destes países concentram a maior parte das pessoas mais pobres e com insegurança alimentar do mundo, estando os agricultores entre os mais vulneráveis às alterações climáticas. Prevê-se que os impactos das alterações climáticas sejam espacialmente heterogéneos. Neste sentido, este artigo visa explorar o efeito directo e marginal das alterações climáticas na escolha do sistema agrícola e as suas implicações para a segurança alimentar em Moçambique, utilizando uma abordagem espaço-por-tempo. Os nossos resultados sugerem que são esperadas grandes mudanças na escolha do sistema agrícola e na sua distribuição espacial devido às alterações climáticas, o que terá potencialmente impacto nos meios de subsistência e no estado de segurança alimentar dos pequenos agricultores. Os sistemas agrícolas, incluindo culturas alimentares/de rendimento e/ou pecuária, que estão entre os mais seguros em termos alimentares, tenderão a ser substituídos por outros sistemas em todos os cenários climáticos. Os sistemas agrícolas mistos (incluindo alimentação e pecuária) e os sistemas orientados para a pecuária, na sua maioria inseguros em termos alimentares, predominantes em zonas áridas, deverão expandir-se com as alterações climáticas. Os mapas de stress da segurança alimentar e da inovação foram esboçados a partir dos resultados da modelização, identificando áreas prioritárias para intervenção pública. Destacamos também como a nossa abordagem pode ser um quadro eficaz e facilmente replicável para abordar este tipo de questões noutras regiões em desenvolvimento que enfrentam problemas semelhantes.

Citação:

Abbas, M., Ribeiro, P.F. & Santos, J.L. Farming System Change Under Different Climate Scenarios and its Impact on Food Security: an analytical framework to inform adaptation policy in developing countries. Mitig Adapt Strateg Glob Change 28, 43 (2023). https://doi.org/10.1007/s11027-023-10082-5

Identifying differences and similarities between donors regarding the long-term allocation of official development assistance

Identifying differences and similarities between donors regarding the long-term allocation of official development assistance


Resumo:

Os países avançados comprometeram-se a mobilizar recursos financeiros adicionais para os países em desenvolvimento, incluindo financiamento de múltiplas fontes que não a ajuda pública ao desenvolvimento (APD), conhecida como ajuda externa. No entanto, o efeito da nova pandemia de coronavírus levantou dúvidas sobre a viabilidade de tal promessa, salientando, mais uma vez, o possível papel da ODA e a importância de explicar a sua atribuição, que poderia ser de vital relevância para a compreensão da sua eficácia. Identifying differences and similarities between donors regarding the long-term allocation of official development assistance analisa um vasto número de doadores bilaterais e multilaterais, aplicando uma nova metodologia no contexto da afetação da ajuda – análise dos principais componentes – abrangendo o período 1990-2015. Os resultados revelaram quatro grupos distintos de doadores: (i) os doadores proporcionalmente maiores da Europa Ocidental, caracterizados por um número significativo de beneficiários, especialmente países de baixo rendimento; (ii) doadores que são predominantemente motivados por laços estruturais com os beneficiários, especialmente laços derivados de ligações coloniais; (iii) um grupo de doadores principalmente da Europa Oriental que estão envolvidos com países de baixo rendimento da Europa Oriental e Ásia Ocidental; e (iv) um grupo de doadores asiáticos e oceânicos que selecionam os seus parceiros principalmente com base no critério da proximidade geográfica.

 

Citação:

Paulo Francisco, Sandrina B. Moreira & Jorge Caiado (2021) Identifying differences and similarities between donors regarding the long-term allocation of official development assistance, Development Studies Research, 8:1, 181-198, DOI: 10.1080/21665095.2021.1954965


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