Clima e Meio Ambiente
A certificação de sustentabilidade na Indústria Têxtil Portuguesa: um estudo exploratório
Resumo:
Este estudo é uma análise da certificação de sustentabilidade na indústria têxtil portuguesa. O objetivo central é mapear o panorama atual das práticas sustentáveis adotadas por este setor crucial da economia portuguesa, avaliando as implicações, desafios e benefícios da certificação no contexto económico e ambiental contemporâneo. Procuramos entender como as certificações de sustentabilidade podem servir como um instrumento estratégico para impulsionar a competitividade das empresas portuguesas no mercado global, respondendo à procura crescente por produtos éticos e ambientalmente conscientes. A metodologia empregada neste estudo envolve uma revisão da literatura existente sobre sustentabilidade na indústria têxtil. Fundamentalmente, é uma análise híbrida e comparativa: utilizamos o universo completo das empresas têxteis portuguesas certificadas. Esta abordagem estreita não responde a todas as questões, mas permite transformar o presente estudo num pequeno passo para uma investigação comprometida com o apoio às empresas que, com riscos e custos claros, decidem investir na sustentabilidade e com a pressão que a sociedade pode e deve exercer sobre os legisladores, no sentido da implementação de quadros regulatórios mais fortes, e as empresas que decidem não investir em sustentabilidade. É um pequeno passo que, esperamos, resultará em novos esforços de investigação. Oferecemos, assim, uma visão sobre o papel da certificação de sustentabilidade como um diferencial competitivo para a indústria têxtil portuguesa. Enfatiza-se a importância crescente da sustentabilidade como critério de escolha para consumidores e parceiros comerciais internacionais, reforçando a necessidade de as empresas portuguesas continuarem a investir em práticas sustentáveis e na obtenção de certificações que validem seus esforços. O estudo também apresenta e discute recomendações para políticas e estratégias futuras, com o objetivo de fortalecer a posição de Portugal como líder em produção têxtil sustentável no cenário global.
Citação:
Bernardo, Luís Pais (2024). A certificação de sustentabilidade na Indústria Têxtil Portuguesa : um estudo exploratório. Lisboa: Oficina Global.
Primeiro Passo Repensar: Um olhar sobre o consumo de moda sustentável dos jovens universitários em Portugal
Resumo:
O consumo sustentável de moda passa por escolhas conscientes de compra, uso/manutenção e descarte de cada peça de roupa. É por isso importante Repensar, Rejeitar, Reduzir, Reparar, Reutilizar e Reciclar. Este estudo foi realizado com o objetivo de perceber os comportamentos e consciência ambiental dos jovens universitários residentes em Portugal durante as três principais fases do consumo de moda, a partir de um inquérito por questionário online junto de 271 jovens universitários entre os 18 e os 26 anos. Este estudo foi realizado com o inquérito esteve aberto para submissão de respostas no período de 15 de junho a 24 de julho de 2023.
Citação:
Silva, Ana Luísa e Renata Assis (2024). Primeiro passo repensar : um olhar sobre o consumo de moda sustentável dos jovens universitários em Portugal. Lisboa: FEC | Fundação Fé e Cooperação e CEsA/ISEG-UL.
Algodão, uma fibra global
Resumo:
O algodão não engana. Esta frase, tão conhecida em Portugal, mostra bem como a mais importante das fibras naturais – do ponto de vista histórico e comercial – se estabeleceu nas nossas vidas. Mas o algodão, embora não engane, esconde. Não é apenas uma fibra. É toda uma indústria global. Articula relações de produção e consumo com impacto direto na sobrevivência de milhões de seres humanos em todo o planeta. Define o destino de solos e fontes de água. Tem um impacto muito relevante no ambiente. O algodão é agricultura, moda e alta tecnologia. Tem uma história complexa e perturbadora: pode ser doce, mas também é amargo. A simplicidade do toque combina com a complexidade do seu ciclo de vida, que abarca campos de algodão no Burkina Faso, fábricas de vestuário no Bangladesh, desfiles de moda em Milão e algoritmos em Nova Iorque. Esta distribuição não é inocente: a divisão do valor, que se intui a partir da diferença entre o rendimento de uma trabalhadora agrícola no Burkina Faso, uma gestora de fábrica no Bangladesh e uma estilista consagrada em Milão, ilustra bem como se organizam assimetrias à escala planetária. O algodão ajuda-nos a articular estas paisagens e atividades. Este briefing destina-se a qualquer pessoa interessada em compreender a moda que consome e as fibras que veste. Mas também se destina, em particular, a quem toma decisões sobre a regulação da produção e consumo do algodão. O consumo responsável pode ser uma base importante para a alteração das estruturas económicas, mas raramente basta. O nosso propósito é claro: agir só faz sentido depois de clarificar, conhecer e informar.
Citação:
Bernardo, Luís Pais (2023). Algodão, uma fibra global. Lisboa: FEC | Fundação Fé e Cooperação.
Working Paper 200/2024: The Impact of Climate Change on Developing Economies: A comparative analysis of vulnerability indices
Resumo:
Para se tomarem decisões no âmbito do financiamento e políticas climáticas, reconhece-se cada vez mais a necessidade de se desenvolver um índice para avaliar o grau de vulnerabilidade dos países às alterações climáticas. No entanto, a existência de conceitos e metodologias diferentes tem conduzido a opiniões divergentes sobre quais os países mais vulneráveis e que merecem mais apoio financeiro internacional. Este estudo tem como objetivo compreender se os principais índices da ciência climática classificam de forma consistente a vulnerabilidade dos países às perturbações climáticas. Começa-se por caracterizar o impacto das alterações climáticas nos países em desenvolvimento através de uma revisão de literatura de referência, seguindo-se uma análise comparativa dos índices EVI, ND-GAIN, INFORM e WRI de 2014 a 2020. Os resultados indicam a sua relevância como ferramentas para compreender e monitorizar a vulnerabilidade dos países, no entanto, a diversidade na composição das componentes da vulnerabilidade dos índices leva a resultados divergentes. Esta investigação sublinha a importância de uma abordagem holística da avaliação da vulnerabilidade às alterações climáticas e apela ao uso de índices de vulnerabilidade com base em objetivos e contextos específicos.
Citação:
Cardoso, Eduardo (2024). “The Impact of Climate Change on Developing Economies: A comparative analysis of vulnerability indices”. CEsA/CSG – Documentos de Trabalho nº 200/2024.
Farming System Change Under Different Climate Scenarios and its Impact on Food Security: an analytical framework to inform adaptation policy in developing countries
Resumo:
Os países em desenvolvimento são considerados extremamente vulneráveis às alterações climáticas, devido ao seu contexto socioeconómico (elevados níveis de pobreza) e à elevada dependência dos seus meios de subsistência dos recursos naturais. As zonas rurais destes países concentram a maior parte das pessoas mais pobres e com insegurança alimentar do mundo, estando os agricultores entre os mais vulneráveis às alterações climáticas. Prevê-se que os impactos das alterações climáticas sejam espacialmente heterogéneos. Neste sentido, este artigo visa explorar o efeito directo e marginal das alterações climáticas na escolha do sistema agrícola e as suas implicações para a segurança alimentar em Moçambique, utilizando uma abordagem espaço-por-tempo. Os nossos resultados sugerem que são esperadas grandes mudanças na escolha do sistema agrícola e na sua distribuição espacial devido às alterações climáticas, o que terá potencialmente impacto nos meios de subsistência e no estado de segurança alimentar dos pequenos agricultores. Os sistemas agrícolas, incluindo culturas alimentares/de rendimento e/ou pecuária, que estão entre os mais seguros em termos alimentares, tenderão a ser substituídos por outros sistemas em todos os cenários climáticos. Os sistemas agrícolas mistos (incluindo alimentação e pecuária) e os sistemas orientados para a pecuária, na sua maioria inseguros em termos alimentares, predominantes em zonas áridas, deverão expandir-se com as alterações climáticas. Os mapas de stress da segurança alimentar e da inovação foram esboçados a partir dos resultados da modelização, identificando áreas prioritárias para intervenção pública. Destacamos também como a nossa abordagem pode ser um quadro eficaz e facilmente replicável para abordar este tipo de questões noutras regiões em desenvolvimento que enfrentam problemas semelhantes.
Citação:
Abbas, M., Ribeiro, P.F. & Santos, J.L. Farming System Change Under Different Climate Scenarios and its Impact on Food Security: an analytical framework to inform adaptation policy in developing countries. Mitig Adapt Strateg Glob Change 28, 43 (2023). https://doi.org/10.1007/s11027-023-10082-5
Effect of Battery Electric Vehicles on Greenhouse Gas Emissions in 29 European Union Countries
Resumo:
Effect of Battery Electric Vehicles on Greenhouse Gas Emissions in 29 European Union Countries explorou o efeito dos veículos eléctricos a bateria (BEVs) nas emissões de gases com efeito de estufa (GEE) num painel de vinte e nove países da União Europeia (UE) de 2010 a 2020. Foi utilizado o método de regressão quantitativa de momentos (MM-QR), e os mínimos quadrados comuns com efeitos fixos (OLSfe) foram utilizados para verificar a robustez dos resultados. O MM-QR apoia que, nos três quantis, o crescimento económico causa um impacto positivo nos GEE. Nos quantis 50 e 75, o consumo de energia causa um efeito positivo sobre os GEE. Os BEV nos 25º, 50º, e 75º quantis têm um impacto negativo sobre os GEE. O OLSfe revela que o crescimento económico tem um efeito negativo sobre os GEE, o que contradiz os resultados do MM-QR. O consumo de energia tem um impacto positivo sobre os GEE. Os BEVs têm um impacto negativo sobre os GEE. Embora a UE tenha apoiado um sistema de transporte mais sustentável, acelerar a adopção de BEVs ainda requer um planeamento político eficaz para atingir emissões líquidas nulas. Assim, os BEV são uma tecnologia importante para reduzir os GEE a fim de atingir as metas da UE de descarbonização do sector energético. Este tópico de investigação pode abrir o debate político entre a indústria, o governo e os investigadores, no sentido de assegurar que os BEV proporcionem uma via de mitigação das alterações climáticas na região da UE.
Citação:
Fuinhas, J.A., Koengkan, M., Leitão, N.C., Nwani, C., Uzuner, G., Dehdar, F., Relva, S., Peyerl, D. (2021). Effect of Battery Electric Vehicles on Greenhouse Gas Emissions in 29 European Union Countries. Sustainability, 13 (24), 13611. https://doi.org/10.3390/su132413611
The Effects of Corruption, Renewable Energy, Trade and CO2 Emissions
Resumo:
A corrupção reflete um conjunto de atividades ilegais que põem em risco o bom funcionamento das economias, da sociedade, e das questões climáticas e ambientais. The Effects of Corruption, Renewable Energy, Trade and CO2 Emissions testa as relações entre crescimento económico, corrupção, energias renováveis, comércio internacional, e emissões de dióxido de carbono utilizando dados de painel para países europeus, nomeadamente Portugal, Espanha, Itália, Irlanda, e Grécia, de 1995 a 2015. Como estratégia econométrica, esta investigação utiliza o painel totalmente modificado de mínimos quadrados (FMOLS), painel dinâmico de mínimos quadrados (DOLS), e painel estimador de mínimos quadrados em duas fases (TSLS). Considerando as variáveis utilizadas na investigação e o teste de raiz da unidade de painel, observámos que as variáveis estão integradas I (1) na primeira diferença. As variáveis de corrupção, crescimento económico, energias renováveis, comércio internacional, e emissões de dióxido de carbono são cointegradas a longo prazo, utilizando os argumentos do teste de cointegração residual de Pedroni e Kao. A metodologia de Dumitrescu-Hurlin para testar a causalidade entre emissões de dióxido de carbono, corrupção, crescimento económico e energias renováveis mostra que existe uma causalidade unidirecional entre emissões de dióxido de carbono e corrupção e crescimento económico e corrupção. Os resultados sugerem que o índice de corrupção e o crescimento económico têm um impacto positivo estatisticamente significativo nas emissões de dióxido de carbono. No entanto, as energias renováveis e o comércio internacional reduzem as alterações climáticas e melhoram a qualidade ambiental.
Citação:
Leitão, N.C. (2021b). The Effects of Corruption, Renewable Energy, Trade and CO2 Emissions (MDPI) 2021, 9 (2), 62. https://doi.org/10.3390/economies9020062
Testing the Role of Trade on Carbon Dioxide Emissions in Portugal
Resumo:
Testing the Role of Trade on Carbon Dioxide Emissions in Portugal considera a relação entre a intensidade do comércio, o consumo de energia, o rendimento per capita, e as emissões de dióxido de carbono de 1970-2016 para a economia portuguesa. Considerando os argumentos da concorrência monopolista, o artigo testa as hipóteses de comércio e consumo de energia sobre as alterações climáticas. Utilizamos o modelo autoregressivo distribuído de lag-ARDL, regressão de quantis, e modelos de cointegração tais como os mínimos quadrados ordinários totalmente modificados (FMOLS), regressão de cointegração canónica, e mínimos quadrados ordinários dinâmicos (DOLS) como uma estratégia econométrica. Os resultados econométricos têm apoio com a revisão da literatura. As variáveis utilizadas nesta investigação são integradas com as primeiras diferenças, como indicado pelo teste de raiz unitária. O estudo empírico prova que a intensidade do comércio contribui para melhorias ambientais. No entanto, o consumo de energia apresenta um impacto positivo nas emissões de CO2. Os resultados econométricos também demonstraram que existe um sistema ambiental sustentável a longo prazo. Este documento avalia os estudos teóricos e empíricos sobre os efeitos do comércio nas emissões de dióxido de carbono. São avaliados os argumentos teóricos dos modelos de concorrência monopolistas e a relação entre a intensidade do comércio e as emissões poluentes, o que permite justificar os resultados deste estudo empírico. Os resultados econométricos mostram que o comércio intensidade contribui para melhorar o ambiente, tanto a curto como a longo prazo, justificando a importância da regulamentação ambiental.
Citação:
Leitão, N.C. (2021a). Testing the Role of Trade on Carbon Dioxide Emissions in Portugal. Economies (MDPI) 2021,9 (1), 22. https://doi.org/10.3390/economies9010022
Fresh Validation of the Low Carbon Development Hypothesis under the EKC Scheme in Portugal, Italy, Greece and Spain
Resumo:
Fresh Validation of the Low Carbon Development Hypothesis under the EKC Scheme in Portugal, Italy, Greece and Spain está em conformidade com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (UN-SDGs), que abordam questões globais pertinentes. Centra-se na necessidade de acesso ao consumo de energia limpa e acessível, consumo responsável de energia, crescimento económico sustentável, e mitigação das alterações climáticas. Para este fim, este documento avalia a relevância do setor das energias renováveis no quadro da curva ambiental Kuznets (EKC) em Portugal, Itália, Grécia, e Espanha para o período 1995-2015. Como estratégia econométrica, adotamos a utilização de dados de painel sobre os países destacados. No primeiro passo, aplicamos o teste de raiz unitário recomendado por Levin, Lin, e Chu em conjunto com ADF-Fisher, e Phillips-Perron para robustez e consistência. Verificámos que as variáveis utilizadas neste estudo estão integradas I (1) na primeira diferença. Na segunda etapa, aplicamos o teste de cointegração Pedroni, e o teste de cointegração Kao Residual, e observamos que as variáveis são cointegradas a longo prazo. Os mínimos quadrados generalizados (GLS), o painel de mínimos quadrados totalmente modificado (FMOLS), os mínimos quadrados comuns robustos (OLS), e a regressão de quantis do painel são considerados nesta investigação. Os resultados econométricos validam a hipótese da curva ambiental Kuznets, ou seja, e existe uma correlação positiva entre o rendimento per capita e um efeito negativo do rendimento quadrático per capita sobre as emissões de dióxido de carbono. Em contraste, observamos que as energias renováveis reduzem as emissões de CO2. Finalmente, encontramos também uma ligação direta entre a população urbana e a degradação ambiental nos blocos examinados. Estes resultados mostram que em Portugal, Itália, Grécia, e Espanha, é necessário mais para alcançar a sustentabilidade ambiental na trajetória de crescimento dos respetivos países. Outras prescrições políticas são anexadas na secção de conclusão deste estudo.
Citação:
Balsalobre-Lorente, D., Leitão, N.C., Bekun, F., V. (2021). Fresh Validation of the Low Carbon Development Hypothesis under EKC Scheme in Portugal, Italy, Greece, and Spain. Energies 2021. 14(1), 250. https://doi.org/10.3390/en14010250
The Impact of Renewable Energy and Economic Complexity on Carbon Emissions in BRICS Countries under the EKC Scheme
Resumo:
A complexidade económica permite avaliar o desenvolvimento dos países, as relações de inovação e a diferenciação dos produtos. O artigo considera as ligações entre as hipóteses da curva ambiental de Kuznets e a complexidade económica, utilizando dados de painel para o grupo de países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul) de 1990 a 2015. Como estratégia econométrica, The Impact of Renewable Energy and Economic Complexity on Carbon Emissions in BRICS Countries under the EKC Scheme considerou o painel totalmente modificado de mínimos quadrados (FMOLS), painel dinâmico de mínimos quadrados (DOLS), efeitos fixos (FE), e Painel de Regressão de Quantidade. Os resultados empíricos mostraram que a complexidade económica, o rendimento per capita, a energia renovável e as emissões de dióxido de carbono estão integrados com a primeira diferença quando se aplica o teste de raiz unitária. Foram também utilizados os argumentos dos testes de Pedroni e Kao de cointegração. De acordo com estes resultados, as variáveis utilizadas nesta investigação são cointegradas a longo prazo. Os resultados validaram os argumentos da hipótese do EKC, ou seja, o rendimento per capita e o rendimento quadrático per capita estão positivamente e negativamente correlacionados com as emissões de CO2. Além disso, a complexidade económica e as energias renováveis visam melhorar os danos ambientais e as alterações climáticas.
Citação:
Leitão, N.C., Balsalobre-Lorente, D., Cantos-Cantos, J.M. The Impact of Renewable Energy and Economic Complexity on Carbon Emissions in BRICS Countries under the EKC Scheme. Energies 2021, 14, 4908. https://doi.org/10.3390/en14164908