História Social e Económica de África
Os Ismailis Lusófonos, os Aga Khan e Portugal: mais de um século de história (Sec xix-xxi)
Resumo (em francês):
La commémoration en 2018 du soixantième anniversaire de l’accession à l’Imamat de Aga Khan IV, son Altesse Prince Karim al Husseini, chef spirituel des Ismailis vivant dans plus de 25 pays, a constitué un moment particulier, surtout pour ses fidèles établis au Portugal et en Espagne. Si les relations récentes de leur Imam avec le gouvernement portugais méritent pleinement d’être évoquées, il faut remonter en arrière à plus d’un siècle et rappeler à la fois l’histoire de la communauté ismaili alors installée au Mozambique, et les liens établis par les Aga Khan III et IV avec l’Empire portugais.
Citação:
Nicole Khouri y Joana Pereira Leite, «Os Ismailis Lusófonos, os Aga Khan e Portugal: mais de um século de história (Sec xix-xxi)», Mélanges de la Casa de Velázquez [En línea], 53-2 | 2023, Publicado el 24 noviembre 2023, consultado el 07 diciembre 2023. URL: http://journals.openedition.org/mcv/20283; DOI: https://doi.org/10.4000/mcv.20283
História de São Tomé e Príncipe de Meados do Século XIX ao Fim do Regime Colonial (1852-1974): As plantações, economia, cultura e religião
Resumo:
Este livro explica as razões que levaram os portugueses a recolonizar as ilhas São Tomé e Príncipe a partir de 1852 e as estratégias que adotaram para institucionalizar a nova ordem colonial no arquipélago. Afastaram os nativos da posse das terras e das instituições e introduziram o modelo de economia da plantação em torno da qual toda a vida económica e social passou a girar, ficando o território dividido entre as populações das grandes plantações e as populações nativas. O trabalho e a terra foram explorados até à exaustão, com maus-tratos e a discriminação racial, e a queda progressiva da produtividade dos solos. A crise de produção surgiu e pôs a nu os limites do modelo de economia da plantação. Ocorreram várias tentativas de contratação forçada da mão-de-obra nativa que geraram muitos conflitos e conduziram ao massacre de “Batepá” de 1953. Este acontecimento fez despertar a consciência dos nacionalistas pela independência do arquipélago, que ocorreu em 12 de julho de 1975. O livro aborda também a cultura e religião como elementos centrais modeladores da sociedade e identidade são-tomenses.
Citação:
Espírito Santo, A. (2023). História de São Tomé e Príncipe – De Meados do Século XIX ao Fim do Regime Colonial (1852-1974): As plantações, economia, cultura e religião. Lisboa: Nimba Edições.
De escravos a indígenas: O longo processo de instrumentalização dos africanos (séculos XV-XX)
Resumo:
De Escravos a Indígenas: o Longo Processo de Instrumentalização dos Africanos (Séculos XV-XX), que reúne um conjunto de textos escritos ao longo de quarenta anos e dispersos em publicações de natureza diversa, nem sempre de acesso fácil, tem como objectivo contribuir para uma renovação da historiografia relativa às relações entre Portugal e África, no domínio concreto das formas de instrumentalização dos Africanos levadas a cabo pelos Portugueses durante quase cinco séculos. Um longo processo, cuja natureza interna se revelou capaz de metamorfose e reconversão nos séculos XIX e XX, assegurando a continuidade do ‘uso’ violento das populações africanas, recorrendo a um aparelho classificatório novo – selvagens, indígenas, assimilados – destinado a manter os Africanos na esfera da dominação portuguesa, contribuindo para legitimar a sua escravização e fixar interpretações deformadoras da História. Se uma primeira vertente visa proceder a uma revisão da história da escravatura e do tráfico negreiro e das suas ideologias nos espaços de ‘ocupação’ portuguesa, como Angola, uma segunda linha de estudo privilegia o documento iconográfico como fonte histórica, sublinhando a sua dimensão histórica e informativa. Finalmente, a terceira linha deste estudo procura pôr em evidência a evolução do processo de instrumentalização portuguesa dos Africanos, que recorre a categorias classificatórias inéditas – selvagem, indígena, assimilado – e a práticas que emergem do trabalho escravo do passado para assegurar a exploração colonial das populações africanas. Juízos de valor, mercantilização, coisificação, exploração, ridicularização dos homens africanos fabricaram imaginários portugueses que reduziram o preto/africano a escravo, o selvagem/indígena a preguiçoso, ladrão e bêbado, o assimilado/’civilizado’ a cópia ridícula e negativa do branco/português, consagrando a inferiorização dos Africanos, e no mesmo movimento, glorificando a ‘raça’ portuguesa, hierarquizando as humanidades e valorizando a dimensão e a natureza das acções portuguesas primeiro esclavagistas, depois colonialistas, que deixaram marcas até hoje na sociedade portuguesa.
Citação:
Henriques, Isabel C., De Escravos a Indígenas: o Longo Processo de Instrumentalização dos Africanos (Séculos XV-XX), Lisboa, Ed. Caleidoscópio, 2019.
História de São Tomé e Príncipe: da descoberta a meados do século XIX
Resumo:
Em História de São Tomé e Príncipe: da descoberta a meados do século XIX, o autor explica como foi que os navegadores portugueses chegaram às ilhas de São Tomé e Príncipe no terceiro quartel do século XV e transformaram-nas num contexto social para o seu desenvolvimento, mas em que as relações humanas e institucionais foram complexas e até insuportáveis para os mais desfavorecidos, particularmente na ilha de São Tomé. Houve conflitos de toda a ordem que se agravaram particularmente depois da transição da sociedade de habitação para a de plantação, com a intensificação de atividades do tráfico negreiro e da produção e exportação do açúcar. A longa distância das ilhas do poder central, localizado em Lisboa, constituiu um ingrediente que favoreceu o fomento dos conflitos em que o desrespeito às regras estabelecidas foi permanente e se manteve durante o período da dominação da elite nativa desde o século XVII, marcado em torno das principais famílias que disputavam o acesso ao poder e o controlo da riqueza. O autor mostra que, apesar da sua dureza, o modelo escravocrata colonial tinha dinâmicas de mobilidade social que permitiram que alguns escravizados se tornassem livres e outros chegaram a ser poderosos em termos económicos e políticos, ainda no decorrer do século XVI, vindo a ser dominantes até meados do século XIX.
Citação:
Espírito Santo, A. (2021). História de São Tomé e Príncipe: da descoberta a meados do século XIX. Lisboa: Edições Colibri.
Roteiro Histórico de uma Lisboa Africana
Resumo:
Lisboa, cidade de tantos vales e colinas quantos os mitos que envolvem a sua história e as populações que a inventaram, estende-se ao longo do Tejo, no lugar onde o rio termina o seu percurso por terras ibéricas e mergulha no oceano Atlântico. Lisboa nasceu na colina do Castelo de São Jorge, onde um povoado da Idade do Bronze deixou os seus vestígios, que cruzaram com muitas outras marcas gravadas por gregos, fenícios, lusitanos, romanos, visigodos, árabes, judeus e cristãos. Um longo caminho de gentes e de culturas, de estórias e de lendas, de deuses e de heróis que, como Ulisses o fundador mítico da cidade – Olisipo – que lhe deve o nome, construíram e reconstruíram este espaço urbano. O objetivo de Roteiro Histórico de uma Lisboa Africana, Séculos XV-XXI é dar a ver a africanidade de Lisboa, dispersa numa pluralidade de memórias e de vestígios imaterais e invisíveis nos dias em que vivemos. A história diz-nos como foi a instalação e a vida de milhares de africanos que durante séculos participaram no processo de construção do facto nacional português. Percorrendo a cidade, munidos do conhecimento histórico, somos surpreendidos pela vigorosa presença africana que invadiu todos os espaços da sociedade lisboeta, reconstruímos uma Lisboa escondida, submersa por um preconceito secular que ainda domina o nosso imaginário coletivo e compreendemos, com mais clareza, não só comportamentos, valores, práticas que permanecem nos quotidianos urbanos, como também as reinvenções constantes das identidades portuguesas e africana, presentes no país.
Citação:
Castro Henriques, I. (2021). «Roteiro Histórico de uma Lisboa Africana, Séculos XV-XXI», versão revista e actualizada, Lisboa, Edições Colibri, 2021.
Manuel Viegas Guerreiro: «Ovakwankala (Bochimanes) e Ovakwanyama (Bantos): aspectos do seu convívio». Uma interpretação histórica
Resumo:
A investigação e o estudo de sociedades de caçadores-recolectores desenvolveram-se de forma significativa no quadro de uma antropologia social e cultural sobretudo neo-evolucionista, em particular anglo-americana, nos anos 50 e 60 do século passado. A África constituiu um espaço privilegiado para este tipo de estudos que procuravam pôr em evidência as relações íntimas destas populações com o meio ambiente em que viviam e do qual dependiam, mas também as consequências, sobre a sua evolução, do desenvolvimento e consolidação dos sistemas coloniais europeus, que obrigavam a alterações no seu quadro territorial de circulação conduzindo-as a situações-limite de sobrevivência. De uma forma mais precisa, no contexto intelectual da época, ligada a valores e princípios que marcavam a valorização da natureza, o conhecimento dos ecossistemas, o avanço da ecologia – em particular a ecologia-cultural ou antropologia ecológica americanas – como forma de pensar o mundo e as relações da humanidade com os espaços envolventes, multiplicaram-se também os estudos que procuravam sublinhar as virtudes e os benefícios destas sociedades, a que chamaram as primeiras sociedades de abundância (Marshall Sahlins, 1968). Mas a história destas sociedades ficou sempre no silêncio, os documentos escritos eram frágeis e os conhecimentos destes grupos humanos assentavam na ideia de um longo multissecular percurso marcado pela constância dos seus actos, das suas práticas, das suas vidas. Esta ausência de movimento era incompatível com a noção de mudança, indispensável à evolução – e, portanto, à história – das sociedades. A própria noção de “sociedade de abundância” remetia para o reconhecimento de uma suposta “riqueza” dos caçadores-recolectores, que encontravam na natureza envolvente tudo aquilo de que necessitavam para viver numa situação confortável, que resolvia a sua alimentação, dispensava relações com outros povos, e garantia tempos livres e de descanso, que permitiam facilmente a realização das suas práticas sociais e religiosas. Tratava-se de uma visão idílica que remetia para tempos históricos anteriores, quase sem movimento, e para a ausência de processos de transformação e mudança significativos da sua situação histórica. Em Manuel Viegas Guerreiro: «Ovakwankala (Bochimanes) e Ovakwanyama (Bantos): aspectos do seu convívio». Uma interpretação histórica. Isabel Castro Henriques comenta o estudo homónimo conduzido por Manuel Viegas Guerreiro.
Citação:
“Castro Henriques, I. (2021). «Manuel Viegas Guerreiro – Ovakwankala (Bochimanes) e Ovakwanyama (Bantos): aspectos do seu convívio. Uma interpretação histórica. Lisbon, Newsletter Fundação Manuel Viegas Guerreiro, no 27, julho-setembro 2021, pp. 10-16.”
Voices, Languages, Discourses: Interpreting the present and the memory of Nation in Cape Verde, Guinea-Bissau and São Tomé and Príncipe
Resumo:
Voices, Languages, Discourses: Interpreting the Present and the Memory of Nation in Cape Verde, Guinea-Bissau and São Tomé and Príncipe reúne uma seleção de entrevistas com escritores e cineastas de Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe a fim de examinar representações e imagens da identidade nacional nas narrativas pós-coloniais destes países. Continua e completa a exploração do imaginário e identidade pós-colonial da África de língua portuguesa apresentada no volume anterior de entrevistas Speaking the Postcolonial Nation: Interviews with Writers from Angola and Mozambique (2014). Memória, história, migração e diáspora são noções centrais na recriação e reconcetualização da nação e das suas identidades na cultura literária e cinematográfica cabo-verdiana, guineense e são-tomense. Ao reunir diferentes gerações de escritores e cineastas, com uma grande variedade de perspectivas sobre as mudanças históricas, sociais e culturais ocorridas nos seus países, este livro dá um valioso contributo para os debates atuais sobre pós-colonialismo, nação e identidade nestas antigas colónias portuguesas.
Citação:
Leite, A., M., Falconi, J., Krakowska, K., Kahn, S., Secco, C. (2020). Voices, Languages, Discourses: Interpreting the Present and the Memory of Nation in Cape Verde, Guinea-Bissau and São Tomé and Príncipe. Oxford, United Kingdom: Peter Lang Verlag. Retrieved Oct 6, 2022, from https://www.peterlang.com/document/1055586
Livro de Resumos – EJICPLP África: A ciência na inovação em África
Resumo:
O Encontro de Jovens Investigadores da CPLP sobre África é um espaço inclusivo de debate e de divulgação científica em estudos africanos e em língua portuguesa, numa perspetiva inovadora, democrática e multicultural. O sucesso deste projeto iniciou-se em 2021, quando se propôs trazer a participação e o protagonismo aos jovens, como agentes de mudança de uma comunidade viva e em permanente transformação. Neste âmbito, realizou-se o II Encontro, em maio de 2022, em Lisboa, onde discutiu-se o papel da ciência na inovação em África, superando todas as expectativas, quer na qualidade dos debates, quer na excelência e diversidade dos trabalhos apresentados, quer na adesão massiva dos participantes. O Encontro aconteceu graças ao trabalho realizado pela Comissão Organizadora, por um Conselho Científico Internacional, com a colaboração do Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA), enquanto entidade proponente para além do apoio de outras instituições parceiras, tais como a CPLP, Câmara Municipal de Lisboa (CML), Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), Universidade Católica de Angola (UCAN), União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Universidade Eduardo Mondlane (UEM – Moçambique), Associação de Municípios para o Desenvolvimento Sustentável da região da Umbria (FELCOS – Itália). O 2º Encontro de Jovens Investigadores da CPLP sobre África. Livro de Resumos só foi possível graças à colaboração de inúmeras pessoas, em particular a Comissão Organizadora, o Conselho Científico, os Oradores, os Parceiros Institucionais, os Medias Partners, os Voluntários e a Comunidade Científica.
Citação:
D’Abril, Cristina Molares [et al.] (2022). “2º Encontro de Jovens Investigadores da CPLP sobre África. Livro de Resumos”. ISBN: 978-989-54687-3-7
Brief Paper 6/1998: O Papel das Autoridades Tradicionais na Transição para a Democracia em Moçambique
Resumo:
O estudo do papel das autoridades tradicionais nos processos sociais em Africa e, nomeadamente nos processos de transição democrática, é hoje um assunto consensual entre africanistas, e existem numerosos trabalhos sobre o tema. No entanto, este tema tem sido relativamente negligenciado no que se refere aos PALOPs, sobretudo ao nível de estudos científicos. No caso de Moçambique, o debate começou a ganhar alguma importância a partir de 1994, sobretudo devido ás eleições municipais, que como se sabe ainda não se realizaram (prevista a data de 30 de Junho). O debate no entanto não tem assumido um grande carácter científico, e são ainda muito escassos os trabalhos de campo sobre a matéria. Sobre esta matéria falarei um pouco mais tarde. No meu caso, o interesse pelo tema vem desde o tempo do trabalho de campo, efectuado no distrito do Búzi, província de Sofala, em 1994, entre populações Ndau. Esse trabalho, intitulado “Processos de Transformação Social no Universo Rural Moçambicano Pós-Colonial. O Caso do Búzi”, pretendia analisar quais as principais dinâmicas sociais que ocorreram no distrito, depois da independência. Ao estudar esse processo era inevitável que algumas categorias sociais viessem a ocupar um lugar significativo, nomeadamente as autoridades tradicionais, em face do lugar social e político que detinham, e detêm, nas sociedades rurais. Retomarei essas questões mais adiante. Agora convém determo-nos um pouco sobre um certo enquadramento teórico geral dado à questão das autoridades tradicionais em África. Comunicação no Seminário CESA 1998: A Problemática do Desenvolvimento – Historicidade e Contributos Actuais numa Óptica Transdiciplinar, Conferência O Papel das Autoridades Tradicionais na Transição para a Democracia em Moçambique, 14 de Maio de 1998.
Citação:
Florêncio, Fernando. 1998. “O papel das autoridades tradicionais na transição para a democracia em Moçambique”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA Brief papers nº 6-1998.
Brief Paper 5/1998: A Questão da Origem dos Angolares de São Tomé
Resumo:
Pretendemos fazer uma interpretação desapaixonada e imparcial, isenta de qualquer carga nacionalista, deste capitulo da história de São Tomé. Sobre a origem dos Angolares existem pelo menos três hipóteses diferentes. A mais antiga e a mais divulgada diz que os Angolares são descendentes dos sobreviventes de um navio de escravos vindo de Angola, naufragado na costa sul da ilha em meados do século XVI. A segunda hipótese afirma que os Angolares já estavam presentes quando os portugueses chegaram, pois são descendentes de um povo Bantu com grandes habilidades marítimas que vieram a São Tomé com as suas próprias canoas. Segundo a terceira hipótese, os Angolares nem são descendentes de náufragos, nem se trata de população autóctone da ilha; antes devem ser descendentes de Cimarrones, escravos fugidos das primeiras plantações de cana-de-açúcar a partir do século XVI. Antes de abordar consecutivamente as três hipóteses, gostaríamos de apresentar alguns dados sobre os Angolares. Comunicação no Seminário CEsA 1998: A Problemática do Desenvolvimento – Historicidade e Contributos Actuais numa Óptica Transdiciplinar, Conferência A Questão da Origem dos Angolares em São Tomé, 19 de Maio de 1998.
Citação:
Seibert, Gerhard. 1998. “A questão da origem dos Angolares de São Tomé”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA Brief papers nº 5-1998.