EADI e CEsA organizam a EADI CEsA Lisbon Conference 2023
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Revista CEsA nº 1 | Entrevista: CEsA e EADI organizam conjuntamente a edição de 2023 da maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento

 

A EADI CEsA Lisbon Conference 2023 terá lugar entre os dias 10 e 13 de julho no ISEG, e espera reunir aproximadamente 500 participantes para refletir e buscar soluções em direção a novos ritmos de desenvolvimento

 

Mapear novos ritmos de desenvolvimento num cenário global de crises e desafios cada vez mais profundos e complexos: esta é a tónica da EADI CEsA Lisbon Conference 2023: Towards New Rhythms of Development, a maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento, que terá lugar entre os dias 10 e 13 de julho no ISEG – Lisbon School of Economics and Management.

O Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) é o coorganizador do evento, que acontece pela primeira vez em Lisboa, Portugal. A conferência internacional, organizada a cada três anos pela European Association of Development Research and Training Institutes (EADI), desde 1975, terá formato híbrido (presencial e on-line) e as inscrições estão abertas.

Susana Costa, responsável do CEsA pelo seguimento das atividades planificadas e logísticas da EADI CEsA Lisbon Conference 2023. Crédito: Reprodução/CEsA.

“Lisboa é uma cidade atrativa e em julho estará muito bom tempo. Contamos que esses fatores contribuam para a decisão das pessoas participarem presencialmente na Conferência”, comenta Susana Costa, responsável do CEsA pelo seguimento das atividades planificadas e logísticas do evento.

Os organizadores esperam reunir aproximadamente 500 investigadores e profissionais das áreas ligadas ao Desenvolvimento, do Norte e do Sul Global. Serão quatro dias de debates e reflexões a decorrer em três plenários principais pelas manhãs e em 10 sessões paralelas a decorrer em simultâneo, na parte da tarde, em torno dos painéis aprovados: 37 Seed Panels, 15 Harvest Panels, 17 Roundtable Sessions e três Workshop Sessions. “Também haverá sempre um programa social e cultural a decorrer ao final do dia. Será um momento fundamental de networking entre os participantes, que pode contribuir para o surgimento de projetos conjuntos futuros”, revela Costa.

Objetivo comum
O objetivo comum do EADI CEsA Lisbon Conference 2023 é repensar o desenvolvimento diante de mudanças cada vez mais profundas nas relações globais, nas desigualdades e nas formas de exclusão. O investigador do CEsA, professor do ISEG e membro da Comissão Científica do evento, Alexandre Abreu, exemplifica esse cenário de crises multiformes em várias esferas: crise climática, crise pandémica, recessão económica global iminente, ameaças à paz e à segurança global, etc.

Alexandre Abreu, investigador do CEsA e membro da Comissão Científica da EADI CEsA Lisbon Conference 2023. Crédito: Reprodução/ISEG.

“Chegamos a este momento com muitas preocupações, sendo preciso bastante otimismo para contrariar todos esses motivos bem reais para sentirmos pessimismo relativamente ao mundo que nos rodeia, mas esperamos que seja possível reforçar a ligações com as discussões que irão ocorrer e encontrar soluções”, reflete Abreu.

O investigador realça a importância da participação da academia portuguesa na conferência internacional para reforçar tanto a centralidade em torno de temas já desenvolvidos nos estudos de desenvolvimento e na cooperação em Portugal, quanto para se apropriarem de outras discussões que ainda precisam ser mais desenvolvidas no cenário local, a exemplo do “pós-desenvolvimento”.

Aprendizagem para o CEsA
Os esforços para o CEsA acolher a maior conferência do EADI iniciaram-se em 2019, na ocasião do Encontro de Diretores da EADI em Córdoba, na Espanha. “Eu, na altura como vogal da Direção do CEsA, acompanhei o presidente à época do CEsA, professor António Mendonça, que teve a visão de anunciar a nossa disponibilidade para acolher esta conferência, para aumentar a projeção internacional do CEsA e assinalar os 40 anos do centro e os 30 anos do mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional do ISEG”, recorda Abreu.

Para o membro da Comissão Científica, a realização da conferência em Portugal oferece um conjunto de atrativos, que passam pelo regresso do evento ao Sul da Europa e pela ligação com os países em desenvolvimento de língua portuguesa, especialmente com a África lusófona. “Para o CEsA, obviamente, tem muito a ver com reforçar a nossa participação internacional nesta associação, mas também em grande medida reforçar os laços em termos de participação em redes internacionais por parte dos vários investigadores do centro.”

 


 

Entrevista com Susanne von Itter, Diretora-Executiva da EADI – European Association of Development Research and Training Institutes

 

Susanne von Itter, Diretora-Executiva da EADI. Crédito: Reprodução/EADI.

Revista CEsA: Poderia relatar-nos brevemente a escolha de Lisboa para a Conferência Geral da EADI de 2023? Quando e em que contexto Lisboa foi escolhida, porquê e quais são as expectativas da EADI para realizar o seu maior evento numa cidade como Lisboa.

Susanne von Itter (EADI): As nossas Conferências Gerais são um evento emblemático sobre as questões relacionadas aos estudos de desenvolvimento na Europa e reúnem mais de 500 investigadores a cada três anos. Permitem destacar uma importante comunidade de estudiosos regional, pelo que o CEsA abordou-nos em 2019 já para se propor a acolher a conferência de 2023 em Lisboa.

Portugal tem uma comunidade vibrante de investigadores e centros de investigação que lidam com questões de desigualdade, política de desenvolvimento e estudos africanos e latino-americanos e têm uma longa tradição nestas áreas de investigação. Ficamos muito honrados em aceitar esta oferta.

 

Revista CEsA: A última Conferência Geral do EADI num país do sul da Europa foi em 1984. Qual a diferença do regresso em 2023? Há discussões que podem beneficiar deste contexto?

Susanne von Itter (EADI): A diferença é que, desde 1984, o escopo e a natureza dos estudos de desenvolvimento evoluíram: de um forte foco na economia do desenvolvimento para dicussões sobre desigualdade e decolonialidade, levando em consideração questões ambientais e reconhecendo os problemas globais.

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e outras estruturas globais estabeleceram visões para um mundo mais igualitário e sustentável tanto no Norte quanto no Sul Global. Temos muitos problemas comuns e podemos aprender uns com os outros. As crises atuais mostram que os conceitos dominantes de desenvolvimento, os modelos de planeamento linear e as noções estreitas de progresso e crescimento não funcionaram para reduzir a desigualdade em todas as suas esferas.

Reimaginar a orientação dos estudos de desenvolvimento, um processo que foi fortalecido nos últimos anos pela investigação crítica, levou a um processo que investiga a natureza e a adequação dos processos, bem como os objetivos, considerando novas abordagens para modelos universais, equitativos e inclusivos de desenvolvimento.

Esperamos que especialmente os pesquisadores do sul da Europa, com as suas conexões internacionais com países de língua portuguesa e espanhola na Europa, África e América Latina, alimentem os seus conhecimentos específicos nesta discussão e inspirem os seus colegas de outras regiões da Europa e globalmente. Tópicos como as crises migratórias, formas de exclusão, desigualdades, mudanças climáticas, energias renováveis, descolonização do pensamento, etc., beneficiam desta investigação em particular.

 

Revista CEsA: A Conferência EADI CEsA Lisboa 2023 faz um apelo a repensar o cenário global rumo a novos ritmos de desenvolvimento. Qual é a principal expectativa do EADI para esta edição?

Susanne von Itter (EADI): Oferecemos uma variedade de 80 painéis, mesas redondas e workshops que não seguem o mainstream da pesquisa exigida pelos governos ou órgãos doadores (a exemplo dos programas da Comissão Europeia). Os temas e abordagens apresentados vão além e pretendem criar uma discussão vívida sobre novos ritmos e abordagens criativas para enfrentar desafios globais.

Tudo isso num espírito de desenvolvimento baseado em valores e de compromisso com os estudos de desenvolvimento como uma agenda de proteção à vida na Terra, assim como de compromisso em educar e treinar a geração mais jovem nas nossas universidades e incentivá-la ao pensamento crítico.

Esperamos que especialmente a geração de jovens investigadores (da Europa e do Sul Global) conduza ou pelo menos participe intensamente nessas discussões na conferência, seja no papel de organizadores de painéis ou como autores de trabalhos.

Esperamos que os novos ritmos abordados na conferência também envolvam visões inovadoras para lidar com as crises atuais. Uma abordagem de “One World” é necessária para lidar com as mudanças climáticas, pandemias e conflitos armados.

Quando escolhemos o título, nós queríamos apoiar uma abordagem positiva e encorajadora, sabendo que a multiplicação de crises é um assunto complexo e sério e demanda um pensamento criativo para desenvolver novos conceitos, métodos e políticas. Como afirma a introdução ao tema da conferência, pretendemos “iluminar as várias causas e manifestações desses desafios atuais sem precedentes e explorar e mapear ‘novos ritmos de desenvolvimento'”.

 

Revista CEsA: O que acha que pode ser melhorado e/ou fortalecido na parceria entre a EADI e o CEsA para a realização da maior conferência europeia sobre estudos de desenvolvimento e que novas ideias e projetos podem surgir desta experiência?

Susanne von Itter (EADI): Graças à boa cooperação e ao forte espírito de equipa da equipa organizadora (devo mencionar neste contexto Susana Costa e Luís Mah, do CEsA, e Basile Boulay e colegas do Secretariado da EADI), os preparativos da conferência já foram muito bem-sucedidos. Nós atraímos um grande número de painéis de ponta e submissões de resumos.

Esperamos poder fortalecer a comunidade de pesquisadores no sul da Europa, e poder ter eventos de acompanhamento junto com o CEsA. Como a conferência irá hospedar vários painéis em português, esperamos também disponibilizar conhecimentos que não seriam visíveis numa conferência exclusivamente em inglês e inspirar a solução local de problemas globais.

 

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Site da EADI

 

Texto publicado na edição nº 1 da Revista CEsA. Autoria: Marianna Rios/Comunicação CEsA. Edição: Sónia Frias/Direção do CEsA e Filipe Batista/CEsA Comunicação. Tradução: Inês Hugon. Design: Felipe Vaz.


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