Seed Panel 30 - Rural/urban space in sub-Saharan Africa and...
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EADI CEsA Lisbon Conference 2023 | 12 de julho | Seed Panel 30: Rural/Urban Space in Sub-Saharan Africa and the Dynamics of Climate Change

Seed Panel 30 – Rural/Urban Space in Sub-Saharan Africa and the Dynamics of Climate Change
12 de julho de 2023
14:30h – 16h (UTC+1)
Sala 10, Francesinhas 1, ISEG, Lisboa

 

Coordenadores:

Sónia Frias CEsA/CSG/ISEG/ULisboa
Arlindo Fortes CEsA/CSG/ISEG/ULisboa
Marcelo José Moreira CEsA/CSG/ISEG/ULisboa

 

 

 

 

 

 

 

Descrição do painel: Os fluxos de populações do campo para as cidades, quaisquer que tenham sido, ou quaisquer que sejam as razões da sua consolidação nos diferentes países africanos, têm contribuído para uma sólida transformação dos mundos rural e urbano. Para além da dimensão espacial deste movimento, existem dimensões socioeconómicas e culturais que, mais do que induzir mudanças, têm vindo a transformar essas realidades de forma muito firme e rápida, não só ao nível do espaço, mas também ao nível das comunidades. São evidentes as variações ao nível da produção e do seu impacto no sistema agrícola, nomeadamente o empobrecimento das famílias, as migrações, e cada vez mais as alterações ambientais. Referimo-nos muito especificamente às alterações climáticas, uma vez que o continente africano é atualmente mais quente do que era há 100 anos.

Atualmente, os efeitos das alterações climáticas em África já estão a forçar mudanças na agricultura, gerando sistemas agrícolas de subsistência. Se não forem tomadas medidas eficazes, nas próximas décadas os sistemas agrícolas em África serão gravemente afetados, uma vez que se verificará uma redução drástica das terras adequadas para a agricultura. As zonas com maior potencial agrícola tornar-se-ão áridas e as zonas costeiras ficarão submersas, o que afetará a produção, a pesca e as povoações. As alterações climáticas afetarão mais duramente as comunidades que já enfrentam desafios sociais e económicos, como a pobreza socioeconómica. Há um consenso crescente de que as alterações climáticas causarão mais danos aos países pobres, porque as pessoas dependem mais dos recursos naturais para sobreviver.

Neste painel, propomo-nos gerar novos argumentos sobre os desafios colocados às populações rurais e urbanas, desafios que as obrigam a continuamente criar novos ritmos de adaptação e a desenvolver novas competências, lógicas de pensamento e comportamentos.

 

Comunicações do Seed Panel 30 – Rural/Urban Space in Sub-Saharan Africa and the Dynamics of Climate Change:

 

  • Urban-Rural Nexus from an SDG Interlinkage Perspective

Gideon Baffoe
University of York, United Kingdom

As áreas urbanas e rurais interagem através do fluxo de pessoas, matérias-primas, energia, bens, capital e informação. Sem a construção de vínculos sólidos entre as áreas urbanas e rurais, o desenvolvimento de uma área pode ser comprometer o de outra. Dito isto, alcançar o desenvolvimento sustentado requer ma priorização e implementação de políticas personalizadas tanto em áreas urbanas como rurais.

Quanto à conexão urbano-rural, pouco tem sido feito através da análise compreensiva sob a perspetiva da interligação no contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O Objetivo 11, sobre cidades sustentáveis, e várias metas incorporadas noutros Objetivos, fornecem um bom quadro de análise para os vínculos urbanos-rurais.

Este artigo contribui para uma nova perspetiva de pesquisa, utilizando o Gana como caso de estudo. O estudo aplicou uma abordagem integrada ao combinar os resultados de um exercício de busca de soluções com uma análise de interligação dos ODS para identificar os desafios e soluções prioritárias, além de avaliar as sinergias e os trade-offs das soluções identificadas.

 

  • Basic Income as a Disaster Risk Reduction Tool?

Sara Bernardo
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – ISCTE, Portugal

Os desastres naturais são apenas considerados desastres quando interagem com sociedades caracterizadas por um alto nível de vulnerabilidade prévio. Assim, a ocorrência de desastres naturais está relacionada com um conjunto de características territoriais, históricas, económicas, políticas, sociais, culturais e ambientais que contribuem para diferentes níveis de vulnerabilidade. A vida cotidiana é caracterizada por estes níveis de vulnerabilidade, que influenciam os impactos e a sua duração.

As sociedades agrárias da África subsaariana, com recursos financeiros e tecnológicos escassos e expostos às dinâmicas globais, pertencem ao grupo mais exposto. As numerosas crises e precondições de vulnerabilidade crónica, explicam o porquê de os acontecimentos naturais muitas vezes se tornarem em desastres naturais.

Em processos sociais contínuos, as vulnerabilidades são acumuladas ao longo da história. Os desastres naturais não podem ser vistos como acontecimentos isolados nem limitados a um periodo e espaço específicos. São parte da dinâmica acumulativa em que pré e pós-desastre coexistem constantemente e se alimentam mutuamente em perpétuidade. Um desastre antecede e sucede outro desastre, consequentemente, a agricultura pós desastre é também pré-desastre e vice-versa. Eventos naturais extremos são uma exceção, no entanto fazem parte das dinâmicas territoriais.

A cada ano, a capacidade produtiva das famílias é deteriorada a cada novo evento natural. Ano após ano as famílias tornam-se mais vulneráveis. A maioria não tem a capacidade de recuperar o acesso a determinados recursos, como tratores ou animais de tração, pois falta-lhes os recursos financeiros necessários. Para assegurar um retorno mais rápido às atividades agrícolas após uma interrupção, a vulnerabilidade crónica das sociedades deve ser abordada.

Não obstante da importância da assistência material para aliviar as necessidades básicas imediatas, isto não possibilita a transformação a médio-longo prazo. A ajuda material e os vouchers são modelos que atenuam necessidades imediatas, mas não permitem enfrentar as raízes da vulnerabilidade. Os recursos financeiros são necessários para permitir que as famílias respondam às suas diversas necessidades e para quebrar o ciclo da pobreza, que piora a cada evento.

Modelos como a Renda Básica têm o potencial de combater a vulnerabilidade crónica. Transferências de dinheiro através de serviços de dinheiro por telemóvel, como o M-Pesa e o mKesh, podem abordar as diferentes dimensões da vulnerabilidade de forma sistemática e sem interferir com as dinâmicas sociais, relações inter e intrassociais e na auto organização das sociedades.

O propósito não é argumentar que o acesso a recursos financeiros é por si só a solução sem efeitos colaterais, nem que resolve todos os problemas em qualquer contexto. Contudo, a fraca capacidade financeira e a forte necessidade da mesma, tornam-se uma barreira para a construção da capacidade de resposta e adaptação às alterações climáticas.

 

  • Are They Trapped? Immobility as the face of environmental change

Eliška Masná, Dušan Drbohlav, Jiří Hasman e Aneta Seidlová 
Charles University, Czech Republic

O aprofundamento da seca e desflorestação causam diversos problemas, especialmente para os agricultores de subsistência no Sul Global que dependem da agricultura pluvial. Embora as alterações climáticas e as mudanças ambientais de longo prazo frequentemente diminuam o bem-estar das pessoas ao trazer desafios para garantir e sustentar seus meios de subsistência, resultando em menor capacidade de mobilidade, o impacto dessas mudanças é discutido maioritariamente no contexto da migração, em vez da imobilidade. Esta contribuição apresenta resultados de uma pesquisa conduzida na província ocidental de Zâmbia. O objetivo é desvendar a capacidade do agregado familiar de se adaptar a processos de longo prazo e discutir o papel da mobilidade/imobilidade nos seus meios de subsistência. É dada ênfase à exploração das normas sociais que desempenham um papel crucial na tomada de decisões. O estudo baseia-se na teoria da motivação de proteção e trabalha com conceitos de capacidade adaptativa no nível do agregado familiar. A pesquisa é baseada em entrevistas estruturadas com chefes de família e entrevistas com especialistas locais. A modelagem de equações estruturais ajuda a entender os fatores por trás da tomada de decisões perante de condições ambientais desfavoráveis.

 

  • When We Eat of Seeds: A study of the effects of informal mining on the environment, food and water security

Vincent Agulonye
CEsA/CSG/ISEG/ULisboa, Portugal

 

 

As atividades agrícolas em áreas rurais e semiurbanas fornecem a maior parte dos alimentos produzidos localmente na África Ocidental. Embora o tipo de agricultura praticada em África seja predominantemente de subsistência, esta é responsável pela maior parte dos alimentos consumidos em povoações rurais, semiurbanas e urbanas. Uma vez que os sistemas agrícolas que dependem das chuvas são predominantes em África, a produção de alimentos tanto para consumo humano, como animal, entre outros, tem um período de produção limitado, o que limita o enorme potencial para a prática agrícola no continente. Os efeitos das alterações climáticas e baixos rendimentos, a modernização e busca por empregos formais e um estilo de vida mais fácil, o aumento da pobreza rural e crescente mobilidade social urbana, a insegurança e os frequentes conflitos entre agricultores e criadores de animais em muitas comunidades da sub-região, entre outros fatores, tornam a migração rural-urbana um fenómeno contínuo. Apesar disso, a acessibilidade aos alimentos na sub-região depende dos agricultores e criadores de animais rurais. O aumento da pobreza e do desemprego nas áreas urbanas e rurais levou muitos jovens, incluindo recém-graduados, a voltarem-se para a exploração informal de recursos em áreas rurais, suburbanas e às vezes urbanas. Essas atividades causam danos contínuos à terra, água e recursos ambientais. Este artigo estuda o impacto da exploração ilegal na segurança alimentar e hídrica em comunidades selecionadas em Camarões, Gana e Nigéria.
(Este é um trabalho ainda em progresso)

 

Leia mais:

Site da EADI: SP30 -Rural/Urban Space in Sub-Saharan Africa and the Dynamics of Climate Change (em inglês)

Site da EADI: Lista dos Seed Panels (em inglês)

Site da EADI: Programa preliminar (em inglês)

EADI CEsA Lisbon Conference 2023 divulga o programa preliminar da maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento

Inscrições abertas para a EADI CEsA Lisbon Conference 2023, a maior conferência europeia de Estudos de Desenvolvimento

 

Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagens: CEsA/Reprodução e EADI


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