Portugal

Portugal’s Inequality Regime: Many contradictions, multiple pressures
Resumo:
Este artigo aplica o conceito de regime de desigualdade, na tradição da Escola da Regulação, à análise dos padrões e motores da desigualdade socioeconómica em Portugal nas últimas décadas. Os principais padrões empíricos são identificados no que diz respeito à desigualdade de rendimentos, rendimentos superiores e inferiores, desigualdade de riqueza, pobreza monetária e fornecimento não mercantilizado de bens básicos. Em seguida, discutimos vários processos e mecanismos subjacentes, nomeadamente a relação capital-trabalho, as lutas de classificação, a financeirização, a redistribuição e o bem-estar, para explicar os padrões empíricos identificados. Concluímos que o regime de desigualdade de Portugal é notavelmente contraditório e argumentamos que o sucesso do país na redução da maioria das medidas de desigualdade nos últimos tempos é especialmente vulnerável a uma variedade de pressões.
Citação:
Abreu, A. (2023). “Portugal’s Inequality Regime: Many contradictions, multiple pressures”. Revista Crítica de Ciências Sociais, 130:127-156

Exploring Co-creation Process in the Wineries: The relevance of social partner characteristics
Resumo:
Num mercado global, a troca é considerada como um dos recursos estratégicos mais importantes e críticos para o sucesso das empresas (Hammervoll 2012; Johnson 1999; Powers e Reagan 2007). Por conseguinte, não é de surpreender que produtores, distribuidores, retalhistas, clientes e até concorrentes unam forças para co-criar soluções de valor. Com o ambiente empresarial a tornar-se mais competitivo, a perspetiva diádica das relações entre compradores e vendedores está a aumentar. Os parceiros devem preocupar-se em unir forças e trabalhar em conjunto para melhorar o seu desempenho conjunto e acrescentar valor às suas ofertas (Cannon et al. 2010). Em suma, o sucesso de uma empresa pode ser influenciado pelo estilo da relação que é desenvolvida com outros atores (Arranz e de Arroyabe 2012; Cunha, Loureiro, e Rego 2015a; Monteiro, Guerreiro e Loureiro 2019; Terpend e Ashenbaum 2012). No seguimento deste apelo à investigação, este capítulo tem como objetivo explorar a forma como os distribuidores e produtores de vinho descrevem as capacidades sociais pessoais e organizacionais como facetas facilitadoras da qualidade da relação (QR) (é uma questão que depende da confiança, satisfação, compromisso e confiança). O sector do vinho foi escolhido como campo de investigação porque tem características únicas que ainda não foram profundamente estudadas e que podem explicar as especificidades da gestão: 1 Portugal é um país vinícola antigo, cheio de tradição e património, “no qual a cultura do vinho floresce há séculos” (Loureiro e Kaufmann 2012, p. 331). 2 O sector vitivinícola não foi profundamente analisado e estudado em pesquisas anteriores. 3 Este sector desempenha um papel importante na economia nacional, e o reconhecimento da qualidade do trabalho realizado neste sector está a ser aclamado internacionalmente. O presente capítulo está organizado da seguinte forma: após esta introdução ao nosso tema de investigação, apresentamos a fundamentação teórica que sustentou este estudo, seguida de uma descrição da metodologia. As secções seguintes discutem os resultados do estudo empírico e e são discutidas as implicações deste estudo para os gestores. Por último, são sugeridas limitações e novas direções de investigação.
Citação:
Sarmento, E. M, Loureiro, S. M. C., and Cunha, N. Exploring Co-creation Process in the Wineries: The relevance of social partner characteristics. In: Dixit, S.K. (Ed.). (2022). Routledge Handbook of Wine Tourism. Routledge. https://doi.org/10.4324/9781003143628

As Perspetivas de Cooperação Económica entre Portugal e a China
Resumo:
Desenha-se, desde a visita de estado do Presidente Xi Jinping a Portugal em dezembro de 2018, um quadro de relacionamento diplomático entre Portugal e China de grande cooperação em áreas como economia e comércio, investimento e finanças, energia, tecnologia, economia azul, educação e cultura. Dos 17 protocolos de cooperação então assinados entre instituições governamentais e privadas portuguesas e chinesas, um tem particular relevo porque estrutura de uma forma muito significativa o nível de cooperação entre os dois países e o seu enquadramento no novo contexto mundial. Refiro-me ao protocolo de cooperação entre os governos de Portugal e da China, no quadro da Iniciativa Faixa Económica da Rota Seda e da Nova Rota da Seda Marítima do Século XXI. A presença do Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa no “Second Belt and Road Forum for International Cooperation”, que se realizou em Pequim de 25 a 27 de abril 2019, confirma a importância da assinatura desse protocolo e as perspetivas de cooperação económica que este abre, quer no relacionamento bilateral quer multilateral. De acordo com o documento assinado, a visão da multilateralidade dessa cooperação é expressa no que diz respeito a outros países da UE mas implícita na relação com outros países de língua portuguesa, na sua maioria países africanos em desenvolvimento, sendo que a Iniciativa Faixa e Rota (IFR) foca especialmente a conectividade entre países visando objetivos de desenvolvimento sustentado.
Citação:
Fernanda Ilhéu (2019), As Perspetivas de Cooperação Económica entre Portugal e a China. O Economista-Anuário da Economia Portuguesa, 32ª Edição, Ordem dos Economistas, ISBN 1646-9909, pp:40-45, Lisboa.

De escravos a indígenas: O longo processo de instrumentalização dos africanos (séculos XV-XX)
Resumo:
De Escravos a Indígenas: o Longo Processo de Instrumentalização dos Africanos (Séculos XV-XX), que reúne um conjunto de textos escritos ao longo de quarenta anos e dispersos em publicações de natureza diversa, nem sempre de acesso fácil, tem como objectivo contribuir para uma renovação da historiografia relativa às relações entre Portugal e África, no domínio concreto das formas de instrumentalização dos Africanos levadas a cabo pelos Portugueses durante quase cinco séculos. Um longo processo, cuja natureza interna se revelou capaz de metamorfose e reconversão nos séculos XIX e XX, assegurando a continuidade do ‘uso’ violento das populações africanas, recorrendo a um aparelho classificatório novo – selvagens, indígenas, assimilados – destinado a manter os Africanos na esfera da dominação portuguesa, contribuindo para legitimar a sua escravização e fixar interpretações deformadoras da História. Se uma primeira vertente visa proceder a uma revisão da história da escravatura e do tráfico negreiro e das suas ideologias nos espaços de ‘ocupação’ portuguesa, como Angola, uma segunda linha de estudo privilegia o documento iconográfico como fonte histórica, sublinhando a sua dimensão histórica e informativa. Finalmente, a terceira linha deste estudo procura pôr em evidência a evolução do processo de instrumentalização portuguesa dos Africanos, que recorre a categorias classificatórias inéditas – selvagem, indígena, assimilado – e a práticas que emergem do trabalho escravo do passado para assegurar a exploração colonial das populações africanas. Juízos de valor, mercantilização, coisificação, exploração, ridicularização dos homens africanos fabricaram imaginários portugueses que reduziram o preto/africano a escravo, o selvagem/indígena a preguiçoso, ladrão e bêbado, o assimilado/’civilizado’ a cópia ridícula e negativa do branco/português, consagrando a inferiorização dos Africanos, e no mesmo movimento, glorificando a ‘raça’ portuguesa, hierarquizando as humanidades e valorizando a dimensão e a natureza das acções portuguesas primeiro esclavagistas, depois colonialistas, que deixaram marcas até hoje na sociedade portuguesa.
Citação:
Henriques, Isabel C., De Escravos a Indígenas: o Longo Processo de Instrumentalização dos Africanos (Séculos XV-XX), Lisboa, Ed. Caleidoscópio, 2019.

Violência e Morte na poesia de José Craveirinha
Resumo:
Neste segundo artigo da revista “Do Colonialismo ao Patriarcado: Representações da Violência nas Literaturas Africanas”, Violência e Morte na poesia de José Craveirinha, Ana Mafalda Leite (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) estuda a representação de elementos relacionados com a violência e a morte na poesia de José Craveirinha. Os últimos livros de José Craveirinha, publicados em vida, Babalaze das Hienas (1992) e Maria (1998) tratam do tema da morte, aparentemente sobre ópticas diversas. Aliás, a publicação de livros inéditos, na última fase da sua vida, incluiu, além destes dois livros, uma primeira edição de Maria (1988). Os livros anteriores, Xigubo, Karingana ua Karingana e Cela 1, entretanto reeditados também, fazem parte da produção poética realizada durante o tempo colonial. Escrevendo sempre, mas arredio à publicação, Craveirinha legou-nos Babalaze e Maria como resultado da sua escrita em tempo pós-colonial, embora saibamos, no entanto, que outro material existe, ainda inédito. Os livros em questão têm em comum um similar traço formal, poemas curtos, inscrições quase epigramáticas, em resultado de uma proximidade quotidiana da vivência da morte, por um lado da mulher amada, no caso de Maria, por outro da morte resultante da guerra civil, no caso de Babalaze das Hienas.
Citação:
Leite, Ana Mafalda. “Violência e Morte na poesia de José Craveirinha”. In Do Colonialismo ao Patriarcado: Representações da Violência nas Literaturas Africanas, 33-42. 2020.

Resenha De Janela Para O Índico. Poesia Incompleta (1984-2019), De Ana Mafalda Leite
Resumo:
Resenha de Janela para o Índico. Poesia Incompleta (1984-2019) debruça-se sobre a mais recente antologia poética de Ana Mafalda Leite, publicada em Portugal pela editora cabo-verdiana/portuguesa Rosa de Porcelana. Não podemos deixar de assinalar que o livro surgiu no panorama editorial em 2020, isto é, no ano dramaticamente marcado pela pandemia global do novo coronavírus, pelo que, a janela mencionada no título adquiriu um sentido ainda mais sugestivo de liberdade e abertura. A antologia está organizada em nove secções, que correspondem aos livros anteriormente publicados pela autora, a partir dos quais foi realizada uma ampla e atenta seleção, e uma secção com dois textos inéditos. Assim, esta Janela testemunha um percurso de trinta e cinco anos de escrita poética. Um percurso, este, que é paralelo a uma igualmente longa e consolidada carreira de docente e estudiosa das literaturas e dos cinemas dos cinco países africanos de língua oficial portuguesa. Cabe realçar que a escrita poética de Ana Mafalda Leite tem vindo a ser objeto de apreciação e reconhecimento crescentes junto da crítica e do público. Os seus textos poéticos foram incluídos em diversas publicações académicas – além de antologias e revistas literárias – como por exemplo Itinerâncias e Vozes femininas de África, entre outras. Em 2015 foi-lhe atribuído o prémio Femina1 pela sua produção poética, e já em 2011 poemas seus mereceram tradução para inglês e publicação no volume Stained Glass. Poetry from the Land of Mozambique, organizado por Luís Rafael Mitras. De salientar também que uma seleção de poemas, a partir de Janela para o Índico, será publicada em breve em tradução italiana, por iniciativa de Roberto Francavilla.
Citação:
Falconi, J. (2021). Resenha De Janela Para O Índico. Poesia Incompleta (1984-2019), De Ana Mafalda Leite, Caderno Seminal 38.1, p. 418-443

Exploring the Role of Norms and Habit in Explaining Pro-Environmental Behavior Intentions in Situations of Use Robots and AI Agents as Providers in Tourism Sector
Resumo:
Numa situação pandémica, com as alterações climáticas em todo o mundo, são bem-vindos estudos que analisem as mudanças nos padrões de viagem. Exploring the role of norms and habit in explaining proenvironmental behavior intentions in situations of use robots and AI agents as providers in tourism sector combina três teorias para propor um modelo sobre intenções de comportamento pró-ambiental, nomeadamente, a teoria do comportamento planeado, a teoria do valor-crença-norma e a teoria do hábito. Este estudo visa examinar o papel das normas sociais, normas pessoais e força do hábito para explicar as intenções de comportamento pró-ambiental. Os autores recolheram 316 questionários utilizáveis de turistas na conhecida localização turística de Belém, em Lisboa. As normas pessoais foram reveladas como tendo a mais forte associação com intenções de comportamento pró-ambiental, seguidas pela força do hábito. O estudo identificou também diferentes desafios amplos para encorajar comportamentos sustentáveis e utilizá-los para desenvolver novas proposições teóricas e orientações para investigação futura. Finalmente, os autores delinearam como os profissionais que visam encorajar comportamentos de consumo sustentáveis podem utilizar este quadro para alcançar melhores resultados.
Citação:
“Sarmento, E., Loureiro, S. (2021). Exploring the role of norms and habit in explaining proenvironmental behavior intentions in situations of use robots and AI agents as providers in tourism sector. Sustainability. 13, 13928. https://doi.org/10.3390/su132413928

Explorando estados emocionais e consumo surpresa como fatores de envolvimento em festivais de música
Resumo:
O objetivo de Explorando estados emocionais e consumo surpresa como fatores de envolvimento em festivais de música é explorar a relação entre os estados emocionais dos visitantes e o consumo surpresa com o envolvimento dos visitantes em festivais em Portugal. Uma amostra de questionários utilizáveis permitiu-nos entender que o consumo surpresa e a excitação são fatores muito importantes para envolver os visitantes de festivais de música. O artigo também fornece implicações para a gestão, limitações e pesquisas adicionais. Esta investigação tem contribuído para o campo do turismo e da gestão de eventos, dando uma nova visão para a lacuna encontrada na literatura. Esta investigação proporcionou conhecimentos para as diferentes construções que têm influência no envolvimento dos visitantes no contexto dos festivais de música. Além disso, aqui estão várias áreas relevantes onde este estudo dá um contributo original, por exemplo, ao acrescentar o envolvimento dos visitantes num modelo conceptual no contexto dos festivais de música. Este estudo é um pioneiro na perspectiva dos festivais de música por ter introduzido a variável de envolvimento e estados emocionais e consumo surpreendente como condutores.
Citação:
Loureiro, S. M., Silva, S., & Sarmento, E. (2021). Explorando estados emocionais e consumo surpresa como fatores de envolvimento em festivais de música. Revista Turismo & Desenvolvimento, 36(2), 81-89. https://doi.org/10.34624/rtd.v36i2.4478

Testing the Role of Trade on Carbon Dioxide Emissions in Portugal
Resumo:
Testing the Role of Trade on Carbon Dioxide Emissions in Portugal considera a relação entre a intensidade do comércio, o consumo de energia, o rendimento per capita, e as emissões de dióxido de carbono de 1970-2016 para a economia portuguesa. Considerando os argumentos da concorrência monopolista, o artigo testa as hipóteses de comércio e consumo de energia sobre as alterações climáticas. Utilizamos o modelo autoregressivo distribuído de lag-ARDL, regressão de quantis, e modelos de cointegração tais como os mínimos quadrados ordinários totalmente modificados (FMOLS), regressão de cointegração canónica, e mínimos quadrados ordinários dinâmicos (DOLS) como uma estratégia econométrica. Os resultados econométricos têm apoio com a revisão da literatura. As variáveis utilizadas nesta investigação são integradas com as primeiras diferenças, como indicado pelo teste de raiz unitária. O estudo empírico prova que a intensidade do comércio contribui para melhorias ambientais. No entanto, o consumo de energia apresenta um impacto positivo nas emissões de CO2. Os resultados econométricos também demonstraram que existe um sistema ambiental sustentável a longo prazo. Este documento avalia os estudos teóricos e empíricos sobre os efeitos do comércio nas emissões de dióxido de carbono. São avaliados os argumentos teóricos dos modelos de concorrência monopolistas e a relação entre a intensidade do comércio e as emissões poluentes, o que permite justificar os resultados deste estudo empírico. Os resultados econométricos mostram que o comércio intensidade contribui para melhorar o ambiente, tanto a curto como a longo prazo, justificando a importância da regulamentação ambiental.
Citação:
Leitão, N.C. (2021a). Testing the Role of Trade on Carbon Dioxide Emissions in Portugal. Economies (MDPI) 2021,9 (1), 22. https://doi.org/10.3390/economies9010022

Fresh Validation of the Low Carbon Development Hypothesis under the EKC Scheme in Portugal, Italy, Greece and Spain
Resumo:
Fresh Validation of the Low Carbon Development Hypothesis under the EKC Scheme in Portugal, Italy, Greece and Spain está em conformidade com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (UN-SDGs), que abordam questões globais pertinentes. Centra-se na necessidade de acesso ao consumo de energia limpa e acessível, consumo responsável de energia, crescimento económico sustentável, e mitigação das alterações climáticas. Para este fim, este documento avalia a relevância do setor das energias renováveis no quadro da curva ambiental Kuznets (EKC) em Portugal, Itália, Grécia, e Espanha para o período 1995-2015. Como estratégia econométrica, adotamos a utilização de dados de painel sobre os países destacados. No primeiro passo, aplicamos o teste de raiz unitário recomendado por Levin, Lin, e Chu em conjunto com ADF-Fisher, e Phillips-Perron para robustez e consistência. Verificámos que as variáveis utilizadas neste estudo estão integradas I (1) na primeira diferença. Na segunda etapa, aplicamos o teste de cointegração Pedroni, e o teste de cointegração Kao Residual, e observamos que as variáveis são cointegradas a longo prazo. Os mínimos quadrados generalizados (GLS), o painel de mínimos quadrados totalmente modificado (FMOLS), os mínimos quadrados comuns robustos (OLS), e a regressão de quantis do painel são considerados nesta investigação. Os resultados econométricos validam a hipótese da curva ambiental Kuznets, ou seja, e existe uma correlação positiva entre o rendimento per capita e um efeito negativo do rendimento quadrático per capita sobre as emissões de dióxido de carbono. Em contraste, observamos que as energias renováveis reduzem as emissões de CO2. Finalmente, encontramos também uma ligação direta entre a população urbana e a degradação ambiental nos blocos examinados. Estes resultados mostram que em Portugal, Itália, Grécia, e Espanha, é necessário mais para alcançar a sustentabilidade ambiental na trajetória de crescimento dos respetivos países. Outras prescrições políticas são anexadas na secção de conclusão deste estudo.
Citação:
Balsalobre-Lorente, D., Leitão, N.C., Bekun, F., V. (2021). Fresh Validation of the Low Carbon Development Hypothesis under EKC Scheme in Portugal, Italy, Greece, and Spain. Energies 2021. 14(1), 250. https://doi.org/10.3390/en14010250