Imigração e Refugiados
Understanding Social Realities of Internally Displaced Persons (IDPs) in the Federal Capital Territory of Nigeria (FCT), Abuja
Resumo:
Este artigo examina as realidades sociais das pessoas deslocadas à força na Nigéria, com foco nas pessoas deslocadas internamente (PDI) no Território da Capital Federal (FCT) da Nigéria, Abuja. Pessoas deslocadas internamente são indivíduos que foram forçados a abandonar as suas casas ou locais de residência habituais e, ao contrário dos refugiados, não cruzaram as fronteiras do seu país. Permanecem sob a protecção primária dos seus governos e muitas vezes procuram refúgio nos seus próprios países. Este estudo baseia-se em fontes de dados secundários e dados primários recolhidos em dois acampamentos de deslocados internos, argumentando que a maioria dos deslocados internos na FCT, deslocados pela insurgência do Boko Haram, vivem em assentamentos informais improvisados e desumanos nas áreas periurbanas da cidade de Abuja. Estes assentamentos também acolhem os pobres urbanos e outros trabalhadores migrantes na capital do país, levando ocasionalmente a conflitos entre eles. O documento apela ao governo para que reconheça a presença e a condição dos deslocados internos na FCT e trabalhe com organizações relevantes para fornecer soluções duradouras para garantir que as pessoas deslocadas possam voltar a tornar-se membros produtivos da sociedade.
Citação:
BA-ANA-ITENEBE, C. A.; EDO, Z. O. (2023). Understanding Social Realities of Internally Displaced Persons (IDPs) in the Federal Capital Territory of Nigeria (FCT), Abuja. In: Balkan Social Science Review, Vol. 22, 213-231. https://doi.org/10.46763/BSSR232222213bai
From Angola to Portugal: Narrating Migration, Memory and Identity in Djaimilia Pereira de Almeida’s Work
Resumo:
Partindo das perspetivas teóricas dos Estudos Pós-coloniais Lusófonos, em diálogo com outras ferramentas analíticas dos Estudos Feministas, este capítulo pretende explorar os temas da migração, da memória e da identidade através da leitura atenta de duas obras de ficção da escritora portuguesa de ascendência africana Djaimilia Pereira de Almeida (1982), que nasceu em Angola e cresceu em Portugal. Na autoficção Esse Cabelo (2015), bem como no romance Lisboa, Luanda, Paraíso (2018), as personagens principais deslocam-se de Angola para Portugal por motivos pessoais ou familiares e procuram redefinir as suas identidades. Dão voz a memórias e narrativas que envolvem as relações entre o passado colonial e a construção de identidades pós-coloniais contemporâneas. Em particular, o capítulo analisa a representação do local de origem e de chegada para retratar as complexas paisagens de identidade sociocultural e migratória que surgiram durante o colonialismo português, bem como após a descolonização na África Lusófona (1975). Neste sentido, incluindo também uma breve leitura do mais recente romance de Almeida, Maremoto (2018), o capítulo dá especial atenção às percepções e experiências da cidade de Lisboa por parte de narradores e protagonistas imigrantes, de forma a reflectir sobre as configurações contemporâneas de uma cidade pós-colonial na periferia da Europa.
Citação:
Falconi, Jessica (2024) “From Angola to Portugal: Narrating Migration, Memory and Identity in Djaimilia Pereira de Almeida’s Work” in S. Gintsburg & R. Breeze (eds) Afriacan Migration: Traversing Hybrid Landscapes. Lanham: Lexington Books, p. 15-35.
https://rowman.com/ISBN/9781666938708/African-Migrations-Traversing-Hybrid-Landscapes
Armed Conflict and Urbanization in Cabo Delgado, Mozambique: A methodology for a critical inquiry
Resumo:
A teoria urbana dominante não consegue abranger a urbanização em África. Entre os seus muitos fatores, os conflitos armados deslocam as populações rurais para as cidades, acelerando os processos urbanos e afetando a sustentabilidade e a governação — o fenómeno da urbanização induzida por conflitos. Na província de Cabo Delgado, uma insurgência violenta tem deslocado milhares de civis desde 2017; muitos dos quais fugiram para a capital provincial, Pemba, duplicando a sua população em apenas cinco anos. Este artigo apresenta o quadro teórico e o desenho metodológico para uma investigação localizada no âmbito de uma crítica contemporânea dos principais estudos urbanos; o objetivo é analisar a urbanização induzida por conflitos em Pemba com um estudo de caso comparativo, utilizando métodos visuais participativos, para o qual foi realizado um estudo piloto em setembro de 2022. Com isto, o autor pretende contribuir para estudos urbanos empenhados em Moçambique e Portugal e transformar o trauma da guerra em oportunidades para o desenvolvimento sustentável e a prosperidade.
Citação:
Agostinho do Amaral, S. Armed Conflict and Urbanization in Cabo Delgado, Mozambique: A Methodology for a Critical Inquiry. Urban Forum (2023). https://doi.org/10.1007/s12132-023-09505-y
As (im) pertinências do método. Metodologia participativa e o estudo sobre a Afrodescendência em Portugal
Resumo:
O anúncio da Década dos Afrodescendentes (2015-2024) pela ONU, chamou a atenção para a presença dos afrodescendentes na Europa, incluindo em Portugal, como parte da configuração social contemporânea do continente. Porém, o foco sobre estas pessoas tem se sustentado, sobretudo, em teorias e representações de subalternidade e exclusão que não as reconhecem como novos sujeitos políticos numa Europa que já não é mais a preto e branco. Estes sujeitos politicamente híbridos, no sentido histórico e cultural, trazem desafios teóricos-epistemológicos e metodológicos às ciências sociais, pois, as suas visões, paradigmas e formas de viver escapam às lentes tradicionais das abordagens que os associam aos imigrantes ou refugiados. Propomos que na abordagem ao tema da Afrodescendência, o método é central e determinante dos resultados, da função ética e do sentido da pesquisa social sobre sujeitos contemporâneos emergentes. Argumentamos a favor da metodologia participativa, refletindo sobre a sua pertinência num contexto em que as pessoas da situação pesquisada são sujeitos críticos nos seus campos de intervenção/ação que rejeitam ser reduzidos a meros objetos de estudo. Analisamos os processos de negociação no terreno concluindo sobre a contribuição deste projeto para o diálogo entre académicos e os coletivos afrodescendentes. As (im)pertinências do método. Metodologia participativa e o estudo sobre a Afrodescendência em Portugal insere-se no debate sobre a democratização do conhecimento, sustentado, em particular, pelas perspetivas críticas que se baseiam em estudos sobre sujeitos contemporâneos emergentes.
Citação:
Évora, Iolanda. “As (im)pertinências do método. Metodologia participativa e o estudo sobre a Afrodescendência em Portugal”, In: Yao, Jean-Arséne, Victorien Lavou Zoungbo et Luis Mancha San Esteban, eds. Forthcoming. Representations collectives croisées: Afriques, Amériques et Caraibes. Xix-xxi siècles. III GRELAT. Actas do Colóquio. Madrid: UAH Editora, 167-176. ISBN:978-84-18254-12-3.
Mobilidades Contemporâneas no Contexto Pós-Colonial: Mbembe, Glissant e Mattelart
Resumo:
Retomando a ideia de sujeito derivada da leitura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, serão mobilizados conceitos e visões de mundo que contribuem para melhor compreender as mobilidades contemporâneas. Toma-se por referência o processo, a organização e as condições em que são realizadas as mobilidades humanas atuais para estabelecer relações entre deslocamentos, processos identitários e narrativas de pertença aos lugares. Busca-se observar em Mobilidades Contemporâneas no Contexto Pós-Colonial: Mbembe, Glissant e Mattelart esta problemática a partir de um paradigma interessado nos possíveis efeitos positivos, a curto e longo prazo, de uma mudança na narrativa sobre a mobilidade internacional das pessoas. Armand Mattelart analisa desde o espaço da cidade as lutas dos povos e grupos que questionam territórios previamente demarcados. Édouard Glissant, para viabilizar sua declarada utopia, propõe a “creolização do mundo contemporâneo”, ou “Todo-Mundo”, partindo da vontade nascida no arquipélago caribenho, ou melhor, na América mestiça. Achille Mbembe, falando de nossa condição de passantes, de nossa situação comum de vulnerabilidade no mundo, propõe um pensamento de passagem, de travessia e circulação em que habitar não é pertencer, recusando classificações que imobilizam, no elogio de uma ética que considere a tradução, os mal-entendidos e conflitos, recuperando o corpo, o rosto, a palavra.
Citação:
“Kowalewski, Daniele, Schilling, Flávia, Magalhães, Giovanna Modé, & Évora, Iolanda. (2019). Mobilidades Contemporâneas no Contexto Pós-Colonial: Mbembe, Glissant e Mattelart. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, (108), 137-156. Epub November 28, 2019. https://doi.org/10.1590/0102-137156/108“
Diáspora Cabo-Verdiana: Temas em debate
Resumo:
A ideia desta coletânea tem a sua origem no interesse em reter numa mesma obra importantes temas que estão em debate neste momento e que as ciências sociais vêm abordando a propósito da diáspora cabo-verdiana. A partir de campos teóricos específicos e de trabalhos empíricos próprios, os autores elegem a sociedade de diáspora cabo-verdiana como objeto, explorando dinâmicas que, em conjunto, compõem o espaço diaspórico cabo-verdiano e descrevem a complexidade inerente à sua constituição. Tivemos como objetivo reunir contribuições que não se preocupem apenas em mapear a dispersão global atual dos cabo-verdianos (incluindo as segundas terceiras reinstalações em localizações como, por exemplo, no espaço Schengen, após as inserções dos primeiros cabo-verdianos na Europa) mas, sobretudo, em decifrar os processos complexos da diasporização. Esperamos que Diáspora Cabo-verdiana: temas em debate contribua para reforçar a atenção dos cientistas sociais em relação às formas como a diáspora cabo-verdiana se constitui em termos temporais e espaciais, do engajamento das comunidades entre si e com Cabo Verde, sabendo que este, por sua vez, também experimente, na sua estrutura temporal e espacial, experimenta novas modalidades de recordar, imaginar e engajar a sua diáspora na atualidade.
Citação:
Évora, Iolanda (coord.) /2016). Diáspora Cabo-verdiana: temas em debate. Lisboa: CEsA – Centro de Estudos sobre África, Ásia e América Latina.
Djunta-mon em Três Tempos: Pós-independência, imigração e transnacionalismo. Aspectos da experiência associativa cabo-verdiana
Resumo:
Djunta-mon em três tempos: pós-independência, imigração e transnacionalismo. Aspectos da experiência associativa cabo-verdiana tem o foco nas associações voluntárias e discute sobre as condições materiais e psicossociais de adesão e participação dos associados. Estes aspectos são analisados sob o ponto de vista dos associados de cooperativas da zona rural da ilha de Santiago, criadas no período pós-independência, e de associações de imigrantes cabo-verdianos em Portugal. Em Santiago, identificamos quer formas singulares de apropriação da base ideológica oficial e dos objectivos governamentais, quer permanências culturais que, por meio de práticas como o djunta-mon, asseguram a protecção das identidades sociais e permitem a familiaridade e o controle subjectivo dessa prática social. Na imigração, as associações espontâneas propõem manter a identidade, promover a inclusão social ou resolver problemas e necessidades comuns e reflectem a heterogeneidade, as clivagens sociais e divisões de classe de origem que são reproduzidas na imigração. Actualmente, exigências formais de maior rigor e competência técnica e humana no seu funcionamento parecem enfraquecer a adesão espontânea e voluntária e o djunta-mon. Ao mesmo tempo, interroga-se sobre o papel tradicional dessas associações face a transformações na imigração com a inclusão de novos perfis como os migrantes transnacionais. Examinamos a adaptabilidade desta estratégia colectiva indicando que no passado, no presente e perante a possibilidade de uma prática associativista transnacional, o recurso ao tradicional djunta mon adaptado ao contexto vivido, assegura a manutenção da forte rede de reciprocidade e sociabilidade essencial à sobrevivência e ao sucesso das associações.
Citação:
Évora, Iolanda. 2011. “Djunta-mon em três tempos: pós-independência, imigração e transnacionalismo. Aspectos da experiência associativa cabo-verdiana”. Comunicação apresentada no X Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, Sessão Temática Desenvolvimento, Políticas Públicas e Terceiro Sector
A Diáspora Cabo-verdiana e a Ideia de Nação
Resumo:
Partindo da noção do lugar como um horizonte de ligações, de produções de sentidos e de lutas, a perspectiva que adotamos evidencia, por um lado, uma série de questões pouco abordadas, e ao mesmo tempo, mostra o seu potencial na re-elaboração do fenômeno migratório como um todo (o que inclui, por exemplo, uma psicossociologia do lugar de origem como parte fundamental de uma nação de diáspora também). Além desse interesse a partir de um lugar social e académico, sem dúvida que o tema “diáspora e nação”, quando referido a Cabo Verde, já desperta interesse, ou seja, é um assunto impertinente (porque provocador), se pensarmos na descoincidência entre a territorialidade geográfica do país (dez ilhas e 4033 km2 ) e o nacional (as ilhas e a diáspora). Quer dizer que indica, de imediato, um desafio porque a proximidade geográfica não é aqui adoptada como o critério de definição de nação. Ao contrário, no caso de Cabo Verde, afirma-se que a nação, em sua definição, só é alcançável se se considerar, também, os que estão fisicamente distantes do lugar territorial denominado Cabo Verde. A diáspora cabo-verdiana e a ideia de nação foi proferido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas USP Departamento de Geografia em 14.10.2009.
Citação:
Évora, Iolanda. 2011. “A diáspora cabo-verdiana e a ideia de nação”. Comunicação apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP Departamento de Geografia, Brasil.
Apresentação do GIS – Grupo Imigração e Saúde Parte 2: A utilidade do GIS para os imigrantes
Resumo:
O GIS (Grupo Imigração e Saúde) propõe o envolvimento (virtual e real) de pessoas, instituições públicas e privadas que pela sua actividade profissional, desenvolvam projectos de investigação e tarefas relacionadas com a saúde da população imigrante. Neste momento, o GIS já é uma referência como fonte de informação privilegiada e credível sobre as iniciativas na área de saúde/imigração. Com o seu modelo de funcionamento -actuação descentralizada, proporcionada pela estrutura em rede, em que as iniciativas são sugeridas por todos- tem promovido uma troca intensa, que no campo da imigração e saúde, talvez não tenha precedentes, em Portugal, se pensarmos na escala do seu alcance e no número de integrantes do grupo. Esta troca é feita entre os seus integrantes cujas actuações podem ser académicas ou mais práticas, portanto, de intervenção no terreno. Uma análise do perfil dos integrantes do GIS mostra que, parte significativa dos mesmos, aborda o tema imigração/saúde nos dois níveis de actuação possíveis, portanto, quer no nível académico, quer no nível prático, de intervenção. Por este perfil, e pelo facto do GIS promover o encontro de pessoas e suas instituições nos dois níveis é que podemos dizer que o GIS é uma importante proposta prático-reflexiva, portanto, uma importante contribuição para uma intervenção mais reflectida e uma reflexão mais próxima da realidade, quando se trata da imigração/saúde. Apresentação do GIS – Grupo Imigração e Saúde Parte 2 : a utilidade do GIS para os imigrantes foi proferido no II Fórum Rede Portuguesa de Cidades Saudáveis Viana do Castelo 25-26 de Outubro de 2007.
Citação:
Évora, Iolanda. 2011. “Apresentação do GIS – Grupo Imigração e Saúde Parte 2 : a utilidade do GIS para os imigrantes”. Comunicação apresentada no II Fórum Rede Portuguesa de Cidades Saudáveis, Viana do Castelo.
Diáspora e os 30 anos de Independência de Cabo Verde
Resumo:
Surpreenderia a maioria dos cabo-verdianos saber que aquilo que vivemos e designamos como diáspora não corresponde às definições mais clássicas sobre a diáspora, que se referem a experiências migratórias seculares que mobilizam populações numericamente significativas e com uma sólida experiência de trocas e mobilidade de muito tempo. Mas há autores que defendem que, para o termo ser fecundo, deve ser utilizado de forma neutra e não ser reservado apenas para certas populações cuja qualidade social é enobrecida: a troca, no caso dos comerciantes, os intelectuais; a antiguidade da civilização (no caso dos gregos, chineses ou dos indianos) ou a amplitude da catástrofe original (no caso dos judeus, arménios ou palestinianos). Esses autores dizem que, para ter valor, deve ser aplicado a todas as populações dispersas que mantêm ligações, qualquer que seja o seu prestígio. Ao contrário, os cabo-verdianos, em geral, parecem não ter dúvidas de que somos uma diáspora e foi durante os últimos anos que o termo se consolidou entre nós, passando a definir um aspecto importante da sociedade e da sociabilidade cabo-verdianas. Diáspora passou a designar-nos como colectividade histórica que, com a sua dispersão em diferentes organizações políticas (ou por causa dessa mesma dispersão, na minha opinião), mantém uma referência a uma identidade colectiva e formas de solidariedade entre si. Diáspora e os 30 anos de independência de Cabo Verde é uma comunicação apresentada em Lisboa, 04 de Junho de 2008 Feira do livro. Cabo Verde foi um país convidado.
Citação:
Évora, Iolanda. 2011. “Diáspora e os 30 anos de independência de Cabo Verde”. Comunicação apresentada na Feira do livro, Lisboa.