Arquivo de Estudos Literários Visuais e Culturais - CEsA

Estudos Literários Visuais e Culturais

Águas Pós-coloniais em Romances Angolanos e Moçambicanos


Resumo:

Este artigo apresenta uma proposta de cartografia do papel narrativo da água na literatura angolana e moçambicana, através da leitura comparada de quatro romances: O desejo de Kianda (1995) do angolano Pepetela; O livro dos rios (2006) de Luandino Vieira; Água: uma novela rural (2016) e Ponta Gea (2017) ambas do moçambicano João Paulo Borges Coelho. A introdução situa a cartografia proposta no quadro dos estudos de ecocrítica, cujos vários paradigmas oferecem ferramentas e conceitos úteis para a leitura das obras literárias selecionadas. A abordagem metodológica temática e comparativa evidencia experiências e imaginários comuns a dois contextos pós-coloniais, apesar da diferença de cenários, temáticas, escolhas estéticas e estratégias narrativas. Os resultados da análise demonstram que a água é um elemento crucial para narrar as sociedades angolana e moçambicana pós-coloniais.

Citação:

Falconi, Jessica (2024). “Águas pós-coloniais em romances angolanos e moçambicanos”. Caligrama: Revista de Estudos Românicos, 29(1):75-86

Working Paper 199/2024: Literatura e Ecologia: Representações da água em romances angolanos e moçambicanos


Resumo:

Este artigo esboça uma proposta de cartografia do papel narrativo da água na literatura angolana e moçambicana, através da leitura comparada de quatro romances: O Desejo de Kianda (1995) do angolano Pepetela; De rios velhos e guerrilheiros I: O livro dos rios (2006) de Luandino Vieira; Água. Uma novela rural (2016) e Ponta Gea (2017) ambas do moçambicano João Paulo Borges Coelho.

A introdução situa a cartografia proposta no quadro dos estudos de ecocrítica, cujos vários paradigmas oferecem ferramentas e conceitos úteis para a leitura das obras literárias selecionadas. A abordagem metodológica temática e comparativa evidencia experiências e imaginários comuns a dois contextos pós-coloniais, apesar da diferença de cenários, temáticas, escolhas estéticas e estratégias narrativas. A análise pretende demonstrar que a água é um elemento crucial para narrar as sociedades angolana e moçambicana pós-coloniais.

Citação:

Falconi, Jessica (2024). “Literatura e Ecologia: Representações da água em romances angolanos e moçambicanos”. CEsA/CGS – Documentos de trabalho nº 199/2024

From Angola to Portugal: Narrating Migration, Memory and Identity in Djaimilia Pereira de Almeida’s Work


Resumo:

Partindo das perspetivas teóricas dos Estudos Pós-coloniais Lusófonos, em diálogo com outras ferramentas analíticas dos Estudos Feministas, este capítulo pretende explorar os temas da migração, da memória e da identidade através da leitura atenta de duas obras de ficção da escritora portuguesa de ascendência africana Djaimilia Pereira de Almeida (1982), que nasceu em Angola e cresceu em Portugal. Na autoficção Esse Cabelo (2015), bem como no romance Lisboa, Luanda, Paraíso (2018), as personagens principais deslocam-se de Angola para Portugal por motivos pessoais ou familiares e procuram redefinir as suas identidades. Dão voz a memórias e narrativas que envolvem as relações entre o passado colonial e a construção de identidades pós-coloniais contemporâneas. Em particular, o capítulo analisa a representação do local de origem e de chegada para retratar as complexas paisagens de identidade sociocultural e migratória que surgiram durante o colonialismo português, bem como após a descolonização na África Lusófona (1975). Neste sentido, incluindo também uma breve leitura do mais recente romance de Almeida, Maremoto (2018), o capítulo dá especial atenção às percepções e experiências da cidade de Lisboa por parte de narradores e protagonistas imigrantes, de forma a reflectir sobre as configurações contemporâneas de uma cidade pós-colonial na periferia da Europa.

 

Citação:

Falconi, Jessica (2024) “From Angola to Portugal: Narrating Migration, Memory and Identity in Djaimilia Pereira de Almeida’s Work” in S. Gintsburg & R. Breeze (eds) Afriacan Migration: Traversing Hybrid Landscapes. Lanham: Lexington Books, p. 15-35.
https://rowman.com/ISBN/9781666938708/African-Migrations-Traversing-Hybrid-Landscapes

African women’s trajectories and the Casa dos Estudantes do Império, Ethnic and Racial Studies


Resumo:

Este artigo compara as trajetórias de diferentes mulheres que cruzaram a Casa dos Estudantes do Império (CEI), uma instituição formal criada em Lisboa por estudantes das colônias com o apoio do regime ditatorial português em 1944, que se tornou uma plataforma para o anticolonialismo. Devido ao papel desempenhado pela CEI nos percursos políticos e sociais dos líderes dos movimentos de libertação nacional africanos, a historiografia tem privilegiado relatos masculinos. Em contrapartida, os papéis e a vida das mulheres vinculadas à CEI permanecem inexplorados ou abordados a partir de uma visão de “nacionalismo metodológico”, com poucas exceções. Abordar estas trajetórias a partir de uma perspetiva transnacional e “afro-ibérica” e através do escrutínio de diversas fontes permite-nos refletir sobre uma diversidade de género, raça, classe e ideologia política. O objectivo final é iluminar alguns aspectos do mosaico afro-ibérico a partir de uma perspectiva de género e pós-colonial.

Citação:

Jessica Falconi (2023) African women’s trajectories and the Casa dos Estudantes do Império, Ethnic and Racial Studies, DOI: 10.1080/01419870.2023.2289141

Elementos Históricos e Ficcionalidade em Saga d’Ouro


Resumo:

Este artigo apresenta uma análise do romance Saga d’Ouro(2019), do escritor moçambicano Aurélio Furdela. Neste romance, a ficção e a história são habilmente combinadas. A narrativa tem lugar em Mwenemutapa, atual Zimbabwe, que abrangia algumas terras que hoje são Moçambique. Através das diferentes histórias das personagens, o autor retrata a vida de diferentes grupos a partir de diversas perspetivas, incluindo políticas, econômicas e culturais. Seguindo H.R. Jauss e a teoria da recepção, o objetivo da nossa análise éperceber a possível intenção e relação crítica entre passado e presente, considerar o estado atual da sociedade moçambicana e o seu modelo de desenvolvimento e compreender a importância do romance histórico na preservação da recordação do passado, evitando a repetição de erros no presente.

Citação:

Zhu, Anqi & Leite, A. M. (2023). “Elementos Históricos e Ficcionalidade em Saga D’Ouro”, In: A narrativa moçambicana no século XXI. Caderno Seminal Digital (n.º 45). Dialogarts. DOI DOI: http://dx.doi.org/10.12957/seminal.2023.79827

Memória e Identidade em Tornado, de Teresa Noronha


Resumo:

Este ensaio apresenta um breve estudo acerca de Tornado (2021), de Teresa Noronha, assente na exploração das identidades individual, coletiva e pós-colonial que podem ser encontradas na obra. Partindo da área dos Estudos de Memória, contemplando conceitos como “trauma”, “memória coletiva”, “contramemória feminina” e “guerras de memória” – que constituirão a base teórica deste trabalho – o objetivo é recontextualizar estas ferramentas conceptuais na esfera além-Holocausto, demonstrando a sua pertinência para o estudo que aqui se propõe. Pretende-se, portanto, oferecer uma leitura crítica, feminista e feminina, que se concentrará na personagem principal do romance de Noronha.

Citação:

Aires e Castro, A. & Leite, A. M. (2023). “Memória e Identidade em Tornado, de Teresa Noronha”, In: A narrativa moçambicana no século XXI. Caderno Seminal Digital (n.º 45). Dialogarts. DOI http://dx.doi.org/10.12957/seminal.2023.79823

Crimes e Violência no Índico Moçambicano Rabhia de Lucílio Manjate e a Ilha dos Mulatos de Sérgio Raimundo


Resumo:

Neste artigo analisam-se dois romances moçambicanos contemporâneos, nomeadamente, Rabhia de Lucílio Manjate, publicado em 2017 e A Ilha dos mulatos de Sérgio Raimundo, publicado em 2020. Embora com estruturas e opções narrativas distintas, como se verá ao longo do artigo, ambos os romances debruçam-se sobre a sociedade moçambicana contemporânea pelo prisma do crime e do mistério, proporcionando um retrato multifacetado da pós-colonialidade neste país africano. Como se verá, nestas narrativas, a pós-colonialidade surge marcada por memórias conflituosas e relações de género, raça e inter-geracionais complexas, fruto das múltiplas situações de violência vividas pelo país em suas transições históricas, políticas e económicas. Por outro lado, será analisada, em ambas as narrativas, a representação da relação histórica e identitária milenar entre Moçambique e o universo do Oceano Índico, abordando-se os tópicos das migrações, das mestiçagens raciais e culturais, bem como da difusão do Islão enquanto elemento religioso e cultural transnacional.

Citação:

Falconi, J. (2023). “Crimes e Violência no Índico Moçambicano Rabhia de Lucílio Manjate e a Ilha dos Mulatos de Sérgio Raimundo”, In: A narrativa moçambicana no século XXI. Caderno Seminal Digital (n.º 45). Dialogarts. DOI http://dx.doi.org/10.12957/seminal.2023.79831

A Categoria de Poético e a Meditação sobre a Escrita em Marizza de Mélio Tinga


Resumo:

Este ensaio apresenta um breve estudo acerca do romance Marizza (2021), de Mélio Tinga, assente no estudo e concepção de registo poético que a narrativa testemunha, bem como na sua organização metanarrativa, de meditação sobre a escrita. A recomposição do mito de Orfeu no romance, bem como um conjunto de intertextos fragmentários que o compõem, permite ao leitor entender a dimensão reflexiva e algo filosófico que o autor e narrador fazem sobre a beleza, amor, paixão e vida literária enquanto instituição (realização, edição,revisão, recepção e circulação do livro).

Citação:

Jeremias, R. M. & Leite, A. M. (2023). “A Categoria de Poético e a Meditação sobre a Escrita em Marizza de Mélio Tinga”, In: A narrativa moçambicana no século XXI. Caderno Seminal Digital (n.º 45). Dialogarts. DOI http://dx.doi.org/10.12957/seminal.2023.79832

Cultura, Cristianismo e Modernidade no Romance Mueda nos Labirintos dos Ritos de Iniciação de Carlos Paradona Rufino Roque


Resumo:

O tema “Cultura, Cristianismo e modernidade no romance ‘Mueda: nos labirintos dos ritos de iniciação’ de Carlos Paradona Rufino Roque” foca-se nos ritos de iniciação da cultura moçambicana no encontro com o cristianismo e a modernidade. Palco do romance, Mueda é uma vila moçambicana na província de Cabo Delgado e capital cultural do povo Makonde. O objectivo do artigo é comparar os elementos constitutivos dos ritos de iniciação em Mueda com os do mito clássico. Temperando história e ficção, o romance revela-nos os mistérios da liturgia iniciática e o ambiente sincrético dos habitantes de Mueda, alvo da crítica do autor. A procura pela jovem mais linda através dos ritos de iniciação atrai os jovens para Mueda. O objectivo dos rituais de iniciação é habilitar-se para conquistar a mulher mais bela, o que inscreve o romance no mesmo nível dos mitos clássicos como o de Páris e Helena ou Hipómenes e Atalanta.

Citação:

Nachivango, P. V. N. & Leite, A. M. (2023). “Cultura, Cristianismo e Modernidade no Romance Mueda nos Labirintos dos Ritos de Iniciação de Carlos Paradona Rufino Roque”, In: A narrativa moçambicana no século XXI. Caderno Seminal Digital (n.º 45). Dialogarts. DOI http://dx.doi.org/10.12957/seminal.2023.79834

O Recente Cenário Literário de Maputo: Notas de Campo


Resumo:

Valendo-se da ferramenta etnográfica do “Diário de Campo”, resultante da observação participante e de registro fotográfico, realizada em Maputo entre setembro e outubro de 2022, o objetivo principal do texto é articular o atual cenário literário da cidade a sua geografia, analisando permanências e transformações que se estabelecem na constante disputa entre memória e esquecimento.

Citação:

Gallo, F. (2023). “O Recente Cenário Literário de Maputo: Notas de Campo”, In: A narrativa moçambicana no século XXI. Caderno Seminal Digital (n.º 45). Dialogarts. DOI http://dx.doi.org/10.12957/seminal.2023.79835


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