Arquivo de Dimensões Socioculturais do Desenvolvimento - CEsA

Dimensões Socioculturais do Desenvolvimento

Livro de Atas – III EJICPLP África: A ciência para a realização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030


Resumo:

É com grande satisfação que apresentamos, os resultados do 3º Encontro de Jovens Investigadores da CPLP sobre África realizado, em Luanda, nos dias 27 e 28 de março de 2024. Este evento, que já se consolidou como uma plataforma essencial para a ciência e o desenvolvimento no espaço da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), reuniu mais de 700 participantes em torno do tema “A ciência para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030” gerando um ambiente fértil de troca de ideias, reflexões e colaborações. Com cerca de 30 oradores, investigadores seniores, expertises e altos representantes institucionais nacionais e internacionais de várias áreas de estudo discutiu-se 8 painéis temáticos, para aprofundar o conhecimento de África e do seu desenvolvimento sustentável nas áreas do Turismo, Energia, Educação, Economia, e da Mulher Africana. Abordou questões cruciais para a erradicação da pobreza, a proteção do meio ambiente e a prosperidade social. Esta edição destacou o papel da ciência na transformação das realidades africanas, refletindo sobre a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no contexto do Sul Global. A importância deste Encontro vai além dos números expressivos de participantes ou das discussões acaloradas que marcaram os dois dias de atividades. O Encontro é um fórum científico único para jovens de toda a CPLP e reúne uma rede vibrante de investigadores em um formato itinerante e inovador. Ele representa o esforço coletivo de jovens investigadores em dar voz a questões que afetam diretamente o desenvolvimento e o futuro dos seus países, fortalecendo o protagonismo científico da juventude da CPLP. Nesta edição foram apresentadas 35 comunicações científicas de jovens investigadores, entre os 65 trabalhos científicos recebidos, através da Call for Papers, selecionados pelo Conselho Científico, composto por 30 professores das diversas Universidades dos países da CPLP. Este livro é mais do que uma simples coletânea de artigos; ele representa a dedicação dos jovens investigadores que trabalham para redefinir o papel da ciência nas suas sociedades. Através das discussões e análises aqui presentes, espera-se inspirar não só novos debates, mas também ações concretas em prol de um desenvolvimento inclusivo e sustentável nos países da CPLP. Com o apoio fundamental do Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento (CEsA) e de organizações parceiras como o Ministério de Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação de Angola e a Felcos Umbria, esta edição também demonstra o valor da colaboração e das parcerias internacionais fucrais para o sucesso deste projeto. Desejamos que estas páginas ofereçam uma perspetiva enriquecedora sobre as contribuições científicas da juventude em língua portuguesa, mas também ações concretas em prol de um desenvolvimento inclusivo e sustentável, nomeadamente, nos PALOP. Acreditamos que este livro seja um marco no caminho para uma ciência mais aberta, colaborativa e transformadora.

Citação:

D’Abril, Cristina Molares e Jessica Falconi (2024). “III EJICPLP África: A ciência para a realização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030”. ISBN: 978-989-54687-6-8

Mundo Crítico n.º 11: Mulheres, Poder e Lideranças


Resumo:

Por muito que seja evidente que a participação equitativa na vida política é essencial nos processos de Desenvolvimento, infelizmente, um pouco em todo o lado, os dados mostram que as mulheres continuam a estar sub-representadas em todos os níveis de tomada de decisão e que a paridade de género ainda está longe de ser alcançada na vida política.

A relação com o poder e as possibilidades de aceder a posições de liderança é marcada quotidianamente por uma negociação constante entre o dentro e o fora de casa, seja qual for o contexto de acção das mulheres.

Neste número da Mundo Crítico, propõe-se uma leitura crítica e diversificada em termos de geografia e de épocas sobre a forma em que se articulam as relações entre as mulheres, o poder e os vários tipos de liderança, favorecendo assim uma leitura mais articulada dos mecanismos e dos valores em que assenta o funcionamento das sociedades.

Na Conversa imperfeita as historiadoras Ana Paula Tavares e Patrícia Godinho Gomes falam dos desafios que as mulheres enfrentam no quotidiano nos países africanos focando-se no conceito de geração e na importância da participação feminina no processo de construção das nações hoje independentes.

Outros contributos reflectem sobre as dificuldades de acesso ao poder das mulheres em escala mundial e de como a sua participação se configura na política ao nível de contextos mais informais onde elas criam também condições para a sua sobrevivência.

O ensaio fotográfico de Dário Pequeno Paraíso Para um novo Tchiloli, mostra como é possível reinventar e renovar a tradição, mostrando retratos de jovens mulheres de São Tomé e Príncipe que traduzem no feminino uma das expressões mais típicas do arquipélago.

Citação:

ACEP & CEsA (2025). “Mulheres, Poder e Lideranças”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 11 (Jan 2025). ISSN 2184-1926

Working Paper 201/2025: A Glance at International Challenges of Refugee Crises in the New Millenium


Resumo:

O presente estudo investiga a complexa relação entre deslocamento forçado e desenvolvimento humano. Utilizando uma metodologia qualitativa de estudo de caso, este artigo examina as saídas de refugiados de regiões-chave para buscar compreender os fatores que impulsionam estes movimentos e o seu efeito para o desenvolvimento. A investigação conclui que os fatores mais relevantes para a migração forçada são a violência política, especialmente os conflitos civis, e as alterações climáticas – agravados pelas crises económicas, a insegurança alimentar e danos nas infraestruturas. Apesar de não identificar correlações fortes entre deslocamento e desenvolvimento humano (medido através do IDH), exceto para a Síria, o estudo revela que estas emergências são simultaneamente desafios humanitários e de desenvolvimento. As repercussões são mais proeminentes no Sul Global (a origem e o destino de mais de 70% das pessoas deslocadas). As conclusões reiteram a urgência de intervenções integradas que unam iniciativas humanitárias e de desenvolvimento.

Citação:

Rocha, Marcela e Eduardo Moraes Sarmento (2025). “A glance at international challenges of refugee crises in the new millenium”. CEsA/CGS – Documentos de trabalho nº 201/2025

Brief Paper 1/2024: Reposicionamento do activismo político e social em Moçambique: Uma análise conjecturando a eclosão de conflitos sociopolíticos


Resumo:

Este Brief Paper fala sobre o reposicionamento do activismo político e social em Moçambique, num contexto massivamente marcado pela participação da cidadania activa nos pleitos eleitorais de 2023, contrariando a tendência dos pleitos passados, na sua maioria marcados por fraco activismo político e social. Neste contexto, este Brief Paper defende o argumento segundo o qual, o reposicionamento está associado ao facto de que a população moçambicana ganhou nova consciência política e social, caracterizadas pela busca da verdade e da autenticidade dos seus governantes. Este reposicionamento inclui igualmente a disposição da população de enfrentar o poder do Estado e acarreta dois domínios de análise com consequências nefastas para o governo moçambicano, respetivamente: domínio doméstico e domínio externo. Isto ocorre porque a população tende a perder medo em relação à repressão levada à cabo através da polícia e dos militares. Além disso, neste reposicionamento se despertou a existência de um conflito latente e vigente entre o actual governo de Moçambique e a geração 1990-2000. Do ponto de vista metodológico, dois instrumentos apoiaram esta análise: técnica bibliográfica e técnica documental. Em termos teóricos, este Brief Paper foi lido à luz da teoria das Necessidades Básicas de Maslow, em conjugação com a teoria de Frustração e Agressão de estudos de conflitos. Por fim, as conjecturas feitas neste Brief Paper indicam que o actual governo da Frelimo perdeu legitimidade aos olhos do povo, sobretudo para a geração 1990-2000. Entretanto, há ainda conjecturas cuja assunção é de que a Frelimo goza de uma legitimidade assente em duas perspectivas de análise, respectivamente: uma perspectiva tradicional e outra perspectiva Institucional. As duas perspectivas se complementam e justificam a permanência da Frelimo no poder.

Citação:

Chisseve, Delton (2024). “Reposicionamento do activismo político e social em Moçambique : uma análise conjecturando a eclosão de conflitos sociopolíticos”. CEsA/CGS – Brief Papers nº 1/2024

Mundo Crítico n.º 10: Desenvolvimento e paz em tempos de conflitos


Resumo:

Perante a crescente polarização e proliferação de conflitos à escala mundial, urge pensar no mundo e procurar soluções conjuntas e caminhos para a paz. A Cooperação para o Desenvolvimento pode ser uma via de diálogo e de acção, assumindo um papel na procura de respostas positivas e construtivas para a promoção da paz e do desenvolvimento sustentável à escala global. Porém, como sublinham Sara De Simone e Pedro Rosa Mendes na “conversa imperfeita” de abertura deste número, não há fórmulas one size fits all e é crucial envolver todos os envolvidos, actores formais e informais, no diálogo para a paz e reconciliação e procurar sobretudo soluções a partir de processos endógenos.

Os conflitos actuais, sobretudo os mais mediatizados e com grande impacto global como a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente, têm consequências devastadoras para as suas populações e para os equilíbrios entre regiões. Para além destes conflitos, os focos de tensão e conflitos prolongados noutras partes do mundo, nomeadamente em países africanos, têm também um efeito desestabilizador à escala regional e mundial.

Nesta décima edição da Mundo Crítico – Revista de Desenvolvimento e Cooperação, procuramos questionar de que forma os processos de desenvolvimento são afectados pela guerra e pelos conflitos latentes. Questionamos se o “subdesenvolvimento” é, de facto uma ameaça ou se se enraizou uma narrativa de divisão do mundo entre zonas propensas à violência, na periferia do mundo, e zonas de paz, no centro de decisão. E, como tema transversal, surgem as migrações, com a crescente instrumentalização do fenómeno e cedências ao discurso de extrema-direita, sobretudo na União Europeia.

Este número integra ainda uma reflexão sobre o papel das mulheres no diálogo e na acção para a construção de uma paz duradoura, sobre o futuro dos Estados em situação de fragilidade, muitos deles vítimas das alterações climáticas, da pandemia e de “conflitos por procuração” entre diferentes potências, ao estilo da Guerra Fria, e sobre o papel das cidades em zonas de conflito rural, como no caso de Pemba, em Moçambique.

O ensaio fotográfico desta edição percorre os muros (ainda) erguidos em diferentes continentes, do Brasil ao Médio Oriente, e que acentuam a divisão do mundo e de quem tem direito a mover-se. Por fim, num registo mais jornalístico, fala-se dos conflitos relacionados com água e sobre África, negligenciada pelos grandes grupos de notícias.

Citação:

ACEP & CEsA (2024). “Desenvolvimento e paz em tempos de conflitos”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 10 (Jun 2024). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 9: Representações do mundo no mundo das representações


Resumo:

A nona edição da Mundo Crítico procura analisar criticamente as questões relacionadas com as representações do mundo e as relações que existem entre a produção e construção de narrativas visuais e escritas do(s) outro(s), sobretudo, mas não só, a partir do campo das organizações de “apoio ao desenvolvimento”, como também do jornalismo.

Esta edição inicia, por isso, com uma “conversa imperfeita” entre um jornalista português António Rodrigues e o dirigente associativo e activista guineense Miguel de Barros, sobre a necessidade de trazer para o centro outra ideia de periferias e outras narrativas e sobre a espectacularização da cooperação e do desenvolvimento.

A editoria “saber e circunstâncias” inaugura com uma reflexão do jornalista espanhol Alfonso Armada sobre a nossa sociedade, a partir de Guy Debord, e o alerta deixado pelo autor sobre a conversão da política e da história num espectáculo de consumo. A jornalista moçambicana Zenaida Machado fala-nos da situação em Cabo Delgado, em Moçambique, e de como, mais uma vez, a situação dos moçambicanos continua distante da “lupa da cobertura jornalística internacional”, em detrimento dos investimentos milionários em risco na zona. Da Guiné-Bissau, o investigador Sumaila Jaló analisa a migração irregular do país, através de relatos de vida transformados em músicas, procurando desconstruir a imagem que nos chega sobre essa realidade. A editoria integra ainda uma reflexão sobre o papel da educação para o desenvolvimento e cidadania global, a partir do projecto Sinergias ED, escrito por quatro investigadoras envolvidas no projecto. Por fim, a presidente da ACEP, Fátima Proença, desafia-nos com 10 propostas para a mudança na comunicação das ONG com a sociedade, de forma a criar novas narrativas e novas informações eticamente balizadas.

No “modos de ver”, a fotógrafa moçambicana Yassmin Forte, vencedora em 2023 do Prémio de Fotografia Africana Contemporânea, brinda-nos com um ensaio fotográfico a partir da sua história familiar, iniciada na pista de dança em Quelimane, Moçambique. A investigadora Livia Apa discorre nas narrativas sobre a importância das séries senegalesas para retratar o país, enquanto o dirigente associativo Paulo Mendes nos interpela sobre o papel da diáspora para mudar a narrativa sobre o racismo e a dicotomia colonizador / colonizado.

Nas “inovações”, apresentamos uma iniciativa do Fundo Norueguês de Assistência a Estudantes e Investigadores capaz de desconstruir as campanhas de angariação de fundos das organizações internacionais. Já nos “ecos gráficos”, a ilustradora Amanda Baeza propõe uma “peça em dois actos”, entre o Chile e Portugal.

Por fim, no “escaparate”, desafiámos a produtora de audiovisual santomense Katya Aragão e a especialista em comunicação da Guiné-Bissau Luana Pereira a folhear os livros dedicados à pintura publicitária em cada um dos países, da autoria de uma designer gráfica e de um investigador polacos, e escrever a partir e sobre eles. A edição termina com uma recensão de Leonor Teixeira, de um guia recente da BOND sobre a forma como as imagens das ONG devem ser utilizadas, a pensar sempre nos seus protagonistas.

A capa é da autoria do artista plástico guineense Nú Barreto, que elaborou propositadamente a imagem para esta edição. Boas leituras!

Citação:

ACEP & CEsA (2023). “Representações do mundo no mundo das representações”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 9 (Dez 2023). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 8: A cultura no sonho de justiça e de liberdade


Resumo:

Num mundo turbulento o recurso à sapiência dos nossos referentes torna-se ainda mais premente. Quando nos lembramos dos ensinamentos de Amílcar Cabral damo-nos conta de como o global é tão local. Ouvimos falar da personalidade em termos de postura, comportamento, liderança, carisma. Tudo isso transparece nos vídeos, nas fotos ou áudios que registaram o homem, nas análises que muitos nos brindaram, ou ainda na marca de um inquérito da BBC, que o reconheceu entre os mais influentes da história contemporânea mundial. Mas é sobretudo através da leitura dos seus escritos que os jovens podem hoje absorver a minúcia do personagem.

Cabral não era só poeta, era sonhador. Não era só chefe guerrilheiro, era articulador. Não era só diplomata, era mobilizador. Não era só líder, era pensador. Não era só professor, era zelador. Parecem muitas qualidades para uma só pessoa?… mas assim são
os seres especiais. Têm defeitos também, são humanos, mas deixam uma marca indelével por serem únicos. E, por nos trazerem esperança.

Em tempos difíceis olhamos para o retrovisor, reacção natural de quem prescruta o futuro sem balizas claras e velocidade controlada. O passado parece-nos mais fácil de interpretar, diferente de ter sido mais fácil de viver ou enfrentar.

Afinal de contas o que pode ser mais difícil de mudar hoje do que o que Cabral viveu na sua juventude?

Organizar do nada um povo colonizado, num território marginal, contra um exército que chegou a ter mais de 20.000 efetivos na frente de guerra, equipado com meios aéreos assinaláveis, logísitica da NATO e apoio diplomático de países poderosos. Conseguir ser vitorioso de forma transcendental: estruturando o caminho para a libertação da Guiné e Cabo Verde, provocando a unificação do movimento de libertação em Angola, despoletando uma revolta que acabou eliminando o fascismo em Portugal, e inspirando uma nova vaga de pensamento panafricanista e revolucionário.

Às facetas de organizador exímio falta acrescentar a contribuição teórica. Com exemplos como a cenceptualização do papel da cultura na libertação, que depois seria ampliada na pedagogia do oprimido de Paulo Freire; a transformação da leitura marxista da luta de classes para a configuração de como um povo subjugado incarna uma classe nacional na sua luta contra o colonialismo, tese mais sofisticada do que a versão simplista de um Kwame Nkrumah; a interpretação metafórica do papel ambíguo da pequena burguesia, hoje diríamos das elites, no período pós-colonial, sujeito de perpetuação de práticas alienadas, que Frantz Fanon desenvolveu em termos psicológicos; ou a elaboração de um novo conceito de unidade, só atingível com a sublimação do que chamou de prática revolucionária, ou seja uma postura para os movimentos do seu tempo, distinta dos populismos baratos em que se baseiam muitos dos contestatários do presente.

Tudo isto falando para camponeses com o mesmo à vontade que falava nas tribunas globais. Para uns usando os exemplos do que viviam no seu quotidiano simples – panela, terra, morança ou floresta – e para outros oferecendo a sabedoria popular dos ditados e das adivinhas africanas, como ponto de conexão com essa mesma realidade.

Cabral detinha uma magia nas palavras, usava comparações, metáforas e sobretudo demonstrava através delas o respeito pelo outrém; não distinguindo em grau, género ou raça, como agora nos habituamos a dizer.

Que o seu exemplo de vida e o seu legado nos ajudem a manter a esperança.

Citação:

ACEP & CEsA (2022). “A cultura no sonho de justiça e de liberdade”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 8 (Dez 2022). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 7: Ambiente e desenvolvimento: entre a utopia e a urgência


Resumo:

A sobreexploração de recursos do planeta e hábitos de consumo insustentáveis vêm produzindo impactos no ambiente, que configuram já uma verdadeira emergência ambiental. Uma das suas traduções mais visíveis é o aumento sem precedentes da temperatura do planeta, com danos irreversíveis. Em 2021, a comunidade internacional reuniu-se em Glasgow, na COP26, onde se reconheceu a emergência climática e a urgência de abandonar a exploração de recursos fósseis. Mas acordo final ficou aquém da ambição necessária.

Segundo contas feitas por organizações da sociedade civil, as medidas acordadas vão permitir que o aquecimento se mantenha nos 2 graus até ao final do século, ultrapassando as “linhas vermelhas” de segurança. Entre os mais afectados estão os pequenos Estados insulares e muitos países em desenvolvimento, que menos contribuíram para a situação. A realização da próxima COP27 em território africano, no Egipto, é para muitos africanos uma oportunidade a não desperdiçar.

Nesta edição debatemos os desafios e as emergências relacionadas com o desenvolvimento, o ambiente e o clima, e começamos esse debate com a “conversa imperfeita” entre dois especialistas com larga experiência em África e na América Latina.

Já a editoria “saber e circunstâncias” integra uma reflexão de Luís Fazendeiro sobre as desigualdades “Norte”/“Sul global”, a análise de Romy Chevallier e Alex Benkenstein sobre a Cimeira UE-UA e a (in)justiça climática e Patrícia Magalhães Ferreira apresenta a incoerência das políticas nestes domínios. Seguem-se experiências em S. Tomé e Príncipe (Jorge Carvalho), em Moçambique (Mariam Abbas e Natacha Bruna) e na Guiné-Bissau (Aissa Regalla de Barros). A editoria encerra com uma reflexão sobre a natureza e o clima (Flora Pereira da Silva).

No “modos de ver”, o fotógrafo português Mário Cruz revisita o rio Pasig, no coração de Manila, “exemplo do caminho perigoso que a humanidade percorre”, afirma o autor. Uma das fotos é a capa desta edição, bem como o encarte.

As “narrativas” são da jornalista portuguesa Vanessa Rodrigues, sobre a mobilização das mulheres rurais na Guiné-Bissau, do jornalista moçambicano Armando Nhantumbo que conta como os mega-projectos “empurram” a população para a miséria e a ambientalista Sofia Guedes Vaz, numa aventura de bicicleta até à COP26. E nas “inovações”, a Ana Filipa Oliveira traz-nos a Fakebook-ECO, uma iniciativa contra a desinformação ambiental.

A ilustradora ucraniana Viktoriya Kurmayeva desenha um relato da “mãe natureza” e no “escaparate”, sugerimos dois relatórios, sobre o financiamento (apresentado pela Rita Cavaco) e clima (e este pelo Tomás Nogueira). Boas leituras!

Citação:

ACEP & CEsA (2022). “Ambiente e desenvolvimento: entre a utopia e a urgência”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 7 (Jul 2022). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 6: Espaço cívico: expressões de liberdade e criatividade


Resumo:

O espaço cívico é um dos pilares centrais das democracias. O nível de liberdade com que as cidadãs e cidadãos se organizam, participam e intervêm numa sociedade é um dos principais indicadores da qualidade do espaço cívico e da democracia. Nos últimos anos, temos assistido a um afunilamento progressivo do espaço cívico, à escala global. De forma explícita, criminalizando a actuação de ONG ou perseguindo activistas, diminuindo os canais de diálogo com estruturas estatais ou minando a confiança pública das ONG, ou mesmo adoptando medidas mais subtis como as restrições de financiamento. A pandemia veio agravar essa tendência e, em muitos pontos do globo, sob o pretexto da necessidade de proteger a saúde pública, o espaço cívico tem sofrido um revés.

Perante estes indicadores, esta edição da Mundo Crítico procura reunir reflexões sobre os desafios das diferentes esferas do espaço cívico, explorando as suas múltiplas dimensões e a forma como as ONG e outros grupos procuram ultrapassar obstáculos e ampliar o seu raio de actuação. A edição começa com uma conversa entre o professor de direitos humanos Antoine Buyse e a activista moçambicana Zenaida Machado sobre os desafios e potencialidades do espaço cívico.

A editoria “saber e circunstâncias” abre com uma reflexão de Marianna Belalba Barreto, da aliança de sociedade civil CIVICUS, sobre o grau de abertura do espaço cívico, seguido de um balanço da experiência das Primaveras Árabes, a partir do olhar de quem viveu a Praça Tahrir, no Egipto há já 10 anos; e do contributo da Mosaiko para a construção do espaço cívico em Angola, da autoria de Mário Rui Marçal. Segue-se outra visão de Angola, desta vez sobre a liberdade de imprensa, do jornalista Domingos da Cruz, e um olhar sobre as novas expressões de cidadania na Praia e em Bissau, de Miguel de Barros e Redy Wilson. Para fechar o dossiê, o jornalista João Pedro Pereira alerta para os “novos ditadores” da tecnologia e, por fim, Paulo Illes e Patricia Gainza falam da experiência do Fórum Social Mundial para as Migrações.

No “modos de ver” somos conduzidos por Mohamed Keita até ao Mali, onde em conjunto com um grupo de jovens, tem fotografado o quotidiano como ponto de partida para a educação e crescimento cultural. Seguem-se “narrativas” contadas por Livia Apa, sobre um grupo de teatro de mulheres nigerianos em Roma, e Paulo Daio sobre a experiência da Escola Kwame Sousa, em S. Tomé e Príncipe.

Nas “inovações”, o escritor Ondjaki dá a conhecer iniciativas de promoção da leitura em Luanda e Eddie Avila um projecto sobre a necessidade de reenquadrar as histórias. O ilustrador José Smith Vargas ocupa as páginas dos “ecos gráficos” desta edição que termina, como sempre, com o escaparate, que sugere outras leituras.

Citação:

ACEP & CEsA (2021). “Espaço cívico: expressões de liberdade e criatividade”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 6 (Out 2021). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 5: Falar de desigualdades, falar de injustiças


Resumo:

Não há desenvolvimento sem redução das desigualdades? Ou o agravamento destas não importa desde que a pobreza se reduza e a situação da maioria melhore? Como é que as diferentes dimensões da desigualdade se articulam e se reforçam umas às outras? Têm os da cooperação internacional legitimidade para intervir num domínio tão fundamentalmente político e como devem fazê-lo?

Estas foram algumas das questões de partida para a definição desta edição da Mundo Crítico – Revista de Desenvolvimento e Cooperação que, em pleno processo de selecção editorial, foi confrontada pela actual crise pandémica. A COVID-19 tornou ainda mais urgente falarmos de desigualdades – que se tornaram mais visíveis dentro dos países e entre países – e está a obrigar a reequacionar algumas questões para procurar responder à pergunta: e agora?

Assim, iniciamos esta edição com a “conversa imperfeita” entre o sociólogo moçambicano Elísio Macamo e o economista português Rogério Roque Amaro que são unânimes em considerar que a desigualdade é uma questão de injustiça. No dossiê dos textos de reflexão mais aprofundada – saber e circunstâncias – contamos com os contributos do director do gabinete do relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD, Pedro Conceição e do director do think tank catalão CIDOB – Pol Morillas, numa reflexão sobre estes tempos e os que se avizinham. O filósofo Viriato Soromenho-Marques aborda a relação entre o “naufrágio ambiental” e as desigualdades, enquanto a investigadora brasileira Luana Pinheiro nos fala das desigualdades de género e a pandemia. O dossiê integra ainda uma análise do sociólogo Renato Miguel do Carmo sobre o mercado de trabalho como “fabricador das desigualdades” e do investigador Daniel Roedel sobre a dependência do Desenvolvimento. Esta editoria termina com um texto da investigadora Iolanda Évora sobre afrodescendência e a Europa no século XXI.

O “modos de ver” desta edição São Pessoas, fotografadas por Adriano Miranda e Paulo Pimenta, um projecto que documenta um país da Europa e as suas variadíssimas assimetrias. Nas “narrativas” o jornalista António Rodrigues fala-nos de Hinacenda, do povo Herero de Angola, Vanessa Rodrigues sobre o Museu de Mafalala, e Vasco Veloso partilha uma reflexão de consultor Cooperação internacional.

Nas “inovações”, a Cimeira Africana de Inovação é apresentada por um dos seus mentores – o economista cabo-verdiano José Brito – e Carlos Sangreman conta sobre a experiência do Observatório dos Direitos, na Guiné-Bissau. Nos “ecos gráficos”, a ilustradora Inês Cóias aborda a ideia de ganância desenfreada, em “O Pequeno Empreendedor”. Por fim, sugerimos outras leituras sobre o tema, no escaparate.

Citação:

ACEP & CEsA (2020). “Falar de desigualdades, falar de injustiças”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 5 (Out 2020). ISSN 2184-1926.


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