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Democracia

Mundo Crítico n.º 10: Desenvolvimento e paz em tempos de conflitos


Resumo:

Perante a crescente polarização e proliferação de conflitos à escala mundial, urge pensar no mundo e procurar soluções conjuntas e caminhos para a paz. A Cooperação para o Desenvolvimento pode ser uma via de diálogo e de acção, assumindo um papel na procura de respostas positivas e construtivas para a promoção da paz e do desenvolvimento sustentável à escala global. Porém, como sublinham Sara De Simone e Pedro Rosa Mendes na “conversa imperfeita” de abertura deste número, não há fórmulas one size fits all e é crucial envolver todos os envolvidos, actores formais e informais, no diálogo para a paz e reconciliação e procurar sobretudo soluções a partir de processos endógenos.

Os conflitos actuais, sobretudo os mais mediatizados e com grande impacto global como a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente, têm consequências devastadoras para as suas populações e para os equilíbrios entre regiões. Para além destes conflitos, os focos de tensão e conflitos prolongados noutras partes do mundo, nomeadamente em países africanos, têm também um efeito desestabilizador à escala regional e mundial.

Nesta décima edição da Mundo Crítico – Revista de Desenvolvimento e Cooperação, procuramos questionar de que forma os processos de desenvolvimento são afectados pela guerra e pelos conflitos latentes. Questionamos se o “subdesenvolvimento” é, de facto uma ameaça ou se se enraizou uma narrativa de divisão do mundo entre zonas propensas à violência, na periferia do mundo, e zonas de paz, no centro de decisão. E, como tema transversal, surgem as migrações, com a crescente instrumentalização do fenómeno e cedências ao discurso de extrema-direita, sobretudo na União Europeia.

Este número integra ainda uma reflexão sobre o papel das mulheres no diálogo e na acção para a construção de uma paz duradoura, sobre o futuro dos Estados em situação de fragilidade, muitos deles vítimas das alterações climáticas, da pandemia e de “conflitos por procuração” entre diferentes potências, ao estilo da Guerra Fria, e sobre o papel das cidades em zonas de conflito rural, como no caso de Pemba, em Moçambique.

O ensaio fotográfico desta edição percorre os muros (ainda) erguidos em diferentes continentes, do Brasil ao Médio Oriente, e que acentuam a divisão do mundo e de quem tem direito a mover-se. Por fim, num registo mais jornalístico, fala-se dos conflitos relacionados com água e sobre África, negligenciada pelos grandes grupos de notícias.

Citação:

ACEP & CEsA (2024). “Desenvolvimento e paz em tempos de conflitos”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 10 (Jun 2024). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 9: Representações do mundo no mundo das representações


Resumo:

A nona edição da Mundo Crítico procura analisar criticamente as questões relacionadas com as representações do mundo e as relações que existem entre a produção e construção de narrativas visuais e escritas do(s) outro(s), sobretudo, mas não só, a partir do campo das organizações de “apoio ao desenvolvimento”, como também do jornalismo.

Esta edição inicia, por isso, com uma “conversa imperfeita” entre um jornalista português António Rodrigues e o dirigente associativo e activista guineense Miguel de Barros, sobre a necessidade de trazer para o centro outra ideia de periferias e outras narrativas e sobre a espectacularização da cooperação e do desenvolvimento.

A editoria “saber e circunstâncias” inaugura com uma reflexão do jornalista espanhol Alfonso Armada sobre a nossa sociedade, a partir de Guy Debord, e o alerta deixado pelo autor sobre a conversão da política e da história num espectáculo de consumo. A jornalista moçambicana Zenaida Machado fala-nos da situação em Cabo Delgado, em Moçambique, e de como, mais uma vez, a situação dos moçambicanos continua distante da “lupa da cobertura jornalística internacional”, em detrimento dos investimentos milionários em risco na zona. Da Guiné-Bissau, o investigador Sumaila Jaló analisa a migração irregular do país, através de relatos de vida transformados em músicas, procurando desconstruir a imagem que nos chega sobre essa realidade. A editoria integra ainda uma reflexão sobre o papel da educação para o desenvolvimento e cidadania global, a partir do projecto Sinergias ED, escrito por quatro investigadoras envolvidas no projecto. Por fim, a presidente da ACEP, Fátima Proença, desafia-nos com 10 propostas para a mudança na comunicação das ONG com a sociedade, de forma a criar novas narrativas e novas informações eticamente balizadas.

No “modos de ver”, a fotógrafa moçambicana Yassmin Forte, vencedora em 2023 do Prémio de Fotografia Africana Contemporânea, brinda-nos com um ensaio fotográfico a partir da sua história familiar, iniciada na pista de dança em Quelimane, Moçambique. A investigadora Livia Apa discorre nas narrativas sobre a importância das séries senegalesas para retratar o país, enquanto o dirigente associativo Paulo Mendes nos interpela sobre o papel da diáspora para mudar a narrativa sobre o racismo e a dicotomia colonizador / colonizado.

Nas “inovações”, apresentamos uma iniciativa do Fundo Norueguês de Assistência a Estudantes e Investigadores capaz de desconstruir as campanhas de angariação de fundos das organizações internacionais. Já nos “ecos gráficos”, a ilustradora Amanda Baeza propõe uma “peça em dois actos”, entre o Chile e Portugal.

Por fim, no “escaparate”, desafiámos a produtora de audiovisual santomense Katya Aragão e a especialista em comunicação da Guiné-Bissau Luana Pereira a folhear os livros dedicados à pintura publicitária em cada um dos países, da autoria de uma designer gráfica e de um investigador polacos, e escrever a partir e sobre eles. A edição termina com uma recensão de Leonor Teixeira, de um guia recente da BOND sobre a forma como as imagens das ONG devem ser utilizadas, a pensar sempre nos seus protagonistas.

A capa é da autoria do artista plástico guineense Nú Barreto, que elaborou propositadamente a imagem para esta edição. Boas leituras!

Citação:

ACEP & CEsA (2023). “Representações do mundo no mundo das representações”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 9 (Dez 2023). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 8: A cultura no sonho de justiça e de liberdade


Resumo:

Num mundo turbulento o recurso à sapiência dos nossos referentes torna-se ainda mais premente. Quando nos lembramos dos ensinamentos de Amílcar Cabral damo-nos conta de como o global é tão local. Ouvimos falar da personalidade em termos de postura, comportamento, liderança, carisma. Tudo isso transparece nos vídeos, nas fotos ou áudios que registaram o homem, nas análises que muitos nos brindaram, ou ainda na marca de um inquérito da BBC, que o reconheceu entre os mais influentes da história contemporânea mundial. Mas é sobretudo através da leitura dos seus escritos que os jovens podem hoje absorver a minúcia do personagem.

Cabral não era só poeta, era sonhador. Não era só chefe guerrilheiro, era articulador. Não era só diplomata, era mobilizador. Não era só líder, era pensador. Não era só professor, era zelador. Parecem muitas qualidades para uma só pessoa?… mas assim são
os seres especiais. Têm defeitos também, são humanos, mas deixam uma marca indelével por serem únicos. E, por nos trazerem esperança.

Em tempos difíceis olhamos para o retrovisor, reacção natural de quem prescruta o futuro sem balizas claras e velocidade controlada. O passado parece-nos mais fácil de interpretar, diferente de ter sido mais fácil de viver ou enfrentar.

Afinal de contas o que pode ser mais difícil de mudar hoje do que o que Cabral viveu na sua juventude?

Organizar do nada um povo colonizado, num território marginal, contra um exército que chegou a ter mais de 20.000 efetivos na frente de guerra, equipado com meios aéreos assinaláveis, logísitica da NATO e apoio diplomático de países poderosos. Conseguir ser vitorioso de forma transcendental: estruturando o caminho para a libertação da Guiné e Cabo Verde, provocando a unificação do movimento de libertação em Angola, despoletando uma revolta que acabou eliminando o fascismo em Portugal, e inspirando uma nova vaga de pensamento panafricanista e revolucionário.

Às facetas de organizador exímio falta acrescentar a contribuição teórica. Com exemplos como a cenceptualização do papel da cultura na libertação, que depois seria ampliada na pedagogia do oprimido de Paulo Freire; a transformação da leitura marxista da luta de classes para a configuração de como um povo subjugado incarna uma classe nacional na sua luta contra o colonialismo, tese mais sofisticada do que a versão simplista de um Kwame Nkrumah; a interpretação metafórica do papel ambíguo da pequena burguesia, hoje diríamos das elites, no período pós-colonial, sujeito de perpetuação de práticas alienadas, que Frantz Fanon desenvolveu em termos psicológicos; ou a elaboração de um novo conceito de unidade, só atingível com a sublimação do que chamou de prática revolucionária, ou seja uma postura para os movimentos do seu tempo, distinta dos populismos baratos em que se baseiam muitos dos contestatários do presente.

Tudo isto falando para camponeses com o mesmo à vontade que falava nas tribunas globais. Para uns usando os exemplos do que viviam no seu quotidiano simples – panela, terra, morança ou floresta – e para outros oferecendo a sabedoria popular dos ditados e das adivinhas africanas, como ponto de conexão com essa mesma realidade.

Cabral detinha uma magia nas palavras, usava comparações, metáforas e sobretudo demonstrava através delas o respeito pelo outrém; não distinguindo em grau, género ou raça, como agora nos habituamos a dizer.

Que o seu exemplo de vida e o seu legado nos ajudem a manter a esperança.

Citação:

ACEP & CEsA (2022). “A cultura no sonho de justiça e de liberdade”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 8 (Dez 2022). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 7: Ambiente e desenvolvimento: entre a utopia e a urgência


Resumo:

A sobreexploração de recursos do planeta e hábitos de consumo insustentáveis vêm produzindo impactos no ambiente, que configuram já uma verdadeira emergência ambiental. Uma das suas traduções mais visíveis é o aumento sem precedentes da temperatura do planeta, com danos irreversíveis. Em 2021, a comunidade internacional reuniu-se em Glasgow, na COP26, onde se reconheceu a emergência climática e a urgência de abandonar a exploração de recursos fósseis. Mas acordo final ficou aquém da ambição necessária.

Segundo contas feitas por organizações da sociedade civil, as medidas acordadas vão permitir que o aquecimento se mantenha nos 2 graus até ao final do século, ultrapassando as “linhas vermelhas” de segurança. Entre os mais afectados estão os pequenos Estados insulares e muitos países em desenvolvimento, que menos contribuíram para a situação. A realização da próxima COP27 em território africano, no Egipto, é para muitos africanos uma oportunidade a não desperdiçar.

Nesta edição debatemos os desafios e as emergências relacionadas com o desenvolvimento, o ambiente e o clima, e começamos esse debate com a “conversa imperfeita” entre dois especialistas com larga experiência em África e na América Latina.

Já a editoria “saber e circunstâncias” integra uma reflexão de Luís Fazendeiro sobre as desigualdades “Norte”/“Sul global”, a análise de Romy Chevallier e Alex Benkenstein sobre a Cimeira UE-UA e a (in)justiça climática e Patrícia Magalhães Ferreira apresenta a incoerência das políticas nestes domínios. Seguem-se experiências em S. Tomé e Príncipe (Jorge Carvalho), em Moçambique (Mariam Abbas e Natacha Bruna) e na Guiné-Bissau (Aissa Regalla de Barros). A editoria encerra com uma reflexão sobre a natureza e o clima (Flora Pereira da Silva).

No “modos de ver”, o fotógrafo português Mário Cruz revisita o rio Pasig, no coração de Manila, “exemplo do caminho perigoso que a humanidade percorre”, afirma o autor. Uma das fotos é a capa desta edição, bem como o encarte.

As “narrativas” são da jornalista portuguesa Vanessa Rodrigues, sobre a mobilização das mulheres rurais na Guiné-Bissau, do jornalista moçambicano Armando Nhantumbo que conta como os mega-projectos “empurram” a população para a miséria e a ambientalista Sofia Guedes Vaz, numa aventura de bicicleta até à COP26. E nas “inovações”, a Ana Filipa Oliveira traz-nos a Fakebook-ECO, uma iniciativa contra a desinformação ambiental.

A ilustradora ucraniana Viktoriya Kurmayeva desenha um relato da “mãe natureza” e no “escaparate”, sugerimos dois relatórios, sobre o financiamento (apresentado pela Rita Cavaco) e clima (e este pelo Tomás Nogueira). Boas leituras!

Citação:

ACEP & CEsA (2022). “Ambiente e desenvolvimento: entre a utopia e a urgência”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 7 (Jul 2022). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 6: Espaço cívico: expressões de liberdade e criatividade


Resumo:

O espaço cívico é um dos pilares centrais das democracias. O nível de liberdade com que as cidadãs e cidadãos se organizam, participam e intervêm numa sociedade é um dos principais indicadores da qualidade do espaço cívico e da democracia. Nos últimos anos, temos assistido a um afunilamento progressivo do espaço cívico, à escala global. De forma explícita, criminalizando a actuação de ONG ou perseguindo activistas, diminuindo os canais de diálogo com estruturas estatais ou minando a confiança pública das ONG, ou mesmo adoptando medidas mais subtis como as restrições de financiamento. A pandemia veio agravar essa tendência e, em muitos pontos do globo, sob o pretexto da necessidade de proteger a saúde pública, o espaço cívico tem sofrido um revés.

Perante estes indicadores, esta edição da Mundo Crítico procura reunir reflexões sobre os desafios das diferentes esferas do espaço cívico, explorando as suas múltiplas dimensões e a forma como as ONG e outros grupos procuram ultrapassar obstáculos e ampliar o seu raio de actuação. A edição começa com uma conversa entre o professor de direitos humanos Antoine Buyse e a activista moçambicana Zenaida Machado sobre os desafios e potencialidades do espaço cívico.

A editoria “saber e circunstâncias” abre com uma reflexão de Marianna Belalba Barreto, da aliança de sociedade civil CIVICUS, sobre o grau de abertura do espaço cívico, seguido de um balanço da experiência das Primaveras Árabes, a partir do olhar de quem viveu a Praça Tahrir, no Egipto há já 10 anos; e do contributo da Mosaiko para a construção do espaço cívico em Angola, da autoria de Mário Rui Marçal. Segue-se outra visão de Angola, desta vez sobre a liberdade de imprensa, do jornalista Domingos da Cruz, e um olhar sobre as novas expressões de cidadania na Praia e em Bissau, de Miguel de Barros e Redy Wilson. Para fechar o dossiê, o jornalista João Pedro Pereira alerta para os “novos ditadores” da tecnologia e, por fim, Paulo Illes e Patricia Gainza falam da experiência do Fórum Social Mundial para as Migrações.

No “modos de ver” somos conduzidos por Mohamed Keita até ao Mali, onde em conjunto com um grupo de jovens, tem fotografado o quotidiano como ponto de partida para a educação e crescimento cultural. Seguem-se “narrativas” contadas por Livia Apa, sobre um grupo de teatro de mulheres nigerianos em Roma, e Paulo Daio sobre a experiência da Escola Kwame Sousa, em S. Tomé e Príncipe.

Nas “inovações”, o escritor Ondjaki dá a conhecer iniciativas de promoção da leitura em Luanda e Eddie Avila um projecto sobre a necessidade de reenquadrar as histórias. O ilustrador José Smith Vargas ocupa as páginas dos “ecos gráficos” desta edição que termina, como sempre, com o escaparate, que sugere outras leituras.

Citação:

ACEP & CEsA (2021). “Espaço cívico: expressões de liberdade e criatividade”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 6 (Out 2021). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 5: Falar de desigualdades, falar de injustiças


Resumo:

Não há desenvolvimento sem redução das desigualdades? Ou o agravamento destas não importa desde que a pobreza se reduza e a situação da maioria melhore? Como é que as diferentes dimensões da desigualdade se articulam e se reforçam umas às outras? Têm os da cooperação internacional legitimidade para intervir num domínio tão fundamentalmente político e como devem fazê-lo?

Estas foram algumas das questões de partida para a definição desta edição da Mundo Crítico – Revista de Desenvolvimento e Cooperação que, em pleno processo de selecção editorial, foi confrontada pela actual crise pandémica. A COVID-19 tornou ainda mais urgente falarmos de desigualdades – que se tornaram mais visíveis dentro dos países e entre países – e está a obrigar a reequacionar algumas questões para procurar responder à pergunta: e agora?

Assim, iniciamos esta edição com a “conversa imperfeita” entre o sociólogo moçambicano Elísio Macamo e o economista português Rogério Roque Amaro que são unânimes em considerar que a desigualdade é uma questão de injustiça. No dossiê dos textos de reflexão mais aprofundada – saber e circunstâncias – contamos com os contributos do director do gabinete do relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD, Pedro Conceição e do director do think tank catalão CIDOB – Pol Morillas, numa reflexão sobre estes tempos e os que se avizinham. O filósofo Viriato Soromenho-Marques aborda a relação entre o “naufrágio ambiental” e as desigualdades, enquanto a investigadora brasileira Luana Pinheiro nos fala das desigualdades de género e a pandemia. O dossiê integra ainda uma análise do sociólogo Renato Miguel do Carmo sobre o mercado de trabalho como “fabricador das desigualdades” e do investigador Daniel Roedel sobre a dependência do Desenvolvimento. Esta editoria termina com um texto da investigadora Iolanda Évora sobre afrodescendência e a Europa no século XXI.

O “modos de ver” desta edição São Pessoas, fotografadas por Adriano Miranda e Paulo Pimenta, um projecto que documenta um país da Europa e as suas variadíssimas assimetrias. Nas “narrativas” o jornalista António Rodrigues fala-nos de Hinacenda, do povo Herero de Angola, Vanessa Rodrigues sobre o Museu de Mafalala, e Vasco Veloso partilha uma reflexão de consultor Cooperação internacional.

Nas “inovações”, a Cimeira Africana de Inovação é apresentada por um dos seus mentores – o economista cabo-verdiano José Brito – e Carlos Sangreman conta sobre a experiência do Observatório dos Direitos, na Guiné-Bissau. Nos “ecos gráficos”, a ilustradora Inês Cóias aborda a ideia de ganância desenfreada, em “O Pequeno Empreendedor”. Por fim, sugerimos outras leituras sobre o tema, no escaparate.

Citação:

ACEP & CEsA (2020). “Falar de desigualdades, falar de injustiças”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 5 (Out 2020). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 4: Jornalismo e comunicação na aprendizagem do mundo


Resumo:

Como são representadas as questões do Desenvolvimento nos media nacionais e internacionais? Que imagem – ou imagens – sobre África são veiculadas nos órgãos de comunicação social? Como evitar a “história única” de determinadas geografias e comunidades? E qual a responsabilidade dos media, incluindo novos media e redes sociais, na ascensão dos populismos na Europa e nos EUA e na propagação dos discursos de ódio? Como promover a relevância dos temas da cooperação para o desenvolvimento, nos media tradicionais, como construções positivas de um futuro comum?

Nesta edição, a Mundo Crítico – Revista de Desenvolvimento e Cooperação procura ser espaço para a reflexão sobre a relação entre os media, o jornalismo, a comunicação e o desenvolvimento, questionando se existe um “jornalismo para o Desenvolvimento” e qual o contributo que os Media e a Cooperação para o Desenvolvimento poderão dar para a necessária “aprendizagem do mundo”, como referia o pedagogo brasileiro Paulo Freire.

Desafiámos a jornalista Cândida Pinto e o antropólogo moçambicano Euclides Gonçalves para uma “conversa imperfeita” sobre a vertigem do jornalismo na actualidade, as imagens produzidas sobre o continente africano e a forma como as questões do Desenvolvimento são (re)tratadas nos media portugueses. O dossiê “saber e circunstâncias” integra um conjunto de textos sobre o contributo do jornalismo para a mudança social, o jornalismo para o desenvolvimento como “filho bastardo”, os labirintos da comunicação e o papel da comunicação para o desenvolvimento. Fazem parte da secção também reflexões sobre as viagens a convite endereçadas a jornalistas, o papel da literatura para “desinquietar”, sobre a forma como os refugiados e migrantes têm sido retratados nos media europeus, entre outros.

O “modo de ver” desta edição é do escritor Afonso Cruz, que nos propõe o seu ponto de vista fotográfico do Iraque e do Kuwait, e que, nas narrativas, nos conta a história de uma rua que é o terceiro pulmão de Bagdade. As outras duas narrativas abordam a urgência do contra-facto na actualidade e a história de Laovo Cande, que se repete no Mediterrâneo.

Nas “inovações”, são apresentadas as iniciativas da Bolsa de Criação Jornalística, que tem permitido a realização de reportagens sobre questões relacionadas com o Desenvolvimento internacional, e o projecto Idemi, que procura reverter a ausência de línguas africanas na internet. Nos “ecos gráficos”, somos confrontados com as fake news que se perpetuam nas redes sociais (e nos media) e, por fim (e como sempre), sugerimos outras leituras no “escaparate”.

Citação:

ACEP & CEsA (2019). “Jornalismo e comunicação na aprendizagem do mundo”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 4 (Out 2019). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 3: Cooperação para o Desenvolvimento: interesses nacionais ou agenda do bem comum?


Resumo:

Por esta 3ª edição da Mundo Crítico passam algumas das questões que hoje se colocam à cooperação para o desenvolvimento, a nível internacional e também nacional, procurando contribuir para um retrato, diverso e a várias vozes, sobre uma realidade que está a sofrer grandes mutações, tanto em termos conceptuais como de políticas e práticas, que podem mesmo pôr em causa a cooperação como valor nas relações entre espaços geográficos, políticos e culturais. As razões dos actuais tempos conturbados ultrapassam claramente a própria cooperação para o desenvolvimento, mas o falhanço de alguns modelos, ou a desaquação de outros, aos desafios que hoje enfrentamos, têm como consequência o seu questionamento no cômputo da política externa de diferentes Estados. Pretende-se, desta forma, nesta edição, olhar para o futuro e contribuir não só para uma reflexão prospectiva, mas também para o debate sobre o momento presente da Cooperação para o Desenvolvimento, questionando modelos, estratégias e discursos, um debate conducente a opções políticas em que, colectivamente, como sociedade, nos possamos rever.

Este número inicia com uma conversa imperfeita, num tom crítico, sobre as actuais tendências da Cooperação para o Desenvolvimento e sobre a necessidade de criar capacidades locais que perdurem. O dossiê saber e circunstâncias inaugura com 6 questões sobre a Cooperação Portuguesa, uma reflexão realizada pelo Conselho Editorial, que procura assim contribuir para o debate necessário (e urgente) no sector. A editoria inclui textos sobre diferentes visões e abordagens de países como a China e a Noruega -, as recentes decisões da Cooperação Portuguesa em matéria de Ajuda Pública ao Desenvolvimento, bem como uma reflexão sobre os profissionais da “indústria” do Desenvolvimento, o sector não governamental nos PALOP ou a actuação e as mudanças nas ONG em Angola. Por fim, surge um texto sobre banda desenhada no feminino e a abertura de caminhos de cooperação e solidariedade.

Os modos de ver a migração para a Europa, pelo olhar do fotógrafo italiano Mario Badagliacca, a partir de objectos de migrantes que desembarcam em Lampedusa são a proposta para esta edição. Já as narrativas apresentam dois trabalhos jornalísticos sobre o bairro do Jamaica, em Portugal, e um reencontro na Etiópia, após a assinatura do acordo de paz com a Eritreia.

Recuperamos a editoria inovações (iniciada no primeiro número), com dois exemplos de processos de promoção dos direitos humanos na Guiné-Bissau e ao nível da CPLP e outro de cooperação no ensino entre Portugal e Moçambique. A edição termina com ecos gráficos de banda desenhada e algumas sugestões de leituras no escaparate sobre a Cooperação para o Desenvolvimento na actualidade.

Citação:

ACEP & CEsA (2019). “Cooperação para o Desenvolvimento: interesses nacionais ou agenda do bem comum?”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 3 (Jan 2019). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 2: Inovação: imaginar novos percursos para o desenvolvimento


Resumo:

O que é “novo” na “inovação e desenvolvimento”? Foi a partir desta pergunta que lançámos o desafio para esta segunda edição da Mundo Crítico, procurando cruzar diferentes práticas, experiências e olhares sobre a agenda da “inovação” na cooperação internacional para o desenvolvimento.

Talvez a maior potencialidade na agenda internacional da “inovação e desenvolvimento” seja o questionamento das lógicas dicotómicas que permeiam as relações entre “países desenvolvidos” e “países em desenvolvimento”, concebendo os primeiros como geografias de “invenção, recriação ou renovação” de teorias, tecnologias ou modelos de organização, e os segundos como espaços de “importação” de produtos, valores e ideias. Neste sentido, e perante as transformações no mundo em que vivemos e a incerteza sobre a sua direção e impactos, torna-se premente o questionamento do que é “novo” na “inovação e desenvolvimento” – recuperando a memória, olhando o presente e arriscando entrever o futuro.

Nesse sentido, este número inaugura com uma conversa imperfeita sobre as várias dimensões da inovação, que vão muito para além da vertente meramente tecnológica. À inovação social, deve juntar-se a inovação organizacional, numa lógica de apropriação de processos para um desenvolvimento realmente inclusivo e favorável à mudança. No dossiê de saberes e circunstâncias, encontramos textos reflexivos sobre experiências ou práticas de inovação em prol do desenvolvimento, como as iniciativas de economia criativa em países como Cabo Verde, Guiné Bissau e S. Tomé e Príncipe; as transferências monetárias em contextos de ajuda humanitária; ou o projecto de melhoria da qualidade do ensino na América Latina através da iluminação de escolas, para citar apenas alguns exemplos. Os modos de ver integram um dossiê fotográfico com rostos de mulheres de S. Tomé e Príncipe, que resulta de um projecto de afirmação de direitos das mulheres santomenses e as narrativas apresentam casos práticos e protagonistas que utilizam a inovação e a
criatividade para fazer face a diferentes desafios.

Por fim, integramos uma nova editoria – a ecos gráficos – dedicada à banda desenhada e o escaparate como porta de entrada para outras leituras.

Citação:

ACEP & CEsA (2018). “Inovação: imaginar novos percursos para o desenvolvimento”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 2 (Jun 2018). ISSN 2184-1926.

Mundo Crítico n.º 1: A propósito de fragilidades e complexidades do desenvolvimento


Resumo:

Numa era de múltiplos desafios, da escala local à escala global, “Mundo Crítico – Revista de desenvolvimento e cooperação” quer responder à necessidade de debate entre actores sociais públicos e privados, de maior ou menor dimensão, de âmbito geográfico ou temático, com um empenhamento crítico, persistente e dialogante. Procura suscitar diálogos improváveis entre texto e imagem, entre arte e ciência, entre académicos, artistas, técnicos, entre pessoas que falam português em diferentes espaços geográficos ou culturais. O debate pretende-se abrangente, com especial enfoque nas transformações sociais, económicas ou políticas em curso no mundo de que fazemos parte.

A linha de orientação deste espaço tem por base uma visão do desenvolvimento como acção social multidisciplinar e de complementaridade entre diversos intervenientes, individuais e colectivos. Considera que a cooperação entre povos é um dos pilares sobre o qual se pode construir uma visão comum dos direitos humanos, do bem estar e do progresso da humanidade, hoje e de futuras gerações. Uma revista de pensamento crítico para reflectir e agir.

Citação:

ACEP & CEsA (2018). “A propósito de fragilidades e complexidades do desenvolvimento”. ISEG/CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento. Revista Mundo Crítico nº 1 (Jan 2018). ISSN 2184-1926.


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