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Claude Meillassoux em Moçambique: a propósito de uma carta a Marcelino dos Santos


Resumo:

Claude Meillassoux, fundador da antropologia econômica francesa, e Marcelino dos Santos, importante dirigente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), conheceram-se em Paris na década de 1950, quando ambos estudavam com o africanista Georges Balandier. Em 1977, ano da primeira visita de Meillassoux a Moçambique, essa relação se renovou, dessa vez sob uma chave crítica e polêmica. Naquele ano, a Frelimo se transformara em um partido de vanguarda “marxista-leninista” e estava prestes a criar uma série de organizações em prol da instauração do “poder popular” e do socialismo. Meillassoux viria a ser um observador atento desse processo. Este artigo reconstrói as vicissitudes da sua viagem, promovida pela cooperação franco-moçambicana e pelo Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane. Imediatamente após a sua visita, Meillassoux endereçou a Marcelino dos Santos uma carta de alto teor crítico concernente aos rumos da revolução moçambicana. O artigo analisa, ademais, o conteúdo dessa carta e seus principais desdobramentos antropológicos e políticos.

Citação:

Macagno, L. (2024). Claude Meillassoux em Moçambique: a propósito de uma carta a Marcelino dos Santos. Estudos Ibero-Americanos, 50(1), e45089. https://doi.org/10.15448/1980-864X.2024.1.45089

Mobility and Public Transport in Post-independence Mozambican Fiction (1992-2022)


Resumo:

Este artigo analisa representações de mobilidade e transporte público nos seguintes romances moçambicanos: Terra Sonâmbula (1992) e O Outro Pé da Sereia (2006) de Mia Couto, O Comboio de Sal e Açúcar (1999) de Licínio Azevedo, e Museu da Revolução (2022) de João Paulo Borges Coelho. Apesar da importância da mobilidade e do transporte público nestas obras, a investigação existente não tem abordado estes temas, optando antes por categorias mais tradicionais como “viagem”, “diáspora” e “migração”. Focando-se nas representações literárias do transporte público e da infraestrutura de mobilidade – isto é, autocarros, navios e estações ferroviárias (Couto), um comboio de movimento lento (Azevedo) e uma carrinha Toyota Hiace (Borges Coelho) –, este artigo procura demonstrar o papel central que o binómio mobilidade/imobilidade desempenha na representação de Moçambique pós-independência. O principal argumento deste artigo é que as imagens da ferrovia, da estrada, da automobilidade e da viagem marítima constituem a força motriz literal das narrativas e contribuem para a (des)construção do espaço nacional. Recorrendo a perspetivas literárias sobre estudos de mobilidade e abordagens do sistema-mundo desenvolvidas no âmbito da literatura-mundo (Warwick Research Collective), argumento que os tropos da mobilidade e as representações do transporte público nos quatro romances registam e codificam as transições sociais, políticas e económicas na história colonial e pós-colonial de Moçambique e a sua incorporação no sistema-mundo capitalista.

Citação:

Falconi, J. (2024). Mobility and Public Transport in Post-independence Mozambican Fiction (1992-2022). English Studies in Africa67(2), 61–76. https://doi.org/10.1080/00138398.2024.2384758

Águas Pós-coloniais em Romances Angolanos e Moçambicanos


Resumo:

Este artigo apresenta uma proposta de cartografia do papel narrativo da água na literatura angolana e moçambicana, através da leitura comparada de quatro romances: O desejo de Kianda (1995) do angolano Pepetela; O livro dos rios (2006) de Luandino Vieira; Água: uma novela rural (2016) e Ponta Gea (2017) ambas do moçambicano João Paulo Borges Coelho. A introdução situa a cartografia proposta no quadro dos estudos de ecocrítica, cujos vários paradigmas oferecem ferramentas e conceitos úteis para a leitura das obras literárias selecionadas. A abordagem metodológica temática e comparativa evidencia experiências e imaginários comuns a dois contextos pós-coloniais, apesar da diferença de cenários, temáticas, escolhas estéticas e estratégias narrativas. Os resultados da análise demonstram que a água é um elemento crucial para narrar as sociedades angolana e moçambicana pós-coloniais.

Citação:

Falconi, Jessica (2024). “Águas pós-coloniais em romances angolanos e moçambicanos”. Caligrama: Revista de Estudos Românicos, 29(1):75-86

Disputas de e por Espaços Político-identitários: O rap e os movimentos sociais em Cabo Verde


Resumo:

Independente desde 1975 e democrático desde 1991, Cabo Verde não escapou às vagas de protestos urbanos que na segunda metade dos anos de 2000 assolaram as capitais africanas. O rap, percebido como a nova expressão de protesto dos jovens urbanos, consolida-se nos anos de 2000 como um dos principais atores no cenário político cabo-verdiano e torna-se num importante veículo de mobilização e construção de uma cultura urbana de resistência. Este artigo, que tem como base uma pesquisa etnográfica nas cidades da Praia (Ilha de Santiago) e do Mindelo (ilha de São Vicente), busca responder a 3 questões:

1) como o rap tem evidenciado as contradições identitárias e sociais;
2) como ele se tem articulado com os outros tipos de movimentos sociais;
3) qual o lugar das mulheres no rap?

Citação:

Lima, R.W. and Robalo, A. 2024. 7 – Disputas de e por espaços político-identitários: o rap e os movimentos sociais em Cabo Verde. Africa Development. 48, 3 (May 2024). DOI: https://doi.org/10.57054/ad.v48i3.5321.

Cape Verde: Islands of vulnerability or resilience? A transition from a MIRAB Model into a TOURAB one?


Resumo:

Os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID) enfrentam tradicionalmente um conjunto de desafios como a configuração económica fraca e altamente frágil, questões ambientais e uma dependência tradicional de algumas actividades económicas que os forçam a abrir a economia ao exterior. Portanto, o seu modelo de desenvolvimento, como em Cabo Verde, depende da migração, das remessas, da dependência da ajuda, do turismo e do emprego estatal. A investigação actual oferece uma visão sobre a natureza da economia de Cabo Verde como uma economia PEID e até que ponto o país tem dependido das receitas do turismo, das remessas externas provenientes das migrações, dos programas de ajuda e dos serviços governamentais. Compreender o modelo de desenvolvimento de Cabo Verde é importante para esclarecer os desafios que o país enfrenta e as suas necessidades de desenvolvimento para reunir uma resiliência a longo prazo e para perceber se está a mudar de um modelo MIRAB (Migrações, Remessas, Ajuda e Burocracia) para outro.

Citação:

Sarmento, E.; Silva, Ana (2024). Cape Verde: Islands of Vulnerability or Resilience? A Transition from a MIRAB Model into a TOURAB One? Tour. Hosp. 2024, 5(1), 80-94; https://doi.org/10.3390/tourhosp5010006. MDPI. Special Edition Submit to Special Issue: Small Island Developing Countries (SIDS): Tourism between Innovation and Authenticity for Better Sustainable Developing Paths

Understanding Social Realities of Internally Displaced Persons (IDPs) in the Federal Capital Territory of Nigeria (FCT), Abuja


Resumo:

Este artigo examina as realidades sociais das pessoas deslocadas à força na Nigéria, com foco nas pessoas deslocadas internamente (PDI) no Território da Capital Federal (FCT) da Nigéria, Abuja. Pessoas deslocadas internamente são indivíduos que foram forçados a abandonar as suas casas ou locais de residência habituais e, ao contrário dos refugiados, não cruzaram as fronteiras do seu país. Permanecem sob a protecção primária dos seus governos e muitas vezes procuram refúgio nos seus próprios países. Este estudo baseia-se em fontes de dados secundários e dados primários recolhidos em dois acampamentos de deslocados internos, argumentando que a maioria dos deslocados internos na FCT, deslocados pela insurgência do Boko Haram, vivem em assentamentos informais improvisados e desumanos nas áreas periurbanas da cidade de Abuja. Estes assentamentos também acolhem os pobres urbanos e outros trabalhadores migrantes na capital do país, levando ocasionalmente a conflitos entre eles. O documento apela ao governo para que reconheça a presença e a condição dos deslocados internos na FCT e trabalhe com organizações relevantes para fornecer soluções duradouras para garantir que as pessoas deslocadas possam voltar a tornar-se membros produtivos da sociedade.

Citação:

BA-ANA-ITENEBE, C. A.; EDO, Z. O. (2023). Understanding Social Realities of Internally Displaced Persons (IDPs) in the Federal Capital Territory of Nigeria (FCT), Abuja. In: Balkan Social Science Review, Vol. 22, 213-231. https://doi.org/10.46763/BSSR232222213bai

African women’s trajectories and the Casa dos Estudantes do Império, Ethnic and Racial Studies


Resumo:

Este artigo compara as trajetórias de diferentes mulheres que cruzaram a Casa dos Estudantes do Império (CEI), uma instituição formal criada em Lisboa por estudantes das colônias com o apoio do regime ditatorial português em 1944, que se tornou uma plataforma para o anticolonialismo. Devido ao papel desempenhado pela CEI nos percursos políticos e sociais dos líderes dos movimentos de libertação nacional africanos, a historiografia tem privilegiado relatos masculinos. Em contrapartida, os papéis e a vida das mulheres vinculadas à CEI permanecem inexplorados ou abordados a partir de uma visão de “nacionalismo metodológico”, com poucas exceções. Abordar estas trajetórias a partir de uma perspetiva transnacional e “afro-ibérica” e através do escrutínio de diversas fontes permite-nos refletir sobre uma diversidade de género, raça, classe e ideologia política. O objectivo final é iluminar alguns aspectos do mosaico afro-ibérico a partir de uma perspectiva de género e pós-colonial.

Citação:

Jessica Falconi (2023) African women’s trajectories and the Casa dos Estudantes do Império, Ethnic and Racial Studies, DOI: 10.1080/01419870.2023.2289141

Armed Conflict and Urbanization in Cabo Delgado, Mozambique: A methodology for a critical inquiry


Resumo:

A teoria urbana dominante não consegue abranger a urbanização em África. Entre os seus muitos fatores, os conflitos armados deslocam as populações rurais para as cidades, acelerando os processos urbanos e afetando a sustentabilidade e a governação — o fenómeno da urbanização induzida por conflitos. Na província de Cabo Delgado, uma insurgência violenta tem deslocado milhares de civis desde 2017; muitos dos quais fugiram para a capital provincial, Pemba, duplicando a sua população em apenas cinco anos. Este artigo apresenta o quadro teórico e o desenho metodológico para uma investigação localizada no âmbito de uma crítica contemporânea dos principais estudos urbanos; o objetivo é analisar a urbanização induzida por conflitos em Pemba com um estudo de caso comparativo, utilizando métodos visuais participativos, para o qual foi realizado um estudo piloto em setembro de 2022. Com isto, o autor pretende contribuir para estudos urbanos empenhados em Moçambique e Portugal e transformar o trauma da guerra em oportunidades para o desenvolvimento sustentável e a prosperidade.

 

Citação:

Agostinho do Amaral, S. Armed Conflict and Urbanization in Cabo Delgado, Mozambique: A Methodology for a Critical Inquiry. Urban Forum (2023). https://doi.org/10.1007/s12132-023-09505-y

Os Ismailis Lusófonos, os Aga Khan e Portugal: mais de um século de história (Sec xix-xxi)


Resumo (em francês):

La commémoration en 2018 du soixantième anniversaire de l’accession à l’Imamat de Aga Khan IV, son Altesse Prince Karim al Husseini, chef spirituel des Ismailis vivant dans plus de 25 pays, a constitué un moment particulier, surtout pour ses fidèles établis au Portugal et en Espagne. Si les relations récentes de leur Imam avec le gouvernement portugais méritent pleinement d’être évoquées, il faut remonter en arrière à plus d’un siècle et rappeler à la fois l’histoire de la communauté ismaili alors installée au Mozambique, et les liens établis par les Aga Khan III et IV avec l’Empire portugais.

Citação:

Nicole Khouri y Joana Pereira Leite, «Os Ismailis Lusófonos, os Aga Khan e Portugal: mais de um século de história (Sec xix-xxi)», Mélanges de la Casa de Velázquez [En línea], 53-2 | 2023, Publicado el 24 noviembre 2023, consultado el 07 diciembre 2023. URL: http://journals.openedition.org/mcv/20283; DOI: https://doi.org/10.4000/mcv.20283

Elementos Históricos e Ficcionalidade em Saga d’Ouro


Resumo:

Este artigo apresenta uma análise do romance Saga d’Ouro(2019), do escritor moçambicano Aurélio Furdela. Neste romance, a ficção e a história são habilmente combinadas. A narrativa tem lugar em Mwenemutapa, atual Zimbabwe, que abrangia algumas terras que hoje são Moçambique. Através das diferentes histórias das personagens, o autor retrata a vida de diferentes grupos a partir de diversas perspetivas, incluindo políticas, econômicas e culturais. Seguindo H.R. Jauss e a teoria da recepção, o objetivo da nossa análise éperceber a possível intenção e relação crítica entre passado e presente, considerar o estado atual da sociedade moçambicana e o seu modelo de desenvolvimento e compreender a importância do romance histórico na preservação da recordação do passado, evitando a repetição de erros no presente.

Citação:

Zhu, Anqi & Leite, A. M. (2023). “Elementos Históricos e Ficcionalidade em Saga D’Ouro”, In: A narrativa moçambicana no século XXI. Caderno Seminal Digital (n.º 45). Dialogarts. DOI DOI: http://dx.doi.org/10.12957/seminal.2023.79827


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