Sobre a metodologia qualitativa: experiências em psicologia social
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Sobre a Metodologia Qualitativa: Experiências em psicologia social

Sobre a metodologia qualitativa: experiências em psicologia social


Título: Sobre a Metodologia Qualitativa: Experiências em psicologia social

Autor(es): Évora, Iolanda

Data de Publicação: 2011

Editora: ISEG - CEsA

Citação: Évora, Iolanda. 2011. "Sobre a metodologia qualitativa: experiências em psicologia social". Comunicação apresentada nos Seminários em Psicologia, Universidade Autonomia de Lisboa

Resumo: Este estudo que realizámos, e cujos resultados parciais aqui apresentamos, trata do comportamento de prevenção da população jovem cabo-verdiana imigrada em Portugal em relação ao HIV/SIDA. Os promotores deste trabalho foram duas instituições de Cabo Verde: o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Comitê de Coordenação do Combate à Sida de Cabo Verde, com o patrocínio do Banco Mundial. O objectivo deste estudo foi o de compreender a relação (ou o hiato) existente entre o conhecimento que os jovens têm sobre o HIV/SIDA e as suas práticas de prevenção no dia-a-dia. Igualmente, procurámos explorar as possíveis interferências do factor imigração nas atitudes e teorias dos jovens sobre o VIH/SIDA e as condutas que consideram as mais seguras. O estudo inclui-se, portanto, entre os que procuram fundamentar propostas de educação para a saúde relacionada ao VIH/SIDA, a partir da compreensão da forma como as diferentes populações ou colectividades concebem o cuidado com a saúde. O estudo foi realizado com jovens de origem cabo-verdiana a viver em Portugal, tendo nascido ou não em Cabo Verde. Abrangemos ambos os sexos de forma eqüitativa (8 homens e 7 mulheres), com idades entre 16-26 anos e que vivem em bairros de realojamento social, ou seja, bairros construídos pelas estruturas municipais em substituição a bairros de lata. As regiões abrangidas foram as que apresentam um grande número de caboverdianos e seus descendentes: Lisboa, Grande Lisboa e Loulé. Consideramos que a pertença a tais espaços circunscreve a situação social e económica deste grupo pois, embora questionável, a definição bairros de realojamento contém uma categorização social, em larga medida, atribuída pelo sistema de classificação social dominante a jovens de origem imigrante no país. Portanto, consideramos esta definição por causa das suas implicações na experiência social destes jovens e nas condições materiais e simbólicas de existência, das quais dependem as decisões quotidianas em relação aos cuidados com a saúde e a prevenção. Optámos pela utilização de uma metodologia qualitativa de recolha de dados que permitisse um estudo exploratório, em profundidade, e a identificação de determinados padrões de comportamentos e de percepção. Esta metodologia, desenvolvida por Rodrigues (1978, 1999) nos pareceu mais adequada para alcançarmos conteúdos irracionais, denominação esta frequentemente atribuída pelas ciências sociais a factores que "existem, mas que não podem ser apreendidos pela razão" (Rodrigues, 1999, p.4). Como refere a autora, trata-se de tentar alcançar "aquilo que não pode ser medido, mas que é digno de ser conhecido", ou seja, os conteúdos emocionais e os significados mais profundos das explicações dos jovens acerca dos comportamentos preventivos em relação ao HIV/SIDA. Realizámos entrevistas individuais, em profundidade, de forma a levar os sujeitos a produzir um material capaz de revelar as representações, o tipo de percepção, os recursos explicativos utilizados e as explicações que produzem, a partir das posições que ocupam no interior dos seus grupos, em particular, a posição relativa à imigração e ao HIV/SIDA. A partir de uma reflexão sobre si mesmo (discurso livre), identificámos os temas de interesse e preocupação de cada jovem entrevistado, a seqüência dos temas e a forma como o jovem interliga os aspectos da sua vida e do seu mundo. Sobretudo, procurámos reconhecer o lugar onde os sujeitos colocam a questão da SIDA entre os temas da sua vida. Com as Perguntas Intermediárias propunhamos explorar as questões sobre HIV/SIDA que interessavam ao projeto e que não tinham sido trazidas, de forma espontânea, pelo jovem na primeira parte do discurso livre. Por fim, o Questionário sócio-económico permitiu chegar às condições de vida deste grupo em Portugal e também à história familiar. Incluímos aqui questões sobre a migração do seu grupo familiar nas suas diferentes fases e para cada um dos seus membros.

Identificador: http://hdl.handle.net/10400.5/2944

Categoria: Outras publicações

Resumo:

Muitas vezes, a referência à metodologia qualitativa leva-nos à grande controvérsia sobre a cientificidade das ciências sociais em comparação com as ciências naturais e a dúvidas sobre a atribuição do estatuto de “ciência” ao campo social, o que estudamos em Sobre a metodologia qualitativa: experiências em psicologia social. Há quem argumente que esta atribuição (de cientificidade) só será possível se os mesmos procedimentos forem aplicados ao social que são utilizados para compreender o natural. Para outros, pelo contrário, o importante é reivindicar a total diferença e especificidade do campo humano e mostrar que o trabalho para o conhecimento do social deve atingir as ordens simbólicas, históricas e concretas. Na dimensão simbólica, estão incluídos os significados dos sujeitos; a dimensão histórica – do tempo consolidado no espaço real e analítico – inclui o facto de os actores sociais recorrerem à sua experiência e memória para recompor factos que tiveram lugar dentro da sua temporalidade. A dimensão concreta está relacionada com as estruturas e os actores sociais em relação. Daí a afirmação de que as ciências sociais lidam com fenómenos marcados pela relatividade, imprevisibilidade e especificidade.

 

Citação:

Évora, Iolanda. 2011. “Sobre a metodologia qualitativa: experiências em psicologia social”. Comunicação apresentada nos Seminários em Psicologia, Universidade Autonomia de Lisboa


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