Evento realizado a 2 de outubro de 2018 em parceria com o Coletivo Andorinha
As Conversas AFRO-PORT: Afrodescendência em debate, pretendem ser espaços seguros de encontro para o encontro de pessoas e movimentos negros-africanos em Portugal, promovendo a reflexão e discussão sobre os diferentes usos do termo afrodescendente. Como ponto de partida para esta conversa, propomos questões tais como:
- O que significa ser afrodescendente em Portugal? Quem cabe neste termo? Quem usa e quem reivindica?
- Estamos face à uma categoria social? Como pensam e se posicionam os movimentos negros-africanos em Portugal em relação à afrodescendência?
- Afrodescendente: um simples termo ou um quadro conceptual?
Estas e outras questões estarão na base da discussão com um painel de mulheres e homens negras com reflexão e diferentes tipos de conhecimento produzido sobre estas temáticas.
Convidados
Ana Cristina Pereira
Investigadora Doutoranda, CECS — Universidade do Minho
Ana Cristina Pereira (também conhecida como Kitty Furtado) aguarda defesa da tese de doutoramento em Estudos Culturais intitulada Alteridade e identidade na ficção cinematográfica em Portugal e em Moçambique, no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS), da Universidade do Minho, pelo qual é bolseira FCT. Tem como principais interesses de investigação: racismo, identidade social, representações sociais e memória cultural no cinema pós-colonial, sobre os quais tem editados vários artigos científicos em publicações nacionais e internacionais. É membro do projeto Memória, Culturas e Identidades: o passado e o presente das relações interculturais em Moçambique e Portugal, financiado pela FCT e pela Fundação Aga Khan e também do projeto A margem do cinema português: estudo sobre o cinema português afrodescendente produzido em Portugal, financiado pela Fundação Gulbenkian.
Ana Tavares
Investigadora Doutoranda, CECS — Universidade do Minho
Ana Tavares, filha de cabo-verdianos, nasce em Lisboa em 1991. No percurso da sua vida, passada em Portugal, sente-se conectada a Cabo Verde e à cultura cabo-verdiana através dos seus pais e família, contudo nunca chega a aprender o crioulo. Nessa tentativa de se encontrar, decide fazer o seu trabalho de investigação de mestrado na cidade da Praia, o que resulta de um aprofundamento da história colonial e da luta anti-racista. Agora, arquiteta, pretende, a partir da sua prática profissional, trabalhar no sentido de combater as desigualdades e injustiças existentes. Foi membro do NARP (Núcleo Anti-racista do Porto).
Ana Tica
Afrodescendente licenciada em Animação Sociocultural e mestranda em Gestão de Organizações de Economia Social.
Ana Tica nasceu em Lisboa, em 1979, e é de origem cabo-verdiana. É Atua desde 2001 em movimentos anti-racistas e em projetos de combate à exclusão social. Parte do seu trabalho tem incidido o sobre o Artivismo como ferramenta de produção de subjetividades. Realizou em 2006, a Iniciativa Juvenil Putos Qui ata Cria, galardoada como boa prática pelo Comissariado Europeu para a Educação, Formação, Cultura e Juventude, e, em 2011 realizou o filme documentário Nôs Terra, centrado no processo de construção de um contra discurso protagonizado por jovens negros portugueses.
Evalina Dias
Gestora de projetos, Djass – Associação de Afrodescendentes
Portuguesa de origem africana (Guiné-Bissau) é licenciada em Gestão e Administração Pública (especialização em Gestão de Recursos Humanos) pelo ISCSP e mestre em Estudos do Desenvolvimento (especialização em Desenvolvimento Sustentável) pelo ISCTE.
Conta com larga experiência profissional em cargos administrativos e de assessoria desempenhados na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e no Parlamento Europeu (Bruxelas e Lisboa). Recentemente exerceu funções de consultoria em desenvolvimento comunitário na Fundação Aga Khan Portugal. Ativista pelos direitos humanos e das populações migrantes em Portugal, é fundadora e vice-Presidente da associação Djass—Associação de Afrodescendentes e membro em organizações que promovem a defesa dos direitos das mulheres, comunidade LGBT e refugiados. Considera como valores fundamentais a justiça, a igualdade e a equidade.
Rui Landim
Afrodescendente.
Nasceu em Vila Franca de Xira – Lisboa em 1991. Identifica-se como cabo-verdiano de corpo e alma. Encontra-se neste momento a acabar a licenciatura em Estudos Africanos, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.. Vai trilhando aos poucos com dedicação e alguns sobressaltos o seu caminho enquanto filho da diáspora. Desde de 2014 que tem procurado atuar junto das comunidades afrodescendentes e também junto da academia tentando promover um pensamento crítico e afrocentrado. Foi também coordenador do Núcleo de Estudos e Estudantes Africanos da Faculdade de Letras. Núcleo esse que tinha como principais objectivos promover África nas suas várias vertentes artísticas e culturais, abrir caminho para o debate de assuntos gerais sobre África que a imprensa em geral e a academia em Portugal ignoravam e criar um espaço de integração e união entre os alunos africanos da Faculdade. Neste momento trabalha na área do investimento imobiliário, e tem vários projectos em fase embrionária virados para a comunidades de afrodescendentes.
Vânia Gala
Coreógrafa e investigadora doutoranda, Kingston University, Londres
Vânia Gala é coreógrafa e investigadora, residente em Londres. Tem um bacherelato em Dança pela EDDC (European Dance Development Center, Arnhem) e um Mestrado em Coreografia com Distinção pelo Trinity Laban Conservatoire of Music and Dance (Londres). É doutoranda na Kingston School of Arts e bolseira da PASS (Kingston University). As suas coreografias e mesas conversacionais exploram o potencial crítico do desaparecimento, opacidade e evasão em coregrafia no tempo presente. Em 2005 recebeu o prêmio de “Melhor Performance Feminina” no Dublin Fringe Festival. Em 2007 actuou no 1º Pavilhão Africano na Bienal de Veneza. Recentes criaçōes incluem “Cooling Down Signs” uma comissão Pan-Europeia da Beyond Front@ apresentada no Dance Week Festival (Croácia), D.I.D (Áustria), Front@ Festival (Eslovénia), Bakelit (Hungria). Em 2019 recebeu o prémio de Melhor Coreografia do Prémio Guia de Teatros pela sua colaboração com a companhia teatro Griot. Colaborou como performer com Les Ballets C. de La B., Constanza Macras e Sonia Boyce. Os seus trabalhos foram apresentados em Angola, Portugal, Noruega, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, Austria e Federação Russa.
Vítor Gonçalves (Tito)
Artista, músico, empreendedor
Nasceu em Lisboa poucos meses depois da Revolução, filho de pais Cabo-verdianos, passou sua infância e juventude na cidade da Praia, em Cabo Verde. Viajou para Europa, América do Norte e do Sul e regressou em Lisboa, estavelmente, cinco anos atrás para começar o seu próprio projeto cultural. Hoje é gerente de um pequeno atelier em Mouraria onde organiza eventos musicais e artísticos, focando e refletindo sobre a africanidade da cidade de Lisboa e suas conexões com Cabo Verde e outros países Africanos.
Moderador – Sadiq Habib
Investigador do projecto AFRO-PORT
Nascido na Lisboa dos anos 80 no seio de uma recém-chegada família-comunidade indiana-muçulmana, com raízes em Moçambique e no Gujarat, as práticas de interpretação e tradução intercultural inerentes a uma existência minoritária conduziram-no a uma licenciatura em antropologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas em 2007.
Desde então, adoptou como objeto de pesquisa central as diásporas muçulmanas no
Ocidente, visando o auto-conhecimento e a resposta ao ao clima crescentemente
islamofóbico do pós-11 de Setembro. Tendo terminado uma pós-graduação em
Migrações, Inter-Etnicidades e Transnacionalismo em 2012, obteve no mesmo ano
uma bolsa completa para um programa interdisciplinar em Estudos Islâmicos e
Humanidades no Instituto de Estudos Ismailis em Londres, que completou em 2015
com a obtenção de um mestrado em Pensamento Político Comparativo pela SOAS
(School of Oriental and African Studies, Universidade de Londres).
Desde 2018, é doutorando na mesma instituição, em Religiões e Filosofias, onde investiga a reconstrução identitária de jovens adultos Ismailis em Lisboa, à luz dos enovelamentos entre esta comunicadade muçulmana e o colonialismo e pós-colonialismo português.