Afro-Port lança o livro “Diálogos de Campo – Pesquisas de Campo Participativas em Debate” com reflexões acerca da investigação e das metodologias horizontais nas Ciências Sociais

Em setembro de 2020, o Projeto Afro-Port – Afrodescendência em Portugal: sociabilidades, representações e dinâmicas sociopolíticas e culturais. Um estudo na Área Metropolitana de Lisboa (FCT/PTDC/SOC-ANT/30651/2017) reuniu investigadores, docentes e estudantes de Pós-graduação para refletir sobre as metodologias horizontais e o trabalho de campo em pesquisa social. Na ocasião, foi realizada a oficina “Diálogos de Campo: Pesquisas de Campo Participativas em Debate” sobre os desafios, encantos e chamamentos do quotidiano das pesquisas de campo participativas.

As reflexões dos participantes da oficina estão agora publicadas no livro homónimo, “Diálogos de Campo – Pesquisas de Campo Participativas em Debate”, lançado em novembro de 2023 e disponível para download na Coleção do CEsA no Repositório da Universidade de Lisboa (aceder aqui). As investigadoras do CEsA Iolanda Évora e Simone Amorim são as organizadoras da publicação.

Resumo do ebook “Diálogos de Campo – Pesquisas de Campo Participativas em Debate”

O ebook reúne inquietações que servem de base para um debate continuado sobre as mútuas implicações de uma pesquisa no campo das Ciências Sociais. Os textos partem da constatação comum sobre o enfraquecimento das exigências em relação ao “como fazemos” em pesquisa social e tratam de aspetos relativos ao trabalho de campo que cada vez mais vai perdendo espaço na academia, essencialmente focada na produção de resultados. A partir dos campos das Ciências Sociais, Cinema, Literaturas, Psicologia entre outros, os temas transitam entre as dimensões das hierarquias de poder na pesquisa e os contextos que as exponenciam; a posição e posicionalidade do pesquisador e onde somos colocados pelos nossos interlocutores ou pessoas das situações abordadas. Especificamente, refletem sobre metodologias participativas e as mudanças na produção de conhecimento; a etnografia e a descolonização epistémica quando o investigador faz pesquisa no seu próprio contexto de vida; as interferências e determinações ditadas pelo campo, no percurso de uma pesquisa; a investigação colaborativa ou participativa seja com associações de refugiados, no campo da formação artística ou a investigação-ação sobre bicicletas e a cidade. Além disso, aborda-se a subjetividade do/da pesquisador(a) e a escrita a propósito do cinema antirracista; as implicações dos próprios investigadores em pesquisas de temas como o impacto da pandemia entre mulheres, o património cultural ou um objeto presente, em simultâneo, em diferentes continentes. Estão presentes as questões clássicas do debate sobre a metodologia que são, de fato, os alicerces de uma atualidade, trazendo diversas nuances do debate contemporâneo, em pesquisa social, num tempo em que o acesso mais facilitado à informação reduz a distância e o acesso da sociedade (e os sujeitos das pesquisas sociais) ao conhecimento sobre si produzido na academia. Este livro foi pensado no âmbito das oficinas de metodologia do projeto Afro-Port (FCT/CEsA) e coincide com o objetivo do projeto de contribuir para um programa em metodologia horizontal e grounded methodology original, inovativo e transdisciplinar, sustentado no interesse pelo diálogo entre académicos e não-académicos/discurso científico e não-científico.

Autor: Comunicação CEsA (comunicacao@cesa.iseg.ulisboa.pt)
Imagem: CEsA/Reprodução

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