AFRO-PORT

Afrodescendência em Portugal: sociabilidades, representações 
e dinâmicas sociopolíticas e culturais. 
Um estudo na Área Metropolitana de Lisboa




Destaques



AFRODESCENDÊNCIA

IDENTIDADES

CULTURA

REPRESENTAÇÃO


ATIVISMO

SOCIABILIDADES

DIÁSPORAS

ÁFRICA


Projeto

Numa altura em que se celebra a Década dos Afrodescendentes (2015-2024), proclamada pela ONU é de alta relevância social e académica/científica abordar o tema em Portugal. A ONU considera que "as pessoas de ascendência africana ainda têm acesso limitado à educação de qualidade, serviços de saúde, habitação e segurança social. (...) A sua situação permanece em grande parte invisível e é insuficiente o reconhecimento do esforço em busca de reparação para a sua condição atual. Além disso, são discriminadas no acesso à justiça e apresentam taxas alarmantes da violência policial associada a perfis raciais". Neste projeto propomos caracterizar a população portuguesa de origem africana cuja autoidentificação como afrodescendente orienta a sua participação no cenário social português. 

Objetivos: 

1) questionar a afrodescendência como uma categoria associada à história colonial; 

2) interrogar sobre a emergência dos afrodescendentes como novo coletivo e o seu estatuto na sociedade portuguesa; 

3) compreender quais são os mecanismos que excluem a afrodescendência enquanto uma identidade específica e, em simultâneo, identificar os processos de afirmação coletiva e de conquista de direitos e reconhecimento social; 

4) identificar as principais dinâmicas do ativismo e da participação cultural. O foco deste trabalho incide sobre os modos de vida, sociabilidades e práticas discursivas; busca compreender as latitudes urbanas dos afrodescendentes, as territorialidades e centralidades que constroem na cidade. Em particular, analisaremos a face pela qual são mais reconhecidos e se distinguem dos migrantes pela natureza das suas reivindicações: o ativismo. 

Metodologia 

Este projeto é inovador na medida em que discute a emergência de uma categoria a partir de práticas e discursos de um coletivo sobre si mesmo e a sua participação social. O terreno privilegiado será a área metropolitana de Lisboa (AML), espaço da coexistência de mundos e lógicas, campo de mudanças dramáticas, de graves contrastes sociais e lutas de poder, de novas dinâmicas identitárias, de formas diversas de subjetividade individual e de determinações sociais.

A escolha do campo/tema deve: 

a) refletir a diversidade desta população, incluindo: afrodescendentes em Portugal; afrodescendentes que se deslocam entre Portugal e Reino Unido (incluindo afroportugueses descendentes de sul-asiáticos nascidos nas ex-colónias portuguesas de África); 

b) compreender de que modo operacionalizam a identidade afrodescendente. 

A caracterização dessa população e o trabalho etnográfico serão realizados com a colaboração de mestrandos e doutorandos supervisionados pelos investigadores doutorados. Será central a análise sobre os modos de vida, sentidos, saberes próprios e estratégias, enquanto acesso privilegiado para reconhecer dimensões? ocultas? e muitas vezes omitidas na literatura, mas importantes para compreender o que acontece quando se passa a privilegiar a afrodescendência como enunciado de si e do seu lugar. 

O Projeto Afro-Port - Afrodescendência em Portugal: sociabilidades, representações e dinâmicas sociopolíticas e culturais. Um estudo na Área Metropolitana de Lisboa Ref.: FCT/PTDC/SOC-ANT/30651/2017, é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal, decorrerá no período entre 2018 e 2021, sediado no CEsA - Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento, ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão, Universidade de Lisboa. 




Equipa






Iolanda Évora

Coordenadora

Inocência Mata

Co-coordenadora

Ana Rita Alves

Investigadora

Apolo de Carvalho

Investigador

Cláudia Castelo

Investigadora

Emerson Inácio

Investigador

Jéssica Norales

Investigadora

Pedro Schacht Pereira

Investigador



Sadiq Habib

Investigador

Simone Amorim

Investigadora



Cris Fernández Andrada

Consultora

Felwine Sarr

Consultor











VÍDEOS

Esta série de vídeos é o resultado dos projetos de investigação AFRO-PORT Afrodescendência em Portugal e Discursos Memorialistas e a Construção da História com o objetivo de registar as memórias orais sobre a história do colonialismo e sublinhar a sua importância na história africana e portuguesa. 

O projeto reúne depoimentos de africanos e africanas sobre Portugal antes e depois da Revolução de 25 de Abril de 1975. São abordadas questões como o acolhimento, a habitação, o trabalho, a residência e o racismo.

 Senhora Bia sente saudade da época em que era jovem. Lembra que voltava das festas com os amigos de elétrico e pagava apenas 25 escudos pela passagem, o equivalente a 12 cêntimos. Hoje, o mesmo meio transporte, frequentado maioritariamente por turistas, custa 3€. Segundo a senhora Bia, não só a passagem era mais barata, como também os alimentos.  

O cabo-verdiano Adriano Almeida critica a política de receção de imigrantes em território português e os mecanismos legais que impedem a sua integração.  

O congolês Jacques Dubois, vive em Portugal desde a sua infância. Em Alfama onde vive , lança um olhar critico sobre a cidade e os seus ocupantes.  

A senhora Ilda Vaz transforma a dor em arte, momentos difíceis em poesia. Aqui, conta um pouco mais sobre a sua história de vida e os episódios de racismo que sofreu no trabalho. “A voz é um hino”, diz a artista, batucadeira a compositora que afirma que a sua escrita é o canto, a voz.  

O senhor Luís conta-nos que a urbanização da cidade de Lisboa se deu, principalmente, pelas mãos de cabo-verdianos. Tendo trabalhado durante anos tanto na construção civil como na restauração, falou-nos sobre a gentrificação e as mudanças que tem observado na paisagem social Lisboeta.  

Nha Zita carrega consigo uma enorme força. Cabo-verdiana, trabalhou nas roças de São Tomé e Príncipe antes de imigrar para Portugal. Depois da Revolução de 25 de Abril, foi morar nas barracas da Damaia, em Lisboa. Hoje, vive um prédio, concedido pela Câmara Municipal da Amadora no Casal da Mira. Mas sente falta daquilo que mais valoriza: a convivência com a comunidade.  

Muitos pensam que trocar as barracas pelos prédios com apartamentos renovados e mobiliados, simboliza “progresso” no padrão de vida. Não para estas duas mulheres.Tuna e Augusta sentem saudades da convivência com outros conterrâneos cabo-verdianos nas barracas da Amadora. Hoje, no prédio, muitas vezes se sentem desamparadas. Como várias outras pessoas tiveram que ser realojadas nos prédios quando as barracas foram demolidas pela Câmara Municipal. 

O senhor Varela é caboverdiano. Veio a Portugal para trabalhar nas obras. Diz que quem construiu este país foram os cabo-verdianos. Em conversa com o Afroport, partilha as suas memórias sobre a sua vida junto com os outros trabalhadores africanos da construção civil em Lisboa.  

Mérita Fortes viveu em Angola e Cabo Verde antes de imigrar para Portugal. Conta-nos o racismo que viveu na escola em Portugal . Apesar de ter sido sempre uma excelente aluna nunca foi reconhecida apela professora. Membro do Teatro do Oprimido, passou pela Plataforma Guetto e várias outras organizações. Desenvolve um projeto de alfabetização da mulheres negras, empregadas domesticas. 

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