Arquivo de Literatura - CEsA

Literatura

O Oriente é um bordado oculto na história de Moçambique: Entrevista com Ana Mafalda Leite


Nesta entrevista, Ana Mafalda Leite discorre sobre o Oceano Índico e o Oriente, bem como seus significados para a literatura moçambicana e para a sua trajetória poética e académica.

Violência e Morte na poesia de José Craveirinha

Violência e Morte na poesia de José Craveirinha


Resumo:

Neste segundo artigo da revista “Do Colonialismo ao Patriarcado: Representações da Violência nas Literaturas Africanas”, Violência e Morte na poesia de José Craveirinha, Ana Mafalda Leite (CEsA/CSG/ISEG/ULisboa) estuda a representação de elementos relacionados com a violência e a morte na poesia de José Craveirinha. Os últimos livros de José Craveirinha, publicados em vida, Babalaze das Hienas (1992) e Maria (1998) tratam do tema da morte, aparentemente sobre ópticas diversas. Aliás, a publicação de livros inéditos, na última fase da sua vida, incluiu, além destes dois livros, uma primeira edição de Maria (1988). Os livros anteriores, Xigubo, Karingana ua Karingana e Cela 1, entretanto reeditados também, fazem parte da produção poética realizada durante o tempo colonial. Escrevendo sempre, mas arredio à publicação, Craveirinha legou-nos Babalaze e Maria como resultado da sua escrita em tempo pós-colonial, embora saibamos, no entanto, que outro material existe, ainda inédito. Os livros em questão têm em comum um similar traço formal, poemas curtos, inscrições quase epigramáticas, em resultado de uma proximidade quotidiana da vivência da morte, por um lado da mulher amada, no caso de Maria, por outro da morte resultante da guerra civil, no caso de Babalaze das Hienas.

 

Citação:

Leite, Ana Mafalda. “Violência e Morte na poesia de José Craveirinha”. In Do Colonialismo ao Patriarcado: Representações da Violência nas Literaturas Africanas, 33-42. 2020.

Resenha de Janela para o Índico. Poesia Incompleta (1984-2019)

Resenha De Janela Para O Índico. Poesia Incompleta (1984-2019), De Ana Mafalda Leite


Resumo:

Resenha de Janela para o Índico. Poesia Incompleta (1984-2019) debruça-se sobre a mais recente antologia poética de Ana Mafalda Leite, publicada em Portugal pela editora cabo-verdiana/portuguesa Rosa de Porcelana. Não podemos deixar de assinalar que o livro surgiu no panorama editorial em 2020, isto é, no ano dramaticamente marcado pela pandemia global do novo coronavírus, pelo que, a janela mencionada no título adquiriu um sentido ainda mais sugestivo de liberdade e abertura. A antologia está organizada em nove secções, que correspondem aos livros anteriormente publicados pela autora, a partir dos quais foi realizada uma ampla e atenta seleção, e uma secção com dois textos inéditos. Assim, esta Janela testemunha um percurso de trinta e cinco anos de escrita poética. Um percurso, este, que é paralelo a uma igualmente longa e consolidada carreira de docente e estudiosa das literaturas e dos cinemas dos cinco países africanos de língua oficial portuguesa. Cabe realçar que a escrita poética de Ana Mafalda Leite tem vindo a ser objeto de apreciação e reconhecimento crescentes junto da crítica e do público. Os seus textos poéticos foram incluídos em diversas publicações académicas – além de antologias e revistas literárias – como por exemplo Itinerâncias e Vozes femininas de África, entre outras. Em 2015 foi-lhe atribuído o prémio Femina1 pela sua produção poética, e já em 2011 poemas seus mereceram tradução para inglês e publicação no volume Stained Glass. Poetry from the Land of Mozambique, organizado por Luís Rafael Mitras. De salientar também que uma seleção de poemas, a partir de Janela para o Índico, será publicada em breve em tradução italiana, por iniciativa de Roberto Francavilla. 

 

Citação:

Falconi, J. (2021). Resenha De Janela Para O Índico. Poesia Incompleta (1984-2019), De Ana Mafalda Leite, Caderno Seminal 38.1, p. 418-443

Literatures and Cultures of the Indian Ocean

Literatures and Cultures of the Indian Ocean


Resumo:

Portuguese Studies é uma revista bianual multi-disciplinar dedicada à investigação sobre as culturas, literaturas, história e sociedades do mundo lusófono. Ana Mafalda Leite, Elena Brugioni e Jessica Falconi foram as organizadoras desta edição da revista, Literatures and Cultures of the Indian Ocean. A presidente do Conselho Editorial para 2021 é Catarina Fouto, e a editora das Revistas é Emanuelle Rodrigues Dos Santos. A revista é publicada pela Associação de Investigação em Humanidades Modernas (MHRA), uma organização internacional com membros em todas as partes do mundo. O objectivo da Associação é encorajar e promover o estudo e a investigação avançada no campo das humanidades modernas. Tem a preocupação de quebrar as barreiras entre os académicos que trabalham em diferentes disciplinas e de manter a unidade da bolsa de estudo humanista face à crescente especialização. Os resultados do presente volume enfeitam o trabalho académico conduzido pelos membros do projecto de investigação NILUS – Narratives Of the Indian Ocean in the Lusophone Space. O principal objectivo do projecto consistiu em estabelecer uma ligação teórica e disciplinar entre os Estudos Literários, Visuais e Culturais Lusófonos e o campo transdisciplinar dos Estudos do Oceano Índico. O projecto sobre as narrativas escritas e visuais provenientes ou relacionadas com os territórios anteriormente colonizados por Portugal ao longo do Oceano Índico, especificamente Moçambique, Goa, e Timor Leste. Este volume constitui, portanto, uma tentativa de colmatar uma lacuna crítica e disciplinar significativa, motivada por uma quase total falta de diálogo entre os campos de estudo acima mencionados. Esta falta de diálogo torna-se cada vez mais evidente se tivermos em conta o papel cada vez mais central desempenhado pelos estudos históricos, antropológicos, literários e culturais do Oceano Atlântico na abordagem dos resultados e relações culturais e identitários coloniais e pós-coloniais a partir dos territórios que Fora do domínio colonial português. Considere-se, por exemplo, a influência da noção de Atlântico Pardo, de,’elopado pelo antropólogo Miguel Vale de Almeida como contraponto ao Atlântico Negro de Paul Gilroy, ou a utilização da triangulação Portugal – Brasil-Angola em estudos literários e culturais comparativos e de orientação transnacional.

 

Citação:

Leite, A.M.; Brugioni, E. & Falconi, J. (2021) (eds). “Literatures and Cultures of the Indian Ocean”, Portuguese Studies 37.2.

Literatures and Cultures of the Indian Ocean

Enchanted Things to Narrate the Oceans: João Paulo Borges Coelho and Luís Cardoso


Resumo:

Enchanted Things to Narrate the Oceans: João Paulo Borges Coelho and Luís Cardoso deriva da investigação desenvolvida no âmbito do projecto NILUS e, em particular, enquadra-se na vertente de investigação que explorou o papel da cultura material e da materialidade nas narrativas contemporâneas do Oceano Índico Lusófono. O artigo centra-se no conto ‘O Pano Encantado’ (2005) de João Paulo Borges Coelho e no romance Requiem para o Navegador Solitário (2007) de Luís Cardoso – duas narrativas ambientadas em espaços insulares, a pequena ilha de Moçambique e a ilha de Timor, respectivamente. Visa validar a hipótese segundo a qual o apelo à cultura material e à materialidade oferece uma forma de narrar e recordar (em) o Oceano Índico a partir de diferentes margens da sua área de influência. O artigo foi produzido para a Associação de Investigação em Humanidades Modernas (MHRA), uma organização internacional com membros em todas as partes do mundo. O objectivo da Associação é encorajar e promover o estudo e a investigação avançada no campo das humanidades modernas. Tem a preocupação de quebrar as barreiras entre os académicos que trabalham em diferentes disciplinas e de manter a unidade da bolsa de estudo humanista face à crescente especialização.

 

Citação:

Falconi, J. (2021). Enchanted Things to Narrate the Oceans: João Paulo Borges Coelho and Luís Cardoso. Portuguese Studies, 37(2), 224–241. https://doi.org/10.5699/portstudies.37.2.0224

Beyond Nationhood: Other ‘Declensions’ in African Literatures

Beyond Nationhood: Other ‘Declensions’ in African Literatures


Resumo:

Nas últimas duas décadas, as literaturas africanas de língua portuguesa, enquanto campo de indagação crítica e objeto de estudo académico, têm vindo a conhecer uma grande expansão, com inúmeras dissertações, monografias, atas de conferências, números especiais de revistas e artigos produzidos em diversos países. O artigo Beyond Nationhood: Other ‘Declensions’ in African Literatures traça a evolução da perspectiva nacional nos estudos das literaturas africanas lusófonas desde os anos 80 até ao presente. Com base numa selecção de publicações colectivas e individuais, bem como destacando acontecimentos académicos importantes para a área, o artigo procura identificar linhas de continuidade e momentos de ruptura na abordagem destas literaturas com base na ideia de Nação como categoria crítica e unidade de análise, desde a consolidação da ligação entre literatura e independência nacional afirmada após a descolonização até à recepção das teorias pós-coloniais que ocorreram em meados dos anos 90. Além disso, o artigo analisa as articulações teóricas e disciplinares entre Literatura Africana, Estudos Pós-coloniais, Estudos do Oceano Índico e Literaturas Comparadas, para fornecer um possível mapeamento das abordagens mais recentes que procuram construir novas cartografias críticas para os estudos destas literaturas.

 

Citação:

Falconi, J. (2021). Beyond Nationhood: Other ‘Declensions’ in African Literatures. Abriu: Estudos De Textualidade Do Brasil, Galicia E Portugal, (10), 9–38. https://doi.org/10.1344/abriu2021.10.1

Literatura colonial de autoria feminina: O Último Batuque, de Maria do Céu Coelho

Literatura colonial de autoria feminina: O Último Batuque, de Maria do Céu Coelho


Resumo:

A literatura colonial portuguesa escrita por mulheres tem recebido escassa atenção nos estudos literários e culturais lusófonos. A exceção mais relevante, neste âmbito, é o caso de Maria Archer, autora de um número significativo de textos de ficção e não ficção de ambientação e temática colonial que receberam diversas leituras e análises. Em particular, os trabalhos de Ferreira sobre a escrita de autoria feminina e as conexões entre género, nação e império foram pioneiros em abordar esta produção de acordo com um quadro teórico integrado, capaz de iluminar trânsitos materiais e simbólicos e reverberações identitárias entre a Nação e o Império, em linha com os paradigmas da historiografia colonial e feminista da década de 1990. Literatura colonial de autoria feminina: O Último Batuque, de Maria do Céu Coelho, pretende aprofundar e alargar o conhecimento da escrita das mulheres portuguesas sobre temática colonial, proporcionando uma leitura do livro O último batuque (1963) de Maria do Céu Coelho, publicado em Moçambique em princípios da década de 1960. Trata-se de uma obra singular, por focar o tópico eminentemente masculino da caça a partir da perspetiva de uma mulher, e também por ser um livro híbrido que combina a escrita memorialística e breves novelas sobre o universo rural do Moçambique colonial. O artigo discute algumas das caraterísticas essenciais da literatura colonial portuguesa, tal como tem vindo a ser conceitualizada por diversos autores em estudos anteriores. Recorrendo também à vasta bibliografia sobre as articulações entregénero, império e colonialismo, o artigo procura equacionar o posicionamento da autora no corpus da literatura colonial, bem como refletir sobre o modo como a sua escrita literária articula raça e género.

 

Citação:

Falconi, Jessica (2021) “Literatura colonial de autoria feminina: O Último Batuque, de Maria do Céu Coelho,” Portuguese Cultural Studies: Vol. 7: Iss. 1, Article 4.

East Timorese Literary Narratives (Twenty-First Century): Indian Ocean Crossings and Littoral Encounters

East Timorese Literary Narratives (Twenty-First Century): Indian Ocean Crossings and Littoral Encounters


Resumo:

O objetivo de East Timorese Literary Narratives (Twenty-First Century): Indian Ocean Crossings and Littoral Encounters é analisar o livro Requiem para o Navegador Solitário (2007) de Luís Cardoso considerando os elementos marítimos que emergem no romance e combinando os Estudos do Oceano Índico com os Estudos de Género. Apontando para o imaginário timorense e a perspectiva da protagonista feminina, centrar-nos-emos nos elementos relacionados com a costa da ilha, tais como a costa, o mar, os navios, os marinheiros, e a interligação com outras ilhas e territórios durante o período colonial. De facto, acreditamos que estes elementos integram não só o espaço geográfico da narrativa, mas também o imaginário literário, como é o caso, por exemplo, dos recursos metafóricos e da construção da personagem principal, Catarina. Considerando que Timor Leste se situa na orla oriental do Oceano Índico e tendo em conta a teoria teórica de Indian Ocean Studics, pretendemos demonstrar que neste romance o oceano constitui um repertório transcontinental visual e metafórico que se relaciona com o próprio imaginário cultural timorense. Analisaremos a ligação entre a trajectória existencial de Catarina, a protagonista feminina do romance, a história de Timor Leste e as travessias do Oceano Índico. Este texto, escrito em português por um autor timorense, retrata a complexa história deste território durante a Segunda Guerra Mundial e oferece uma perspectiva única sobre a história timorense.

 

Citação:

Spinuzza, G. (2021). East Timorese Literary Narratives (Twenty-First Century): Indian Ocean Crossings and Littoral Encounters. Portuguese Studies 37(2), 242-255. doi:10.1353/port.2021.0017.


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