Iolanda Évora

Working Paper 95/2011: Feiras Livres e Mercados no Espaço Lusófono: Perspectivas de um estudo em psicologia social
Resumo:
Esta comunicação propõe uma reflexão sobre os métodos de investigação a aplicar no estudo “Feiras livres e mercados no espaço lusófono: experiências de trabalho, geração de renda e sociabilidade”. O interesse pelo campo deve-se, em primeiro lugar, ao tipo de estudo que se pretende realizar e às singularidades do projecto proposto, como o facto de ser realizado nas cidades de Bissau, Praia e São Paulo, envolver pesquisadores de diferentes áreas das ciências sociais e propor um trabalho de terreno junto aos sujeitos. As feiras e mercados constituem o objectivo empírico deste estudo, apresentando-se como importantes universos de actividade e sobrevivência humanas que marcam a urbanidade das capitais no espaço lusófono. Pretende-se estudar as componentes e as condições para a construção de uma base de trabalho que possibilitem aos trabalhadores dos mercados e feiras livres gerarem renda através do trabalho em micro-empreendimentos. O estudo deve identificar e descrever as condições materiais e psicossociais que possibilitaram tornar-se trabalhador nesses mercados livres, construindo e adquirindo o conhecimento para inserir-se nessa actividade de trabalho.
Citação:
Évora, Iolanda. 2011. “Feiras Livres e Mercados no Espaço Lusófono: Perspectivas de um estudo em psicologia social”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA Documentos de Trabalho nº 95-2011.

As (im) pertinências do método. Metodologia participativa e o estudo sobre a Afrodescendência em Portugal
Resumo:
O anúncio da Década dos Afrodescendentes (2015-2024) pela ONU, chamou a atenção para a presença dos afrodescendentes na Europa, incluindo em Portugal, como parte da configuração social contemporânea do continente. Porém, o foco sobre estas pessoas tem se sustentado, sobretudo, em teorias e representações de subalternidade e exclusão que não as reconhecem como novos sujeitos políticos numa Europa que já não é mais a preto e branco. Estes sujeitos politicamente híbridos, no sentido histórico e cultural, trazem desafios teóricos-epistemológicos e metodológicos às ciências sociais, pois, as suas visões, paradigmas e formas de viver escapam às lentes tradicionais das abordagens que os associam aos imigrantes ou refugiados. Propomos que na abordagem ao tema da Afrodescendência, o método é central e determinante dos resultados, da função ética e do sentido da pesquisa social sobre sujeitos contemporâneos emergentes. Argumentamos a favor da metodologia participativa, refletindo sobre a sua pertinência num contexto em que as pessoas da situação pesquisada são sujeitos críticos nos seus campos de intervenção/ação que rejeitam ser reduzidos a meros objetos de estudo. Analisamos os processos de negociação no terreno concluindo sobre a contribuição deste projeto para o diálogo entre académicos e os coletivos afrodescendentes. As (im)pertinências do método. Metodologia participativa e o estudo sobre a Afrodescendência em Portugal insere-se no debate sobre a democratização do conhecimento, sustentado, em particular, pelas perspetivas críticas que se baseiam em estudos sobre sujeitos contemporâneos emergentes.
Citação:
Évora, Iolanda. “As (im)pertinências do método. Metodologia participativa e o estudo sobre a Afrodescendência em Portugal”, In: Yao, Jean-Arséne, Victorien Lavou Zoungbo et Luis Mancha San Esteban, eds. Forthcoming. Representations collectives croisées: Afriques, Amériques et Caraibes. Xix-xxi siècles. III GRELAT. Actas do Colóquio. Madrid: UAH Editora, 167-176. ISBN:978-84-18254-12-3.

Mobilidades Contemporâneas no Contexto Pós-Colonial: Mbembe, Glissant e Mattelart
Resumo:
Retomando a ideia de sujeito derivada da leitura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, serão mobilizados conceitos e visões de mundo que contribuem para melhor compreender as mobilidades contemporâneas. Toma-se por referência o processo, a organização e as condições em que são realizadas as mobilidades humanas atuais para estabelecer relações entre deslocamentos, processos identitários e narrativas de pertença aos lugares. Busca-se observar em Mobilidades Contemporâneas no Contexto Pós-Colonial: Mbembe, Glissant e Mattelart esta problemática a partir de um paradigma interessado nos possíveis efeitos positivos, a curto e longo prazo, de uma mudança na narrativa sobre a mobilidade internacional das pessoas. Armand Mattelart analisa desde o espaço da cidade as lutas dos povos e grupos que questionam territórios previamente demarcados. Édouard Glissant, para viabilizar sua declarada utopia, propõe a “creolização do mundo contemporâneo”, ou “Todo-Mundo”, partindo da vontade nascida no arquipélago caribenho, ou melhor, na América mestiça. Achille Mbembe, falando de nossa condição de passantes, de nossa situação comum de vulnerabilidade no mundo, propõe um pensamento de passagem, de travessia e circulação em que habitar não é pertencer, recusando classificações que imobilizam, no elogio de uma ética que considere a tradução, os mal-entendidos e conflitos, recuperando o corpo, o rosto, a palavra.
Citação:
“Kowalewski, Daniele, Schilling, Flávia, Magalhães, Giovanna Modé, & Évora, Iolanda. (2019). Mobilidades Contemporâneas no Contexto Pós-Colonial: Mbembe, Glissant e Mattelart. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, (108), 137-156. Epub November 28, 2019. https://doi.org/10.1590/0102-137156/108“

Diáspora Cabo-Verdiana: Temas em debate
Resumo:
A ideia desta coletânea tem a sua origem no interesse em reter numa mesma obra importantes temas que estão em debate neste momento e que as ciências sociais vêm abordando a propósito da diáspora cabo-verdiana. A partir de campos teóricos específicos e de trabalhos empíricos próprios, os autores elegem a sociedade de diáspora cabo-verdiana como objeto, explorando dinâmicas que, em conjunto, compõem o espaço diaspórico cabo-verdiano e descrevem a complexidade inerente à sua constituição. Tivemos como objetivo reunir contribuições que não se preocupem apenas em mapear a dispersão global atual dos cabo-verdianos (incluindo as segundas terceiras reinstalações em localizações como, por exemplo, no espaço Schengen, após as inserções dos primeiros cabo-verdianos na Europa) mas, sobretudo, em decifrar os processos complexos da diasporização. Esperamos que Diáspora Cabo-verdiana: temas em debate contribua para reforçar a atenção dos cientistas sociais em relação às formas como a diáspora cabo-verdiana se constitui em termos temporais e espaciais, do engajamento das comunidades entre si e com Cabo Verde, sabendo que este, por sua vez, também experimente, na sua estrutura temporal e espacial, experimenta novas modalidades de recordar, imaginar e engajar a sua diáspora na atualidade.
Citação:
Évora, Iolanda (coord.) /2016). Diáspora Cabo-verdiana: temas em debate. Lisboa: CEsA – Centro de Estudos sobre África, Ásia e América Latina.

Djunta-mon em Três Tempos: Pós-independência, imigração e transnacionalismo. Aspectos da experiência associativa cabo-verdiana
Resumo:
Djunta-mon em três tempos: pós-independência, imigração e transnacionalismo. Aspectos da experiência associativa cabo-verdiana tem o foco nas associações voluntárias e discute sobre as condições materiais e psicossociais de adesão e participação dos associados. Estes aspectos são analisados sob o ponto de vista dos associados de cooperativas da zona rural da ilha de Santiago, criadas no período pós-independência, e de associações de imigrantes cabo-verdianos em Portugal. Em Santiago, identificamos quer formas singulares de apropriação da base ideológica oficial e dos objectivos governamentais, quer permanências culturais que, por meio de práticas como o djunta-mon, asseguram a protecção das identidades sociais e permitem a familiaridade e o controle subjectivo dessa prática social. Na imigração, as associações espontâneas propõem manter a identidade, promover a inclusão social ou resolver problemas e necessidades comuns e reflectem a heterogeneidade, as clivagens sociais e divisões de classe de origem que são reproduzidas na imigração. Actualmente, exigências formais de maior rigor e competência técnica e humana no seu funcionamento parecem enfraquecer a adesão espontânea e voluntária e o djunta-mon. Ao mesmo tempo, interroga-se sobre o papel tradicional dessas associações face a transformações na imigração com a inclusão de novos perfis como os migrantes transnacionais. Examinamos a adaptabilidade desta estratégia colectiva indicando que no passado, no presente e perante a possibilidade de uma prática associativista transnacional, o recurso ao tradicional djunta mon adaptado ao contexto vivido, assegura a manutenção da forte rede de reciprocidade e sociabilidade essencial à sobrevivência e ao sucesso das associações.
Citação:
Évora, Iolanda. 2011. “Djunta-mon em três tempos: pós-independência, imigração e transnacionalismo. Aspectos da experiência associativa cabo-verdiana”. Comunicação apresentada no X Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, Sessão Temática Desenvolvimento, Políticas Públicas e Terceiro Sector

A Diáspora Cabo-verdiana e a Ideia de Nação
Resumo:
Partindo da noção do lugar como um horizonte de ligações, de produções de sentidos e de lutas, a perspectiva que adotamos evidencia, por um lado, uma série de questões pouco abordadas, e ao mesmo tempo, mostra o seu potencial na re-elaboração do fenômeno migratório como um todo (o que inclui, por exemplo, uma psicossociologia do lugar de origem como parte fundamental de uma nação de diáspora também). Além desse interesse a partir de um lugar social e académico, sem dúvida que o tema “diáspora e nação”, quando referido a Cabo Verde, já desperta interesse, ou seja, é um assunto impertinente (porque provocador), se pensarmos na descoincidência entre a territorialidade geográfica do país (dez ilhas e 4033 km2 ) e o nacional (as ilhas e a diáspora). Quer dizer que indica, de imediato, um desafio porque a proximidade geográfica não é aqui adoptada como o critério de definição de nação. Ao contrário, no caso de Cabo Verde, afirma-se que a nação, em sua definição, só é alcançável se se considerar, também, os que estão fisicamente distantes do lugar territorial denominado Cabo Verde. A diáspora cabo-verdiana e a ideia de nação foi proferido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas USP Departamento de Geografia em 14.10.2009.
Citação:
Évora, Iolanda. 2011. “A diáspora cabo-verdiana e a ideia de nação”. Comunicação apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP Departamento de Geografia, Brasil.

Apresentação do GIS – Grupo Imigração e Saúde Parte 2: A utilidade do GIS para os imigrantes
Resumo:
O GIS (Grupo Imigração e Saúde) propõe o envolvimento (virtual e real) de pessoas, instituições públicas e privadas que pela sua actividade profissional, desenvolvam projectos de investigação e tarefas relacionadas com a saúde da população imigrante. Neste momento, o GIS já é uma referência como fonte de informação privilegiada e credível sobre as iniciativas na área de saúde/imigração. Com o seu modelo de funcionamento -actuação descentralizada, proporcionada pela estrutura em rede, em que as iniciativas são sugeridas por todos- tem promovido uma troca intensa, que no campo da imigração e saúde, talvez não tenha precedentes, em Portugal, se pensarmos na escala do seu alcance e no número de integrantes do grupo. Esta troca é feita entre os seus integrantes cujas actuações podem ser académicas ou mais práticas, portanto, de intervenção no terreno. Uma análise do perfil dos integrantes do GIS mostra que, parte significativa dos mesmos, aborda o tema imigração/saúde nos dois níveis de actuação possíveis, portanto, quer no nível académico, quer no nível prático, de intervenção. Por este perfil, e pelo facto do GIS promover o encontro de pessoas e suas instituições nos dois níveis é que podemos dizer que o GIS é uma importante proposta prático-reflexiva, portanto, uma importante contribuição para uma intervenção mais reflectida e uma reflexão mais próxima da realidade, quando se trata da imigração/saúde. Apresentação do GIS – Grupo Imigração e Saúde Parte 2 : a utilidade do GIS para os imigrantes foi proferido no II Fórum Rede Portuguesa de Cidades Saudáveis Viana do Castelo 25-26 de Outubro de 2007.
Citação:
Évora, Iolanda. 2011. “Apresentação do GIS – Grupo Imigração e Saúde Parte 2 : a utilidade do GIS para os imigrantes”. Comunicação apresentada no II Fórum Rede Portuguesa de Cidades Saudáveis, Viana do Castelo.

Feiras Livres e Mercados no Espaço Lusófono: Aspectos metodológicos
Resumo:
Em Feiras livres e mercados no espaço lusófono: aspectos metodológicos o foco recai sobre aspectos do campo da nossa pesquisa e entendemos que uma reflexão sobre o mesmo é importante devido a: 1- especificidades do nosso objecto empírico (as feiras livres e mercados que são atividades de trabalho e económicas presentes em centros urbanos do Brasil, de Cabo Verde e da Guiné-Bissau; 2- nossas opções metodológicas e de postura ético-política em relação à realidade social e aos seus atores; 3- o tipo de estudo que pretendemos realizar. Entre os eixos de estruturação da nossa proposta de pesquisa destacamos que: 1- temos um mesmo conjunto de preocupações em relação às diferentes realidades e contextos de estudo, ou seja, os nossos focos são: a) os processos cotidianos que organizam o trabalho nos mercados e feiras livres; b) as condições para a construção de uma base de trabalho, ou seja, o conjunto de conhecimentos, recursos materiais e relações pessoais que possibilita aos trabalhadores gerarem renda através do trabalho em micro-empreendimento; 2- não se pretende recolher dados para uma comparação, mas garantir um conhecimento cumulativo, em que a realidades das feiras e mercados locais, em cada um dos centros urbanos, seja estudada na sua singularidade e ilumine a compreensão dos outros contextos. Esta comunicação foi apresentada no Projeto Pró-África.
Citação:
Évora, Iolanda. 2011. “Feiras livres e mercados no espaço lusófono: aspectos metodológicos”. Comunicação apresentada no âmbito do Projeto Pró-África, CNPq Visita Exploratória “Feiras livres e mercados no espaço lusófono: trabalho, geração de renda e sociabilidade.

Diáspora e os 30 anos de Independência de Cabo Verde
Resumo:
Surpreenderia a maioria dos cabo-verdianos saber que aquilo que vivemos e designamos como diáspora não corresponde às definições mais clássicas sobre a diáspora, que se referem a experiências migratórias seculares que mobilizam populações numericamente significativas e com uma sólida experiência de trocas e mobilidade de muito tempo. Mas há autores que defendem que, para o termo ser fecundo, deve ser utilizado de forma neutra e não ser reservado apenas para certas populações cuja qualidade social é enobrecida: a troca, no caso dos comerciantes, os intelectuais; a antiguidade da civilização (no caso dos gregos, chineses ou dos indianos) ou a amplitude da catástrofe original (no caso dos judeus, arménios ou palestinianos). Esses autores dizem que, para ter valor, deve ser aplicado a todas as populações dispersas que mantêm ligações, qualquer que seja o seu prestígio. Ao contrário, os cabo-verdianos, em geral, parecem não ter dúvidas de que somos uma diáspora e foi durante os últimos anos que o termo se consolidou entre nós, passando a definir um aspecto importante da sociedade e da sociabilidade cabo-verdianas. Diáspora passou a designar-nos como colectividade histórica que, com a sua dispersão em diferentes organizações políticas (ou por causa dessa mesma dispersão, na minha opinião), mantém uma referência a uma identidade colectiva e formas de solidariedade entre si. Diáspora e os 30 anos de independência de Cabo Verde é uma comunicação apresentada em Lisboa, 04 de Junho de 2008 Feira do livro. Cabo Verde foi um país convidado.
Citação:
Évora, Iolanda. 2011. “Diáspora e os 30 anos de independência de Cabo Verde”. Comunicação apresentada na Feira do livro, Lisboa.

De Emigrantes/Imigrantes a Migrantes Transnacionais; Possibilidades e limites de uma nova categoria de análise da identidade e migração cabo-verdianas
Resumo:
No campo da migração caboverdiana, o transnacionalismo vem se consolidando como uma nova lente de abordagem das velhas experiências de trocas e participação em práticas sociais que ultrapassam fronteiras nacionais. Ao mesmo tempo, os estudos sobre identidade e migração caboverdianas mostram a preponderância da dupla existência emigrante/imigrante como forma de reconhecimento das pessoas e dos grupos. Em De emigrantes/imigrantes a migrantes transnacionais; possibilidades e limites de uma nova categoria de análise da identidade e migração cabo-verdianas propomos examinar as correspondências ou oposições entre a evidente consolidação do transnacionalismo caboverdiano como objecto de estudo das ciências sociais e as possibilidades de constituição de uma nova constelação identitária pela qual os indivíduos e os grupos se reconhecem como migrantes transnacionais. O transnacionalismo e a identidade são conceitos cuja justaposição parece inerente, na medida em que, como campo social, o transnacionalismo comporta variáveis sociológicas que exercem efeito discernível sobre o campo psicológico da identidade. Pela perspectiva do campo social, serão examinadas as mudanças que o modo de viver transnacional opera nas formas de viver a assimilação/exclusão nos lugares de imigração e, entre outros laços, o mito do retorno à origem. Um novo dinamismo na construção, negociação e reprodução de identidades significa, para cada actor, definir-se de forma diferente em termos de classe, raça e género. Além disso, outras categorias sociais podem emergir nesse contexto, e mesmo apresentando diferentes graus de saliência entre si, no campo social, sustentam a necessidade de novas estruturas de referência que possam capturar as experiências sociais e económicas dos migrantes em diferentes lugares.
Citação:
Évora, Iolanda. 2011. “De emigrantes/imigrantes a migrantes transnacionais; possibilidades e limites de uma nova categoria de análise da identidade e migração cabo-verdianas”. Comunicação apresentada ao 3º Congresso da APA – Afinidade e Diferença. Lisboa