Arquivo de African and Afrodiasporic Mobilities and Identities - CEsA

African and Afrodiasporic Mobilities and Identities

Working Paper 95/2011: Feiras Livres e Mercados no Espaço Lusófono: Perspectivas de um estudo em psicologia social


Resumo:

Esta comunicação propõe uma reflexão sobre os métodos de investigação a aplicar no estudo “Feiras livres e mercados no espaço lusófono: experiências de trabalho, geração de renda e sociabilidade”. O interesse pelo campo deve-se, em primeiro lugar, ao tipo de estudo que se pretende realizar e às singularidades do projecto proposto, como o facto de ser realizado nas cidades de Bissau, Praia e São Paulo, envolver pesquisadores de diferentes áreas das ciências sociais e propor um trabalho de terreno junto aos sujeitos. As feiras e mercados constituem o objectivo empírico deste estudo, apresentando-se como importantes universos de actividade e sobrevivência humanas que marcam a urbanidade das capitais no espaço lusófono. Pretende-se estudar as componentes e as condições para a construção de uma base de trabalho que possibilitem aos trabalhadores dos mercados e feiras livres gerarem renda através do trabalho em micro-empreendimentos. O estudo deve identificar e descrever as condições materiais e psicossociais que possibilitaram tornar-se trabalhador nesses mercados livres, construindo e adquirindo o conhecimento para inserir-se nessa actividade de trabalho.

Citação:

Évora, Iolanda. 2011. “Feiras Livres e Mercados no Espaço Lusófono: Perspectivas de um estudo em psicologia social”. Instituto Superior de Economia e Gestão – CEsA Documentos de Trabalho nº 95-2011.

hip hop em cabo verde

Hip-hop em Cabo Verde: rap e representação do espaço público na cidade da Praia


Resumo:

Em Hip-hop em Cabo Verde: rap e representação do espaço público na cidade da Praia o autor estuda como, apesar da forte ligação com Portugal e a existência naquele país de inúmeros grupos de rap compostos por cabo-verdianos ou descendentes de cabo-verdianos, o hip-hop produzido ali é praticamente ignorado e muito pouco consumido pelos jovens, nomeadamente os da periferia, em detrimento da cultura dos guetos negros norte-americanos, conhecida através dos fluxos audiovisuais da era digital. Jovens em todo o mundo são vistos como um fator de risco, associação esta patente, particularmente, no discurso moderno sobre segurança, sobretudo em uma época em que uma parte dos jovens se associa a gangues de rua, deixando transparecer “o fracasso da esperada reprodução dos mecanismos de suporte de um capitalismo expansivo e otimista”, o qual proporciona o tal “Estado de Bem-Estar”. Desta feita, perante um sentimento de mal-estar juvenil, evidenciado em algumas ações que desestabilizam a ordem social e a “morabeza crioula”, torna-se forçoso que as instituições que tutelam esta camada populacional os controlem, reprogramando-os institucionalmente, edificando, dessa forma, um Estado Serviço Social.

 

Citação:

Lima, R.W. (2022). Hip-hop em Cabo Verde: rap e representação do espaço público na cidade da Praia: In Territórios, cidades e identidades africanas em movimento. Andréia Moassab, Marina Berthet (Orgs.), 119-133. Foz do Iguaçu: EDUNILA, 2022. ISBN: 978-65-86342-32-1

hip hop em cabo verde

África, o berço da modernidade: por uma visão pós-colonial da modernidade e do território


Resumo:

Em África, o berço da modernidade: por uma visão pós-colonial da modernidade e do território, o autor começa por lançar um breve olhar sobre o que se convencionou chamar de modernidade e que constitui o substrato no qual o “Ocidente” se ancora para uma autonarrativa triunfal e universalista. Diversos autores, principalmente a partir dos meados da década de oitenta do século passado, têm procurado desmistificar as origens da civilização e da modernidade ocidental, com o destaque para os três volumes da obra Black Athena: The Afroasiatic Roots of Classical Civilization [Atenas Negra: As Raízes Afro-Asiáticas da Civilização Clássica] (1987/1991/2006), de autoria de Martin Gardiner Bernal.2 Outros autores têm seguido, de certa forma, as pisadas de Bernal, sendo que um deles é o filósofo e historiador Enrique Dussel com a sua obra Política de La Liberación: Historia Mundial y Crítica [Política da Libertação: História Mundial e Crítica] (2007), na qual, situado no campo da teoria pós-colonial, defende que o helenocentrismo é o pai do eurocentrismo e que, tendo em consideração que o chamado “milagre grego” pelos românticos alemães do século XVIII não existe, isso significa ter de começar “de novo” a história da filosofia política. Para esse intento, ele considera ser fundamental a redefinição do início da modernidade. Vale a pena realçar que é a “pós-modernidade” – denominada como período histórico que procura superar, ou supera, a modernidade – que vai originar, nas academias ocidentais e nos seus satélites, não só um debate sobre a “condição pós-moderna” – ou sobre o fato de ela ser a “lógica cultural do capitalismo tardio” –, mas também sobre a própria “visão” da modernidade. Apesar de muitos preferirem outras expressões que não a de “pós-moderno”, ou mudarem de preferência – tal como Zygmunt Bauman, que passa a falar de “modernidade líquida”, ou como Gilles Lipovetsky, que prefere o termo “hipomodernidade”, ou outros que falam de “modernidade incompleta”, ou de “modernidade tardia” ou “modernidades alternativas” –, no essencial, não colocam a tônica na análise crítica da periodização hegemônica anglo- -saxônica da modernidade.

 

Citação:

Barros-Varela, O. (2022). África, o berço da modernidade: por uma visão pós-colonial da modernidade e do território. In Territórios, cidades e identidades africanas em movimento. Andréia Moassab, Marina Berthet (Orgs.), 11-31. Foz do Iguaçu: EDUNILA, 2022. ISBN: 978-65-86342-32-1

De Escravos a Indígenas: o Longo Processo de Instrumentalização dos Africanos (Séculos XV-XX)

De escravos a indígenas: O longo processo de instrumentalização dos africanos (séculos XV-XX)


Resumo:

De Escravos a Indígenas: o Longo Processo de Instrumentalização dos Africanos (Séculos XV-XX), que reúne um conjunto de textos escritos ao longo de quarenta anos e dispersos em publicações de natureza diversa, nem sempre de acesso fácil, tem como objectivo contribuir para uma renovação da historiografia relativa às relações entre Portugal e África, no domínio concreto das formas de instrumentalização dos Africanos levadas a cabo pelos Portugueses durante quase cinco séculos. Um longo processo, cuja natureza interna se revelou capaz de metamorfose e reconversão nos séculos XIX e XX, assegurando a continuidade do ‘uso’ violento das populações africanas, recorrendo a um aparelho classificatório novo – selvagens, indígenas, assimilados – destinado a manter os Africanos na esfera da dominação portuguesa, contribuindo para legitimar a sua escravização e fixar interpretações deformadoras da História. Se uma primeira vertente visa proceder a uma revisão da história da escravatura e do tráfico negreiro e das suas ideologias nos espaços de ‘ocupação’ portuguesa, como Angola, uma segunda linha de estudo privilegia o documento iconográfico como fonte histórica, sublinhando a sua dimensão histórica e informativa. Finalmente, a terceira linha deste estudo procura pôr em evidência a evolução do processo de instrumentalização portuguesa dos Africanos, que recorre a categorias classificatórias inéditas – selvagem, indígena, assimilado – e a práticas que emergem do trabalho escravo do passado para assegurar a exploração colonial das populações africanas. Juízos de valor, mercantilização, coisificação, exploração, ridicularização dos homens africanos fabricaram imaginários portugueses que reduziram o preto/africano a escravo, o selvagem/indígena a preguiçoso, ladrão e bêbado, o assimilado/’civilizado’ a cópia ridícula e negativa do branco/português, consagrando a inferiorização dos Africanos, e no mesmo movimento, glorificando a ‘raça’ portuguesa, hierarquizando as humanidades e valorizando a dimensão e a natureza das acções portuguesas primeiro esclavagistas, depois colonialistas, que deixaram marcas até hoje na sociedade portuguesa.

 

Citação:

Henriques, Isabel C., De Escravos a Indígenas: o Longo Processo de Instrumentalização dos Africanos (Séculos XV-XX), Lisboa, Ed. Caleidoscópio, 2019.

Historical Guide to an African Lisbon, XV-XXI Century - Roteiro Histórico de uma Lisboa Africana, Séculos XV-XXI

Roteiro Histórico de uma Lisboa Africana


Resumo:

Lisboa, cidade de tantos vales e colinas quantos os mitos que envolvem a sua história e as populações que a inventaram, estende-se ao longo do Tejo, no lugar onde o rio termina o seu percurso por terras ibéricas e mergulha no oceano Atlântico. Lisboa nasceu na colina do Castelo de São Jorge, onde um povoado da Idade do Bronze deixou os seus vestígios, que cruzaram com muitas outras marcas gravadas por gregos, fenícios, lusitanos, romanos, visigodos, árabes, judeus e cristãos. Um longo caminho de gentes e de culturas, de estórias e de lendas, de deuses e de heróis que, como Ulisses o fundador mítico da cidade – Olisipo – que lhe deve o nome, construíram e reconstruíram este espaço urbano. O objetivo de Roteiro Histórico de uma Lisboa Africana, Séculos XV-XXI é dar a ver a africanidade de Lisboa, dispersa numa pluralidade de memórias e de vestígios imaterais e invisíveis nos dias em que vivemos. A história diz-nos como foi a instalação e a vida de milhares de africanos que durante séculos participaram no processo de construção do facto nacional português. Percorrendo a cidade, munidos do conhecimento histórico, somos surpreendidos pela vigorosa presença africana que invadiu todos os espaços da sociedade lisboeta, reconstruímos uma Lisboa escondida, submersa por um preconceito secular que ainda domina o nosso imaginário coletivo e compreendemos, com mais clareza, não só comportamentos, valores, práticas que permanecem nos quotidianos urbanos, como também as reinvenções constantes das identidades portuguesas e africana, presentes no país.

 

Citação:

Castro Henriques, I. (2021). «Roteiro Histórico de uma Lisboa Africana, Séculos XV-XXI», versão revista e actualizada, Lisboa, Edições Colibri, 2021.

Manuel Viegas Guerreiro: «Ovakwankala (Bochimanes) e Ovakwanyama (Bantos): aspectos do seu convívio». Uma interpretação histórica.

Manuel Viegas Guerreiro: «Ovakwankala (Bochimanes) e Ovakwanyama (Bantos): aspectos do seu convívio». Uma interpretação histórica


Resumo:

A investigação e o estudo de sociedades de caçadores-recolectores desenvolveram-se de forma significativa no quadro de uma antropologia social e cultural sobretudo neo-evolucionista, em particular anglo-americana, nos anos 50 e 60 do século passado. A África constituiu um espaço privilegiado para este tipo de estudos que procuravam pôr em evidência as relações íntimas destas populações com o meio ambiente em que viviam e do qual dependiam, mas também as consequências, sobre a sua evolução, do desenvolvimento e consolidação dos sistemas coloniais europeus, que obrigavam a alterações no seu quadro territorial de circulação conduzindo-as a situações-limite de sobrevivência. De uma forma mais precisa, no contexto intelectual da época, ligada a valores e princípios que marcavam a valorização da natureza, o conhecimento dos ecossistemas, o avanço da ecologia – em particular a ecologia-cultural ou antropologia ecológica americanas – como forma de pensar o mundo e as relações da humanidade com os espaços envolventes, multiplicaram-se também os estudos que procuravam sublinhar as virtudes e os benefícios destas sociedades, a que chamaram as primeiras sociedades de abundância (Marshall Sahlins, 1968). Mas a história destas sociedades ficou sempre no silêncio, os documentos escritos eram frágeis e os conhecimentos destes grupos humanos assentavam na ideia de um longo multissecular percurso marcado pela constância dos seus actos, das suas práticas, das suas vidas.  Esta ausência de movimento era incompatível com a noção de mudança, indispensável à evolução – e, portanto, à história –  das sociedades. A própria noção de “sociedade de abundância” remetia para o reconhecimento de uma suposta “riqueza” dos caçadores-recolectores, que encontravam na natureza envolvente tudo aquilo de que necessitavam para viver numa situação confortável, que resolvia a sua alimentação, dispensava relações com outros povos, e garantia tempos livres e de descanso, que permitiam facilmente a realização das suas práticas sociais e religiosas. Tratava-se de uma visão idílica que remetia para tempos históricos anteriores, quase sem movimento, e para a ausência de processos de transformação e mudança significativos da sua situação histórica. Em Manuel Viegas Guerreiro: «Ovakwankala (Bochimanes) e Ovakwanyama (Bantos): aspectos do seu convívio». Uma interpretação histórica. Isabel Castro Henriques comenta o estudo homónimo conduzido por Manuel Viegas Guerreiro.

 

Citação:

“Castro Henriques, I. (2021). «Manuel Viegas Guerreiro – Ovakwankala (Bochimanes) e Ovakwanyama (Bantos): aspectos do seu convívio. Uma interpretação histórica. Lisbon, Newsletter Fundação Manuel Viegas Guerreiro, no 27, julho-setembro 2021, pp. 10-16.”

As (im) pertinências do método. Metodologia participativa e o estudo sobre a Afrodescendência em Portugal

As (im) pertinências do método. Metodologia participativa e o estudo sobre a Afrodescendência em Portugal


Resumo:

O anúncio da Década dos Afrodescendentes (2015-2024) pela ONU, chamou a atenção para a presença dos afrodescendentes na Europa, incluindo em Portugal, como parte da configuração social contemporânea do continente. Porém, o foco sobre estas pessoas tem se sustentado, sobretudo, em teorias e representações de subalternidade e exclusão que não as reconhecem como novos sujeitos políticos numa Europa que já não é mais a preto e branco. Estes sujeitos politicamente híbridos, no sentido histórico e cultural, trazem desafios teóricos-epistemológicos e metodológicos às ciências sociais, pois, as suas visões, paradigmas e formas de viver escapam às lentes tradicionais das abordagens que os associam aos imigrantes ou refugiados. Propomos que na abordagem ao tema da Afrodescendência, o método é central e determinante dos resultados, da função ética e do sentido da pesquisa social sobre sujeitos contemporâneos emergentes. Argumentamos a favor da metodologia participativa, refletindo sobre a sua pertinência num contexto em que as pessoas da situação pesquisada são sujeitos críticos nos seus campos de intervenção/ação que rejeitam ser reduzidos a meros objetos de estudo. Analisamos os processos de negociação no terreno concluindo sobre a contribuição deste projeto para o diálogo entre académicos e os coletivos afrodescendentes. As (im)pertinências do método. Metodologia participativa e o estudo sobre a Afrodescendência em Portugal insere-se no debate sobre a democratização do conhecimento, sustentado, em particular, pelas perspetivas críticas que se baseiam em estudos sobre sujeitos contemporâneos emergentes.

 

Citação:

Évora, Iolanda. “As (im)pertinências do método. Metodologia participativa e o estudo sobre a Afrodescendência em Portugal”, In: Yao, Jean-Arséne, Victorien Lavou Zoungbo et Luis Mancha San Esteban, eds. Forthcoming. Representations collectives croisées: Afriques, Amériques et Caraibes. Xix-xxi siècles. III GRELAT. Actas do Colóquio. Madrid: UAH Editora, 167-176. ISBN:978-84-18254-12-3.

Mobilidades Contemporâneas no Contexto Pós-Colonial: Mbembe, Glissant e Mattelart

Mobilidades Contemporâneas no Contexto Pós-Colonial: Mbembe, Glissant e Mattelart


Resumo:

Retomando a ideia de sujeito derivada da leitura da Declaração Universal dos Direitos Humanos, serão mobilizados conceitos e visões de mundo que contribuem para melhor compreender as mobilidades contemporâneas. Toma-se por referência o processo, a organização e as condições em que são realizadas as mobilidades humanas atuais para estabelecer relações entre deslocamentos, processos identitários e narrativas de pertença aos lugares. Busca-se observar em Mobilidades Contemporâneas no Contexto Pós-Colonial: Mbembe, Glissant e Mattelart esta problemática a partir de um paradigma interessado nos possíveis efeitos positivos, a curto e longo prazo, de uma mudança na narrativa sobre a mobilidade internacional das pessoas. Armand Mattelart analisa desde o espaço da cidade as lutas dos povos e grupos que questionam territórios previamente demarcados. Édouard Glissant, para viabilizar sua declarada utopia, propõe a “creolização do mundo contemporâneo”, ou “Todo-Mundo”, partindo da vontade nascida no arquipélago caribenho, ou melhor, na América mestiça. Achille Mbembe, falando de nossa condição de passantes, de nossa situação comum de vulnerabilidade no mundo, propõe um pensamento de passagem, de travessia e circulação em que habitar não é pertencer, recusando classificações que imobilizam, no elogio de uma ética que considere a tradução, os mal-entendidos e conflitos, recuperando o corpo, o rosto, a palavra.

 

Citação:

“Kowalewski, Daniele, Schilling, Flávia, Magalhães, Giovanna Modé, & Évora, Iolanda. (2019). Mobilidades Contemporâneas no Contexto Pós-Colonial: Mbembe, Glissant e Mattelart. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, (108), 137-156. Epub November 28, 2019. https://doi.org/10.1590/0102-137156/108

Diáspora Cabo-verdiana: temas em debate

Diáspora Cabo-Verdiana: Temas em debate


Resumo:

A ideia desta coletânea tem a sua origem no interesse em reter numa mesma obra importantes temas que estão em debate neste momento e que as ciências sociais vêm abordando a propósito da diáspora cabo-verdiana. A partir de campos teóricos específicos e de trabalhos empíricos próprios, os autores elegem a sociedade de diáspora cabo-verdiana como objeto, explorando dinâmicas que, em conjunto, compõem o espaço diaspórico cabo-verdiano e descrevem a complexidade inerente à sua constituição. Tivemos como objetivo reunir contribuições que não se preocupem apenas em mapear a dispersão global atual dos cabo-verdianos (incluindo as segundas terceiras reinstalações em localizações como, por exemplo, no espaço Schengen, após as inserções dos primeiros cabo-verdianos na Europa) mas, sobretudo, em decifrar os processos complexos da diasporização. Esperamos que Diáspora Cabo-verdiana: temas em debate contribua para reforçar a atenção dos cientistas sociais em relação às formas como a diáspora cabo-verdiana se constitui em termos temporais e espaciais, do engajamento das comunidades entre si e com Cabo Verde, sabendo que este, por sua vez, também experimente, na sua estrutura temporal e espacial, experimenta novas modalidades de recordar, imaginar e engajar a sua diáspora na atualidade.

 

Citação:

Évora, Iolanda (coord.) /2016). Diáspora Cabo-verdiana: temas em debate. Lisboa: CEsA – Centro de Estudos sobre África, Ásia e América Latina.

Djunta-mon em três tempos: pós-independência, imigração e transnacionalismo. Aspectos da experiência associativa cabo-verdiana

Djunta-mon em Três Tempos: Pós-independência, imigração e transnacionalismo. Aspectos da experiência associativa cabo-verdiana


Resumo:

Djunta-mon em três tempos: pós-independência, imigração e transnacionalismo. Aspectos da experiência associativa cabo-verdiana tem o foco nas associações voluntárias e discute sobre as condições materiais e psicossociais de adesão e participação dos associados. Estes aspectos são analisados sob o ponto de vista dos associados de cooperativas da zona rural da ilha de Santiago, criadas no período pós-independência, e de associações de imigrantes cabo-verdianos em Portugal. Em Santiago, identificamos quer formas singulares de apropriação da base ideológica oficial e dos objectivos governamentais, quer permanências culturais que, por meio de práticas como o djunta-mon, asseguram a protecção das identidades sociais e permitem a familiaridade e o controle subjectivo dessa prática social. Na imigração, as associações espontâneas propõem manter a identidade, promover a inclusão social ou resolver problemas e necessidades comuns e reflectem a heterogeneidade, as clivagens sociais e divisões de classe de origem que são reproduzidas na imigração. Actualmente, exigências formais de maior rigor e competência técnica e humana no seu funcionamento parecem enfraquecer a adesão espontânea e voluntária e o djunta-mon. Ao mesmo tempo, interroga-se sobre o papel tradicional dessas associações face a transformações na imigração com a inclusão de novos perfis como os migrantes transnacionais. Examinamos a adaptabilidade desta estratégia colectiva indicando que no passado, no presente e perante a possibilidade de uma prática associativista transnacional, o recurso ao tradicional djunta mon adaptado ao contexto vivido, assegura a manutenção da forte rede de reciprocidade e sociabilidade essencial à sobrevivência e ao sucesso das associações.

 

Citação:

Évora, Iolanda. 2011. “Djunta-mon em três tempos: pós-independência, imigração e transnacionalismo. Aspectos da experiência associativa cabo-verdiana”. Comunicação apresentada no X Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, Sessão Temática Desenvolvimento, Políticas Públicas e Terceiro Sector


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